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Revista Brasileira de Psicodrama
versão On-line ISSN 2318-0498
Rev. bras. psicodrama vol.27 no.2 São Paulo jul./dez. 2019
https://doi.org/10.15329/2318-0498.20190028
https://doi.org/10.15329/2318-0498.20190028
COMUNICAÇÃO BREVE
O vínculo amoroso sob a perspectiva psicodramática
The loving bond according to psychodrama
El vínculo amoroso bajo la perspectiva psicodramática
Wanessa Jorgiane Silva Davila1,*, Yadja do Nascimento Gonçalves1
1.Centro Universitário UniFanor Wyden - Fortaleza (CE), Brasil.
RESUMO
O artigo visa analisar o vínculo amoroso sob a perspectiva psicodramática. Tal vínculo se constitui por meio da escolha mútua entre pessoas. Trata-se de um estudo de caso que busca aproximar a teoria à prática clínica, no atendimento psicoterápico bipessoal por uma psicoterapeuta iniciante. Conclui-se que a forma como o indivíduo se vincula amorosamente é perpassada por suas histórias afetivas primárias e a psicoterapia psicodramática favorece a rematrização dos vínculos.
Palavras-chave: Psicodrama; Psicoterapia; Vínculo amoroso; Estudo de caso.
ABSTRACT
The article aims to analyze the love bond from the psychodramatic perspective. Such a bond is constituted through the mutual choice between people. This is a case study that seeks to approximate theory to clinical practice in the bipersonal psychotherapeutic care by a beginner psychotherapist. It is concluded that the way in which the individual lovingly binds himself is permeated by his primary affective histories and psychodramatic psychotherapy favors the rematrixing of the bonds.
Keywords: psychodrama; psychotherapy; loving bond; case study.
RESUMEN
El artículo tiene como objetivo analizar el vínculo de amor desde la perspectiva psicodramática. Tal vínculo se constituye a través de la elección mutua entre las personas. Se trata de un estudio de caso que busca aproximar la teoría en la práctica clínica en la atención psicoterápica bipersonal por una psicoterapeuta principiante. Se concluye que la forma como el individuo se vincula amorosamente es atravesada por sus historias afectivas primarias y la psicoterapia psicodramática favorece la rematrización de vínculos.
Palabras-clave: psicodrama; psicoterapia; vínculo amoroso; estudio de caso.
INTRODUÇÃO
O psicodrama é uma abordagem psicoterapêutica vista como uma proposta de investigação do imaginário, de conflitos, do jogo de papéis e relações que permeiam a convivência humana, buscando o desenvolvimento da espontaneidade e a possibilidade de soluções criativas (Lima & Almeida, 2016).
A construção dos vínculos humanos se dá a partir do nascimento, sendo a relação entre a criança e a pessoa que exerce função materna, geralmente a mãe, o primeiro e mais importante vínculo a ser construído. A maneira como esse vínculo afetivo e emocional se desenvolve repercute ao longo da vida nas demais vinculações afetivas com os outros, seja de forma saudável ou prejudicial, neste caso, sendo capaz de levar à dependência emocional (Borges, 2012).
O vínculo amoroso se constitui por meio da escolha mútua entre pessoas, que podem se utilizar de critérios diferentes para esse desígnio e que não necessariamente a fazem com a mesma intensidade de força (Bustos, 1990). A partir da atração na qual se forma esse vínculo, introduz-se um estado de paixão e encantamento que, com a convivência, passa por um processo de evolução, podendo resultar em amor, ódio ou indiferença (Gazziero & Danielski, 2013).
A reciprocidade de escolha que constitui um vínculo amoroso pode impulsionar o ser humano para a criatividade. Entretanto, no processo de evolução desse vínculo, diversos fatores podem alterar os recursos inatos dos envolvidos, o que pode causar conflitos psíquicos (Gazziero & Danielski, 2013; Lima & Almeida, 2016). Desse modo, o psicodrama, como abordagem terapêutica que compreende o homem a partir de uma estrutura de vínculo, investigando suas características e influências, tem sua importância para o esclarecimento de condutas ocorridas, buscando, por meio da aplicabilidade de suas técnicas, recuperar os recursos inatos que podem ter sido alterados ou prejudicados pelos fatores sociais e ambientais (Rojas-Bermúdez, 2016).
Este artigo surge da atuação de uma psicoterapeuta iniciante no desvendar da aplicabilidade teórico-metodológica do psicodrama para o vínculo amoroso em um processo psicoterapêutico bipessoal, realizado em uma clínica-escola. O objetivo deste estudo é analisar um vínculo amoroso de uma paciente de acordo com a perspectiva psicodramática a partir de um caso clínico. Assim, enfatiza-se a relevância do estudo à medida que os resultados possam contribuir para a compreensão dos aspectos ligados ao vínculo amoroso, instigando a aplicabilidade do psicodrama como abordagem psicoterapêutica e explorando a práxis sob a ótica psicodramática.
