EDITORIAL

Mal-estar, subjetividade e sexualidade

Este número apresenta, inicialmente, uma discussão em torno de um dos principais elementos causadores do mal-estar e da subjetividade de cada vivente e sua relação com o social: a sexualidade.

Começa com dois trabalhos que atravessam questões de destaque no cenário social da atualidade: a violência, a culpa, o Ethos e o Eros. Temas que, indissociáveis da sexualidade, aportam uma leitura da subjetividade mediante a posição que o sujeito, objetalizado a partir do que tenta responder diante do discurso da tecnociência, é questionado em função da culpa e da responsabilidade dos seus atos.

Destaca a trama da feminilidade, através da vocação da escrita, para revelar o que resulta do feminino e que se apresenta além do texto, mediante a imagem e a expressão de elementos heterogêneos, como o desenho, as colagens e as letras. Avança com uma discussão sobre a problematização feminista a partir da obra de Michel Foucault, ressaltando omissões na obra do autor com relação a aspectos de gênero e da erótica feminista.

No tema da homossexualidade masculina, apresenta uma revisão bibliográfica acerca da questão da passividade, com ênfase nos conceitos de estigma, deslizamento, singularidade e estranho, com o intuito de subsidiar uma discussão sobre o sentimento homofóbico presente na pós-modernidade.

Esta fase mais específica do tema da sexualidade se encerra com um trabalho que articula uma semiologia psicanalítica das toxicomanias com as paixões tóxicas, situadas em uma referência freudiana pré-psicanalítica.

No campo das práticas clínicas e institucionais, são tomadas seis produções que envolvem estudos sobre: os estados limites e o trabalho do negativo na clínica contemporânea; recortes de trabalhos realizados com grupos em uma instituição escolar, no intuito de estabelecer relações entre práticas e leituras importantes na constituição subjetiva; as dificuldades de trabalho vivenciadas por um grupo de catadores de lixo aproveitável num lixão situado na malha urbana de Fortaleza; as interseções necessárias para a compreensão da crise na relação psicose e sociedade; uma análise bibliográfica acerca da literatura psicossocial que maneja as experiências de famílias com crianças e adolescentes afetadas pelo câncer e, por fim, uma resenha da obra Câncer: o lado invisível da doença.

Henrique Figueiredo Carneiro
Editor e organizador