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Trivium - Estudos Interdisciplinares
versão On-line ISSN 2176-4891
Trivium vol.3 no.1 Rio de Janeiro jan./jun. 2011
ARTIGOS TEMÁTICOS
Rupturas na transmissão
Ana Maria Medeiros da Costa
Psicanalista, professora adjunta da UERJ, atuando no PPG em Psicanálise, membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, diretora do Instituto APPOA - Clínica, pesquisa e intervenção em Psicanálise
RESUMO
Este texto trata dos elementos que compõem uma ruptura na transmissão. Diz respeito a acontecimentos sociais que impedem a constituição do sujeito numa experiência singular. Centra-se na relação entre olhar e saber. Traz a referência à evidência como algo que dispensa a experiência de castração. Essas relações surgem em alguns testemunhos de traumas sociais.
Palavras-chaves: Transmissão, olhar, saber, antecipação.
ABSTRACT
This text deals with the elements that make up a break in transmission. It concerns social events that prevent the constitution of the subject in a singular experience. Focuses on the relationship between look and knowledge. Brings the reference to the evidence as something that dispenses the experience of castration. These relations arise in some testimonies of social trauma.
Keyword: Transmission, look, knowledge, anticipation.
Este trabalho se propõe a situar particularidades da relação entre memória e transmissão, transitando por alguns efeitos que se produzem aí, decorrentes de rupturas no pacto social. A literatura é fértil em produzir articulações relacionadas à memória, que a Psicanálise encontra em sua clínica. Lembremos aqui do livro de Georges Perec, W ou Memórias de Infância (PEREC, 1995). Esse autor coloca em ato, na escrita, ao mesmo tempo a impossibilidade de resgatar uma memória dos acontecimentos de sua infância e, por outro lado, a produção de um real que fazia parte desses acontecimentos, provocando estranhamento e angústia na leitura de sua ficção. Ele trata de duas histórias paralelas, desenvolvidas em capítulos subsequentes. A primeira, autobiográfica, na qual descreve sua estranheza frente a fotos de sua infância - passada na época do nazismo, em que membros de sua família foram perseguidos, presos e mortos - mostrando situações das quais nada lembra e que tenta construir como um observador. Nesta, ele se propõe como narrador autobiográfico, construindo um texto em primeira pessoa.
Na sua narrativa Perec testemunha efeitos de expulsão, que incidiram na reconstituição das lembranças. O autor nos transmite de que maneira imagens, fotos ou relatos da própria infância, podem insistir nessa letra sem enlace com a qual ele joga no título de seu livro W ou Memórias de Infância. Essa falta de enlace não pertence ao esquecimento, proposto por Freud (FREUD, 1900/1973) como recalque do infantil. O esquecimento da infância, no dizer freudiano, implica a construção psíquica de um espaço moebiano heimlich/unheimlich (FREUD, 1919/1973), onde se pode passar a qualquer momento de um a outro, na medida em que sujeito e Outro estão enlaçados na mesma falta - são indissociáveis. No caso da narrativa de Perec, a infância não lhe pertence - ficou no âmbito de um Outro social, numa ruptura impossível de assimilar - e, nesse sentido, ele não pode construir sua ficção a partir da antecipação de seu lugar no desejo do Outro. Assim, o narrador que observa mantém o leitor distante da situação, como um desenho bem construído, mas estrangeiro. Já na outra história relatada, supostamente não autobiográfica, Perec cria uma ilha imaginária, onde ninguém tem nome e todos são mantidos ali para uma disputa de jogos, na qual a crueldade faz parte das relações. Diferentemente da outra, esta história não deixa distância ao leitor, provocando-lhe o unheimlich, característico da angústia. Nela, reconhecemos os efeitos da guerra e do nazismo como algo que provoca angústia, passado na criação ficcional. Assim, é cabível a pergunta: qual história é mais "real", a que busca resgatar o acontecimento como uma correspondência do acontecido, ou a outra, que reconheceríamos como totalmente ficcional?
Na referência à produção de memória, cabe trazer precisões que a clínica psicanalítica permite fazer. A memória é criada por uma inscrição de traços de percepção, agenciados pela referência significante que permite uma leitura. Assim, a memória se diferencia de acordo com os mecanismos em causa em cada estrutura, como o recalque na neurose, por exemplo. E no laço social, como se coloca a questão da memória? Tal como nos instiga a literatura de Perec, seria possível pensar nas especificidades de uma memória coletiva, levando em conta as contribuições da Psicanálise?
