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Temas em Psicologia

versão impressa ISSN 1413-389X

Temas psicol. vol.25 no.4 Ribeirão Preto dez. 2017

https://doi.org/10.9788/TP2017.4-14Pt 

ARTIGOS

 

Avaliação de resultados e processo de uma intervenção para promoção de sentido da vida em adolescentes

 

Evaluación de los resultados y el proceso de una intervención para promoción del sentido de la vida en adolescentes

 

 

José Marcelo Oliveira da LuzI; Sheila Giardini MurtaII; Thiago Antonio Avellar de AquinoIII

IPrograma de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil. Secretaria Nacional de Juventude, Secretaria de Governo da Presidência da República, Brasília, DF, Brasil
IIDepartamento de Psicologia Clínica, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil
IIICentro de Educação, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo deste estudo foi avaliar o processo de implementação e os resultados alcançados em uma intervenção para promoção de sentido da vida entre adolescentes. Participaram da pesquisa 47 adolescentes de ambos os sexos, com idades entre 15 e 17 anos, distribuídos não randomicamente em dois grupos: experimental (N=22) e controle (N=25). A avaliação de processo incluiu medidas de satisfação, validade social, engajamento e compreensão das atividades por parte dos adolescentes. Foram realizadas também avaliações de pré e pós testes: os participantes dos dois grupos responderam inicialmente aos instrumentos Questionário Sentido de Vida e Escala de Afetos Positivos e Negativos. Após 6 encontros semanais, que objetivaram promover o sentido de vida, ambos os grupos foram submetidos a uma retestagem com os mesmos instrumentos. Os resultados sugeriram um aumento na percepção de sentido de vida; diminuição de afetos negativos e a existência de planos futuros específicos, indicando evidências favoráveis à eficácia da intervenção. De forma geral, constatou-se uma adesão dos adolescentes ao programa de intervenção, bem como uma avaliação positiva do mesmo.

Palavras-chave: Sentido da vida, promoção da saúde, saúde do adolescente, estudo de intervenção.


RESUMEN

El objetivo del estudio fue evaluar el proceso de implementación y los resultados obtenidos, en una intervención para la promoción del sentido de la vida en adolescentes. En este estudio, participaron 47 adolescentes de ambos sexos, con edades entre los 15 y 17 años, distribuídos no randomicamente en dos grupos: experimental (n=22) y control (n=25). La evaluación del proceso incluyó medidas de satisfacción, validez social, adhesión y comprensión de las actividades por parte de los adolescentes. También se realizaron evaluaciones pre y post-tests: los participantes de ambos grupos respondieron inicialmente al Cuestionario de Sentido de la vida y a la Escala de Afectos Positivos y Negativos. Después de 6 reuniones semanales, destinadas a promover el sentido de la vida, ambos grupos fueron evaluados con los mismos instrumentos. Los resultados sugieren un incremento en la percepción del sentido de la vida y una reducción del afecto negativo, proporcionando evidencia favorable a la eficacia de la intervención. En general, se observó una adecuada adhesión de los adolescentes al programa de intervención, así como una evaluación positiva de la misma. Los hallazgos parecen indicar evidencias favorables de la eficacia de la intervención para la promoción del sentido de la vida en adolescentes.

Palabras clave: Sentido de la vida, promoción de la salud, salud del adolescente, ensayo clínico.


 

 

O interesse da psicologia nas investigações sobre o sentido da vida se acentuou especialmente após a Segunda Guerra Mundial com Viktor Frankl, psiquiatra vienense criador de uma escola psicoterápica denominada logoterapia. Frankl (1946/2011) compreende que os valores vivenciais (amar pessoas e contemplar natureza e obras artísticas), criativos (criar algo para o mundo) e atitudinais (tomar posturas em situações imutáveis de sofrimento) guiam a existência do ser humano e fornecem sentidos na vida. Não obstante, a sociedade atual frustra cada vez mais a sua busca por um significado, na medida em que satisfaz muitas necessidades humanas, exceto a necessidade de sentido (Frankl, 1978/2005).

Para o autor em questão, a busca por um sentido na vida é compreendida como uma motivação primária do indivíduo e, em geral, os indicadores da realização existencial se apresentam como preditores do bem-estar psicológico e da qualidade de vida (Damásio, Melo, & Silva, 2013). Autores como Steger, Frazier, Oishi, e Kaler (2006) distinguem a busca e a presença de sentido como fatores independentes. O primeiro construto diz respeito a sensação que a vida necessita de um sentido enquanto que o segundo se refere a percepção da vida como plena de um significado pessoal. Frankl, por sua vez, enfatiza que a frustração da vontade de sentido pode resultar em uma sensação de vazio existencial (Aquino, 2013; Frankl, 1946/2011), que se caracteriza como falta de sentido para a vida, ou seja, a percepção de que a existência carece de um propósito.

