EDITORIAL

Alteridades e subjetividades

Este número trata o mal-estar de uma perspectiva da alteridade e suas intolerâncias.

O próximo, encarnado na figura do vizinho, do cidadão do lado, o que porta eleições de formas do prazer sexual distintas das normas morais, a adolescência e o estabelecimento de novas formas de comunicações, a tentativa de imposição do próprio desejo sobre o desejo do outro, que termina com um ato violento contra a criança ou contra a mulher, a condição mesma de funcionamento subjetivo dos que habitam um espaço diferente da neurose e da perversão, são temas que podem ser revisitados a partir de uma reflexão feita em função da diferença, do outro, do narcisismo, dos pragmatismos alienantes, enfim, da relação que deve ser respeitada entre o interno e o externo.

Com isso, apresentamos à comunidade interessada em pesquisar e refletir sobre a produção do mal-estar, formas de subjetivação que se não se classificam como novas, reclamam novas leituras.

É em torno destes temas que o mal-estar circula, já sabemos, desde Freud, no Mal-estar na Cultura. Com ele o sujeito é convocado em seus laços, a comparecer frente ao outro. E muitas vezes não pode. Falta-lhe potência subjetiva. Ou, se apresenta do modo como pode, causando certo estranhamento e, às vezes, rechaço perante o outro.

Em tempos de violência, nada mais oportuno para uma reflexão e atualização das produções e da anulação das diferenças.

Henrique Figueiredo Carneiro
Editor e organizador