MÉTODO
O presente trabalho reflete um estudo de caso que busca aproximar a teoria da prática clínica. A teoria moreniana fundamenta-se em uma visão do homem em relação, desde sua concepção, posto que a inter-relação entre as pessoas constitui seu eixo fundamental, consistindo o psicodrama em uma alternativa de tratamento através da ação dramática (Gonçalves, Wolff & Almeida, 1988). A modalidade psicoterápica bipessoal utilizada nesse estudo de caso configura-se na relação de um paciente e um terapeuta (Cukier, 1992).
Do ponto de vista metodológico, três etapas são levadas em conta em uma sessão psicodramática: o aquecimento, que centraliza a atenção, diminui os estados de tensão e facilita a interação; a dramatização, núcleo do processo de ação e interação, que pode ocorrer no processo dialógico no psicodrama bipessoal; e o compartilhamento, que é o partilhar de sentimentos, emoções e pensamentos (Cukier, 1992; Nery, 2014; Rojas-Bermúdez, 2016).
O processo psicoterápico foi realizado em uma clínica-escola, em Fortaleza-CE. Os instrumentos utilizados referem-se aos atendimentos clínicos, observação e técnicas psicodramáticas utilizadas durante o processo psicoterapêutico. Foram realizadas 20 sessões, com frequência semanal, com duração de 50 minutos cada, no período de abril a novembro de 2018.
Para a realização desse estudo de caso, foi solicitada a anuência formal do sujeito por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) disponível na clínica-escola, preservado o sigilo, bem como o anonimato do sujeito envolvido no estudo, utilizando-se codinome. Deste modo, o estudo obedeceu aos preceitos éticos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Luz, mulher com 21 anos, solteira, ensino superior incompleto, procurou atendimento na clínica-escola por demanda espontânea. De início, destacou dificuldade nos relacionamentos, especialmente com a mãe biológica. Ao prosseguir em seu relato, enfatizou que não vinha conseguindo lidar com o término do seu último relacionamento amoroso, razão pela qual havia procurado ajuda psicológica.
Nas sessões iniciais, Luz discorreu sobre diversos fatos que compõem a sua história de vida. Nascida no interior do Ceará, filha de mãe solteira, foi criada pelos avós maternos até os 13 anos de idade. Mencionou que sua mãe biológica, quando a teve, foi embora do interior para Fortaleza no intuito de trabalhar como empregada doméstica. Ressaltou que não tem nenhum vínculo com o pai biológico, pois este, quando tomou conhecimento da gravidez de sua mãe, foi embora do interior para outro estado. Proferiu que seu único contato pessoal com o pai biológico ocorreu aos 15 anos de idade, no dia em que o conheceu.
Luz reside em Fortaleza desde 2013. Referiu mudanças de cidades e contexto familiar ao longo da adolescência e destacou que, aos dezoito anos, morou um tempo sozinha. Em 2017, conheceu Leo, recém-separado, e pouco tempo depois começaram a namorar. Após dois meses de relacionamento, Leo reatou com a ex-mulher, o que lhe acarretou muita decepção e sofrimento. Depois de algum tempo, Leo voltou a procurá-la. No começo, Luz não queria nenhum contato, mas depois acabou cedendo e voltaram a se relacionar amorosamente.
Nos relatos iniciais de Luz, foi possível perceber certa fragilidade nas suas relações interpessoais, quando enfatizava suas dificuldades nos relacionamentos, sobretudo com a mãe biológica e Leo. A partir do seu histórico de vida, evidenciou-se a fragmentação de suas relações desde o início da sua matriz de identidade, quando seus laços afetivos primários se mostraram desintegrados pela ausência de seus pais biológicos e as constantes mudanças de contextos residenciais e familiares ao longo de seu desenvolvimento. Moreno (1975/2006) refere que a matriz de identidade é responsável por proporcionar "segurança, orientação e guia" (p. 114) ao indivíduo. Vale ressaltar que é a partir da matriz de identidade que as bases das relações humanas vão se construindo gradativamente, sendo a maneira como a vinculação afetiva inicial entre pais e filhos ocorre, de forma saudável ou prejudicial, preponderante na forma de vinculação afetiva com os outros (Borges, 2012).
No início do processo psicoterápico, Luz relatou que havia bloqueado Leo em suas redes sociais, não atendia suas ligações e nem respondia suas mensagens. No decorrer das sessões, mencionou que não conseguiu ficar sem falar com Leo, o que foi analisado como um vínculo baseado em dependência emocional, gerado a partir da matriz de identidade de Luz, quando a vinculação e desenvolvimento da relação com sua mãe biológica aconteceu de forma fragilizada (Borges, 2012).
