Serviços Personalizados
Journal
artigo
Indicadores
Compartilhar
Revista Psicopedagogia
versão impressa ISSN 0103-8486
Rev. psicopedag. vol.25 no.78 São Paulo 2008
ARTIGO DE REVISÃO
Aquisição e desenvolvimento da linguagem: dificuldades que podem surgir neste percurso
Language developmental and acquisition: difficulties that may appear in this course
Renata MousinhoI; Evelin SchmidII; Juliana PereiraIII; Luciana LyraIII; Luciana MendesIII; Vanessa NóbregaIII
IFonoaudióloga, doutora em Lingüística, Professora Adjunta da UFRJ
IIFonoaudióloga, mestre em Lingüística, PUC-RJ
IIIFonoaudióloga, mestre em Lingüística, UFRJ
RESUMO
O desenvolvimento adequado da linguagem é um dos fatores fundamentais para que o desenvolvimento infantil ocorra de forma harmônica em todas as esferas, seja do ponto de vista social, relacional ou ao nos referirmos à aprendizagem formal. A aquisição da forma, conteúdo e uso da linguagem assumem papel importante na construção da mesma e na compreensão de sua organização interna. Entretanto, não são incomuns problemas que podem interferir neste curso. Este artigo se propõe a realizar uma revisão sobre a aquisição e o desenvolvimento da linguagem, fala e cognição, inserindo posteriormente os percalços que podem interferir neste desenvolvimento, dentre eles o atraso simples de linguagem, desvio fonológico, distúrbio específico de linguagem, alterações na fluência e alterações semântico-pragmáticas. Estas dificuldades podem trazer prejuízos secundários à aprendizagem escolar.
Unitermos: Desenvolvimento da linguagem. Desenvolvimento infantil. Cognição. Comunicação. Fala. Transtornos do desenvolvimento da linguagem.
SUMMARY
A proper language development is one of the key factors for a sound and harmonious child development, both regarding social and learning skills. The acquisition of language structure, meaning and use play an important role in language construction and in the understanding of language internal organization. However, there are often difficulties that may interfere in this process. This paper intends to undertake a review on language acquisition and development, speech and cognition, and then approach the obstacles that may interfere in this development, such as language acquisition delay, phonological deviations, specific language disorders, alterations in fluency and semantic-pragmatic disorders. Those difficulties may bring secondary school learning damage.
Key words: Language development. Child development. Cognition. Communication. Speech. Language development disorders.
INTRODUÇÃO
A comunicação humana pode ser diferenciada da comunicação das outras espécies animais de três maneiras diferentes. A primeira e a mais importante é a possibilidade de simbolizar. Os símbolos lingüísticos são convenções sociais de significados, nos quais cada indivíduo compartilha sua atenção com o outro, direcionando a sua atenção ou seu estado mental (pensamento) para alguma coisa no mundo que os cerca. A segunda diferença é que a comunicação humana lingüística é gramatical. Os seres humanos usam os símbolos lingüísticos associados em estruturas padronizadas. A terceira é que, ao contrário das outras espécies animais, os seres humanos não têm um único sistema de comunicação utilizado por todos os membros da espécie. Portanto, diferentes grupos de humanos convencionaram, no decorrer da história, sistemas mútuos de comunicação. Isso significa que a criança, diferente das outras espécies animais, deve aprender as convenções comunicativas usadas por aqueles a sua volta, pela sociedade da qual faz parte1.
A linguagem é um importante fator para o desenvolvimento e aprendizagem. A língua oral seria uma base lingüística indispensável para que as habilidades de leitura e escrita se estabelecessem. As habilidades de linguagem receptiva e expressiva também foram consideradas por diversos autores como bons sinais precoces da compreensão de leitura2-4. Um dos achados em pesquisa foi o de que crianças com desenvolvimento abaixo do esperado na alfabetização apresentam um desempenho insatisfatório em compreensão da linguagem, produção sintática e tarefas metafonológicas.