Uma memória é totalmente dependente das condições de transmissão. É desta forma que ato e acontecimento se interligam, no sentido de que podemos reconhecer que não sempre despertamos do grande sonho da vida, no encontro de algo que faz marca e que ressitua todo um curso de nossa história. Também se diferencia de uma forma de despertar no trauma, no qual a experiência se reduz à reprodução incessante do instante de ruptura, numa repetição estéril da tentativa de cerzir o desmembramento provocado, de suturar o umbigo do sonho, para que a produção de linguagem volte a se organizar. O ato, neste sentido, recoloca uma relação à memória, o que implica o sujeito nas diferentes formas de expressão desse acontecimento.
Assim, situamos uma correlação entre inscrição, memória e identificação e a transmissão depende destas relações. Partindo deste pressuposto, pode-se indagar a razão das proposições sociais de "preservação da memória", por exemplo. Esse pensamento, tantas vezes repetido em relação aos traumas sociais, expressa uma questão irredutível. Ou seja, diz respeito àquilo que faz com que nos movamos pela repetição. Repetição, esta, não de coisas boas, mas no atinente ao padecimento. Pode-se indagar, por exemplo, a razão da sobrevivência de organizações neonazistas, apesar de todo o acontecido na última grande guerra. Temos aí um signo surpreendente, no testemunho dessas organizações que se espalham pelo mundo. O que interessa sublinhar aqui é a especificidade da repetição como uma memória. Nesse sentido, pode-se ver que a memória não preserva o conteúdo, não preserva todo o desdobramento do que a História construiu. Se fosse assim, dificilmente estaríamos sujeitos a determinadas repetições. De outro lado, os acontecimentos sociais também trazem as mesmas contradições vividas por cada sujeito, na sua perplexidade de ser submetido, insistentemente, a repetições que o fazem padecer. Isso faz com que nos indaguemos sobre o que é mesmo que se transmite.
A memória não se equivale ao acontecido, mas se apoia nele. Inegavelmente, em relação a tudo aquilo que se constitui como repetição e que retorna no laço social, pode-se reconhecer que, apesar de não preservar os enlaces que as narrativas históricas testemunham, a repetição se apoia no acontecido. Do acontecimento, nós guardamos traços, e o apoio da memória se dá nesses traços, que são preservados esvaziados de sua significação originária. Eles são esvaziados da significação do momento do acontecimento e, nesse sentido, nessa face da memória, eles trazem toda uma série de complicações, porque esses traços que se preservam não preservam sua ética. A ética diz respeito à experiência do sujeito se afirmando nos limites - no impossível - de cada discurso. Então, se memória não é conteúdo, ela traz a repetição do pior, do resto que ficou não resolvido, que implica a face do que não se quer, nem na vida pessoal, nem nas construções sociais, mas que não impede a repetição. Desdobremos, a seguir, algumas dessas condições.
Propomos, aqui, uma construção de linguagem que articula saber e olhar. Encontramos isso até mesmo na linguagem coloquial, em referências situadas nas expressões mais simples, tal como o que nomeamos "evidência". Ou seja, aquilo que se vê e imediatamente se sabe. Tantas vezes pensamos isso de fatos sociais: como é possível saber e não fazer nada? Do lado da evidência, há um certo achatamento do tempo de compreender. Temos com a evidência, então, uma relação com o instantâneo: se vê e se sabe. Paradoxalmente, é ali que constituímos o campo da crença.
Então: "eu vejo, eu sei". Eu vejo toda a situação social, vejo na TV, escuto e converso com outros. Apesar de ver e saber - esse saber do campo da informação -, apesar disso, este saber não constitui experiência. É, então, o campo da experiência que evocamos para situar onde se dá uma implicação. Porque esse "eu vejo, eu sei", a evidência, é alguma coisa que exclui o sujeito. Ou seja, dispensa a experiência, economiza, ou mesmo dispensa uma posição no discurso, que implica uma ética.
Para entender melhor o que se passa, basta fundamentar-se no que Freud (FREUD, 1938) trabalhou a propósito da elisão do sujeito na relação com o olhar. É possível, também, desenvolver-se nesse campo aquilo que apesar de constituir uma evidência, institui uma dimensão de desimplicação. Isso se coloca em expressões tais como: "eu vejo, eu sei, mas mesmo assim...".
Dessa relação entre olhar e saber temos diferentes temporalidades. As colocações precedentes dizem respeito à redução ao instante de ver, que implica a não inclusão do sujeito nesse campo do saber, que, desta forma, fica completamente do lado do Outro social. Isso faz com que não nos impliquemos em muitas coisas que compõem nosso cotidiano, como, por exemplo, a violência urbana e tantas outras coisas que vemos, mas que fazemos como se não nos dissessem respeito, não nos concernissem. Aqui, situamos a diferença entre "eu vejo, eu sei", para momentos em que a posição de um "isso me olha" diz respeito a "isso me concerne". Lacan (LACAN, 1985) trabalhou com essas equivalências na língua francesa (ça me regarde, que diz dos dois sentidos destacados: me olha e me concerne).