O vazio existencial se manifesta, sobretudo, por meio do tédio (Frankl, 1946/2011), o que desorienta a vida do indivíduo, colocando-o numa situação na qual não sabe nem o que quer nem o que deve fazer. Dessa forma, a pessoa passa a viver a sua existência de uma forma provisória, podendo sucumbir ao conformismo (deseja fazer o que os outros fazem) ou ao totalitarismo (deseja fazer o que os outros querem que faça), fenômenos que se encontram de forma mais frequência na adolescência (Frankl, 1946/2011, 1981/1990), etapa do ciclo de vida coincidente com a consolidação do desenvolvimento emocional e cognitivo do indivíduo e da construção de sua identidade (Duarte, 2015).

No que se refere a essa fase do desenvolvimento, o Brasil possui cerca de 10,3 milhões de jovens adolescentes entre 15 e 17 anos, segundo dados da Secretaria Nacional de Juventude - SNJ (2014). Parte considerável deste grande contingente de jovens se encontra mais vulnerável ao vazio existencial. Estudo de Malta et al. (2011) revelou que entre adolescentes escolares do nono ano, 71,4% já haviam experimentado álcool ao menos uma vez, 27,3% faziam uso regular de álcool e cerca de 8,7% já haviam experimentado outras drogas. Dados obtidos por Nascimento e Avallone (2013) em estudo com adolescentes estudantes do 9º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio apontam para cenário semelhante. Esses dados revelaram que 27% dos adolescentes faziam uso abusivo de substâncias psicoativas e 5% eram dependentes. A taxa de suicídio na população jovem brasileira chega a 5,6 por 100 mil habitantes, de acordo com os dados de Waiselfisz (2014). Compreende-se que esses fenômenos podem ser sintomas de uma falta de uma direção ou sentido na vida (Frankl, 1978/2005).

As relações entre sentido da vida, bem-estar e satisfação com a vida tem se constituído como objeto de estudo em diversas investigações na ciência psicológica (Aquino et al., 2015; Damásio, 2013; Gomes, 2009; Leonardi, 2011; Reinhold, 2004; Steger, 2009). Ademais, estudos têm demonstrado correlações positivas entre sentido da vida e satisfação com a vida em população adulta, entre 22 e 60 anos de idade (Bonebright, Clay, & Ankenmann, 2000) e entre presença de sentido e bem-estar subjetivo, em adultos de 18 a 88 anos (Debats, Van der Lubbe, & Vezeman, 1993; Doğana, Sapmaz, Telb, Sapmaz, & Temizel, 2012). Entre adolescentes, estudos indicam o sentido da vida como fator de proteção contra comportamentos de risco à saúde (Brassai, Piko, & Steger, 2010, 2012).

A utilização da logoterapia para prevenção do vazio existencial e promoção do sentido da vida teve início com a criação dos postos de aconselhamento para a juventude, idealizados por Frankl, com o objetivo de reduzir o número de suicídios entre jovens da Europa Central (Aquino, Damásio, & Silva, 2012). Nessa perspectiva, a prevenção, a partir da visão da logoterapia, objetiva despertar e ampliar os recursos saudáveis da pessoa para enfrentar de forma mais adequada as contingências da vida. Uma condição necessária para mobilizar tais recursos seria uma percepção de um sentido, tendo em conta que ter um para quê viver corresponde a um fator de proteção à saúde (Frankl, 1946/2011; Lukas, 1992).

A partir dessa perspectiva, Aquino, Silva, Figueiredo, Dourado, e Farias (2011) desenvolveram e avaliaram uma proposta para prevenção do vazio existencial junto a 33 adolescentes de uma escola da rede pública de Campina Grande, Paraíba. Em um estudo quase-experimental, foi oferecida aos participantes da condição experimental uma intervenção de 15 encontros. Os participantes das condições experimental e controle foram submetidos a avaliações de pré e pós-teste, por meio do Teste de Propósito de Vida, de Crumbaugh e Maholich (1964), adaptado e validado à realidade brasileira por Aquino et al. (2009). Esse instrumento avaliou o grau de vazio existencial, desespero existencial, bem como o nível de realização de sentido na vida.

Os resultados sugeriram um aumento no nível de realização existencial e uma diminuição nos níveis de desespero e de vazio existencial, entre os participantes do grupo experimental. Para o fator realização existencial, verificou-se um aumento significativo entre as médias tanto do grupo experimental, quanto do grupo controle. Os dois grupos, portanto, aumentaram a sensação de sentido de vida. A mudança observada no grupo controle pode ter sido resultado de uma relação mais próxima entre os participantes das duas condições, experimental e controle, uma vez que, frequentando a mesma sala de aula, partilhavam de espaços de convivência comum, durante a realização da pesquisa. Esse fato sinalizou a necessidade de novos estudos que controlassem a difusão entre tratamentos (Kazdin, 2010) para obtenção de conclusões mais claras.

