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Psicologia para América Latina

versão On-line ISSN 1870-350X

Psicol. Am. Lat.  no.33 México jul. 2020

 

O legado de Martin-Baró: a questão da consciencia latino americana

 

Martin-Baró's legacy: The issue of latin american consciousness

 

El legado de Martin-Baró: El problema de la conciencia latinoamericana

 

 

Maria Sara de Lima DiasI

IUniversidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)

Contato com a autora

 

 


RESUMO

Este estudo se baseia em observações da autora, bem como em livros e publicações em que se referenciam os trabalhos de Martín-Baró. Observa-se a singularidade e pioneirismo de seu estudo, que aponta para a fundamental relação entre a alienação e a consciência. Ao trabalhar a identidade do povo latino-americano como originada e sobreposta a uma visão dominante baseada em sua relação com o colonizador evidencia-se a importância de Martin-Baró para os estudos decoloniais. A atualidade de seu pensamento expresso na psicologia da libertação revela a necessidade da ação social e comunitária em uma realidade como a brasileira, que reclama para a psicologia uma práxis que seja capaz de atender as reais necessidades das maiorias populares em situação de sofrimento. Em relação à população latino-americana, existe a necessidade de refletirmos sobre uma psicologia forjada para um rosto humano e para uma consciência interpelante da realidade.

Palavras-chave: sofrimento, identidade, alienação.


ABSTRACT

This study is based on observations of the author as well as on books and publications that refer to the works of Martín-Baró. One observes the uniqueness and pioneering spirit of his study that points to the fundamental relationship between alienation and consciousness. Working on the identity of the Latin American people as originated and superimposed on a dominant view based on their relationship with the colonizer, the importance of Martin-Baró for decolonial studies is evident. Its timeliness of its thought expressed in liberation psychology reveals the need for social and community action in a reality such as the Brazilian that demands for psychology a praxis that is capable of meeting the real needs of the suffering majorities. In relation to the Latin American population, there is a need to reflect on a psychology forged for a human face and for a conscious awareness of reality.

Keywords: suffering, identity, alienation.


RESUMEN

Este estudio se basa en observaciones del autor, así como en libros y publicaciones que hacen referencia a las obras de Martín-Baró. Uno observa la singularidad y el espíritu pionero de su estudio que apunta a la relación fundamental entre la alienación y la conciencia. Trabajando en la identidad del pueblo latinoamericano como originada y superpuesta en una visión dominante basada en su relación con el colonizador, la importancia de Martin-Baró para los estudios descoloniales es evidente. La puntualidad de su pensamiento expresado en la psicología de la liberación revela la necesidad de acción social y comunitaria en una realidad como la brasileña que exige a la psicología una praxis que sea capaz de satisfacer las necesidades reales de las mayorías sufrientes. En relación con la población latinoamericana, es necesario reflexionar sobre una psicología forjada para un rostro humano y para una toma de conciencia de la realidad.

Palabras clave: sufrimiento, identidad, alienación


 

 

Introdução

Martín-Baró produziu um grande legado para a psicologia latino-americana sobretudo em relação à questão da consciência, fruto de seus debates sobre a relação entre o indivíduo e a sociedade (Waeny & Macêdo, 2019), uma vez que a patologia das pessoas não é algo alheio à sua história de vida e às suas condições sociais. Argumenta que a psicologia latino-americana apresenta uma miséria histórica que tem suas raízes em uma outra história da dependência colonial. Desse modo, a psicologia foi, durante muito tempo, instrumento que buscou tranquilizar as consciências apontando as vantagens da modernidade tecnológica.

Para Martín-Baró (1990a,. 1990b, 1990c, 1990d.), a função de qualquer cientista social deve ser muito mais focalizada em transformar o mundo do que em explicá-lo. Desenvolve uma argumentação sobre o fato de que a psicologia latino-americana serviu ao modelo capitalista de modo a moldar as mentes e os comportamentos através de modelos dominantes que se baseavam no positivismo, no individualismo, no hedonismo e em uma visão homeostática da ciência que, além disso, se posicionava de maneira a-histórica.Para o autor a precariedade da psicologia se relaciona com uma ideologia de reconversão, assim é preciso buscar a dimensão da consciência em sua relação dialética e histórica entre o saber e o fazer. (Martin-Baró, 2011).

De fato, as ideias pioneiras de Martín-Baró (1996) refletem as possibilidades de transformação da própria psicologia, para que esta acompanhe as maiorias populares. No entanto, desde o seu assassinato dentro da Universidade Centro Americana até hoje, a recepção da obra de Martín-Baró no Brasil ainda é tímida. A psicologia hegemônica, apesar disso, segue avançando na formação da(o) psicóloga(o) brasileira(o), com exceção de alguns poucos cursos de psicologia e de algumas pós-graduações que fazem adesão a uma vertente de uma psicologia social mais crítica e politizada.

