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versão impressa ISSN 0102-7395
Reverso vol.42 no.79 Belo Horizonte jan./jun. 2020
AUTOR CONVIDADO
Vozes do Supereu na clínica e o mal-estar contemporâneo (paradoxos e trevo do Supereu)
Voices of the Superego in the clinic and contemporary malaise (paradoxes and clover of the Superego)
Marta Gerez-AmbertínI; Tradução: Bernardo Maranhão
IDoutora em Psicologia (Universidade Nacional de Tucumán-Argentina). Pós-doutora em Psicologia Clínica - Menção Psicanálise - PUC São Paulo (Brasil). Diretora do Curso de Doutorado em Psicologia. Faculdade de Psicologia da Universidade Nacional de Tucumán-Argentina
RESUMO
O Supereu avassala o domínio do eu e das engenhosamente cifradas formações do inconsciente, ao passo que também impele ao gozo... mais além do princípio do prazer. Por isso, ao atravessar o conceito de Supereu, o "eco" do pai (mas também seu Nome) serve de orientação. Entre o eco (do castigo) e o Nome se jogam os caminhos que bifurcam as apostas do destino ligados ao Supereu: apostar no pior do pai ou para além do pai. Lugar superegoico ou ruptura do lugar, obstáculos e ardis na cura e na vida para se enfrentar e negociar com a instância brutal.
Palavras-chave: Vozes do Supereu, Imperativos de gozo, Paradoxos do Nomes-do-Pai.
ABSTRACT
Not only does the Superego overwhelm the domain of the self and ingeniously encrypted formations of the unconscious, but it also impels to jouissance... beyond the pleasure principle. Therefore, when going through the concept of Superego, the father's "echo" (but also his name) serves as a guide. Between the echo (of punishment) and the Name, the paths that bifurcate the bets of destiny linked to the Superego are played: betting on the worst of the father or beyond the father. Superegoic place or rupture of the place, obstacles and devices in healing and in life to face and negotiate with the brutal instance.
Keywords: Voices of the Superego, Imperatives of jouissance, Paradoxes of the Names-of-the-Father.
As vozes do Supereu aturdem e comandam insensatamente: murmúrios incompreensíveis, mandados descabelados, vozes reprovadoras, imperativos que instam ao fracasso, imperativos de gozo, vozes planetarizadas e até estratosferizadas - Lacan dixit - ... em suma, o Supereu vocifera e comanda insensatamente a partir do mais íntimo da subjetividade, a partir do mais estrondoso e ensurdecedor do mal-estar da cultura que, a partir dos mass media, vigia e vocifera: Faz aquilo que conspira contra ti!
Tais são seus efeitos palpáveis. Estamos inundados das vozes do Supereu, vozes que instam a falar... ou calar!, quando não são os insistentes WhatsApp que coagem leia isso ou aquilo já!, responda já!. E resulta que ouvir é obedecer! com a cumplicidade de cada um para assediar-se por vozes fustigantes.
E aqui estamos, novamente, com as vozes e os imperativos do Supereu. É preciso ter em conta seu lugar na teoria e na clínica psicanalítica, além de seus efeitos na contemporaneidade. Há trinta e cinco anos escrevo sobre o tema sem interrupção.
O resultado de minhas pesquisas sobre o Supereu em Freud evidencia que tal instância não só avassala o suposto domínio do eu e das engenhosamente cifradas formações do inconsciente, mas também comanda insensatamente e impele ao gozo, sempre mais além do princípio do prazer.
Muitos anos antes de sua nominação - em 1923 - a clínica indica a Freud que é preciso atender e fazer referência, de alguma maneira, a esse "corpo estranho e traumático" que, enquistado no mais íntimo da subjetividade, fustiga implacavelmente. A figura da autopunição resultou apta, para Freud, a nominar preliminarmente o Supereu e dar conta dos atos de fracasso que emergem do mais íntimo e - ao mesmo tempo - mais alheio do sujeito.
Os atos de fracasso aos quais precipita o Supereu fazem obstáculo à nossa clínica e, ao mesmo tempo, o recurso contra eles compete ao desejo inconsciente. É nesse desejo que nos sustentamos para desbaratar o avanço das vozes do Supereu.
Desde o começo de sua obra (1886), Freud descobre o inconsciente, mas também as vozes fustigantes ligadas à auto-punição e ao castigo físico autoinfligido (autolesões semideliberadas), as quais nomeia, a partir de 1923, como "imperativos do Supereu".