Resultados como os obtidos por Aquino et al. (2011) se somam aos de outras intervenções internacionais com foco na promoção do sentido vida para adolescentes, ainda em pequeno número, que têm encontrado resultados positivos, associados a uma melhora na qualidade de vida de adolescentes (Haditabar, Far, & Amani, 2013) e ao aumento no bem-estar psicológico em pacientes com diagnóstico de câncer (Kang et al., 2009). São igualmente escassos na literatura nacional estudos de intervenções para promoção de sentido da vida em adolescentes. Além da proposta de Aquino et al. (2011), foram encontrados apenas estudos em populações adultas, com resultados positivos para a promoção da autonomia e aumento da qualidade de vida de pacientes psicóticos (Leonardi, 2011) e prevenção do burnout em professores (Reinhold, 2004). Portanto, são ainda poucos os estudos nacionais com propósito de promoção de sentido da vida em fases iniciais do ciclo da vida em populações não clínicas. Deste modo, novos estudos de avaliação da intervenção realizada por Aquino et al. (2011), assim como o desenvolvimento de outros programas com finalidade similar, poderiam expandir as evidências disponíveis acerca dos benefícios desta modalidade de intervenção.

Tendo em conta as considerações supracitadas, o objetivo geral deste estudo foi replicar a intervenção para prevenção ao vazio existencial e promoção de sentido da vida em adolescentes, proposta por Aquino et al. (2011), ampliando sua avaliação, com foco no seu processo de implementação e resultados. A junção entre avaliações de processo e resultados pode oferecer um panorama mais amplo sobre a implementação e os efeitos de uma dada intervenção, para além das avaliações de pré e pós-teste, também denominadas de avaliações "caixa preta" (Steckler & Linnan, 2002). A avaliação de processo, de cunho fortemente (ainda que não exclusivamente) qualitativo, permite compreender como a intervenção foi conduzida e recebida pelos participantes, lança luz sobre dimensões a serem aprimoradas em implementações posteriores do programa e facilita a interpretação dos resultados (Berkel, Mauricio, Schoenfelder, & Sandler, 2011), quando estes são também avaliados. Foram objetivos específicos deste estudo, no que diz respeito à avaliação de resultados, (a) comparar os escores pré e pós-intervenção de sentido da vida e de afetos positivos e negativos entre os adolescentes participantes e não participantes da intervenção. Quanto à avaliação de processo, buscou-se: (a) avaliar a compreensão das atividades propostas e o engajamento dos adolescentes nestas; (b) verificar o significado atribuído pelos adolescentes à intervenção e a importância desta para a sua vida cotidiana e (c) descrever a satisfação dos adolescentes em relação à intervenção.

 

Método

Participantes

Inicialmente foram convidados para participar do estudo 102 adolescentes, de ambos os sexos, com idades entre 15 e 17 anos. Os participantes foram recrutados em uma instituição sem fins lucrativos, no Distrito Federal, que presta serviços socioassistenciais a crianças, adolescentes, jovens e seus familiares. Todos os adolescentes estavam inseridos no Serviço de Educação Socioprofissional e Promoção de Inclusão Produtiva para Jovens de 14 a 24 anos, programa executado pela instituição e que tem como objetivos gerais a formação pessoal e a preparação para o mundo do trabalho de adolescentes e jovens em situação de risco e vulnerabilidade social.

Os adolescentes foram distribuídos nos grupos experimental (GE) e controle (GC) por conveniência, isto é, por pertencerem à mesma turma e estarem disponíveis para participar da intervenção. A alocação para os grupos foi, portanto, não aleatória, utilizando-se desta forma um delineamento quase-experimental (Kazdin, 2010), com medidas quantitativas e qualitativas. Durante a intervenção não havia contato entre os participantes do GE e GC, pois cada grupo frequentava a instituição uma vez por semana, em dias diferentes. Para a amostra final foram considerados somente os dados dos participantes que responderam às avaliações de pré e pós-teste, totalizando 25 adolescentes no GC e 22 adolescentes no GE. 11 adolescentes do sexo masculino e 11 do sexo feminino, com idades entre 15 e 17 anos compuseram o GE, enquanto que no GC participaram 12 adolescentes do sexo masculino e 13 do sexo feminino, com idades entre 16 e 17 anos.

Instrumentos

Questionário de Avaliação Sociodemográfica. Composto por 25 perguntas fechadas, utilizado para coletar dados sobre gênero, idade, filiação, condições de moradia, bens de consumo, classe social e rede de apoio social dos participantes.

Questionário de Sentido da Vida. Instrumento originalmente proposto por Steger et al. (2006) e validado no Brasil por Damásio (2013), composto por 10 itens que objetiva avaliar os índices de busca e presença de sentido na vida, respondidos em uma escala de 1 (totalmente falsa) a 7 (totalmente verdadeira). A validação deste instrumento para o Brasil se deu com uma população de 3.020 participantes, com idades entre 18 e 91 anos, em 22 estados brasileiros, que demonstrou que ambas as escalas - presença de sentido (Eu entendo o sentido de minha vida) e busca de sentido (Estou buscando sentido na minha vida) - apresentaram excelentes propriedades psicométricas, com alfa de Cronbach () = 0,88 e () = 0,85, respectivamente.

