SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.25 número78Habilidades de leitura, escrita e língua de sinais de alunos surdos do ensino fundamental: validação de testes computadorizadosLa violencia a las escuelas: ¿por qué un cambio de enfoque? índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

artigo

Indicadores

Compartilhar


Revista Psicopedagogia

versão impressa ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.25 no.78 São Paulo  2008

 

ARTIGO ESPECIAL

 

A avaliação interventiva na Promove Ação Sociocultural

 

The psychopedagogic interventive partner in action Promove cultural

 

 

Neide de Aquino NoffsI; Daniela MontresolII

IDoutora em Educação, Psicopedagoga Clínica e Institucional, coordenadora do curso Psicopedagogia na PUCSP
IISupervisora Técnica - Educadora Social, formada pela PUC/SP, Psicóloga Clínica, pela UNIBAN. Coordenou o programa de qualificação profissional de jovens (Programa Educar no Trabalho - Promove). Supervisora Técnica da Promove Ação Sócio Cultural

Correspondência

 

 


RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido no ano 2005 na Instituição Promove - ação sociocultural - Unidade Jaçanã -, onde construímos um modelo de avaliação interventiva com a intenção de "contribuir de forma articulada junto à criança, sua família e a escola, para a manutenção e sucesso educacional do aluno, detectando, intervindo e orientando possíveis alterações que possam comprometer o processo de aprendizagem". Este trabalho foi construído em parceria com a equipe multidisciplinar da Instituição em encontros quinzenais de duas horas de fevereiro a dezembro. Estes momentos foram subsidiados pelos autores Alicia Fernandez, Jabob Levy Moreno, Jorge Visca, Sara Paín, também contamos com a experiência de avaliação em redes de ensino que já tenhamos sistematizado em 2003. Esta referência de trabalho implantada em 2005 permitiu à Promove agilizar o processo de Avaliação no Programa de Apoio Educacional o fortalecimento da equipe multidisciplinar, colaborar com a família (garantindo a presença do pai, dos irmãos favorecendo o "olhar" para a queixa e para a criança com mais sensibilidade e acolhida) e a escola explicitando de forma mais ágil a compreensão e o atendimento às queixas recebidas. Este trabalho até hoje mantém a parceria com a Secretária Municipal da Educação de São Paulo (SME - no DOT), favorecendo o processo de inclusão com compromisso social.

Unitermos: Educação. Avaliação educacional. Aprendizagem.


SUMMARY

This work was developed in 2005 in the institution Promove socio-cultural action - Unit Jaçanã - which built a model of assessment intervention with the intent to "play a meshing with the child, his family and school, for the maintenance and educational success of the student, detecting, intervening and directing possible changes that might undermine the learning process. "This work was built in partnership with the multidisciplinary team of the institution in fortnightly meetings of two hours from February to December. These moments were subsidized by the authors Alicia Fernanfez, Jabob Levy Moreno, Jorge Visca, Susanna Paín also count on the experience of assessment in networks of education that have already systematized in 2003. This reference work for established in 2005 allowed the Promotes expedite the process of the Program Assessment of Educational Support the strengthening of the multidisciplinary team, supporting the family (ensuring the presence of the father, brothers of favoring the "look" for the complaint and to children with more sensitivity and accepted) and the school spelling out a more agile understanding and attention to complaints received. This work until today maintains the partnership with the Municipal Secretary of Education of Sao Paulo (EMS - the DOT) facilitating the process of inclusion with social commitment.

Key words: Education. Educational measurement. Learning.


 

 

INTRODUÇÃO

Em fevereiro de 2005, iniciamos um atendimento Psicopedagógico na dimensão institucional na área escolar da Promove. Este trabalho parte do pressuposto que "A Psicopedagogia Institucional se caracteriza pelo estudo das modalidades de aprendizagem desencadeadas e/ou possibilitadas pela instituição escola... este trabalho pressupõe uma postura profissional (e de vida) do indivíduo consigo mesmo e com a coletividade em que convive, a partir dos papéis desenvolvidos na instituição. Lembramos que incorporamos papéis porque os vivemos, e não porque falamos sobre eles" (Noffs, p. 175- 2003)1.

