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Revista Psicologia Política
versão On-line ISSN 2175-1390
Rev. psicol. polít. vol.22 no.53 São Paulo jan./abr. 2022
EDITORIAL
Editorial
Kátia Maheirie
Editora Geral da Revista Psicologia Política
Muitos desafios estão colocados aos editores de periódicos científicos, já que estamos em um momento diferente daqueles do início deste século, no que se refere a processos editoriais de artigos provenientes de investigações científicas no Brasil. Desde que assumi a primeira editoria científica na minha carreira acadêmica e, junto a outros editores, busquei a avaliação as cegas por pares, especialmente, o duplo cego, no qual autores e avaliadores desconheciam suas identidades, visando uma avaliação isenta de qualquer viés que pudesse prejudicar a própria avaliação. Seguimos agora, em 2022, com novos e diferentes desafios que se colocam em nossos horizontes e podem fazer mudar algumas concepções de avaliação e de propriedade sob dados de pesquisas.
Sobre as avaliações dos artigos científicos submetidos as revistas, nosso primeiro desafio se coloca nos preprints. Em abril de 2020, a SciELO inaugura seu servidor (https://preprints.scielo.org/) e nos disponibiliza artigos que podem facilitar a publicação de resultados de investigações, a exemplo dos artigos sobre Covid-19. Seu objetivo foi "acelerar a disponibilização de artigos de pesquisa de oito áreas temáticas antes ou em paralelo à submissão em periódicos científicos e segue padrões internacionais de qualidade editorial, além de operar com software de código aberto, o que facilita a interoperabilidade e indexação por bases de dados" (Nassi-Caló, 2022, p. 33). Segundo Lilian Nassi-Caló (2022), iniciativa semelhante foi tomada pela Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEP) e Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, com o apoio da UNESCO.
O que podemos fazer para possibilitar os preprints mantendo, ao mesmo tempo, a qualidade e o rigor das avaliações?
As avaliações, por sua vez, devem ser muito mais valorizadas, pois sem elas, um periódico não anda. Depois de tantos anos afirmando a importância de um movimento de valorização maior e mais significativo acerca do trabalho de revisão por pares, o que conseguimos, efetivamente? Parece que ainda estamos engatinhando neste ponto, pois nossa dificuldade em conseguir avaliadores para os artigos está cada vez mais intensa.
Não seria o caso de pensarmos em outro desafio, que evolveria uma modificação nos trabalhos e reconhecimento de nossos avaliadores? O que temos visto sobre avaliação aberta? Quais seus riscos e vantagens? Estaríamos preparados para este exercício? Você deve estar se perguntando, "mas ela só lança dúvidas aqui neste Editorial?" Sim, eu respondo que tenho mais dúvidas que respostas...
Mas, em meio a dúvidas, eu consigo ver que parte da valorização dos avaliadores está diretamente ligada a ciência aberta a qual, segundo Lilian Nassi-Caló, pode ser compreendida como
o movimento que torna a pesquisa científica (incluindo as publicações, dados e software livre) e sua disseminação acessíveis para todos os setores da sociedade. A ciência aberta é conhecimento transparente e acessível compartilhado e desenvolvido através de redes de colaboração. Inclui práticas de publicação aberta, acesso aberto, dados de pesquisa abertos, avaliação aberta da ciência, cadernos abertos de anotações, ciência cidadã... (Nassi-Caló, 2022, p. 29).
Como uma possível consequência, a avaliação aberta pode valorizar muito mais o papel do parecerista, porque pode dar visibilidade a seu trabalho e impulsionar o processo aberto e transparente da discussão entre autor e avaliador, proveniente das leituras realizadas por seus pares. Com isso, pode possibilitar ao leitor um processo interessantíssimo de aprendizagem de como se constrói a avaliação da exposição do que se produziu em investigações. Seria o caso e aprofundarmos tais reflexões e pensar em alternativas possíveis?
Encerro este Editorial na promessa de continuarmos nos próximos editoriais a pensar sobre tais questões e outras que envolve a ciência aberta, urgentes para nós, editores de periódicos científicos no Brasil.
Apresento a vocês agora o primeiro número de 2022, desejando a vocês uma excelente leitura!!!
REFERÊNCIA
Nassi-Caló, Lilian. Avaliação por pares aberta. Em: Príncipe, Eloísa; Rode, Sigmar de Mello (orgs) (2022). Comunicação científica aberta (Coleção PPGCI 50 anos). Rio de Janeiro: IBICT, 242p. [ Links ]