Escala de Afetos Positivos e Negativos. Instrumento originalmente elaborado por Diener e Emmons (1984) para avaliar a valência dos afetos formada por nove adjetivos, sendo quatro positivos (feliz, alegre, satisfeito e divertido) e cinco negativos (deprimido, preocupado, frustrado, raivoso e infeliz). Foi validado no Brasil por Chaves (2003) que, com o objetivo de equilibrar o número de adjetivos para ambos os tipos de afetos, acrescentou em sua pesquisa mais um adjetivo para o afeto positivo: otimista. A escala de 10 itens, respondidos numa escala de sete pontos, variando de 1 (nada) a 7 (extremamente), foi validada numa amostra de 306 participantes da cidade de João Pessoa-PB, com idade a partir de 18 a 84 anos. Os coeficientes de confiabilidade foram 0,81 e 0,78 para os afetos positivos e negativos, respectivamente (Chaves, 2003).

Carta a um Amigo. Utilizou-se uma folha em branco na qual os adolescentes foram solicitados a redigir uma carta a um amigo imaginário, após uma visualização criativa. Foi solicitado aos adolescentes que projetassem suas vidas em 20 anos no futuro, imaginando o que poderia ter acontecido nesse intervalo de tempo. Logo após, foram solicitados a escrever uma carta a um amigo com quem não tivessem tido contato durante todo esse período da vida, contando-lhe como estavam naquele momento e o que havia acontecido em suas vidas. O objetivo deste instrumento foi avaliar a perspectiva de futuro dos adolescentes, por meio da presença ou sonhos realizados e metas alcançadas, tidos como indicadores de planos futuros e projetos de vida.

Diário de Campo. Consistia em uma caderneta de anotações onde o pesquisador registrava falas dos participantes que considerava significativas, além de suas percepções sobre o processo grupal. O diário foi utilizado para registrar os procedimentos realizados em cada sessão e avaliar a compreensão das atividades propostas e o engajamento dos participantes. Serviu também para fundamentar os ajustes metodológicos no decorrer da intervenção.

Árvore da Minha Vida. Foi desenvolvido pelos autores com o objetivo de avaliar a validade social da intervenção, definida como a percepção de relevância dos procedimentos da intervenção pelos participantes (Lane & Beebe-Frankenberger, 2004). Os participantes foram convidados a preencher os espaços em branco nas folhas da árvore com os conteúdos da intervenção avaliados como significativos para suas vidas.

Diário de Emoções. Instrumento elaborado pelos autores para esse estudo, composto por tabela com 15 desenhos representando sete emoções positivas, sete emoções negativas e uma desconhecida, com o objetivo de avaliar ao final de cada encontro, a satisfação dos participantes em relação à intervenção, a partir do relato de emoções experimentadas na sessão. Na construção deste instrumento, as emoções foram escolhidas de forma aleatória e submetidas à consulta de um grupo de adolescentes e psicólogos clínicos para se avaliar sua clareza e pertinência como possíveis indicadores de satisfação vivenciados em oficinas para adolescentes.

Procedimentos

Recrutamento. O processo de recrutamento dos participantes foi composto por seis tentativas, em diferentes instituições educacionais para adolescentes, das quais apenas a última tentativa foi exitosa. Inicialmente, o público alvo da pesquisa era composto por jovens universitários em seu primeiro ano de universidade. A principal dificuldade apontada pela universidade para aceitar a pesquisa foi o tempo de duração da intervenção, previsto inicialmente para 15 encontros. Em vista disto, optou-se por alterar o público-alvo e direcionar a intervenção para adolescentes em ensino médio, ao mesmo tempo em que se reduziu a duração da intervenção. Após sua redução para 11 sessões, a mesma dificuldade foi apontada por outras quatro instituições contatadas em seguida. Por fim, após nova adaptação na quantidade de sessões, contemplando o conteúdo original e reduzindo o seu número para seis sessões, o programa foi oferecido a uma sexta instituição, a qual concordou em participar do estudo.

Coleta de Dados. Ao GE foi oferecida uma intervenção no formato grupal centrada na leitura de poemas, fábulas e parábolas provenientes da literatura geral e reflexões baseadas em uma relação dialógica. A intervenção se desenvolveu em seis encontros de 150 minutos cada, com periodicidade semanal, totalizando 15 horas, distribuídas em um mês e meio.

O GE foi composto por duas turmas de adolescentes, que participaram da intervenção em dias distintos da semana. A fim de favorecer que os grupos recebessem a mesma intervenção e que esta fosse fiel ao conteúdo da intervenção original (Aquino, 2015; Aquino et al., 2011), elaborou-se um roteiro prévio com temas e técnicas específicas de cada encontro. O roteiro dos encontros está descrito integralmente em Aquino (2015) e sumarizado na Tabela 1.