As habilidades cognitivas e as formas de estruturar o pensamento do indivíduo não são determinadas apenas por fatores congênitos. Estão, na verdade, relacionadas às atividades praticadas de acordo com o contexto cultural em que o indivíduo se desenvolve. Conseqüentemente, a história da sociedade na qual a criança se desenvolve e a história pessoal dessa criança são fatores cruciais que vão determinar sua forma de pensar. Neste processo de desenvolvimento cognitivo, a linguagem tem papel fundamental na determinação de como a criança vai aprender a pensar, uma vez que formas avançadas de pensamento são transmitidas à criança através de palavras5,6.
Diante destas constatações, decidimos por realizar uma revisão bibliográfica da aquisição e desenvolvimento da linguagem, mais especificamente de 0 a 5 anos, assim como de alguns entraves que podem ser encontrados no processo. Apesar de relevantes e, infelizmente, freqüentes, alterações ligadas à negligência grave e violência do meio não foram descritas, uma vez que demandariam outro tipo de fundamentação teórica, deixando o artigo muito extenso.
AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
Compreendendo Linguagem
A aquisição da linguagem depende de um aparato neurobiológico e social, ou seja, de um bom desenvolvimento de todas as estruturas cerebrais, de um parto sem intercorrências e da interação social desde sua concepção. Em outras palavras, apesar de longas discussões sobre o fato da linguagem ser inata (de nascença) ou aprendida, hoje a maior parte dos estudiosos concorda que há uma interação entre o que a criança traz em termos biológicos e a qualidade de estímulos do meio7,8. Alterações em qualquer uma dessas frentes pode prejudicar sua aquisição e seu desenvolvimento.
Para entendermos a aquisição e o desenvolvimento da linguagem, temos que considerar dois aspectos: a linguagem ajuda na cognição e na comunicação5,6.
Linguagem e cognição: pensamos bastante por meio da linguagem depois que desenvolvemos esta habilidade. A memória, a atenção e a percepção podem ter ganhos qualitativos com ela. Por exemplo, memorizamos melhor quando fazemos associações de idéias. Ela também ajuda na regulação do comportamento. Na infância, podemos observar o desenvolvimento da linguagem como apoio à cognição a partir dos dois anos, em média, principalmente por meio da forma como a criança brinca.
Linguagem e comunicação: temos a intenção comunicativa, e podemos nos comunicar de diversas formas diferentes, através de gestos, do olhar, de desenhos, da fala, entre outros. A estruturação da linguagem nos permite lançar mão de recursos cada vez mais sofisticados, a fim de aprimorar nossas possibilidades de comunicação.
Também é importante percebermos que podemos dividir, didaticamente, a linguagem, considerando sua forma, seu conteúdo e seu uso. O desenvolvimento costuma correr concomitantemente, entretanto, um disparate entre essas áreas pode ser indicativo de dificuldade, tal como será explicado nas próximas linhas9-11.
Forma: engloba a produção dos sons, como se emite o fonema, e também a estrutura da frase, se tem todos os componentes e se a ordem é aceitável pela língua - níveis fonético-fonológico e morfossintático.
Conteúdo: diz respeito aos significados, que podem estar na palavra, na frase ou no discurso mais amplo - nível semântico.
Uso: refere-se ao uso social da língua; não basta emitir sons, estruturar uma frase e saber o significado, tem que adequar tudo isso ao contexto em que está sendo empregado - nível pragmático.
Passadas estas considerações, vamos pensar em algumas etapas de desenvolvimento.
Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem
Comunicação não-verbal: desde muito cedo já pode ser observada, como as variações do tônus (contração/descontração muscular) entre a mãe e o bebê, o olho no olho, as expressões faciais. O apontar por volta dos 11 meses é um marco, podendo inicialmente ter a intenção apenas de "mandar" (apontar para algo que quer) e depois pode ter a intenção de compartilhar a atenção com alguém (apontar para que outra pessoa possa acompanhar aquele momento)7,12.
Produção dos sons*: os primeiros fonemas da língua são aqueles produzidos com os lábios, como /b/ /m/ /p/. Logo depois surgem /n/ /t/ /l/ , e, em seguida, /d/ /c/ /f/ /s/ e /g/ /v/ /z/ /R/ /ch/ /j/. Só mais tarde observamos a produção adequada de alguns fonemas como /lh/ /nh/ /r/. A combinação destes fonemas nas sílabas podem ser complicadores, como está exposto no próximo item13-15.