A fim de explorar suas relações afetivas, foi aplicada a técnica psicodramática do átomo social. Essa investigação dramática consiste em um importante recurso no auxílio da exploração do contexto sociométrico do paciente (Cukier, 1992). Luz apresentou alguns familiares e amigos, localizando-os espacialmente mais próximos, dando ênfase, em seu relato, à relação com a mãe biológica, que foi apresentada mais distante. Destacou que lembrava o dia em que decidiu morar sozinha pela primeira vez, antes ligou para a mãe biológica pedindo para ir morar com ela um tempo, e esta disse que não seria possível. Enfatizou que se sentiu novamente rejeitada por sua mãe biológica, fazendo referência quando ela a deixou no interior vindo para Fortaleza trabalhar.
Diante do fato exposto, pode-se refletir sobre o comprometimento da formação da matriz de identidade de Luz, que deixou clara a fragilidade do vínculo relacional com sua mãe biológica. Sobre as experiências negativas dessa relação, Bustos (1990) refere que "...o estado de abandono e desamparo pode gerar uma incapacidade do ser humano de passar para o próximo estágio de desenvolvimento com elementos suficientes para a sobrevivência emocional." (p. 120).
Nas sessões subsequentes, Luz fazia constantemente referência ao seu relacionamento com Leo. Buscando explorar conteúdos, novamente a terapeuta trabalhou o átomo social. Luz pediu para acrescentar Leo e prosseguiu relatando sobre a relação. Proferiu que Leo já havia separado da mulher, estava morando na casa dos pais e que tinham reatado o namoro. Nas sessões posteriores, quando Luz se referia a Leo, enfatizava que estavam bem.
Após o recesso acadêmico na clínica-escola, Luz retornou aos atendimentos psicoterápicos dando ênfase ao seu relacionamento amoroso com Leo, proferiu que já não estavam mais namorando, mas que tinham um "caso indefinido". No decorrer das sessões, relatou que vinha falando bem menos com Leo, pois, desde que havia feito uma viagem para sua cidade natal, ido a uma festa e comentado com ele, percebeu que houve diferença na relação.
Em uma sessão subsequente, Luz destacou que não estava bem, pois sempre ficava esperando Leo procurá-la, dizer alguma coisa e que a forma como estava a relação vinha lhe incomodando bastante, causando angústia por não saber qual seu papel. A cada sessão, era notório que Luz não conseguia usar da sua espontaneidade com Leo. A espontaneidade leva o ser humano a agir de uma forma diferente diante de uma situação igual (Gonçalves, Wolff & Almeida, 1988), e Luz estava no comportamento de "conserva", agindo igualmente diante das atitudes de Leo.
Em uma sessão posterior, a paciente iniciou relatando que há três semanas não via Leo e que estava bastante angustiada pela forma como a relação vinha caminhando. Com a paciente aquecida, aplicou-se a técnica psicodramática da cadeira vazia com a inversão de papéis, propiciando a vivência do papel do outro e o emergir de dados sobre o próprio papel (Cukier, 1992), também da realidade suplementar, pois foi vivida uma experiência que ultrapassou a do mundo real, propiciando um possível encontro que causava conflito psíquico na paciente (Moreno, Blomkvist & Rutzel, 2001).
Luz iniciou o diálogo questionando o que estava acontecendo com a relação e, após algumas indagações, a terapeuta pediu que ela invertesse o papel com Leo. Luz sentiu-se um pouco nervosa no papel de Leo e respondeu que o problema não era com ela, mas sim na vida pessoal dele e que, pela amizade que tinham um dia iria contar o que estava acontecendo. Ao terminar sua fala estando no papel de Leo, Luz retornou ao seu próprio papel, dando início ao compartilhamento. Relatou que se sentia "aliviada" por não ser a culpada pela dificuldade do relacionamento.
Na sessão seguinte, Luz descreve sobre o encontro real que teve com Leo, que resolveram dar um tempo na relação, mas que para ela estava tudo acabado. Novamente compartilhou que se sentia aliviada, acrescentou que estava bem, pois antes se percebia muito ansiosa por uma definição na relação, por não entender o que estava acontecendo.
Nas sessões posteriores, Luz enfatizava que estava bem, que vinha saindo, divertindo-se, conhecendo pessoas e lugares novos. Proferiu que muita coisa havia mudado em sua vida, que "hoje" tinha visão, sabendo identificar o que queria e o que não queria, sentindo-se mais leve. Destacou que o sentimento atual por Leo chegava à indiferença.