Foram utilizadas técnicas de dinâmicas de grupo, exercícios corporais para aquecimento e relaxamento, visualização criativa e diálogo socrático. De modo geral, as sessões eram compostas por atividades em pequenos grupos e atividades individuais. Inicialmente, os adolescentes eram instruídos sobre o tema e objetivos do dia e recebiam os textos para leitura ou assistiam a vídeos, com perguntas norteadoras para reflexão. Em seguida, todos compartilhavam suas respostas, estimulados pelo pesquisador a estabelecerem um paralelo com o momento que cada um vivenciava. Ao final de cada uma das sessões os participantes, foram convidados a avaliar sentimentos e satisfação em relação à sessão e estimulados a continuar a reflexão no decorrer da semana. Com o objetivo de tornar a intervenção mais atrativa, algumas atividades que previam leitura de textos foram substituídas por vídeos e animações, preservando o conteúdo do texto proposto.

Ambos os grupos, GE e GC, responderam às medidas de pré e pós-teste e ao Questionário de Avaliação Sociodemográfica. No GE, a aplicação dos instrumentos Questionário de Sentido da Vida e Escala de Afetos Positivos e Negativos foi realizada na primeira e última sessões. Na última sessão do GE, aplicou-se também a Carta a um Amigo. No decorrer da intervenção, as medidas qualitativas foram realizadas. Na parte final de cada encontro, os adolescentes foram convidados a responder aos instrumentos Árvore da Minha Vida e Diário das Emoções. Imediatamente após o término de cada sessão, o pesquisador registrou no Diário de Campo eventos relevantes observados na sessão do dia.

Análise de Dados. Para a análise qualitativa, foi utilizada a análise temática, cuja categorização dos conteúdos registrados no decorrer da intervenção seguiram o modelo proposto por Braun e Clarke (2006). Inicialmente, os dados foram lidos repetidas vezes separadamente, sendo destacados os temas que se sobressaíam nas falas dos adolescentes; em seguida, esses temas foram revistos e agrupados em categorias estabelecidas pelo pesquisador. Um segundo pesquisador foi consultado com o objetivo de estabelecer a diferenciação das categorias. Por fim, foram quantificadas as frequências desses temas nos relatos dos participantes.

Para os dados quantitativos, utilizou-se o SPSS (versão 18). Foram utilizadas estatísticas descritivas (médias e desvios padrões) e o Teste t para medidas repetidas com a finalidade de verificar diferenças entre as medidas de presença de sentido, busca de sentido, afetos positivos e afetos negativos no pré e pós-teste.

Considerações Éticas. A pesquisa foi registrada no Comitê de Ética em Pesquisa em Ciências Humanas da Universidade de Brasília sob o número 37157214.5.0000.5540. Todos os cuidados éticos previstos na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde foram adotados, incluindo a informação aos participantes e sua expressão de consentimento por meio dos termos de assentimento, para os adolescentes, e consentimento livre e esclarecido, para os pais.

 

Resultados

Caracterização Sociodemográfica

A Tabela 2 mostra a caracterização sociodemográfica da amostra. Dentre os dados apresentados, chama a atenção a alta percentagem de adolescentes que não participam de nenhum coletivo juvenil, como grupos esportivos ou estudantis GE (36,4%) e GC (40%) com uma média de participação de 1,0 grupos no GE (DP 1,069) e 0,80 grupo no GC (DP 0,816). Quanto à classificação socioeconômica, destaca-se a quantidade de participantes que estão nas classes B e A, de acordo com Critério de Classificação Brasil 2015 da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas - ABEP. Adotando somente o critério de renda per capita da própria ABEP, todos os participantes encontram-se inseridos nas classes D/E (renda per capita abaixo de R$ 639,78). Todos os adolescentes eram participantes de um programa de formação socioprofissional e estavam, portanto, se preparando para ingresso no mercado de trabalho.

Avaliação de Resultados

Inicialmente foram realizadas análises descritivas das pontuações médias no pré e pós-teste das variáveis do estudo (presença de sentido, busca de sentido, afetos positivos, afetos negativos) no GE e GC. Através do Teste t para medidas repetidas verificou-se uma mudança estatisticamente significativa no fator presença de sentido, com aumento nas médias desta variável entre o pré e o pós-teste no GE (p=0,0001), enquanto no GC o aumento não foi significativo. As médias, os desvios-padrão e a significância estatística dos grupos experimental e controle estão apresentados na Tabela 3. O fator busca de sentido não apresentou mudança significativa em nenhum dos grupos.

Na Tabela 4, estão apresentados os resultados da comparação entre GE e GC dos resultados obtidos por meio da Escala de Afetos Positivos e Negativos. Os dados do GE mostraram uma diminuição significativa (p=0,026) nos escores de afetos negativos, entre pré e pós-teste, ao passo que no GC a mudança não se mostrou significativa. Pode se perceber ainda uma diminuição significativa (p=0,0001) nos índices de afetos positivos no GC.