Essa consciência interpelante me impôs refletir sobre a importância do pensamento de Martín-Baró para a formação do psicólogo e para a compreensão da realidade brasileira, que neste momento necessita maior espaço de luta e engajamento social.

Um resgate de meu contato com o autor

O meu primeiro contato com a obra de Martín-Baró foi em um curso de mestrado na Universidade Federal do Paraná, que me permitiu o desenvolvimento de uma consciência do papel e do compromisso social da psicologia. Em minha graduação, a psicologia apresentava na formação temas que, apesar de relevantes, eram tratados por explicações dominantes e distantes da realidade latino-americana. Assim, o projeto de uma psicologia da libertação possibilitou ao mesmo tempo abalar as bases teóricas, epistemológicas e científicas da psicologia, pelas quais minha formação acadêmica evolucionou.

De modo que conhecer a obra de Martín-Baró é aproximar o psicólogo de um debate crítico sobre uma psicologia eurocêntrica, e ao mesmo tempo chamar a atenção para o que fazer da própria psicologia. Meu segundo contato com a obra do autor se deu após concluir meu doutoramento na Universidade Federal de Santa Catarina, e ao iniciar meu trabalho em uma universidade privada em Curitiba. A construção de um programa de pós-graduação em psicologia comunitária na Universidade Tuiuti do Paraná novamente possibilitou o encontro com a bibliografia de Martín-Baró, e novamente me fez refletir sobre o alcance de sua obra.

É fácil constatar que na Cidade de Curitiba, sul do Brasil, poucos cursos de graduação de psicologia tinham qualquer ementário com Martín-Baró como referência em 2005. No desenvolvimento das orientações de mestrado algumas categorias da psicologia da libertação muito se ajustavam ao caráter participativo das politicas públicas de assistência social, e de assistência à saúde no Brasil, como as categorias consciência, identidade, processos de participação, conscientização, emponderamento e fortalecimento, entre outras.

Ao lecionar, percebia a enorme dificuldade de acesso que tínhamos, à época, aos escritos originais do autor em língua portuguesa; a maioria das obras eram importadas e estavam em espanhol (Martin-Baró, 1985, 1986, 1998), o que muitas vezes dificultava o compartilhar das leituras. De qualquer forma, o curso de pós-graduação que formava mestres em psicologia comunitária, por ser desenvolvido em uma universidade privada, acabou encerrando suas atividades devido à falta de alunos ou ainda ao predomínio de uma visão hegemônica e colonial da psicologia. Estas circunstâncias históricas deste meu percurso singular pretendem situar o lugar de quem fala e a perspectiva pela qual tenho observado. No cenário brasileiro, em comparação com os países de língua espanhola, ainda persiste uma baixa recepção e acolhimento das idéias de Martín-Baró.

Historicamente, o movimento que trouxe o encontro com a obra de Martín-Baró no Brasil se deu pela psicologia social, e por figuras como Silvia Lane  e Luiz Fernando Gonzalez Rey, entre outros (Lane, 1994, 1995, 1997; Rey, 2007; Furtado, 2000; Gonçalves & Portugal, 2012, de Oliveira & Lucian Borges, et al.2014). No entanto, nos países de língua espanhola, o quadro se faz de uma forma muito diferente, uma vez que grande parte da obra do autor foi escrita em espanhol. Em minha formação de pós-doutorado na Universidade Autonoma de Barcelona, entre todos os autores latino-americanos, certamente a presença maior é de Martín-Baró, vista como uma grande referência nas pesquisas de mestrado e doutoramento na área da psicologia.

Creio que hoje, lecionando uma universidade pública federal e gratuita na formação de mestres e doutores, e tendo em vista o contexto social e político vivido no Brasil, a relevância do nome Martin-Baró não pode passar despercebida. Portanto, este artigo tem o propósito de demonstrar a atualidade e a necessidade do pensamento do autor para compreender a realidade brasileira e oferecer maior espaço para o processo contínuo de emancipação do povo, através de uma psicologia que se posicione de forma mais crítica sobre a dialética entre a subjetividade e objetividade e que seja capaz de compreender tais relações com as condições materiais da existência humana (Martín-Baró & Lacerda, 2014).

Sobre o autor

Martín-Baró, psicólogo, filósofo e padre jesuíta, estava profundamente implicado no contexto em que convivia e pelo qual devotou a sua vida. Protestou para alertar sobre a necessidade de um compromisso social, ético e politico da psicologia "cujos esquemas eram inoperantes para responder as necessidades populares" (Martin-Baró, 2011, p. 181). Além de serem inoperantes tais esquemas teóricos e mitológicos, serviam mais como técnicas para reproduzir no interior da consciência das pessoas uma adaptação à realidade vivenciada.