Estrutura das sílabas: as formações silábicas mais simples são consoante-vogal (CV), como PA, LO, etc; ao se inverter essa ordem (vogal-consoante), já se tornam um pouco mais difíceis, como AR, US, etc. Quanto maiores, mais difíceis se tornam. Para ilustrar, podemos apresentar palavras com sílabas consoante-vogal-consoante LAR, RIS, etc. e consoante-consoante-vogal FRA, BRI, etc. No português, temos sílabas como TRANS (consoante-consoante-vogal-consoante-consoante), dentre outras, com enorme dificuldade de produção para crianças menores14,16.
Estrutura de frases: inicialmente as crianças usam uma única palavra funcionando com frase. Mais tarde, surgem as frases telegráficas, com duas palavras em média. As frases vão se alongando, passando a ter cada vez mais elementos. A complexidade também aumenta e surgem possibilidades de compreender e expressar frases em outras ordenações, como a voz passiva. As expressões de tempo e espaço passam a fazer parte do discurso, possibilitando narrar situações que não estão presentes. As frases mais complexas que exigem mais conteúdo como as orações com pronomes do tipo "que" são possíveis a partir dos 3 anos13.
Diálogo: até atingir a capacidade de estabelecer um diálogo (com) alguém, a criança passa por fases em que depende do adulto para que o mesmo seja possível. Em um primeiro momento, os adultos tentam adivinhar o que significam as produções pouco compreensíveis da criança (especularidade). Esta fase inicial acontece quando a criança começa a emitir sons e sílabas que podem ser compreendidas como palavras. Posteriormente, quando as crianças falam mais, aumentando um pouco a quantidade sons e os adultos podem complementá-las (complementaridade), é quando aparecem as primeiras combinações de palavras, juntando uma ou duas palavrinhas. Somente depois a criança poderá iniciar e manter um diálogo sem um auxílio tão direto (reciprocidade). Essa primeira estruturação da conversa em diálogo é gradual e, até o final dos 2 anos, a criança consegue desenvolver bem a troca dialógica destas três etapas13,17,18.
Brincadeira: as brincadeiras podem ser inicialmente construtivas (jogos de montar/desmontar). Ao mesmo tempo, desenvolvem-se as plásticas (desenho, massinha, etc.). As projetivas podem começar ao mesmo tempo e vão se desenvolvendo em subetapas, como a imitação de situações vivenciadas; mais tarde (surge) o faz de conta até atingir o devaneio (presença de situação imaginária e de história com seqüência, possibilidade de brincar junto e não apenas "ao lado"). Importantes, também, são os jogos com regras que começam simples e vão se sofisticando13,19,20.
A fim de melhor visualizar tais parâmetros, a Tabela 1 busca, a partir da compilação dos autores referenciados, organizar tais aspectos nas fases do desenvolvimento de 0 a 5 anos.
DIFICULDADES NO PERCURSO
Por que algumas crianças começam a falar as primeiras palavras entre o primeiro e o segundo ano de vida e outras demoram a falar? Por que algumas quando começam a falar, falam claramente e outras parecem falar outra língua? Existem transtornos que acometem a criança e causam atraso na aquisição e no desenvolvimento da linguagem. Esta seção visa à apresentação, com linguagem simples, de informações sobre algumas das alterações na área da linguagem nesta fase do desenvolvimento. Quando são listados sintomas, deve-se ter a clareza de entender que várias características fazem parte da evolução. Deve-se ficar atento quando elas se tornam persistentes e passam a atrapalhar alguma área do desenvolvimento. Normalmente, nem todas as características estão presentes em todas as crianças.
ATRASO SIMPLES DE LINGUAGEM21,22
O Atraso Simples é encontrado em crianças que apresentam defasagem no desenvolvimento da linguagem; essas crianças demoram a falar e parecem imaturas. Aparentemente, esse atraso pode ser ocasionado por dores de ouvido e complicações respiratórias no período de aquisição da linguagem e/ou estímulos inadequados para o desenvolvimento da mesma. Seu padrão de linguagem é compatível com crianças mais novas (menor idade cronológica), mas seguindo a mesma ordem de aquisição. Algumas crianças podem recuperar o atraso inicial com orientação adequada. Algumas características:
Frases simples, mas sem alteração na ordem das palavras;
Podem combinar sílabas de fonemas diferentes;
Vocabulário reduzido por falta de experiência;
Trocas na fala;
Boa compreensão.