Avaliação de Processo

No que se refere à compreensão dos procedimentos e o engajamento dos participantes nas atividades propostas, alguns relatos sugerem que os adolescentes compreenderam e se engajaram de forma positiva na intervenção. Esse envolvimento extrapolou o espaço do grupo, o que pode ser percebido na fala de um dos participantes: "essas atividades fazem a gente pensar muito em casa", "dá vontade de chorar, às vezes, quando a gente lembra desses textos". Essa postura de envolvimento na atividade também pode ser observada pelo pesquisador em comportamentos dos adolescentes no grupo, especialmente em atividades que, em sua execução, exigiam uma atitude cooperativa entre eles.

Os dados obtidos por meio da Carta a um Amigo apontaram majoritariamente a presença de planos futuros (77 relatos, 98,8%) em comparação à ausência de planos futuros (1 relato, 1,2%). Dentre os planos relatados, identificou-se planos específicos (75 relatos, 96,2%) e planos inespecíficos (2 relatos, 2,6%). Os planos específicos contemplaram, principalmente, planos de carreira, familiares e de investimento na formação acadêmica. As definições, exemplos e frequência das categorias e subcategorias de relatos constam na Tabela 5.

Os relatos dos participantes a partir da Árvore da Minha Vida, em que se avaliou os conteúdos que mais chamaram atenção dos participantes e que foram considerados como importantes para a vida de cada um deles, sugerem um reconhecimento da importância da intervenção e que lições podem ser levadas para o cotidiano dos adolescentes. Considerando as palavras que foram citadas por ao menos dois adolescentes, obteve-se a seguinte frequência: sentido (12), vida (11), escolhas (9), sonhos (7),foco (6),persistência (6),habilidades (5), vontade (5), criatividade (4),motivação (4),atitudes (4),futuro (4),esperança (4),força (4),objetivos (4),confiança em si (4),responsabilidade (3),cabeça (3),opiniões (3),amor (3),ideias (3),competência (2),esforço (2),conquistas (2),respeito (2),grupos (2),superação (2),atenção (2),caminhos (2),reflexão (2) e fazer (2).

Os resultados obtidos por meio do Diário de Emoções, com a finalidade de avaliar a satisfação dos participantes, mostram as emoções experimentadas pelos participantes ao final de cada encontro. As emoções mais frequentes foram as positivas, seguidas das negativas, nessa ordem: feliz (71), tranquilo (54), animado (42), satisfeito (39), agradecido (33), esperançoso (30), confiante (29), preocupado (14), ansioso (13), confuso (11), triste (9), entediado (8) e amedrontado (4). A emoção "irritado" não foi citada nenhuma vez, ao passo que houve 8 relatos de emoções não identificadas ("ainda não sei"), quando o adolescente não sabia nomear o sentimento percebido.

Conforme descrito na Figura 1, nota-se um aumento gradual das emoções positivas no decorrer da intervenção, certa estabilidade das emoções negativas e um decréscimo nas emoções não identificadas. O pequeno aumento de emoções negativas, observada na última sessão, pode ser justificada pelo sentimento dos participantes frente ao término da intervenção, como sugere a fala de um dos adolescentes: "... estou triste que esteja acabando. Passou tão rápido".

 

Discussão

O presente estudo objetivou avaliar os resultados e o processo de implementação de uma intervenção para promoção de sentido da vida em adolescentes. Verificou-se que, após a intervenção, os participantes do GE apresentaram mudança significativa na percepção de sentido em suas vidas, em comparação com o GC. Resultados semelhantes foram encontrados por Aquino et al. (2011). Segundo Frankl (1946/2011), um dos indicadores mais fortes da presença de sentido é ter um propósito na vida definido, uma causa ou pessoa pela qual valha a pena viver. Essa compreensão é partilhada por Ryff e Keyes (1995), que colocam o propósito de vida como um componente do bem-estar psicológico. Para as autoras em questão, o propósito de vida pode ser compreendido como a existência de objetivos na vida, senso de direção, metas significativas e o sentimento de que a vida tem um significado. Frankl (1946/2011) afirma que o vazio existencial se caracteriza pela sensação de que a vida está sem sentido ou sem um propósito definido, limitando suas possibilidades futuras. Dessa forma, promover o sentido da vida equivale a minorar essa percepção de vazio no indivíduo, ampliando seus fatores protetivos. Em referência ao fator busca de sentido, não houve mudança significativa na comparação com os grupos. Estudos sugerem, em geral, correlações negativas entre busca e presença de sentido (Damásio, 2013) e entre busca de sentido e bem-estar subjetivo (Bonebright et al., 2000). Deste modo, a ausência de mudança nesta variável deve ser interpretada como esperada e positiva.