Com um profundo interesse sobre o modo de vida do povo, Martín-Baró percebe o imenso sofrimento psíquico do mesmo, no qual a maioria da população vivencia cotidianamente situações de exclusão social  e de perda de direitos, conforme Cidade e Ximenes (2017). Já que o Estado, aliado aos interesses de avanço do capital e do neoliberalismo, tem promovido um aumento da pobreza e da precarização das condições de vida do povo Latino-americano, conforme Martín-Baró e Lacerda (2014).

Hoje, do Brasil, se observa um afastamento do Estado de suas responsabilidades com o bem estar do povo, e o psicólogo que se inscreve nas instituições de atenção à saúde mental, observa o grande sofrimento psíquico que é vivenciado (Guzzo & Lacerda, 2007). Assim submetido a instancias de controle e poder o oprimido aprende também a submissão dos problemas sociais que afetam o seu povo, permitiu questionar o quehacer da Psicologia latino-americana. De acordo com Ibáñez (1998, p.170):

La actividad del teólogo de la liberación implica el recurso a las ciencias sociales (mediación sicoanalítica), desde las que define la realidad de los pobres en Iberoamérica como una consecuencia de los excesos de un capitalismo salvaje y dependiente, de una historia de opresión, fundamentalmente económica e, incluso, de una religión alienadora, ideologizada. En segundo lugar, el teólogo de la liberación interpreta esa situación de opresión y miseria desde el criterio moral cristiano (mediación hermenéutica).

Em sua vivência, constrói uma profunda crítica ao modo de interferência norte-americano na Guerra em El Salvador, Martín-Baró (1988), e nos ratifica a necessidade de uma forte crítica sobre o momento vivido e a precipitação política da interferência norte americana. Culminando com o fechamento de qualquer diálogo para com a politica, Martín-Baró declara ao mundo toda a forma sangrenta com que o povo foi contido e a repressão violenta aos insurgentes e denuncia que a guerra civil tende a prologar-se em um país pobre que sofre todo o tipo de dano material e humano.

Ao abordar a questão da ação e da ideologia sobre o sofrimento contínuo do povo, afirma que a psicologia pode e deve dar o seu contributo na construção de novas formas de coexistência humana, que não se forjem entre relações de dominação e exclusão social (Martín-Baró, 1985).

Ao falar do capitalismo, distingue que a revolução industrial só foi possível através do domínio da tecnologia, por deter as ferramentas tecnológicas. Assim, as sociedades ocidentais conseguiram resolver alguns problemas e ao mesmo tempo subjugar os povos colonizados. As ciências sociais, no entanto, começaram a reclamar de seu estatuto científico e a atuar para resolver os problemas humanos, com alguma independência e autonomia das demais ciências. De forma que a psicologia nasce atrelada ao desenvolvimento técnico e tecnológico e a uma crença nas ciências exatas. Desenvolve um referencial teórico e crítico sobre a própria psicologia que apesar de se relacionar com os problemas dos povos está profundamente vinculado às atividades de pesquisa norte-americanas, ou eurocêntricas. De forma que:

A Psicologia na América Latina consolidou-se pela dominação imperialista, ou seja, importando modelos já existentes vindos da realidade norte americana e europeia, estas importações teóricas carregam a primazia da teoria sobre a prática, não sendo capazes de atender as necessidades do povo latino-americano (Oliveira et. al., 2014, p. 208).

Além disso, é de fundamental importância a mesma pergunta histórica que fazia o autor: será a psicologia atual pode "fazer algo que contribua significativamente para dar resposta aos problemas cruciais de nossos povos"? (Martín-Baró, 2011, p.183). A preocupação do cientista social permanece e tem total validade, no sentido de que é preciso transformar o mundo e não somente explicá-lo.

Busca em base de dados sobre o autor

A obra de Martín-Baró, infelizmente, ainda não é referenciada em grande parte da produção teórica desenvolvida no Brasil. Ao pesquisar no Pepsic–Periódicos Eletrônicos em Psicologia, com o descritor "Martín-Baró "em português, só foram localizados três artigos, o que atesta a evidência de uma baixa refenciação. Martins e Lacerda Junior (2018) apresentam as reflexões de Ignacio Martín-Baró sobre a ideologização da violência. Mendonça, Souza e Guzzo (2016) discutem o conceito de ideologia e outro artigo de Martins e Lacerda (2014) em que o contexto de guerra civil é resgatado e o autor abordou a violência desde uma perspectiva histórica. Tais artigos são frutos de trabalho teórico e conceitual sobre ideologia e violência dentro de uma concepção adotada por Martín-Baró, que se refere a uma dialética de violência construída pela história da América Latina.

