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Cadernos de Psicologia Social do Trabalho
versão impressa ISSN 1516-3717versão On-line ISSN 1981-0490
Cad. psicol. soc. trab. v.5 São Paulo dez. 2002
EDITORIAL
Muito embora não tivéssemos a intenção de publicar um volume temático, a maior parte dos textos aqui reunidos versa sobre o campo da Saúde do Trabalhador. Assim é o caso dos artigos de Márcia H. Bernardo, de Rosemeire A. Scopinho e da equipe de Maristela D. Araujo, seguidos pela entrevista com Herval P. Ribeiro, Francisco A. C. Lacaz, Carlos A. Clemente e Pérsio Dutra, que falam sobre a história do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (DIESAT). A entrevista e os artigos se complementam, pois a primeira relata a constituição do campo e os últimos exemplificam a contribuição atual da psicologia para a área.
Os artigos abordam categorias profissionais diversas e se desenvolvem a partir de aportes teórico-metodológicos distintos. Eles discutem a representação sobre os riscos em uma usina química, as implicações de um processo de privatização e reestruturação sobre as condições de trabalho e suas repercussões para a saúde dos trabalhadores do setor de energia elétrica e, finalmente, uma intervenção em um hospital público, no qual a precarização das condições de trabalho estava associada a problemas de saúde.
A entrevista descreve a atuação do movimento sindical e sua contribuição para instituir um determinado olhar sobre o processo saúde-doença e trabalho, que se denominou Saúde do Trabalhador. Esse olhar proporcionou uma guinada importante da psicologia no Brasil, pois lhe permitiu aproximar-se do ponto de vista dos trabalhadores e sensibilizar-se com o cotidiano do trabalho, focando a saúde como processo social. Além disso, permitiu a constituição de um novo campo de intervenção e atuação dos psicólogos a partir dos serviços públicos de saúde e de órgãos de representação dos trabalhadores. O campo da Saúde do Trabalhador situa-se na interface entre as áreas da psicologia do trabalho e da psicologia da saúde.
Os dois outros artigos desta edição são parte das contribuições apresentadas durante a mesa-redonda Cooperação e Competição na Vivência da Classe Trabalhadora: para lembrar o dia do trabalho, organizada pelo Centro de Psicologia Aplicada ao Trabalho e pelo Serviço de Aconselhamento psicológico do Instituto de Psicologia da USP, em maio de 2001. Egeu G. Esteves discute as implicações para a sociabilidade dos vínculos de trabalho assalariado e associado. Por sua vez, Pedro F. Bendassolli problematiza a relação entre os sentidos de cooperar e competir.
São Paulo, novembro de 2002.
Leny Sato
Fábio de Oliveira