DESVIO FONOLÓGICO15,23
Utilizamos esse nome para caracterizar crianças com idade igual ou superior a 4 anos, aproximadamente e que apresentam alteração no desenvolvimento da fala em diferentes graus. Os desvios na fala não se limitam a alterações na força ou mobilidade dos órgãos responsáveis pela fala, mas são decorrentes de dificuldades na aquisição das consoantes da sua língua materna.
O nome Desvio Fonológico tem origem na dificuldade de formação desse arquivo de sons pelo cérebro (sistema fonológico) e irá se caracterizar por trocas na fala inesperadas para sua idade e tipo de estímulo recebido durante o seu desenvolvimento. As trocas mais freqüentes são:
S por CH, como chapo ao invés de sapo;
R por L, balata ao invés de barata;
V por F, faso por vaso;
Z por S, sebra por zebra;
Alterações na ordem das sílabas ou nos sons das palavras: mánica (máquina), tonardo (tornado);
Fala ininteligível
DISTÚRBIO ESPECÍFICO DA LINGUAGEM (DEL)4,21,24
Cerca de 3 a 10% da população apresenta o Distúrbio Específico de Linguagem (DEL), que parece acometer um maior número de meninos do que meninas.
O DEL refere-se a crianças que apresentam dificuldade em adquirir e desenvolver habilidades de linguagem na ausência de deficiência mental, déficits físicos e sensoriais, distúrbio emocional importante, fatores ambientais prejudiciais e lesão. Elas apresentam uma visível discrepância entre o desenvolvimento global e o desenvolvimento de linguagem, mas a comunicação não-verbal costuma estar intacta.
Podemos encontrar na fala de parte destas crianças (já que existem variações do problema):
Pouca memória para uma seqüência de sons, por isso tendem a falar em um primeiro momento basicamente monossílabos;
Dificuldade no planejamento motor da produção dos fonemas;
Frases desestruturadas e/ou construídas na ordem inversa;
Vocabulário reduzido;
Trocas na fala;
Dificuldades na compreensão (ou não).
FLUÊNCIA25-27
Existem vários Transtornos da Fluência como pode ser visualizado abaixo:
Gagueira do desenvolvimento - É considerada um Transtorno da Fluência, caracterizado por repetições de sílabas ou sons, prolongamentos, bloqueios, interjeições de sons e uso de expressões como: "éh", "ãh", marcadores discursivos: "tipo assim", "aí". Acomete 5% da população. A maior parte dos casos se inicia paralela à aquisição da linguagem e do desenvolvimento neuropsicomotor, entre 2 e 4 anos. No entanto, cabe resaltar que nessa fase gaguejar pode ser comum (gagueira fisiológica), mas a criança supera rapidamente. Sinais de risco seriam o fato de perdurar ou de mostrar sinais muito intensos. A gagueira é involuntária, não é possível controlar a sua ocorrência, e é de suma importância não chamar a atenção da criança para os momentos de gagueira, não forçá-la a falar nem constrangê-la.
Taquifemia - as principais características são: a velocidade de fala rápida que compromete o entendimento da mensagem, hesitações e disfluências, e uma irregularidade, momentos de melhora e piora no discurso.
Taquilalia - é caracterizada pela velocidade de fala alta que compromete o entendimento da mesma, porém não encontramos momentos de disfluências.
ALTERAÇÕES SEMÂNTICO-PRAGMÁTICAS28,29
Podem ser decorrentes de várias dificuldades, incluindo um subtipo de DEL, ou características do espectro autístico. Diz respeito à competência comunicativa. Não basta falar todos os sons da língua e estruturar fases complexas (estes podem ou não estar prejudicados), deve-se falar o conteúdo certo para o momento exigido. Como exemplo de alguns comportamentos lingüísticos pode-se citar:
leva o adulto como instrumento para conseguir o que deseja, no lugar de se manifestar verbalmente ou por gestos ou expressões faciais;
pouca intenção de iniciar ou manter um diálogo;
mesmo que se expresse bem, a troca de idéias é restrita (não há reciprocidade na comunicação);
mais facilidade para listar palavras ou situações do que para contar histórias;
dificuldade com a linguagem figurada, incluindo a compreensão de metáforas e/ou piadas;
ingenuidade em situações sociais, com dificuldade em se colocar no ponto de vista dos outros;
tendência a superfocar em objetos ou assuntos em particular, em detrimento de uma visão mais global sobre a situação ou assunto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento da linguagem implica na aquisição plena do sistema lingüístico que nos possibilita a inserção no meio social, a possibilidade de assumir a nossa identidade, além do desenvolvimento dos aspectos cognitivos já discriminados acima.