Tendo em vista a pouca produção brasileira sobre o autor, foi realizada uma nova tentativa em uma segunda busca em base de dados. No Scielo Brasil, com o descritor "Martín-Baró "em português, aparecem 11 artigos publicados em revistas revisadas por pares, sendo 5 artigos na revista Psicologia & Sociedade, dois artigos na Revista Estudos de Psicologia (Campinas), dois artigos na Revista Estudos de Psicologia (Natal), e dois artigos na revista Psicologia: Ciência e Profissão. Sendo que os três artigos apresentados anteriormente se repetiram no Scielo, passa-se a apresentar um resumo dos 8 artigos restantes, de autoria de Waeny e Macêdo (2019); Ansara e Dantas (2010); Martins (2003); Caniato et al (2002); Burton (2013); Martín-Baró (1997); Lavor Filho et al (2018); Correia e Dantas (2017).

Destes artigos, somente quatro apresentam discussões sobre práticas e resultados de pesquisa e intervenção (Lavor Filho et al. 2018; Ansara & Dantas, 2010; Moreira & Guzzo, 2017; Caniato et al., 2002). Os demais seis artigos proporcionam discussões teóricas e conceituais, conforme segue: Burton (2013) apresenta uma revisão do campo cobrindo alguns conceitos chave (conscientização, desideologização, memória histórica, reconstrução da psicologia pela perspectiva do outro), sua abrangência geográfica (na América Latina e em outras regiões), sua organização (a emergência de redes e coletivos da psicologia da libertação) e alguns exemplos de trabalhos relevantes para a compreensão do campo do trauma social. Martins (2003) trata da concepção de processo grupal e poder social enfocada pelo autor, retomando a concepção de grupo ao considerar os aspectos pessoais, as características grupais, a vivência subjetiva e realidade objetiva além do caráter histórico do grupo.

Os artigos de Moreira e Guzzo (2015, 2016) desenvolvem o conteúdo da atuação crítica do psicólogo escolar por meio do conceito de situação-limite desenvolvido por Martín-Baró. Em Correia e Dantas (2017) se apresenta uma discussão sobre o fazer psi na época da ditadura civil militar, objetivando responder ao seguinte questionamento: a Psicologia brasileira esteve a serviço da ditadura civil militar ou da sociedade? Waeny e Macêdo (2019) apresentam dados históricos sobre El Salvador e região, para demonstrar a importância do contexto histórico na compreensão sobre a obra de Martín-Baró.

Portanto, a iniciativa de buscar artigos em português para compreender o alcance da sua obra no Brasil apresentou poucos resultados. A incompreensão deste contexto e ao mesmo tempo o desejo de buscar artigos em português sobre a temática conduziu a autora a nova busca diretamente na revista Psicologia Política, com o descritor "Martín-Baró "em português". Cumpre ressaltar que a revista não está indexada no site da Scielo. Surgem dois artigos: Mendonça; Souza e Guzzo (2016) que discute o conceito de ideologia nas formulações do psicólogo social espanhol-salvadorenho e Martins e Lacerda Jr (2014) apontam que a violência é importante problemática abordada pela Psicologia Política e foi objeto de inúmeros estudos no Brasil e na América Latina.

Ao realizar a busca com o descritor "Martín-Baró "em espanhol na base de dados da Redalyc.org, foram identificados 764 documentos fazendo referência ao autor. Deste modo se defende que, para valorizar o autor no Brasil, deve-se em primeiro lugar disponibilizar o acesso amplo à sua obra; em segundo, fazer constar nas ementas dos cursos de psicologia social, disciplinas voltadas para a psicologia da libertação; em terceiro lugar. os produtos de pesquisa que tem por referência a sua obra quando publicados em língua portuguesa podem ampliar a visibilidade da obra no país.

Sobre os estudos decoloniais

O autor foi um dos pioneiros a afirmar que a pobreza de recursos da psicologia latino-americana teria suas raízes em uma história de dependência colonial, mas de um tipo diferente de colonialismo, "de garrote" segundo ele, um instrumento poderoso para moldar as mentas e tranquilizar as consciências ao explicar as indubitáveis vantagens da "cenoura modernista e tecnológica" (Martín-Baró, 2011, p. 184). Expõe, portanto, a miséria histórica da psicologia latino-americana pela ausência de uma epistemologia adequada, pelo seu dogmatismo e seu mimetismo cientificista.