Quanto aos escores de afetos positivos, os dados revelaram alterações significativas, representadas pela diminuição de afetos negativos no GE e diminuição dos afetos positivos no GC. Além disso, constatou-se que a média de afetos positivos foi superior à de afetos negativos. Este resultado encontra respaldo em estudos anteriores (Arteche & Bandeira, 2003; Huebner & Dew, 1996), que sugerem que, no geral, os adolescentes reportam bons níveis de bem-estar. O contexto político e econômico que o país atravessava quando da coleta de dados, nos meses de fevereiro e março de 2015, pode ser uma possível explicação para a alteração observada no GC, uma vez que, diferente dos participantes do GE, aos participantes dessa condição não foi oferecido um espaço de escuta e partilha de sentimentos. A amostra foi recrutada entre adolescentes que estão se inserindo no mercado de trabalho e, por isto, é possível que tenham se sentido negativamente impactados pelo momento econômico. Considerando esse contexto, também vivenciado pelos participantes do GE, a mudança observada pode ser também respaldada por Frankl quando diz que a dimensão espiritual no ser humano preserva fatores protetivos no indivíduo, independente da situação que ele vivencie.

No referente às variáveis de processo, os resultados apontam para uma boa compreensão, por parte dos adolescentes, das atividades propostas e uma participação ativa nas mesmas. Esse entendimento se deu a partir de observações do pesquisador na execução das tarefas e na interação entre os adolescentes no decorrer da intervenção. Relatos que indicam exposição pessoal do adolescente apoiam esse entendimento em relação ao engajamento nas tarefas. Quando solicitados a imaginar o que fariam no último dia de vida de cada um, por exemplo, muitos adolescentes relataram que pediriam perdão a pais, amigos, familiares por possíveis sofrimentos que tivessem causado ou por não terem se comportado conforme desejo dos pais. Berkel et al. (2011) apontam a participação ativa como elemento importante no processo de implementação, sendo frequentemente associados a resultados positivos de uma intervenção.

Outro indicador do envolvimento dos adolescentes na proposta são os resultados a partir da técnica Carta a um Amigo, que apontaram, ao término da intervenção, para a existência de planos e projetos para o futuro. Seus relatos indicaram sonhos e metas, em sua maioria específicos, em comparação a planos vagos ou ausência de planos. Dentre os planos de futuro mais relatados pelos participantes da intervenção, os planos profissionais e de carreira foram os mais frequentes. É possível que isto possa ser atribuído ao fato da amostra ser de conveniência, composta por adolescentes inseridos em um programa de formação socioprofissional. A percepção de significado na vida a partir do estabelecimento de metas profissionais e de carreira encontra sustentação em Frankl (1981/1990, 1978/2005) que afirma que a vivência dos valores de criação (valores ligados à ação, tarefa ou trabalho) é uma das vias para se encontrar o sentido na vida. Ademais, estudos apontam que a percepção de meta futura é um fator de motivação na busca de estratégias para alcançá-las (Río-González & Herrera, 2006) e um fator de proteção que pro-move resiliência (McCabe & Barnett, 2000).

No que diz respeito à validade social, os relatos dos participantes evidenciaram um reconhecimento de que os temas trabalhados foram importantes e os ajudariam a construir um projeto de vida a partir da reflexão e vivência de valores pessoais. Tal percepção de relevância do conteúdo da intervenção é coerente com os resultados encontrados, corroborando o pressuposto de que intervenções socialmente válidas tendem a ser mais eficazes (Lane & Beebe-Frankenberger, 2004). Quanto à avaliação de satisfação em relação à intervenção, a partir do Diário de Emoções, foi observada uma maior frequência de emoções positivas, em comparação às negativas.

Os resultados demonstram que as pontuações médias das emoções positivas aumentaram durante o processo interventivo. A satisfação do participante, ainda que não seja suficiente, pode ser considerada um indicador de uma intervenção exitosa (Berkel et al., 2011; Steckler & Linnan, 2002). A satisfação dos adolescentes com o programa também pôde ser aferida por meio dos relatos durante as sessões. A título de exemplo, podem-se elencar os relatos que se seguem: "Esses textos mexem com nosso psicológico, mas ajuda às vezes; a gente não para pra pensar nessas coisas no dia a dia. Parece que não é importante. Agora eu consigo pensar melhor no que eu quero ser". Ademais, esses resultados corroboram o estudo de Kiang e Fuligni (2010) quando apontam que adolescentes que obtêm altas pontuações na presença de sentido também apresentam maiores índices de autoestima, bem-estar, ajuste acadêmico e uma maior sensação de conexão com seu grupo étnico.

De forma geral, os resultados deste estudo sugeriram evidências favoráveis à eficácia da intervenção. Quando comparado ao GC, o GE apresentou mudanças positivas nos escores de percepção de significado na vida, bem como diminuição dos afetos negativos. Estes dados quantitativos são coerentes com os qualitativos, acerca da elaboração de projetos de vida ao término da intervenção, o que parece indicar a presença de recursos e fontes de motivação para o alcance das metas estabelecidas. Ademais, estes resultados estão alinhados à implementação bem-sucedida da intervenção, considerando-se o engajamento dos adolescentes na intervenção, sua compreensão dos procedimentos, sua satisfação e percepção de relevância da intervenção (Berkel et al., 2011; Lane & Beebe-Frankenberger, 2004; Steckler & Linnan, 2002).