A Promove foi fundada em 1992 a partir de uma clínica multidisciplinar com o intuito de oficializar as ações sociais que já realizava. Ela tem por missão: "Criar oportunidades para potencializar as capacidades de crianças e adolescentes através de ações socioeducativas e culturais a fim de favorecer o autodesenvolvimento". Em 2005, atendeu 2.740, totalizando no ano 171.528 atendimentos a crianças, jovens e adultos em situação de vulnerabilidade.

Para o desenvolvimento deste trabalho, ela contava com três Unidades: Unidade Albertina (circundada por cinco favelas e tem suas ações focadas nos jovens residentes na faixa etária de 15 a 20 anos. Sendo considerada entre os 40 locais de maior risco para a juventude); Unidade Penteado (compreende em seu atendimento à população entre a faixa etária de 7 a 18 anos. No Bairro de Vila Penteado-Brasilândia, encontramos o maior índice de risco para a juventude); e Unidade Jaçanã - onde o trabalho foi desenvolvido (beneficia crianças, jovens e adultos, com ou não deficiência). Estas Unidades contavam com profissionais contratados e voluntários para desenvolverem programas específicos.

No ano de 2005, os programas desenvolvidos estão listados na Tabela 1.

Atualmente, a Promove cresceu, hoje duas novas Unidades ampliam o campo de atuação da Organização, sendo uma Unidade de atendimento de Educação Infantil (Unidade Ponte Pequena), e uma Unidade que atua por meio de ações socioculturais junto a idosos (Unidade Bortolândia).

No Estatuto de sua organização social encontramos:

Art. 2º - A Promove tem por finalidade oferecer atendimento multidisciplinar, promocional e cultural a crianças, adolescentes, jovens e famílias em situação de risco pessoal e social, inclusive aqueles que sejam portadores de deficiência, garantindo gratuidade total a quem dela necessitar.

Art. 3º - A Promove, para atender sua finalidade, desenvolverá ações nas áreas de assistência social, educação, saúde, cultura, lazer, esportes, integração ao mercado de trabalho e geração de renda, podendo para tanto:

I - manter serviços de atendimento social, terapêutico, cultural, educacional ou profissionalizante, em unidades próprias ou em parceria com outras instituições e ou órgãos públicos;

II - promover ações de natureza cultural, recreativa, social ou de lazer, que visem facilitar o processo de desenvolvimento integral do ser humano e sua inserção e participação no meio social;

III - realizar exposições, eventos de expressão artística nas mais variadas formas;

IV - contribuir e promover a capacitação profissional de técnicos e voluntários no âmbito de sua competência;

V - cooperar e manter acordos, contratos e ou convênios com instituições públicas ou privadas, nacionais ou internacionais, promovendo e incentivando o processo de inclusão social das pessoas atendidas, garantindo a manutenção de suas atividades e serviços;

VI - manter e desenvolver alternativas de auto-sustentabilidade e captação de recursos para garantir a realização de serviços e programas;

VII - manter intercâmbio com instituições governamentais, não-governamentais nacionais e internacionais, objetivando a capacitação de técnicos e especialistas nas suas áreas de competência, por meio da realização de congressos, seminários, cursos e publicações técnico-científicas;

VIII - manter e incentivar a disseminação da metodologia e serviços LEKOTEK no território nacional.

Art. 4º - No desenvolvimento de suas atividades, a Promove não fará distinção quanto a raça, nacionalidade, cor, sexo, condição social, credo político ou religioso e estabelecerá livre ingresso aos portadores de deficiência e ou necessidades especiais, que solicitem sua filiação como assistidos.

Art. 5º - A fim de cumprir suas finalidades, a instituição organizar-se-á em tantas unidades de prestação de serviços quantas se fizerem necessárias, utilizando-se de profissionais contratados ou de voluntários e se utilizará de todos os meios lícitos a fim de arrecadar fundos para a realização de seus propósitos, a saber:

I - prestação de serviços ambulatoriais será feita por profissionais contratados, especialmente nas áreas de psicologia, psiquiatria, fonoaudiologia, psicopedagogia, terapia ocupacional e fisioterapia;

II - prestação de serviços a terceiros também através de profissionais contratados nas áreas dos seus cursos profissionalizantes;

III - venda de produtos recebidos a título de contribuição pela sociedade em bens, como por exemplo, roupas, brinquedos, livros, móveis, veículos, etc. ou gerados pelas oficinas profissionalizantes...

