O conjunto de textos temáticos que o leitor tem em mãos apresenta um farto materialsobre crueldade, atrocidades, torturas no campo do social e uma série de situaçõestraumáticas que sistematicamente solicitam a reafirmação dos direitos humanos.

Abrindo a revista, Jean-Bernard Paturet mostra de que forma a "barbárie" na atualidade adquire formas gentis e o extermínio, configurações científicas lenientes.Ana Augusta B. Jacques apresenta reflexões contundentes sobre a guerra e a banalização da violência. Ana Maria Vicentini coloca em questão certas noções dehistória, memória e verdade, que estão no centro do trauma. No plano dos direitoshumanos, Gisela Farias conceitua a noção de suicídio ético, analisando algumascondições em que o sujeito solicita assistência para por fim a sua própria vida. GlóriaCastilho perscruta as consequências do progresso da ciência tecnológica no "idoso". Encerrando este segmento, Ruth Helena P. Cohen e Márcia Regina L. Costa dão aconhecer uma intervenção psicanalítica em ambiente hospitalar às crianças portadorasde doença oncológica.

Na sessão de artigos livres, Paulo César Endo discute o papel da arte que se mistura às políticas de mercado e, ao mesmo tempo, destaca na concepção do inconscientefreudiano a radicalidade dos fazeres da arte e da psicanálise. A trilogia Les Coûfontaines de Paul Claudel é relida por Denise Maurano na tentativa de responder questões da dinâmica trágica contemporânea. Narrativas femininas baseadas em peças de Nelson Rodrigues, é o tema do artigo de Luiz Fernando Galego.

As resenhas "Agradeçamos por "Angústia" (e pela angústia)" e "Mosaico e arqueologia: a literatura israelense contemporânea", a poesia de Carlos Augusto Viana, uma crítica à exposição "Ensaios Não Destrutivos" da artista plástica Ana Holck, dois comentários sobre a peça "Abrem-se os Histéricos" de Antonio Quinet e a entrevista com o músico e guitarrista João Gaspar encerram este número, refletindo o caráter interdisciplinar da Trivium e sua vinculação com a arte.

Betty Bernardo Fuks

Editora