Contudo, as análises realizadas neste estudo não permitem concluir em que medida os indicadores de processo afetaram a intensidade dos resultados. Evidências obtidas em revisão sistemática de literatura sobre a relação entre a qualidade da implementação e os resultados de programas preventivos (Durlak & DuPree, 2008) permitem prever uma relação positiva entre o processo e os efeitos desta intervenção. Todavia, conclusões seguras deverão aguardar estudos futuros capazes de examinar elementos do processo como mediadores ou moderadores dos resultados (Hayes, Laurenceau, & Cardaciotto, 2008).

As evidências deste estudo somam-se às obtidas por Aquino et al. (2011), sugerindo consistentemente benefícios da intervenção para promoção de sentido da vida em adolescentes. Esses achados sugerem a aplicabilidade da Logoterapia em ações de promoção de saúde mental e prevenção a agravos à saúde na adolescência, conforme trabalhos semelhantes descritos por Bretones (1998), Leonardi (2011) e Reinhold (2004). Este estudo apresenta ainda algumas contribuições adicionais ao estudo inicial de Aquino et al. (2011), dentre as quais podem ser citadas a replicação em novo contexto, o uso de múltiplas medidas e a avaliação de processo da intervenção. Para além da expansão dos estudos prévios nesta temática, destaca-se a relevância destes resultados para o campo da saúde do adolescente. Segundo achados de Kiang e Fuligni (2010), adolescentes que obtêm altas pontuações na presença de sentido também apresentam maiores índices de autoestima, bem-estar, ajuste acadêmico e uma maior sensação de conexão com seu grupo étnico. Isto ganha relevo especialmente para a amostra estudada e outras populações em condições similares de vulnerabilidade, dada a ampliação de seus fatores protetivos e potencial de saúde.

O presente estudo caracteriza-se por ser um estudo de replicação de intervenção. A replicação de um estudo objetiva encontrar resultados semelhantes aos achados anteriormente, sendo considerada um critério de efetividade de uma intervenção (Flay et al., 2005). Desta forma, traz ao pesquisador alguns desafios, dentre os quais podemos destacar a adaptação - modificações necessárias para o bom funcionamento da intervenção no novo contexto - sem, contudo, descuidar da fidelidade da implementação, isto é, sem esvaziar a intervenção de seus componentes críticos (Berkel et al., 2011). Neste estudo, adotou-se uma versão mais compacta da intervenção, ao mesmo tempo em que seus objetivos, procedimentos e conteúdos centrais foram preservados. O formato usado neste estudo, com seis sessões, demonstrou ser de implementação mais viável, em comparação à intervenção original, de 15 sessões (Aquino et al., 2011). Desta feita, os achados do presente estudo, como replicação de uma intervenção preventiva e sua avaliação sistemática, indicam ser relevante a adaptação sensível ao contexto sem ameaças à fidelidade e ampliam as evidências de efetividade de intervenções nacionais em prevenção e promoção de saúde mental do adolescente, necessidade apontada por Abreu (2012), ainda escassas no Brasil.

Apesar dos avanços em relação à proposta inicial de Aquino et al. (2011), esse estudo apresenta algumas limitações. A principal delas é a ausência de alocação randômica dos participantes entre as condições experimental e controle. Embora os GC e GE não difiram significativamente entre si nos aspectos sociodemográficos e nos escores iniciais das variáveis estudadas, não é possível assegurar a equivalência entre eles no pré-teste. Outras limitações importantes são a amostragem por conveniência, a ausência de follow-up e de avaliação qualitativa, por meio da aplicação da Carta ao Amigo, não realizada antes da intervenção e no GC.

Por isto, sugere-se que estudos futuros ampliem a amostra, façam uso de grupos de comparação randomizados, incluam avaliações longitudinais e medidas qualitativas aliadas às quantitativas. Adicionalmente, são recomendados cuidados para reduzir a complexidade da intervenção com vistas a facilitar o recrutamento de novos participantes. Neste sentido, o formato usado neste estudo, com seis sessões, demonstrou ser de implementação mais viável, em comparação à intervenção original, de 15 sessões (Aquino et al., 2011). Portanto, estudos futuros devem levar em conta formatos mais breves, de modo a facilitar a adoção por serviços especializados para adolescentes e promover a adesão e retenção dos participantes.

 

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Endereço para correspondência:
José Marcelo Oliveira da Luz
SQN 109, Bloco J Apto. 209, Asa Norte
Brasília, DF, CEP 70.752-100
Fone: 61 96218774
E-mail: daluz@unb.br

Recebido: 04/02/2016
1ª revisão: 15/08/2016
Aceite final: 07/09/2016

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