O Estatuto da Promove já previa o profissional em Psicopedagogia (art. 5.1), portanto essa área de conhecimento era reconhecida e valorizada, o que facilitou a elaboração e organização de novos projetos de intervenção.

Parte integrante do Programa de Apoio Educacional, a avaliação interventiva foi elaborada em parceria com a equipe da Promove - Unidade Jaçanã, juntamente Daniela Montresol, Supervisora Técnica, Dirce Yukie Mizuno Punti Sanchez, coordenadora da Unidade, a Presidenta da época, Edna de Prospero Marchin, e a Psicopedagoga, Profa. dra. Neide de Aquino Noffs, responsável pela formação em serviço da equipe e operacionalização da proposta.

Este trabalho resultou em um projeto entregue à secretaria Municipal de Educação de SP, no final do ano. Esta ação surgiu a partir da necessidade da Organização em atender as novas demandas da Educação Inclusiva nas escolas regulares da Educação básica. Os alunos eram encaminhados por professores da rede municipal a partir de uma queixa envolvendo o desempenho escolar (não aproveitamento, reprovações, ausências à escola), a Promove por meio de sua equipe multidisciplinar realizava um diagnóstico que subsidiaria o encaminhamento/orientação.

Este projeto permitiu à equipe multidisciplinar rever seus papéis, atribuições e procedimentos de ação. O trabalho teve a duração de um ano, com encontros quinzenais na Unidade Jaçanã - com duas horas de duração, onde estudávamos os novos paradigmas da Educação, e os autores que subsidiam a Psicopedagogia. Nossos encontros, sempre apoiados pela conversa e pelo diálogo, tiveram em Jacob Levy Moreno (Psicodrama), Alicia Fernandez (Psicopedagoga) e Paulo Freire sua referência prioritária. Desta forma, o uso das diferentes linguagens (expressão corporal, a dramatização, a linguagem escrita....) foram utilizadas na formação e utilização profissional.

Para melhor compreensão transcrevemos trechos do projeto.

 

IDENTIFICAÇÃO DO OBJETO A SER EXECUTADO

A. Público-Alvo

Frente à abrangência do plano de trabalho em epígrafe, destaca-se quanto ao público-alvo:

• Alunos freqüentes do ensino básico Municipal com necessidades educativas, com deficiência ou não (alunos com distúrbios de aprendizagem, altas habilidades/superdotação, deficiência auditiva, deficiência física, deficiência mental; deficiência múltipla; deficiência visual, e síndrome de Down);

• Familiares dos alunos encaminhados;

• Professores do ensino básico Municipal em efetivo exercício.

b. Metas de Atendimento

• 70 crianças e jovens em avaliação interventiva;

• 220 crianças em grupo de apoio;

• 10 crianças em grupo de apoio à infância.

 

JUSTIFICATIVA

Tem se falado e valorizado nos debates públicos e acadêmicos a discussão sobre a importância da educação no sistema público de ensino, como forma de enfrentamento das iniqüidades sociais que assolam a sociedade brasileira.

Neste contexto, a Educação, enquanto área que se responsabiliza pelo acesso e apropriação dos saberes sistematizados, possui um constructo teórico e legal, que tem passado por significativos avanços, que permeiam desde sua regulamentação até sua intervenção nos processos de inclusão.

O conceito de inclusão, vem em sua evolução sociohistórica apontando para a necessidade de aprofundamento na discussão sobre a diversidade, na compreensão da heterogeneidade, das diferenças individuais e coletivas, e do respeito e valorização das diferentes situações vividas na realidade social e no âmbito escolar.

A sociedade, e em decorrência a escola inclusiva de hoje, perpassa por uma necessidade de configuração nas dimensões ideológicas, socioculturais, políticas e econômicas. Com esta referência ela deve estar pautada na dimensão humana, enfatizando interações positivas, a ampliação das possibilidades, no apoio às dificuldades e acolhimento às necessidades.

Todas as crianças e adolescentes, com necessidades educativas, especiais ou não, precisam aprender, ter acesso ao conhecimento, à cultura e avançar no aspecto pessoal e social, não negando que há restrições e cuidados dela provenientes.