Sobre a influência e determinação da colonização e os seus efeitos para a constituição do sujeito, descreve o latino-americano como um povo com uma subjetividade frequentemente subalternizada. A distinção de Martín-Baró é explicitar as formas de controle social pelo uso diário e constante da mídia e seus efeitos, promovendo uma ideologia de classe alienadora. Assim, frequentemente a burguesia se identifica com os ideais dos povos que habitam o centro do capitalismo favorecendo a manutenção do status quo dos países da América Latina.

Para Mendonça, Souza e Guzzo (2016), a falsa consciência encobre e oculta os determinantes sociais segundo os interesses da classe dominante. Deste último significado, Martín-Baró (1985) afirma que a ideologia fomenta nas classes dominadas uma consciência alienada, que as impede de compreender sua realidade e de serem sujeitos de sua própria história. Deste modo, na perspectiva de Martín-Baró, todo o conhecimento humano está condicionado pelos limites da própria realidade. Tal pressuposto demonstra a consagração da psicologia na América-latina enquanto apropriação acrítica de modelos e de teorias. A pretensa assepsia científica da psicologia conduz a uma ideologização de certas definições cujo sentido se perde, uma vez que foi importada em sua maioria dos Estados Unidos e que seria moda na academia norte americana.

Orellano e González (2015) apontam que, em meados dos anos 1980 do século passado, a figura emblemática de Martín Baró encontrou um grupo de psicólogos comprometidos com a realidade latino-americana: Maritza Montero, Fernando González Rey, Miguel Salazar, entre outros, e lançaram as bases ontológicas e epistemológicas baseadas nos fundamentos da Psicologia Social Crítica.

A questão em torno da virada decolonial foi o efeito de uma reflexão sobre uma psicologia positivista e racionalista e dos modelos dominantes da psicologia centradas no a-historicismo e no individualismo, que acabavam por reforçar as estruturas sociais e ignorar o efeito dos problemas oriundos desta relação de opressão sobre as pessoas. Esta visão homeostática que nega as características e efeitos de determinado sistema sobre as pessoas acaba por patologizar qualquer sintoma; nesta perspectiva, o ser humano sempre deve ser adaptado, regulado e normatizado. Como nos diz Martín-Baró (1984), entre a alienação e a opressão social, é preciso tratar as pessoas de modo a compreender que estas não estão alheias à sociedade, ou como se os transtornos comportamentais se esgotassem no plano individual.

Tanto a psicologia comunitária como a psicologia da libertação continuam a ser uma resposta bastante correta à realidade atual, violenta e empobrecida da América Latina e colocam sua bagagem teórica a serviço da humanidade para transformar a realidade sócia histórica e política dos povos. Embora eles tenham semelhanças, ambos têm suas próprias diferenças; em primeiro lugar, a práxis política e epistêmica, isto é, a psicologia comunitária, dirige seu campo de ação para comunidades com processos de autogerenciamento, participação coletiva e organização comunitária; por outro lado, a psicologia da libertação vai mais longe com as comunidades, ao liberar e transformar a situação oprimida e a condição de dependência das maiorias populares que lhes impõem uma existência desumana e arrebata a capacidade de definir suas vidas (Utrilla-López, 2018).

Assim, o efeito decolonial sobre-epistêmico em sua obra convoca todos os psicólogos a contribuir para o desenvolvimento dos países latino-americanos a parir de uma própria bagagem teórica e prática. Como nos afirma Martín-Baró (2011), "se a psicologia latino-americana quer se lançar no caminho da libertação, exige primeiro alcançar uma libertação da psicologia" (p. 190).

A partir daí, o nexo é questionar o pensamento colonial, visto no mais das vezes como uma verdade em si mesma com suas estruturas, teorias e modelos de comportamento. A psicologia de base crítica desenvolvida por Martín-Baró (1989), assume uma necessidade de confrontar as forças estruturais que mantem o homem em sua condição de oprimido e de privado de qualquer controle sobre a sua própria existência. Desta forma, se torna claro que esta psicologia social desenvolvida por Martín-Baró (1989) é particularmente crítica ao sistema que tem instituído a formação dos grupos especificamente sustentados por um máximo poder, sempre exercido pelo colonizador sobre os povos colonizados.

A consagração de temas como a guerra, os traumas gerados pela violência, a identidade e a saúde mental, apontam para a construção teórica de um referencial crítico da psicologia, sendo o trauma político provocado pela violência estatal na América Latina um dos temas mais estudados pelo autor (Martín-Baró, 1988/2013) contra tendências hegemônicas de psicologias de enfoque mais individualistas e que desconsideram a relação das pessoas com a sociedade e com a cultura como um todo.

O conceito de consciência

No âmbito da psicologia social, também a busca por um caráter cientificista a obrigou a desprender-se de suas raízes filosóficas. Para se estabelecer, acabou por empregar métodos instrumentais que se afastaram completamente dos conflitos concretos da vida social (Martín-Baró, 1985).