Ninguém está livre dos castigos do destino, castigos das vozes do Supereu, castigos que, na clínica psicanalítica e na psicopatologia da vida cotidiana, têm as caras mais diversas, mas convergem para um dado comum, clinicamente observável: o fracasso.
Supereu e fracasso configuram essa confluência que se aninha na subjetividade. Freud, Lacan e Klein responderam a partir de suas teorias e de sua clínica a essa explosiva combinação que convive em nós, a essa parte de nossa vida que "não quer se curar" - Lacan dixit - e impele ao mal-estar.
Apesar de eu me dedicar a pesquisá-lo há mais de trinta e cinco anos, o Supereu não deixa de me surpreender - o real nunca deixa de nos surpreender. Novos rostos, novas arestas, novos ardis se apresentam como obstáculos à clínica psicanalítica e, nesses obstáculos, o Supereu tem um lugar privilegiado.
As fustigantes vozes dos imperativos do Supereu têm múltiplas consequências observáveis que vão de um extremo a outro da experiência clínica, sob diferentes nomes - fracasso, neurose de destino, reação terapêutica negativa, culpas infundadas, autopunição ou suicídio, pesadelos, "delírio de observação" na paranoia; "delírio de insignificância" na melancolia; hiperculpabilidade na obsessão; assujeitamento sacrificial na histeria; satisfação masoquista na perversão; necessidade de castigo, assujeitamentos, crimes insensatos, debilidade do Supereu nas mulheres; humor negro, etc. - mas, fundamentalmente: revés do desejo.
Caracterizar o Supereu como revés do desejo inconsciente permite centrar a questão da relação dos imperativos do Supereu com a clínica psicanalítica. E resulta que essa clínica está do lado do desejo e, por isso, põe ênfase na transferência, o que dá a verdadeira orientação à direção da cura ou ao tratamento possível da psicose.
Não há clínica do Supereu. Só há clínica do desejo.
Desejo e inconsciente, suportes fundamentais da clínica psicanalítica, mas que dizer do Supereu, despojo das formações do inconsciente e revés do desejo? Como afirmar na clínica uma instância que, precisamente, atenta contra o inconsciente estruturado como uma linguagem e, por conseguinte, contra o laço social e, portanto, obstrui a transferência? Sem dúvida, como aquilo que, a partir do real, faz obstáculo à clínica e nela instila o mal-estar do qual não é possível se livrar, porque o real é consubstancial à subjetividade.
As vozes dos imperativos do Supereu são mandados de gozo - empuxos de gozo - nos quais o sujeito se abisma mais além do desejo inconsciente. A clínica psicanalítica, clínica do desejo, encontra no desejo sua bússola e os recursos para negociar com a espinhosa instância que atenta contra a subjetividade. O imperativo de gozo superegoico precipita à dessubjetivação na medida em que o real espreita para degradar o sujeito à condição de objeto.
Vozes e imperativos do Supereu que armam as emboscadas das culpas nas quais se enreda o neurótico, goza o perverso e padece o psicótico.
Mas há algo que quero destacar, que é a paradoxal formulação freudiana, pela dupla herança que recebe: herdeiro do Isso e do complexo de Édipo, das quais surge uma gama de paradoxos que quero ressaltar.
A partir desses paradoxos, afirmo que o Supereu é o saldo da hostilidade da lei dos Nomes-do-Pai que, como "íntimo estrangeiro", comanda a partir de seus imperativos hostis (Freud) ou seus imperativos de gozo (Lacan).
O Supereu faz obstáculo à clínica e nela instila o mal-estar: os três de Freud (Isso, Eu e Supereu) e os três de Lacan (RSI) o asseveram. Destaco esse ponto no final, com o trevo do Supereu.
A partir daí encontro um caminho para trabalhar sobre os paradoxos do Supereu em suas diversas versões.
A contribuição sobre o Supereu que fiz em meus três livros: As vozes do Supereu (2001), Imperativos do Supereu e a minha tese de doutorado El superyó en la clínica freudo-lacaniana: nuevas contribuciones (1999) destaca a lógica dos paradoxos por sobre uma lógica binária. O Supereu não só faz contraponto ao Nome-do-Pai, por exemplo, mas supõe uma complexidade maior do que a lógica dual que tenta desfazer os paradoxos. E resulta que, para recorrer à formulação do Supereu em Freud, é preciso adentrar o labirinto desses paradoxos. Aqui tomarei da obra freudiana um ponto de apoio central no texto O eu e o isso (Freud, [1923] 1979).