Atenta as novas exigências socioeducativas, a Promove em parceria com a Professora Doutora Neide Noffs, pesquisadora estudiosa da área de Educação e Psicopedagogia, durante todo o ano de 2005 subsidiou em situação coletiva, junto à equipe interdisciplinar a elaboração de estratégias mais eficazes ao atendimento de seu público-alvo, atualizando assim o antigo Programa de Apoio Psicossocial.

A Promove acredita que é na articulação da interface entre a educação com suas diferentes áreas (psicologia, fonoaudiologia, psicopedagogia, pedagogia e serviço social) que se constrói recursos para compreender e operacionalizar o grande desafio do acesso, permanência e sucesso de crianças e adolescentes frente às necessidades educativas especiais, desta forma, apresenta o Programa de Apoio Educacional (PAE), que visualiza suas ações na não reprodução das situações escolares, visando a um verdadeiro apoio a seus usuários, visualizando na articulação entre os vários espaços da educação a sua possibilidade de resultados positivos.

Este programa vislumbra uma maior possibilidade do desenvolvimento das potencialidades e competências de aprendizagem de crianças e jovens com dificuldade por meio de ações de apoio.

Em todos os momentos, conta-se com ações individuais e coletivas, tendo como mola propulsora a família, sensibilizando-a como co-responsável no entendimento e resolução dos motivos reais que suscitaram o encaminhamento de seu filho ao PAE.

Outra premissa do PAE é que, simultaneamente à família, a escola também será envolvida neste compromisso por meio de orientações explicitas contidas no relatório final. Esta ação conta, ainda, com o projeto de Apoio à Sala de Aula, atuando junto a professores e profissionais da área educacional, por meio de uma ação de Educação continuada, contribuindo para sua atualização e formação profissional. Desta forma, criança, adolescente, família e escola se encontram na dimensão da aprendizagem.

Outrossim, o programa de Apoio Educacional contou com duas pesquisas-pilotos, com ocorrência entre os meses de outubro e novembro, junto a crianças e adolescentes de 7 a 12 anos, que estavam em fila de espera na organização, obtendo resultados favoráveis, contribuindo para que a proposta pudesse ser estudada e experimentada, tornando-a exeqüível e inovadora.

 

OBJETIVO GERAL

Contribuir de forma articulada junto à criança, sua família e escola, para a manutenção e sucesso educacional do aluno, detectando, intervindo e orientando possíveis alterações que possam comprometer o processo de aprendizagem.

 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Frente à abrangência do Programa, os objetivos específicos serão divididos frente aos seus diferentes públicos:

Alunos

• Atender a crianças e jovens que apresentem necessidades educativas especiais;

• Avaliar de forma interventiva a aprendizagem escolar;

• Estimular e desenvolver capacidades e competências para aprendizagem;

• Oferecer espaço de apoio ao escolar frente às áreas cognitivas, de linguagem, de desenvolvimento motor, emocional, atitudinal e social;

• Fortalecer o desenvolvimento positivo da auto-imagem do educando;

• Estimular a inclusão educacional e social da pessoa com necessidades educativas.

Familiares

• Oferecer um espaço de escuta e orientação aos pais e familiares de alunos com necessidades educativas, tendo como foco a aprendizagem;

• Colaborar com a família, subsidiando a parceria com a escola.

Professores

• Contribuir com a educação continuada dos profissionais da educação;

• Oferecer espaço de formação qualificada aos professores da educação básica da Prefeitura de São Paulo;

• Colaborar com a escola, subsidiando a sua parceria com a família;

• Fortalecer o desenvolvimento positivo da auto-imagem do educador.

 

METODOLOGIA

O Programa de Apoio Educacional teve sua estruturação pautada em referências de pesquisa qualitativa e, mais especificamente, em estudos de caso. Por se constituir em um estudo e uma pesquisa da ação, ele passou por uma fase-piloto que colaborou para os reparos necessários ao modelo ação - reflexão - ação.

Sua metodologia pautada no trabalho interdisciplinar conta com referenciais teóricos como Sara Pain2; Alicia Fernandez3 e Jorge Visca4; além dos autores clássicos, como Piaget, Wallon e Wygotskij.

O Programa tem em sua metodologia o pressuposto do fortalecimento do tripé criança-escola-família, tendo a Promove o papel de colaborador em suas articulações, por meio das ações de Avaliação Interventiva, Grupos de Apoio, Apoio à Família e Apoio à Sala de Aula, favorecendo assim com a aprendizagem de todos (Figura 1).

 

 

AVALIAÇÃO INTERVENTIVA

A atividade de Avaliação Interventiva (Tabela 2) tem por objetivo avaliar os recursos da criança e do adolescente para a aprendizagem, por meio da observação das atividades espontâneas, jogos, brinquedos, desenhos, testes projetivos e das avaliações e produções escolares (por meio de relatório escolar - Instrumental de pesquisa), detectando possíveis entraves na aprendizagem. Como a família é envolvida no processo, dá-se então voz a todos os membros da família, ouvindo-a em sua plenitude, como defende Alicia Fernandez (p.24 - 1990)5 "neste modelo é possível observar a dinâmica da circulação do conhecimento dentro de um grupo familiar, articulado com a análise de sua sintomatização em um de seus integrantes".

O processo de avaliação tem início com um encontro com a Assistente Social, que identifica as características familiares e sua demanda, orienta sobre a importância do preenchimento do instrumental pela escola e da participação da família (ambos os pais quando possível, irmãos e a própria criança) na primeira entrevista. No segundo encontro, os membros são ouvidos pela equipe interdisciplinar, reconstruindo a história de vida da criança, a dinâmica familiar e o contexto da escolarização. Após discussão interdisciplinar, 3 crianças (encaminhadas) são agrupadas para um terceiro encontro quando, por meio de ações de observação, hora do jogo e de provas projetivas, bem como específicas (psicológica e fonoaudiológica) se necessárias, são identificadas questões pertinentes à dinâmica relacional, e aos vínculos envolvidos no processo de aprendizagem, sejam eles interpessoais, escolares e familiares. Ao término deste período, a família e a criança são orientadas frente à necessidade ou não do processo de acompanhamento, e possíveis procedimentos que possam ser tomados para adequação de sua necessidade. O relatório (Figura 2) encaminhado à SME finaliza esta etapa, com procedimentos de intervenção e orientação a técnicas metodológicas que possam contribuir para a melhoria da aprendizagem do aluno.

Grupo de Apoio Interdisciplinar à Aprendizagem - GAIA

O grupo de apoio é composto por uma equipe interdisciplinar formada por pedagogos, psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogas e assistentes sociais, que atuam frente às múltiplas necessidades educativas por meio de atividades grupais. As ações possibilitam o desenvolvimento de competências e habilidades nas áreas cognitivas, de linguagem, de desenvolvimento motor, emocional, atitudinal e social, contribuindo para a manutenção e o sucesso do aluno no contexto escolar. Frente a quadros de condutas típicas, isto é, crianças portadoras de síndromes com manifestações de comportamento típicos (estes avaliados quanto legíveis frente à possibilidade de ação do Programa) participarão de encontros; parte dos quais será realizada em pequenos grupos e parte com a presença do responsável, visando possibilitar ao aprendizado de atitudes adequadas de estimulação e intervenção frente ao mesmo.

Grupo de Apoio Infantil - GAI

Atividade voltada a crianças de 3 a 6 anos, não inseridas em contextos de creche ou de escolarização mediante à necessidade educativa especial, com o objetivo de promover ganhos de desenvolvimento e educacionais por meio de atividades de sociabilização, e de adaptação ao cotidiano escolar (representação criativa, linguagem e literatura, iniciativa e relações sociais, movimento, música, classificação, seriação, espaço e tempo).

Grupo de Apoio à Família - GAFA

A atividade tem por objetivo oferecer um espaço de escuta e orientação aos pais e familiares das crianças e jovens inseridas no programa, fornecendo subsídios na forma de enfrentar as possíveis barreiras de naturezas variadas ao pleno desenvolvimento do potencial da criança e do jovem. As ações serão desenvolvidas por meio de encontros grupais, bem como, individual, mediante a complexidade e a necessidade familiar.