Essa relação entre ver e saber constitui temporalidades distintas. Por um lado, temos a construção da crença. Desse lado, estão situados os sistemas totalitários, que se fundamentam numa dispensa do sujeito da experiência. "Eu vejo, eu sei" pareceria ser suficiente para instituir um campo definido de pertença, mas que não precisa dizer respeito ao sujeito (não se é olhado por ele). O sistema de crenças se apoia na evidência que dispensa o sujeito da experiência.
Outra referência temporal, importante de considerar, diz respeito à construção ficcional. Em Psicanálise sabemos a importância da constituição da ficção na sustentação de uma verdade. Exemplificamos essa questão anteriormente com a ficção de Perec. Isso traz um paradoxo, porque uma verdade é um exercício de construção, o que significa - por ser uma construção - que ela não é absoluta. Ao depender da constituição de uma ficção compartilhada para sustentar uma verdade, reconhecemos que deste lado estamos no campo da falta, do não todo. Também nesse sentido, ali pode surgir uma posição na ética, na medida em que o sujeito, ao construir uma ficção para sustentar uma ética para sua vida, se implica no desejo, instituindo uma direção à sua experiência. Assim, na construção desse campo ficcional, para sustentação do desejo, o sujeito se relaciona com uma ficção com estrutura de verdade. No sentido, justamente, que a verdade é "não toda", estando dependente da constituição de uma narrativa ficcional. Narrativa, esta, que também pode sustentar o sujeito nas construções históricas. Isto implica a constituição mesma do laço social: dizendo respeito tanto ao que precede o sujeito, como também ao que o sucede.
A Psicanálise propõe outra relação ao saber, que traz toda sua importância para situar a relação do sujeito com a experiência. Sua proposta é tomar o saber como o insabido. Nesse sentido, não propõe uma falta "a saber", como se alguma coisa pudesse ser apresentada como saber positivado no futuro, mesmo que no momento o sujeito não saiba. Ao propor o saber inconsciente como o insabido, coloca em causa um furo no saber. É o encontro desse furo que diz respeito à necessidade do sujeito se situar por relação ao laço instituído, na construção ficcional que o implica nesse laço. Nesse sentido, a posição do analista diz respeito à produção desse furo no saber, que contradiz, ou mesmo destitui toda a relação com o que é evidente.
Uma questão específica, dessa relação do sujeito com a experiência, diz respeito àquilo que Freud propôs como a inexistência do registro da morte no inconsciente. Esse limite da experiência leva o sujeito a um laço necessário com a morte do outro. Ou seja, que a primeira forma de implicação parte de uma identificação, trazendo junto uma experiência de perda. Esse acontecimento cria o que é compartilhado, fazendo com que seja necessário, no registro da experiência, isso que se produz em comum. Desta forma, é possível produzir alguma significação no que é compartilhado, sendo esta que vem no lugar de um impossível, situado como o insabido do inconsciente. Aquilo que diz respeito ao real - situando-se aí tanto o tema da morte, como o sexo - , ao não fazer registro, implica o sujeito numa construção ficcional, que faz laço social. Esse é um princípio ético importante, porque diz respeito ao que se compartilha como perda.
Se não há registro da morte no inconsciente, tal como o propõe Freud, há sim registro da perda, na medida em que a produção do traço unário deriva da perda de gozo. Essa referência da perda implica, justamente, que há uma dimensão do luto que é coletiva. Ela parte de um ponto produzido como perda compartilhada, mesmo que seja necessário, para o sujeito na sua vida, que ele se situe singularmente em relação a essa perda.
É necessário referir que a possibilidade de constituição desse registro se dá nas referências primárias, na maneira como o sujeito se constitui na relação ao Outro materno, na condição de dependência produzida no seu desamparo. Esse ponto é fundamental na possibilidade de constituição de um registro de perda a partir da castração materna.
Situando a relação com esta proposta, de que a constituição de um registro implica na produção de uma perda compartilhada, é possível pensar em duas formas de transmissão. Tomando a proposta de Lacan sobre o que ele nomeia como antecipação, podemos pensá-la a partir de duas condições, no que diz respeito à relação ao Outro. Tomemos o exemplo de uma experiência de perda do lugar de fala, a partir de uma vivência num país estrangeiro. Quando moramos um tempo num outro país, costuma acontecer uma confusão entre não saber falar a língua e a condição do interlocutor local não supor um saber naquele que toma a palavra. Há, aqui, uma necessária suposição de sujeito ao saber, para que aquele que tome a palavra possa ter um lugar de fala. É ali que temos uma experiência radical, numa língua estrangeira, de perda da fala porque não é dada a palavra, não é suposto um sujeito ao saber, na relação com o interlocutor.