2. Paradoxos do Supereu
O Eu e o Isso representam um marco na construção teórica do Supereu, em que se destaca a formulação de enunciados discordantes, em suma, de suas aporias. Antes de mais nada: o Eu e o Isso constituem uma estação de relevo na indagação sobre o Supereu, estação na qual o Supereu alcança sua nominação e uma clara posição estruturante no aparato psíquico demarcado na segunda tópica: Eu, Isso, Supereu.
Mas há nesse texto uma formulação paradoxal: duas consequências opostas de uma mesma premissa são verdadeiras (lógica imprecisa ou lógica dos paradoxos).
Freud não retrocede diante desses paradoxos, muito pelo contrário. E saberá obter de tudo isso importantes achados teórico-clínicos.
O Supereu é herdeiro do Isso, além de herdeiro do complexo de Édipo. Afirmação paradoxal, cabeça de uma longa série que abarca de ponta a ponta a obra freudiana.
A banda de Moebius destaca seu paradoxo.
Na lista que oferecemos a seguir (muito mais limitada que a do livro As vozes do supereu) pretendemos, mais do que resolver essas afirmações paradoxais, pesquisar até onde elas conduzem, e pediríamos que sejam lidas como numa banda de Moebius os paradoxos dessa instância.
A partir desses longos paradoxos foram suscitadas intermináveis polêmicas e uma série que poderíamos chamar a série dos "mas...": "O Supereu é herdeiro do Isso", mas... e o Édipo?; "é inconsciente", mas... e sua rebeldia pulsional?; "é um mandado incompreensível", mas... pode se converter em mandamento, etc. Isso se resolve se é possível lê-los sempre na banda de Moebius.
Por isso, a conceitualização mais precisa e ao mesmo tempo complexa do Supereu se revela, justamente, nos entreditos de O eu e o isso (Freud, [1923] 1979). É aqui onde finalmente ganha relevância o real do Supereu, que dissolve a realidade (advogado do Isso) e se recupera a vigência do conceito de censura, à qual se atribui a destruição dos fios lógicos da cadeia associativa. Rebelde, pois, contra o inconsciente, o Supereu transita desfazendo e carcomendo suas formações.
Tomamos, para isso, o exemplo do sonho Serviços de amor, capítulo IV de A interpretação dos sonhos (Freud, [1900] 1979) incluído na seção A desfiguração onírica, localizado entre dois sonhos que se fizeram famosos por suas consequências clínicas: o do Tio Joseph e o da bela açougueira.
O sonho dos serviços do amor se caracteriza fundamentalmente pela emergência de vozes como murmúrios que rompem sua trama muito mais do que os típicos recursos do mascaramento do sonho.
A viúva culta e bela de cinquenta anos oferece - em sonhos - seus patrióticos serviços sexuais a toda uma tropa de soldados, mas o texto é interrompido por incompreensíveis murmúrios justamente ali onde se revelaria mais fortemente o desejo ligado, sem dúvida, à degradação da vida erótica na interseção santa-puta. Os murmúrios desfiguram a mensagem, ainda que sem destroçá-la totalmente. Portanto, a preservação do repouso e a cobertura da angústia estão assegurados. Mas é paradigma de outros sonhos nos quais o murmúrio rompe o texto, cortando-se a circulação do desejo inconsciente e provoca o despertar abrupto. Aqui não há disfarce nem substituição, mas dissolução da palavra, e esse furo da lei simbólica leva ao despertar traumático.
Do mesmo modo, o sonho-pesadelo de uma paciente que tem o seguinte sonho: Está "esquartejando" o bebê de sua irmã - sua máxima rival - que teve há pouco um bebê.
Atendendo as indicações de Freud na Conferência XXIX: Revisão da teoria dos sonhos sobre os sonhos autopunitivos, que derivam para pesadelo por efeito do Supereu, e que não se incluem entre os "sonhos como realização de desejos" (Freud, [1932] 1979, p. 27), não pedimos nesse momento associações nem fazemos interpretação alguma por entendermos que o pesadelo - que não é uma formação do inconsciente, mas um imperativo do Supereu - expunha, em demasia e com um cobertura muito frágil, a "fantasia do corpo desmembrado", "de seu próprio corpo desmembrado".