Dentre todas as questões complexas que envolvem esse processo, o atraso "simples" na aquisição da linguagem dificulta o amadurecimento e a experimentação da linguagem necessária para a aquisição formal da leitura/escrita. Sua imaturidade lingüística irá refletir no vocabulário reduzido e no conhecimento de mundo restrito. Tal fato trará repercussões na interpretação de textos e também na elaboração de histórias escritas.
Falhas na aquisição e no desenvolvimento fonológico, como problemas na produção dos sons da fala ou discriminação dos mesmos, podem refletir na leitura e/ou na escrita. Então podem levar a criança, por exemplo, a trocar, omitir ou transpor fonemas ou grafemas. A criança demoraria a adquirir a autonomia dos processos de leitura e escrita ou podem culminar com problemas maiores.
Em relação ao DEL, ao verificarmos a literatura, nos deparamos com a seguinte realidade: apenas 10% dessas crianças não apresentam nenhum tipo de problema de leitura30. Duas razões para a vulnerabilidade de crianças DEL em relação à leitura e à escrita: a dificuldade na análise fonológica e memória e dificuldade em usar a sentença, para que o contexto facilite a compreensão de novas palavras.
As alterações de ordem semântico-pragmáticas estão associadas à rigidez dos pensamentos e pouca flexibilidade no raciocínio, à dificuldade em atribuir sentido além do literal, associar palavras ao seu significado e compreender a linguagem falada. Desta forma, a aprendizagem não é generalizada e acaba comprometida.
Neste artigo, não tivemos pretensão de esgotar o assunto, tão rico e amplo, mas buscamos agregar trabalhos que exploram diversos lados da linguagem. Ao pensarmos em aprendizagem, todos os níveis lingüísticos estão envolvidos, e negligenciar um deles seria perder a oportunidade de ver o sujeito da linguagem. O intuito de abordar a faixa etária de 0 a 5 anos reflete o desejo de poder atuar precocemente, antes da entrada no ensino formal, onde as demandas são maiores e maior será o tempo a ser resgatado. Dois aspectos que ainda merecem ser discutidos são o desenvolvimento da narrativa e a aquisição da linguagem figurada, já que fazem parte de todo o processo e são de extrema relevância para a aprendizagem. Por serem menos explorados, merecem artigos à parte.
REFERÊNCIAS
1. Tomasello M. Acquiring linguistic constructions. In: Kuhn D, Siegler R, eds. Handbook of child psychology. New York:Wiley;2006. [ Links ]
2. Bishop DV, Adams C. A prospective study of the relationship between specific language impairment, phonological disorders and reading retardation. J Child Psychol Psychiatry. 1990;31(7):1027-50. [ Links ]
3. Gerber A. Problemas de aprendizagem relacionados à linguagem: sua natureza e tratamento. Porto Alegre:Artes Médicas;1996. [ Links ]
4. Bishop DVM. The role of genes in the etiology of specific language impairment. Elsevier Science;2002. [ Links ]
5. Vygotsky LS. A formação social da mente. São Paulo:Martins Fontes;1989. [ Links ]
6. Vygotsky LS. Pensamento e linguagem. São Paulo:Martins Fontes;1989. [ Links ]
7. Tomasello M, Carpenter M, Liszkowski U. A new look at infant pointing. Child Dev. 2007;78(3):705-22. [ Links ]
8. Tomasello M, Carpenter M, Call J, Behne T, Moll H. Understanding and sharing intentions: the origins of cultural cognition. Behav Brain Sci. 2005;28(5):675-91. [ Links ]
9. Boone D, Plante E. Comunicação humana e seus distúrbios. 2ª ed. Porto Alegre:Artes Médicas;1994. [ Links ]
10. Bloom L. The transition from infancy to language. acquiring the power of expression. Cambridge, MA:Cambridge University Press;1993. [ Links ]