De acordo com Nery (2014), a forma como o indivíduo se vincula amorosamente é perpassada por suas histórias afetivas primárias, sendo a partir de vivências na matriz de identidade que acontecem os registros de conteúdos vividos, em realidade ou em fantasia, que podem resultar na aprendizagem de papéis imaginários, repercutindo na vida adulta.
Nas sessões finais, Luz continuou relatando mudanças em sua vida e mostrando-se bem melhor em relação à sua queixa inicial. Como o seu vínculo amoroso com Leo encontrava-se adoecido, permeado pela dependência emocional, foi importante Luz perceber que Leo não podia solucionar todos os seus problemas e que ela mesma precisava desenvolver melhor outros vínculos e papéis em sua vida e não somente na relação com Leo. Através do insight psicodramático, Luz deixou de se perceber como "o problema" da relação, passou a enxergar sua vida de forma diferente e, desde então, dar novas respostas.
Luz segue em psicoterapia, haja vista que seu processo a conduz na rematrização de seus vínculos, especialmente as dificuldades de relacionamento com sua mãe biológica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo de caso, a terapeuta identificou que o vínculo amoroso de Luz com Leo se encontrava fragilizado. Quando Luz ingressou no processo terapêutico, comportava-se de forma passiva, não criativa e cristalizada na relação amorosa com Leo. No decorrer do processo, através das intervenções realizadas, Luz conseguiu agir de forma mais espontânea e criativa, o que possibilitou grande avanço no processo terapêutico.
Desse modo, a partir da psicoterapia sob a ótica do psicodrama, foi possível favorecer à Luz um espaço onde pudesse entrar em contato com seus dramas internos, resgatar sua capacidade criativa de dar novas respostas a situações cristalizadas, possibilitando uma reorganização de seu vínculo amoroso com Leo.
A psicoterapia à luz do psicodrama pode contribuir para que as relações do mundo interno da pessoa bem como seus vínculos possam ser ressignificados, favorecendo atos espontâneos e criativos nas relações. Torna-se possível, portanto, que o presente estudo fomente discussões teórico-metodológicas para psicoterapeuta iniciantes explorando a práxis sob a ótica psicodramática.
CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES
Conceitualização, Davila WJS e Gonçalves YN; Metodologia, Davila WJS; Investigação, Davila WJS; Escrita Primeira Redação, Davila WJS; Escrita Revisão e Edição, Davila WJS e Gonçalves YN.
REFERÊNCIAS
Borges, A. M. (2012, novembro 28). Vínculo conjugal e as dificuldades relacionadas ao amor sob o enfoque psicodramático. Portal RedePsi. Disponível em: http://www.redepsi.com.br/2012/11/28/v-nculo-conjugal-e-as-dificuldades-relacionadas-ao-amor-sob-o-enfoque-psicodram-tico/ [ Links ]
Bustos, D. M. (1990). Perigo... amor à Vista! Drama e psicodrama de casais (2 Ed.). São Paulo: Aleph. [ Links ]
Cukier, R. (1992). Psicodrama bipessoal: sua técnica, seu terapeuta e seu paciente (5 Ed.). São Paulo: Ágora. [ Links ]
Gazziero, M. C. & Danielski, W. C. (2013). Sociodrama e conjugalidade: um estudo com um grupo de mulheres. Revista brasileira de Psicodrama, 21 (2), 133-140. [ Links ]
Gonçalves, C. S., Wolff, J. R. & Almeida, W. C. (1988). Lições de psicodrama: introdução do pensamento de J. L. Moreno. São Paulo: Ágora. [ Links ]
Lima, R. D. & Almeida, T. (2016). Relacionamentos amorosos e pós-modernidade: contribuições psicodramáticas. Revista Brasileira de Psicodrama, 24 (1), 52-60. https://doi.org/10.15329/0104-5393.20160007 [ Links ]
Ministério da Saúde. Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012. Aprova diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html [ Links ]
Moreno, J. L. (1975/2006). Psicodrama (10 Ed.). São Paulo: Cultrix. [ Links ]
Moreno, Z. T., Blomkvist, L. D. & Rutzel, T. (2001). A realidade suplementar e a arte de curar. São Paulo: Ágora. [ Links ]
Nery, M. P. (2014). Vínculo e afetividade: caminhos das relações humanas (3 Ed. Rev.). São Paulo: Ágora. [ Links ]
Rojas-Bermúdez, J. G. (2016). Introdução ao psicodrama. (2 Ed.) São Paulo: Ágora. [ Links ]
*Autora correspondente: psicologawanessadavila@gmail.com
Davila WJS https://orcid.org/0000-0002-1281-3696
Gonçalves YN https://orcid.org/0000-0002-1131-6874
Recebido: 25 Jun 2019 Aceito: 02 Dez 2019
Editora de Seção: Marlene Marra