Recebemos as associações em silêncio esperando que a metonímia permitisse uma substituição mais eficaz, como efetivamente se produziu em outro sonho que trabalhamos em sua análise. Pretender trabalhar seu pesadelo teria conduzido à sua dessubjetivação ou a uma passagem ao ato.
Relata que despertou daquele horrível pesadelo com angústia intensa e tremendo de ódio à sua mãe. Pode, então, recordar que em sua infância "odiava imensamente, ao menos uma vez por semana" essa mãe esfinge que devora, estrangula e esquarteja, essa mãe que confessava desejar os abortos, essa mãe como Outro primordial que havia querido seu próprio desmembramento e morte.
Retomamos, então, o eixo central da apresentação sobre os paradoxos do Supereu:
O Supereu é herdeiro do Isso em seu liame como pai terrível-perverso-demoní-aco (o que marca o "eco" do castigo) que instiga a partir do âmago pulsional, mas também é herdeiro do complexo de Édipo no que cabe à substituição do pai diante da falha da lei.
O que se complementa com outra hipótese:
Resto da lei do Pai Morto que, não-todo, legisla: instância admonitória e insensata. Excedente pulsional (voz, olhar, espectro, demônio) suporta o peso do pai diabólico, que empurra a partir do imperativo que se faz ouvir gozando. Face obscura e desreguladora de toda lei.
Com a instauração do Isso, e na própria borda das superfícies fronteiriças ao mundo exterior, é onde se incrusta a linguagem, com a calota acústica de permeio (Hörkappe: percepção acústica).
No traço primário, nos restos de palavras, na voz desconhecida que pressiona na margem do fora e do dentro: ali o Supereu, resíduo, viveiro de palavras, que se infiltra no aparato psíquico no recurso da voz. Tal como Freud ([1932] 1979) o localiza na vesícula de O eu e o isso e na Conferência XXXI: da Decomposição da personalidade psíquica.
Donde a sugestiva citação de Georg Groddeck (1921) no Livro d'Isso sobre a passividade do eu: "somos vividos por poderes desconhecidos, ingovernáveis", que remete às "vozes e multidão indeterminada" que sitiam por dentro o sujeito - tal a afirmação de Introdução ao narcisismo - re-percussão de uma voz que, como alheia, brota de dentro, e de um olhar que, como estrangeiro, fulmina também a partir de dentro.
Fenômenos clínicos do delírio de observação, da recriminação histérica, da hiperculpabilidade na melancolia e na obsessão. Restos de linguagem que não conduzem à significação da palavra e pressionam o sujeito de modo insuportável.
Enigmática origem da instância. Sua fonte está no Isso e assenta no auditivo. Fonte no Isso (que tem sua gênese na linguagem), montagem mesma da pulsão. Ratificam-se as premissas da Carta 52 (Freud, [06-12-1896] 1982) e do Projeto para uma psicologia científica, (Freud, [1895] 1982), na medida em que "desvalimento e linguagem" colocam o sujeito à mercê do outro próximo.
A partir de O mal-estar na cultura (Freud, [1929] 1979) poderemos entender que a formação reativa que tenta expulsar o gozo pulsional não faz senão reforçá-lo.
Tudo isso se complementa com a afirmação da Conferência XXXI:
[...] o Supereu da criança não se edifica, na verdade, segundo o modelo de seus progenitores, mas segundo o Supereu deles (Freud, [1932] 1979, p. 62).
Assim, o Supereu se edifica segundo o Supereu dos pais. Não há no Supereu modelo possível com o qual se identificar.
Alguém poderia localizar como era o Supereu de seus pais se não pode localizar o seu próprio?
Como podemos afirmar, aproximando-nos do momento de concluir, o Supereu é êxtimo, no dizer de Lacan (exterior-íntimo), gendarme interior que convive conosco e com o qual, para aplacá-lo, somente a partir do desejo inconsciente é possível negociar e transacionar.
Por isso, digo na introdução de As vozes do Supereu que, na entrada e na saída do percurso pelo conceito de Supereu, o "eco" do pai (mas também seu Nome) servem de orientatio. Entre o eco (do castigo) e o Nome se jogam os caminhos que bifurcam as apostas do destino ligadas ao Supereu: apostar no pior do pai ou mais além do pai. Lugar superegoico ou ruptura do lugar, obstáculos e ardis na cura e na vida para se enfrentar e negociar com a instância brutal.