11. Bloom L. Language acquisition in its developmental context. In: Kuhn D, Siegler R, eds. Cognition, perception, and language. Vol II. Chichester, John Wiley. [ Links ]
12. Bishop DVM. Autism and specific language impairment: categorical distinction or continuum? In: Bock G, Goode J, eds. Autism: neural basis and treatment possibilities. Novartis Foundation Symposium. 2003.p.213-26. [ Links ]
13. Zorzi J, Hage S. PROC Protocolo de observação comportamental. Editora Pulso;2004. [ Links ]
14. Storkel HL, Morrisette ML. The lexicon and phonology: interactions in language acquisition. Language, Speech, and Hearing Services in Schools. 2002;3:24-37. [ Links ]
15. Wertzner H. Fonologia: desenvolvimento e alterações. In: Ferreira LP et al., eds. Tratado de fonoaudiologia. São Paulo:Roca;2004. [ Links ]
16. Silva TC. Fonética e fonologia do português. 9ª ed. Editora Contexto;2007. [ Links ]
17. Hage S. Avaliando a linguagem na ausência de oralidade. Editora da Universidade do Sagrado Coração;2004. [ Links ]
18. De Lemos CTG. Interacionismo e aquisição de linguagem. D.E.L.T.A., 2 (2): 231-48, São Paulo;1986. [ Links ]
19. Goldfeld M. A brincadeira entre mães ouvintes e filhos surdos. [Tese de Doutorado]. São Paulo:Universidade Federal de São Paulo;2000. 161p. [ Links ]
20. Dias. Metáfora e pensamento: considerações sobre a importância do jogo na aquisição do conhecimento e implicações para a educação pré-escolar. In: Kishimoto. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo:Cortez;1996. [ Links ]
21. Hage S, Guerreiro M. Distúrbio específico de linguagem: aspectos linguisticos e neurobiológicos. In: Tratado de fonoaudiologia. Editora Roca;2004. [ Links ]
22. Zorzi J. A intervenção fonoaudiológica nas alterações de linguagem infantil. 2ª ed. Editora Revinter;2008. [ Links ]
23. Mota HB. Fonologia: intervenções. In: Tratado de fonoaudiologia. Editora Roca;2004. [ Links ]
24. Bishop D, Mogford, K. Desenvolvimento da linguagem em circunstâncias excepcionais. Rio de Janeiro:Revinter;2002. [ Links ]
25. Merçon S, Nemr K. Gagueira e disfluência comum na infância: análise das manifestações clínicas nos seus aspectos qualitativos e quantitativos. Rev. CEFAC. 2007;9(2). [ Links ]
26. Ribeiro IM. Conhecimentos essenciais para atender bem a pessoa com gagueira. Coleção CEFAC. 1ª ed. Ed Pulso;2003. [ Links ]
27. Andrade C. Abordagem neurolinguística e motora da gagueira. In: Tratado de fonoaudiologia. São Paulo:Roca;2004. [ Links ]
28. Bishop DVM. Pragmatic language impairment: a correlate of SLI, a distinct subgroup, or part of the autistic continuum? In: Bishop DVM, Leonard LB, eds. Speech and language impairments in children: causes, characteristics, intervention and outcome. Hove:Psychology Press;2000. [ Links ]
29. Mousinho R. Aspectos lingüístico-cognitivos da Síndrome de Asperger: projeção, mesclagem e mudança de enquadre [Tese de Doutorado]. Rio de Janeiro:Departamento de Lingüística, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2003. 225p. [ Links ]
30. Bishop DVM, Snowling MJ. Developmental dyslexia and specific language impairment: same or different? Psychological Bulletin. 2004;130:858-88. [ Links ]
Correspondência:
Renata Mousinho
Av. das Américas 2678/11 - Barra da Tijuca
Rio de Janeiro - RJ - CEP:22640-102
E-mail: renatamousinho@ufrj.br
Artigo recebido: 01/09/2008
Aprovado: 20/10/2008
* Não estão sendo utilizados neste artigo todos os símbolos do Alfabeto Fonético Internacional, para que a leitura seja possível por profissionais de outras áreas.
Trabalho realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ.