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Trivium - Estudos Interdisciplinares
versão On-line ISSN 2176-4891
Trivium vol.12 no.2 Rio de Janeiro jul./dez. 2020
EDITORIAL
Psicanálise/Linguística; Psicanálise/Linguagem; Psicanálise/Educação
Psychoanalysis/Linguistics; Psychoanalysis/Language; Psychoanalysis/Education
Betty B. Fuks
Editora Responsável
Neste último número da Trivium de 2020, optamos por publicar, na seção temática, artigos estruturados em torno da interlocução da psicanálise com a ciência linguística, com o fenômeno da linguagem, e com a educação. Nossa intenção é destacar a importância desses diálogos interdisciplinares que, ao longo da história da psicanálise, vêm se mostrando extremamente importantes para a clínica e para a teoria psicanalítica, bem como em relação à perspectiva teórica e às propostas práticas dos outros campos do saber em questão.
Em "O que é a virada linguística?", Flávio F. Fontes apresenta um estudo teórico conceitual sobre a expressão "virada linguística", de grande importância na filosofia da linguagem, que contribui para o questionamento da separação entre pensamento e linguagem, linguagem científica e ordinária. Claudio Cesar D. de Souza, em "A Paralaxe de Louvain - Anatole Atlas e o batismo midiático de Lacan", propõe uma possível união entre a psicanálise lacaniana e a teoria dos discursos com o situacionismo, movimento da crítica social e cultural dos anos cinquenta, de Guy Debord. "A dissolução do homem pelo simbólico: considerações sobre a constituição do sujeito através da lógica do significante e do objeto", de Márcio R. Ferreira, a partir da ideia do sujeito dividido pela linguagem, responde sobre as incidências desse acontecimento na constituição psíquica. "Do sujeito d'efeito de linguagem ao efeito do poético", escrito de Vanisa Moret Santos, propõe que o sujeito do inconsciente se estrutura como um d'efeito de linguagem e que, ao longo da vida, se vai desenrolando em um efeito do poético, especialmente ao passar por um processo de análise.
No eixo psicanálise/educação, Milton de Sousa Junior e Elielson R. de Sales propõem, em "Educando pela diferença", ante a experiência do ensino escolar inclusivo, um caminho excludente: o do professor com deficiência e sua não inserção no ambiente educacional. Gloria Sadala e Rosa Guedes, em "O processo de socialização e o papel atual do psicanalista como parceiro da família e da escola", indicam a necessidade de se incluir a distinção entre desejo, gozo e o conceito Nome-do-Pai nos discursos referentes aos processos de socialização.
"Les histoires orales de vie en commun de la diaspora culturelle et politique de la Mère Afrique à Mangueira" de Lúcia Ozório, abre a seção de artigos livres testemunhando os efeitos do dispositivo história oral de vida em comum, através do acesso às histórias surpreendentes sobre a diáspora cultural e política da Mãe África no Brasil. Gustavo Henrique Dionísio, em "Pintura, escrita e loucura: necessidade de arte, arte da necessidade" oferece um panorâmico histórico da relação entre arte e cultura no Brasil. Por fim, "A Morte encena a vida?", de Luciana Mara Finger e Paulo José Da Costa apresenta uma série de considerações importantes sobre a dialética entre a finitude da vida, o nascimento da civilização e do sujeito.
As resenhas de dois livros - Festina lente. Apressa-te lentamente, de Ana Cristina Leonardos e Martha Estima Scodro; e O discurso da estupidez, de Mauro Mendes Dias -testificam a riqueza da produção brasileira na área da literatura e da psicanálise. Em tempos de pandemia, na seção Artes, encerramos a edição convidando o leitor a uma visita virtual ao MASP.