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Mental
versão impressa ISSN 1679-4427versão On-line ISSN 1984-980X
Mental v.2 n.3 Barbacena nov. 2004
EDITORIAL
Chegamos ao terceiro número da revista Mental. Damos um importante passo em relação às metas traçadas para 2004. Consolidamos nossos procedimentos editoriais, nossa rede de distribuição e estamos aperfeiçoando a divulgação de nossa revista. Lembramos ao leitor que os resumos de todos os artigos publicados pela Mental constam da base Index Psi Periódicos, podendo ser acessados no site www.bvs-psi.org.br.
Além disso, a Mental 3 representa um avanço significativo no que se refere à concepção de sua inserção nos cursos de Psicologia da Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC. O leitor verificará que, além de contarmos com a participação de alunos de Barbacena, estamos homenageando a cidade de Ipatinga, sede de um dos cursos de Psicologia de nossa Universidade.
Fiéis ao princípio de destacar, nas capas da Mental, a arte em suas diversas expressões, trazemos neste número foto da escultura de Tomie Ohtake oferecida à cidade de Ipatinga no aniversário de seus 40 anos. Essa escultura representa o diálogo, temática extremamente pertinente a uma revista voltada para o debate sobre saúde mental.
O terceiro número de nossa revista reúne artigos que ¾ apesar das diferentes posições ao abordar o tema, sempre salutares na vida acadêmica - acabam por constituir uma linha de diálogo uns com os outros, ressoando e amplificando posições.
Um rápido passeio pelo sumário desta edição revela a atualidade dos temas e as múltiplas possibilidades de construção dialógica. Abrimos a revista com um artigo inédito do professor Ian Parker, que explora a relação entre desconstrução e pesquisa ação. É abordada a desconstrução em campos distintos do conhecimento, como a psicologia, a comunidade e a psicopatologia. O autor, ao propor a desconstrução da psicopatologia, nos convida a refletir sobre os recursos teóricos que permitem sua própria existência e conseqüente possibilidade de contestação. Tal assunto é de incontestável valor para uma revista que tem como interesse editorial os processos de subjetivação relacionados com o campo da saúde mental.
Outro artigo, gentilmente cedido pelo nosso assíduo colaborador, Carlo Viganò, aborda a importância do humor na clínica psicanalítica, ressaltando sua dimensão sanitária e seu efeito propiciador de prazer nas relações sociais.
Maria Consuêlo Passos e Pia Maria Polak, partindo do princípio de que o grupo familiar se encontra em permanente transformação, discutem alguns indicadores relativos à constituição do sujeito no espaço da família. Tomando como parciais as análises contemporâneas que apontam a morte da família, consideram as possibilidades de reinvenção permanente de seus padrões de funcionamento e a decorrente criação de novos núcleos relacionais, distintos do clássico modelo patriarcal.
Neste número, temos dois artigos que abordam a questão das toxicomanias. Acreditamos que esse fato reflita uma urgência do cenário da saúde mental contemporânea. Inez Lemos discute o papel da ciência na produção da toxicomania, enfocando o gozo cínico do toxicômano. Já Ângela Vorcaro, no artigo intitulado Seria a toxicomania um sintoma social?, discute a toxicomania a partir da psicanálise, tomada como teoria da cultura. Eis aqui outra excelente oportunidade de diálogo!
Karen de Toledo e Heloísa Helena Aragão e Ramirez apresentam dois artigos com temática voltada para a psicose. Em Sobre a metáfora paterna e a foraclusão do nome-do-pai, Heloísa faz uma leitura preliminar desses importantes conceitos lacanianos, com base em referências a trabalhos atuais sobre a questão. Aborda o édipo lacaniano, o qual permite a entrada do sujeito no mundo simbólico para, dessa forma, operar a metáfora paterna. Segue discorrendo sobre a falha na estrutura simbólica que implica na foraclusão do nome-do-pai, a qual conduz à estrutura psicótica. Karen escreve um artigo baseado nas formulações lacanianas contidas na tese de doutorado do autor publicada em 1932. Discute o desencadeamento da psicose sob o parâmetro das referências lacanianas ao crime das irmãs Papin. Enfim, dois artigos que oferecem um panorama bastante completo da teoria lacaniana das psicoses e seus avanços teóricos posteriores.
Finalmente, o professor Sebastião Rogério Góis Moreira, no artigo Epilepsia: concepção histórica, aspectos conceituais, diagnóstico e tratamento, aborda o fato de o conceito de epilepsia ser inseparável da trajetória histórica que o marcou, sendo balizada por conceitos relevantes ligados à área educacional. O autor adverte quanto aos riscos causados pela desinformação da população, o que pode acarretar discriminação e comprometer a inclusão social do sujeito.
Tendo em vista que a linha editorial de nossa revista aponta para o interesse na “formação e transformação das demandas de atenção aos portadores de sofrimento mental, que instituem uma praxis em Psicologia”, consideramos que o número 3 da Mental cumpriu integralmente seu papel.
Fuad Kyrillos Neto
Editor responsável