A premissa lacaniana "somente o amor permite ao gozo condescender ao desejo" (Lacan, [1959-1960] 1988) oferece pistas para inquirir os álibis do Supereu e incursionar, a partir daí, pelas alternativas para enfrentar o arsenal superegoico.
De alguma maneira, posso esperar que: ali, onde o Supereu estava, o desejo possa advir, mas é preciso advertir... que isso nem sempre é possível. Sem essa observação, aquela premissa poderia se tornar um novo mandado superegoico. E a clínica psicanalítica, que está longe do mandado, aspira sempre à aposta no desejo.
3. Dos paradoxos do Supereu ao nó de trevo do Supereu
Reitero: o Supereu é o resultado dos paradoxos da lei do pai, o saldo desregulador dessa lei que incita a gozar.
Lacan considera o Supereu como saldo de um luto impossível pelo desacerto da lei paterna.
Assim, seguindo Freud e Lacan, é possível concluir: o Supereu da criança é o saldo cruel das faltas do pai. Por isso, é preciso apoiar as aporias do Supereu nos paradoxos inerentes às do significante dos Nomes-do-Pai.
Isso permite dizer que toda referência ao Supereu precisa ter em conta tanto o eco do Isso como o eco do complexo de Édipo. O saldo? A gula superegoica, na qual fazem interseção proibição-castração e tentação-pulsão. Donde sua opressão mortificante.
Essas paradoxais formulações fazem obstáculo à sua abordagem? Não. Pelo contrário, enriquecem-no. Uma versão harmoniosa do Supereu não chegaria a dissipar a inevitável opacidade dessa instância. Por isso, para dialetizar os paradoxos do Supereu em Lacan, enunciei "quarenta premissas e uma incógnita" ( Gerez-Ambertín , 2011, p. 286), as quais possibilitam destacar três registros do Supereu enlaçados na simplicidade do nó do trevo, recurso topológico que enlaça:
Registro imaginário: Figura obscena e feroz encarnada em uma imagem de terrível potência;
Registro simbólico: Significante da falta do outro - S - e correlato da castração;
Registro real: Imperativo de gozo - voz e olhar.
Finalmente, para concluir:
O trevo do Supereu dá conta de que Édipo-tentação-pulsão se encontram na gula superegoica. Essas três versões do Supereu deverão ser levadas em conta sempre em nossa clínica... do desejo.φ
Referências
FREUD, S. Carta 52 (06-12-1896). O. C. I. Bs. As.: Amorrortu, 1982 (274-280). [ Links ]
FREUD, S. Conferencia XXIX: Revisión a la doctrina de los sueños (1932). O. C. XXII. Bs. As.: Amorrortu, 1979 (7-28), p. 27. [ Links ]
FREUD, S. Conferencia XXXI: La descomposición de la personalidad psíquica (1932). O. C. XXII. Bs. As.: Amorrortu, 1979 (53-74). [ Links ]
FREUD, S. El malestar en la cultura (1929). O. C. XXI. Bs. As.: Amorrortu, 1979. p. 65-140. [ Links ]
FREUD, S. El yo y el ello (1923). O. C. XIX. Bs. As.: Amorrortu, 1979. [ Links ]
FREUD, S. La interpretación de los sueños (1899). O.C. IV y V. Bs. As.: Amorrortu, 1979. [ Links ]
FREUD, S. Proyecto de Psicología (1895). O.C. I. Bs. As.: Amorrortu, 1982 (362-404). [ Links ]
GEREZ AMBERTÍN, M. Las Voces del Superyó en la clínica psicoanalítica y en el malestar en la cultura. 3ra ed. Bs. As.: Letra Viva, 2011. [ Links ]
GEREZ AMBERTÍN, M. Tesis Doctoral: El superyó en la clínica freudo-lacaniana: nuevas contribuciones. Tucumán: Sec. de Posgrado y Sec. de Ciencia y Técnica de la Univ. Nac. de Tucumán.1999. [ Links ]
LACAN, J. El Seminario, Libro VII, La ética del psicoanálisis (1959-1960). Bs. As.: Paidós, 1988. p. 370-387, Sesión del 06/07/1960. [ Links ]
Endereço para correspondência:
Marta Gerez-Ambertín
E-mail: martagerezambertin@gmail.com
Recebido em: 30/09/2019
Aprovado em: 03/04/2020
Revisão técnica: Carlos Antônio Andrade Mello