A transmissão da palavra é um dom, baseado fundamentalmente no dom da espera. Para dar a palavra ao outro - questão que se coloca na experiência da passagem do infans ao falante -, é preciso calar e supor que ali há um sujeito da fala. Isto se repete em exercícios cotidianos. Se tomarmos como referência essa proposição - da necessidade de ceder a palavra para que o outro fale -, esta coloca-nos frente à necessidade de ter que esperar, produzindo uma suspensão no saber. Aqui temos um ponto resistente, na medida em que se precisa calar para passar a palavra. Assim, no mais usual exercício cotidiano, a palavra é um dom.
Ao examinarmos essa condição da antecipação, que implica na espera, reconheceremos a operação de um vazio no lugar do sujeito. A antecipação do dom da palavra implica que ninguém tem essa palavra como exclusiva, que ninguém detém a condição de representar e significar as palavras de uma forma única e absoluta. Nesse sentido, passar a palavra é uma aposta de que a palavra, ao ser tomada, pode significar o sujeito que a fala. Essa condição se inscreve muito primariamente na aposta que a mãe faz a respeito de seu filho, antes que ele tenha condições de falar, de que ali há um sujeito. Esse dom é o dom da espera e, de alguma maneira, ele não é totalmente preenchido, mesmo que o reconhecimento venha a lançar alguma fantasia ali. Mas pode-se afirmar que ele faz parte das condições de possibilidade daquilo que institui uma circulação no laço social.
A outra condição da antecipação faz parte da transmissão do estranho. Ou seja, é quando se dá a antecipação no outro de um caráter de estranhamento, constante do imaginário. O que vem antecipado são os traços no corpo, uma presença do corpo em excesso, fazendo parte, por exemplo, da dificuldade em incluir o imigrante nos laços constituídos. Isso vai bastante longe e abarca uma série de outras experiências sociais que vivemos, não somente nos casos de imigração.
Como se pode perceber, a transmissão se apoia num processo ao mesmo tempo simples e complexo, constante já das relações primárias, fundamentado na antecipação. Ela resulta da possibilidade de registro de uma perda compartilhada, o que em Psicanálise pode ser situado como um significante da falta no Outro. Se essa perda for preenchida, na antecipação, por um signo do estranho que se cola ao outro, meu semelhante, essa será uma forma de calá-lo. Assim, a antecipação é um compartilhamento da perda do sentido, que se constitui num exercício de trocas sociais, em que se espera o lugar do outro. A alteridade implicada nesse exercício não é simples, na medida em que evoca a necessidade de lidar com a castração. Ali temos a constituição de um laço discursivo, em que algo do campo simbólico pode se reconstituir, nesse exercício de castração.
A relação com o olhar, situada no tema da evidência, exclui o sujeito da experiência, na sua relação ao vazio de sentido implicado na condição de seres falantes, e na determinação do Real, colocada na referência ao sexo e à morte. A evidência procede a todo um sistema de exclusões, pautadas na antecipação do estranho (o signo que se cola ao corpo), levando nossa vida nas cidades a sucessivas passagens ao ato. No caso, a reconstituição de um laço implica que o insabido seja incluído, o que situa uma perda no lugar do olhar. Lacan (LACAN, 1998) trabalhou as relações entre olhar e saber, produzindo diferentes experiências de sujeito, nas proposições do tempo lógico. A perda da evidência implica a passagem por diferentes temporalidades - diferentes experiências ligadas à relação entre olhar e saber. As proposições do tempo lógico implicam uma lógica do coletivo, situada, justamente, na possibilidade de transpor uma dificuldade baseada na ausência que o olhar nos evoca. Assim, no instante de ver, temos a evidência que economiza a experiência, na medida em que esse é um tempo totalmente alienado ao Outro. Já no tempo de compreender, a experiência somente se constitui a partir de uma falta compartilhada, construída com o pequeno outro. É também por essa razão que a fala se constitui como dom a partir do momento em que ela diz da castração do Outro. Nesse sentido, o luto pode dar lugar à construção de uma ficção em comum. A todo momento, constatamos que o luto deriva de rituais coletivos. Rituais, estes, que servem basicamente para estar em presença, quando a falta mostra sua face de excesso, no impossível de significantizar.
REFERÊNCIAS:
FREUD, S. (1973) Obras Completas. Madrid: Biblioteca Nueva, (1900) "La interpretación de los sueños". (1919) "Lo extraño". (1938) "Escision del yo en el proceso de defensa". [ Links ]
LACAN, J. (1964/1985) O Seminário. Livro 11. Os quatro conceitos fundamentais da Psicanálise. Rio de Janeiro: JZE. [ Links ]
______. (1998) O tempo lógico e a asserção de certeza antecipada. Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. [ Links ]
PEREC, G. (1995). W ou a memória da infância. São Paulo: Ed. Companhia das Letras. [ Links ]
Recebido em: 28 de abril de 2011.
Aprovado em: 13 de junho de 2011.