Ao questionar o aparato da práxis da psicologia para resolver os problemas humanos, indaga se os psicólogos podem mudar os seus pressupostos adotando como ponto de partida a relação entre o sujeito e a sua subjetividade. Não se trata de apelar para um individualismo subjetivista, mas de compreender a larga experiência histórica que afeta as pessoas sobre os seus interesses, sentimentos e perspectivas de vida em situações sociais extremamente distintas.

Cabe ao psicólogo que atua nos serviços públicos, da educação e da saúde, atender a milhares de pessoas que necessitam de seus serviços e que vivenciam situações precárias de vida. Situações e conflitos que muitas vezes que os impedem de compreender a participação brutal do entorno em seu estado de adoecer psíquico. Talvez pudéssemos atrelar o desafio da psicologia contemporânea além da desalienação do trabalhador, ao fortalecimento da participação cidadã nas politicas publicas de saúde e assistência social.

Assim, o conceito de consciência em contraponto com a alienação, bem como o conceito de saúde em contraponto com o de doença, perpassam a idéia da identidade de ser um psicólogo latinoamericono. Ao descrever comportamentos com base em uma relação causal, "a desconsideração da psicologia pelo ser humano como produto histórico-social é que a torna, se não inócua", conforme Lane (1984, p. 12). O psicólogo não pode ser precipitado a uma descrição simples de comportamentos; é fundamental compreender a manutenção dos papeis sociais como um produto da própria coonsciência de classe.

Para examinar a consciência daquele que sofre, o psicólogo deve compreender aspectos históricos sobre a vida prática do povo. Para González Rey (2007), a identidade não representa uma expressão direta de uma condição social, mas deve ser elaborada em relação a uma produção da complexa articulação subjetividade social-individual. Neste sentido, a ação do psicólogo deve incidir sobre uma ampla compreensão do conceito de classe social, e principalmente observar que a classe dominante é aquela que tem imposto seu poder para a manutenção da ordem social (Martín-Baró, 1985).

Sobre o conceito da identidade e da consciência, Martín-Baró (1987) aprofunda o debate baseado na teoria da dialética e nos informa particularmente contra o horizonte da fatalidade e da inevitabilidade que permeia a identidade do povo latino-americano.

A imagem do latino indolente é uma versão universal do indígena ocioso, preguiçoso e complacente, tão característica das situações coloniais, mas que na realidade justifica o domínio do opressor (Martín-Baró, 1987). O desafio de conhecer profundamente as raízes de um povo colonizado e que viveu sobre séculos de opressão permite ao autor apontar o temor das maiorias populares frente à elite oligárquica.

Se as maiorias populares temem é porque conhecem o poder, e a ação terrível deste sobre o povo pobre. O domínio do opressor constante faz com que o sobrevivente anule a sua capacidade de ação frente ao opressor. O contexto social da América Latina contemporânea ainda demonstra todos os efeitos dos processos de precarização do trabalho, do desemprego, e dos efeitos da militarização imperialista em uma sociedade cada vez mais globalizada pelo neoliberalismo. Martin Baró (1984) destaca todo o engenho e a criatividade necessários para se sobreviver nas condições de pobreza generalizada que caracterizam a marginalização.

O autor afirma que somente uma visão de gabinete poderia dizer que a população latino-americana padece de sérios transtornos mentais: pelo contrário, se são consideradas as condições objetivas que enfrenta, ela mostra uma vitalidade admirável (Martín-Baró, 1984). De forma que faz todo o sentido apontar que a consciência é ao mesmo tempo algo pessoal que, no entanto, carrega um processo de construção social e histórica provocados por sistemas desiguais e alienantes.

Assumir modelos transculturais elaborados em circunstâncias muito desiguais aos dos povos latino-americanos não permitirá à psicologia científica compreender a realidade. A formação do psicológo deve ser crítica à própria noção de ciência e da construção da própria psicologia enquanto científica: "Sin embargo, la historia no es una cadena inevitable de acontecimientos ligados mecánicamente el uno al otro" (Martín-Baró, 1981, p. 17). Para a superação da dicotomia entre a teoria e prática, entre o saber e o fazer da psicologia sobre o povo latino-americano, particularmente é basilar que o psicólogo considere que estes povos sofrem com as grandes dificuldades oriundas do subdesenvolvimento, da dependência e da opressão.

A práxia da psicologia é ação e representa uma síntese de objetividade e subjetividade, de conhecimento e de valorização, não necessariamente consciente; quer dizer, a ação está significada por conteúdos valorados e referidos historicamente uma estrutura social (Martín-Baró, 1985). O papel da psicologia seria obter uma visão da realidade social como uma construção histórica, e demonstrar o conflito existente na ordem social; portanto, existe um papel político da psicologia.

Tal papel deveria, segundo Martin-Baró,  se dar pela libertação do sujeito a partir de uma maior compreensão e tomada de consciência sobre os determinismos sociais que o impedem de agir. Somente um maior conhecimento de tais determinações abriria ao sujeito a capacidade de uma ação mais consciente (Martín-Baró, 1985).

A dimensão social está vinculada à integração do sujeito em determinada cultura que propala modos de vida e organização comunitária; assim, já ao nascer, o sujeito se inscreve em uma condição social na qual, por sua vivência, vai formar a sua consciência e seus valores (Loria, Quintanilla, Morrill, & Puga, 2016). Assumir uma identidade original é hoje assumir a vida como um processo descolonializante, onde descolonialidade significa desaprender o que é imposto. Mais do que um método, a descolonialidade é um mudança de perspectiva e atitude e das práticas dos sujeitos colonizados e a possibilidade de transformar pressupostos e implicações da modernidade; o que significa que não se trata somente de uma mudança no método de conhecimento, mas de uma mudança social (Maldonado-Torres, 2007).

Não se trata de negar a existência de uma consciência pessoal, mas de afirmar que tal consciência está intrinsicamente vinculada ao tempo histórico e à geografia na qual se inscrevem os sujeitos. É por meio das relações sociais que constituímos nossos saberes em relação ao mundo que nos cerca e em relação à nossa própria história.

De modo que toda a disseminação de conhecimentos sobre a psicologia ao longo da história pouco ajudou as pessoas a desenvolverem mais conhecimento sobre si mesmas (Martín-Baró, 2005). Assim, ao analisar a relação entre indivíduo e sociedade, o papel da psicologia é retirar o véu das ações cotidianas naturalizadas e que contribuem para a opressão e contribuir para desmontar os discursos legitimadores. Assim, a tarefa de desideolozação é elucidar aspectos cruciais de nossa existência e não acreditar que o mundo todo já está definido e que só há nele espaço para quem tem os meios e as possibilidades. É não nos situarmos nos espaços previamente definidos por outros, mas buscar no presente a potencialidade revolucionária de construir um futuro melhor.

 

Considerações finais

Os ideais da vida de Martín-Baró o conduziram por caminhos para a construção de uma psicologia mais humana e engajada nos problemas do povo latino-americano que ainda demonstram toda a sua atualidade. Os seus trabalhos alcançam desde El Salvador todo o mundo como um possível referencial para tensionar e questionar a ainda hoje psicologia hegemônica.

Esta observação direta dos produto de pesquisa no Brasil que fazem referencia a obra de Martín-Baró demonstra que ainda há muito que se avançar para oferecer ao público brasileiro, maiores possibilidades de acesso a obra de Martín-Baró. Na dimensão psicológica, é possível aprofundar o tema da identidade latino americana ao fazer uma relação entre o sujeito e a realidade. Portanto, a consciência do homem não vem antes de sua realidade social; logo, é a realidade social que trama uma ideologia capaz de apreender ou emancipar a consciência.

Desse modo, Martín-Baró apresenta uma perspectiva da psicologia para olhar o sujeito e sua subjetividade a partir de sua realidade. Uma psicologia que aponte para uma relação entre a produção de conhecimento e a práxis social; uma ciência capaz de compreender os diferentes modos de vida.

Seus temas são extremamente atuais para compreender os efeitos do capital, da segregação dos povos e a forma com que as estruturas de poder se perpetuam. Uma psicologia que não deve produzir o homem submisso e conformado a um destino de classe, mas uma psicologia que atinja de diferentes formas os povos colonizados até o despertar de uma consciência crítica da realidade. Assim, para Martín-Baró, a psicologia deveria compartilhar de uma maior responsabilidade social e ética libertadora.

As elaborações teóricas de Martín-Baró ainda não foram plenamente absorvidas nos cursos de formação e graduação de psicólogos no Brasil, mas na América Latina a recepção de sua obra nos possibilita acessar novas pistas de pesquisa e de intervenção para potencializar a voz dos oprimidos, dos desempregados, dos subalternizados. Quanto mais a realidade brasileira se torna opressora e mais limitadas as possibilidades de resistência e ação dos movimentos populares, mais é urgente a discussão sobre a consciência e a libertação. Mais urgente se faz uma psicologia orientada para uma visão de homem que pertence a uma determinada realidade e tem um rosto e uma voz; uma psicologia que possibilite olhar as pessoas e assim lhes possibilite o direito a uma expressão. Uma psicologia crítica que seja capaz de apontar para as consequências do empobrecimento e da alienação coletiva que são cotidianamente evidenciadas no sofrimento psíquico. E na falta de oportunidades de ação, um sofrimento mental que é ao mesmo tempo ético e político e que enfraquece qualquer capacidade de resistência. Assim, a consciência não pode ser tomada como um fato natural; sendo o hoemem um ser social, a sua consciência se forma nas relações sociais, na relação entre o saber e nas condições materiais e concretas do viver:

El hombre va "viviendo" sucesiva -y también, en algún grado, simultáneamentecada una de esas trayectorias. Pero ellas están "radicadas" en su vida, lo que finalmente las justifica, es decir, las explica en tanto que partes del drama único que es una vida, esa interminable sucesión de transacciones del hombre con su circunstancia. (Ibáñez, 1998, p. 63).

Apesar da grande popularidade desfrutada pela psicologia latino-americana ainda não se gerou esta independência almejada por Martín-Baró, uma psicologia capaz de transformar e contribuir para a humanização das pessoas. Existem ainda muitos desafios da construção de uma psicologia pertinente às características dos povos da América Latina. Uma psicologia social capaz de expressar a ideia da influência de toda a relação interpessoal, na qual a consciência e a alienação do povo se produzem em um processo de constituição da subjetividade, que é ao mesmo tempo pessoal e social.

O contributo de Martín-Baró chama a atenção para uma psicologia que olhe a perspectiva do homem em sua realidade social, um homem situado historicamente e que enfrenta condições severas de existência, o homem que sem encontra desempregado, desamparado e ameaçado pelas estruturas de poder. Revela como a psicologia dominante é tramada na completa falta de práxis, deste modo sendo incapaz de ajudar a resolver os problemas sociais enfrentando pelas maiorias empobrecidas. Também demonstra que a constituição da subjetividade vincula o homem às determinações e às condições impostas por uma realidade cruel na qual, cada vez mais a desesperança é aprendida e reproduzida.

O trabalho de Martin-Baró evidencia grande parte das dificuldades envolvidas no trabalho do psicólogo no campo com as populações carentes e vitimizadas de um poder que impede o desenvolvimento de uma consciência plena e crítica da própria realidade vivida. Ou seja, em uma dimensão psicológica, a consciência do homem, não vem antes de sua realidade social, logo, é a realidade social que trama uma ideologia capaz de apreender a consciência. Deste modo, as condições de vida a que estão sujeitos os povos latino-americanos são extremamente alienantes de sua própria realidade.

Certamente é um pensamento avançado e muito à frente de seu tempo, e que lhe custou a própria vida, no sentido de seguir com suas reflexões ao expor ao mundo um pensamento que não é só de um padre jesuíta ou de um psicólogo, mas sim uma profunda reflexão sobre  a dor e o sofrimento do povo e a necessidade de uma nova psicologia. Uma psicologia que fosse capaz de se emancipar de tendências europeias que a aprisionavam, e que desse visibilidade e exposição às diferenças e características próprias do povo latino-americano. A psicologia da libertação recupera as ideias de Martín-Baró para afirmar a necessidade de desideologização, uma psicologia que seja voltada para um rosto humano e para uma consciência interpelante da realidade. Certamente, a consciência crítica é um passo essencial para garantir a democracia no Brasil e na América Latina.

 

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Contato com a autora:
Programa de Pós Graduação em Tecnologia e Sociedade (PPGTE)
Departamento Acadêmico de Estudos Sociais (DAESO)
Av. Sete de Setembro, 3165, Rebouças
Telefone: +55 (41) 3310-4598
Curitiba-PR, Brasil
CEP: 80230-901

Recebido em: 31/01/2020
Reformulado em: 26/02/2020
Aceito em: 10/03/2020

 

 

Sobre a autora:
Doutora Maria Sara de Lima Dias
Pós-Doutora em Psicologia pela Universidad Autónoma de Barcelona (2016) como Bolsista CAPES, Doutora em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009) possui mestrado (2004) em Psicologia da Infância  e Adolescência e graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná (1990). Especialista em Pedagogia Social pela Universidade Católica Portuguesa. Trabalha com projetos que discutem Tecnologia e Trabalho, Saúde do Trabalhador e Orientação Profissional e Carreira trabalha na área da psicologia com ênfase em papéis, estruturas sociais, e identidade profissional, consciência e alienação. É professora do Departamento de Estudos Sociais (DAESO) na Universidade Tecnológica Federal do Paraná é Professora no Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade - PPGTE, orientadora de mestrado e doutorado na linha de pesquisa Tecnologia e Trabalho.
E-mail: mariadias@utfpr.edu.br
Orcid.org/0000-0001-7296-6400

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