Grupo de Apoio à Sala de Aula - GASA

Atividade que visa à criação de um espaço de discussão e reflexão, subsidiando a atuação do professor, por meio da formação continuada. Os encontros com caráter de atualização e aprofundamento serão voltados às demandas da escola, articuladas ao sujeito, atenta ao equilíbrio conteúdo-pedagogia, pautados em um constructo de sensibilização ao autoconhecimento, história de vida e compartilhamento das vivências. De forma paralela, quando necessário, serão desenvolvidos cursos específicos, envolvendo as diferentes áreas de conhecimento (por exemplo língua portuguesa, matemática, etc).

Neste empenho, algumas alterações estruturais fazem-se necessárias para sua viabilização:

• As ações de avaliação interventiva deverão ocorrer em dois dias fixos na semana, visando à melhor organização das famílias, e maior dedicação e atenção da equipe ao momento em questão;

• Ainda frente ao processo de avaliação, sua ocorrência acontecerá em um número menor de visitas, no entanto com maior permanência na organização, o que garante maior participação dos responsáveis, que enfrentam dificuldades de transporte e de ausência no trabalho;

• Durante a longa permanência dos familiares em espera no espaço da organização, os mesmos serão contemplados com lanche e atividades educativas e lúdicas, desenvolvidas pelos jovens formados no projeto Brasil em Contos (Projeto desenvolvido na época pela Organização);

• Horas de estudo e formação constante da equipe interdisciplinar.

Etapas de Execução

1. Ações de Organização

- Encaminhamento da Secretaria Municipal de Educação (SME) para a Promove;

- Estudo dos encaminhamentos;

- Contato com as famílias;

- Entrevista inicial;

- Redistribuição de acordo com a agenda do PAE.

2. Ações de Avaliação

- Avaliação interdisciplinar;

- Orientação à família e à escola;

- Encaminhamento de relatório e sugestão de encaminhamentos à SME.

3. Ações de Apoio

- Encaminhamento para atendimento da SME à Promove;

- Atualização de dados: escola e família;

- Organização do atendimento às áreas de demanda;

- Contato permanente entre Promove, escola e família.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho de transformação dos procedimentos adotados foi bem avaliado pela Organização pela SME e por todos os participantes. Este avanço se deu pelo compromisso e disposição da equipe pelo "novo". Estudar, tentar, errar, rever, refazer, conversar, eram ações rotineiras.

A Promove em todos os momentos acompanhou diretamente este trabalho, incentivando a equipe a prosseguir em direção ao cumprimento de sua missão.

Esta referência de trabalho implantada em 2005 permitiu à Promove agilizar o processo de Avaliação no Programa de Apoio Educacional, o fortalecimento da equipe multidisciplinar, colaborar com a família (garantindo a presença do pai, dos irmãos favorecendo o "olhar" para a queixa e para a criança com mais sensibilidade e acolhida) e a escola, explicitando de forma mais ágil a compreensão e o atendimento às queixas recebidas.

Este trabalho até hoje mantém a parceria com a Secretária Municipal da Educação de São Paulo (SME - no DOT), favorecendo o processo de inclusão com compromisso social.

 

Figura 2

 

REFERÊNCIAS

1. Noffs NA. Psicopedagogo na rede de ensino: a trajetória institucional de atores-autores. São Paulo:Elevação;2003.         [ Links ]

2. Paín S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre:Artes Médica;1985.         [ Links ]

3. Fernandez A. A inteligência aprisionada. Porto Alegre:Artes Médica;1990.         [ Links ]

4. Visca J. Técnicas projetivas psicopedagógicas. Buenos Aires:Interar;1998.         [ Links ]

5. Fernandez A. Os idiomas do aprendente: análise das modalidades ensinantes com famílias, escolas e meios de comunicação. Porto Alegre:Artmed;2001.         [ Links ]

 

 

Correspondência:
Neide de Aquino Noffs
Rua Diana, 715 - São Paulo, SP
CEP 05019-000
Tel (11)-3670-8065
E-mail: nnoffs@terra.com.br

Artigo recebido: 10/07/2008
Aprovado: 12/10/2008

 

 

Trabalho realizado na Unidade Jaçanã do Promove, São Paulo, SP.

Creative Commons License Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons