Serviços Personalizados
Journal
artigo
Indicadores
Compartilhar
Revista Psicopedagogia
versão impressa ISSN 0103-8486
Rev. psicopedag. vol.26 no.81 São Paulo 2009
ARTIGO DE REVISÃO
Conhecendo a dislexia e a importância da equipe interdisciplinar no processo de diagnóstico
Exploring dyslexia and the importance of interdisciplinary team process diagnostic
Sther Soares Lopes da Silva
Fonoaudióloga. Formada pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas - FUNORTE/MG
RESUMO
Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem caracterizada por problema na linguagem receptiva e expressiva, oral ou escrita. Os fonoaudiólogos, por seus conhecimentos e sua formação sobre linguagem e distúrbios de linguagem, estão cada vez mais envolvidos na identificação, na avaliação e no tratamento de indivíduos com distúrbios de leitura. O objetivo deste estudo consiste em descrever a dislexia e suas manifestações para o correto tratamento, minimizando, assim, os impactos emocionais e comportamentais para a criança. Com a realização desta pesquisa, verificou-se que existe a necessidade de mais pesquisas sobre o assunto e, principalmente, que os profissionais tanto da educação quanto da área da saúde entendam que o processo diagnóstico e intervenção é realizado por uma equipe interdisciplinar, dentre eles o fonoaudiólogo, por seu conhecimento na área de linguagem oral, leitura/escrita.
Unitermos: Dislexia. Equipe interdisciplinar. Aprendizagem.
SUMMARY
Dyslexia is a difficulty in learning problem characterized by the receptive and expressive language, oral or written. The speech therapists for their knowledge and their training on language and disorders of language are increasingly involved in identifying, in assessment and treatment of individuals with disorders of reading. The aim of this study is to describe the dyslexia and its manifestations for the correct treatment thereby minimizing the emotional and behavioral impacts to the child. With the completion of this research, we found that there is a need for more research on the subject and especially the professionals from both educations about health care, understand that the diagnosis and intervention is carried out by an interdisciplinary team, including the speech therapist is on his knowledge in the area of oral language, reading / writing.
Key words: Dyslexia. Interdisciplinary team. Learning.
INTRODUÇÃO
Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem caracterizada por problema na linguagem receptiva e expressiva, oral ou escrita. As dificuldades podem aparecer na leitura e na escrita, soletração e ortografia, fala e compreensão e em matemática. Problemas no processamento visual e auditivo podem aparecer, distinguindo os disléxicos como um grupo que apresenta dificuldade no processamento de linguagem. Isso significa que pessoas disléxicas têm dificuldade em traduzir a linguagem ouvida ou lida para o pensamento, ou o pensamento para a linguagem falada ou escrita. Dislexia não está associada a uma baixa de inteligência. Na verdade, há uma lacuna inesperada entre a habilidade de aprendizagem e o sucesso escolar. As alterações comportamentais e emocionais são consequências do problema, pois a dislexia não é uma doença e sim um funcionamento peculiar do cérebro para o processamento da linguagem¹.
Os fonoaudiólogos, por seus conhecimentos e sua formação sobre linguagem e distúrbios de linguagem, estão cada vez mais envolvidos na identificação, na avaliação e no tratamento de indivíduos com distúrbios de leitura. Além disso, sua contribuição ao atender esses indivíduos está sendo pouco a pouco reconhecida por professores, pedagogos e psicólogos, sendo este um esforço de colaboração entre todos os profissionais envolvidos com distúrbios de linguagem².
O diagnóstico nem sempre é realizado corretamente, devido à falta da equipe interdisciplinar, com esta incerteza estes não serão devidamente orientados. Observa-se a falta de informações dos profissionais das áreas de educação e saúde, a não identificação precoce e o devido encaminhamento, que implicam em frustração e evasão escolar. O correto diagnóstico de que a criança é portadora de dislexia provoca aflição tanto na família quanto na escola e nos profissionais de educação, devido às limitações existentes na colaboração familiar e às difíceis adequações escolares. Em relação à criança, observa-se um alívio por definir a causa das suas dificuldades, pois pelo menos ela não ficará exposta ao rótulo de preguiçosa, desatenta e bagunceira.
Tendo em vista a importância do diagnóstico para o tratamento de crianças com dislexia e da equipe multidisciplinar/interdisciplinar, o objetivo deste estudo consiste em descrever a dislexia, suas manifestações para o correto tratamento, minimizando, assim, os impactos emocionais e comportamentais para a criança.
MÉTODO
Para a elaboração deste estudo utilizaram-se diferentes bases de dados como SciELO, Revistas on-line como CEFAC, Sociedade Brasileira de Pediatria, entre outras. Nesta pesquisa bibliográfica, optou-se por utilizar artigos atuais publicados nos últimos dez anos, exceto nos casos em que os trabalhos mais antigos apresentaram-se como indispensáveis para este estudo.
Utilizou-se para pesquisas além de artigos disponíveis na Internet, livros necessários para a elaboração desse trabalho.
Na citação dos autores consultados optou-se por referenciá-los de acordo com a ordenação do raciocínio clínico necessário para escrever cada um dos tópicos deste estudo e não pela ordem cronológica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Definição
"A dislexia consiste em alterações resultantes de limitações sensoriais discretas ou de anomalias na organização dinâmica dos circuitos cerebrais responsáveis pela coordenação vísuo-audio-motora. Os indivíduos acometidos são portadores de diferenças de aprendizagem específicas, não se tratando portanto de uma doença e sim de um modo diferente de pensar, não uma incapacidade3."
As crianças, quando iniciam a alfabetização, já dominam a linguagem oral, sendo capazes de iniciar o aprendizado da escrita. Entretanto, sabe-se que existem regras mais específicas e próprias da escrita, havendo, então, maiores dificuldades no seu aprendizado4.
É importante ressaltar que existe uma combinação dos fenômenos biológicos e ambientais no aprendizado da linguagem escrita, envolvendo a integridade motora, sensório-perceptual e a socioemocional. Além disso, o domínio da linguagem e a capacidade de simbolização também são princípios importantes no desenvolvimento do aprendizado da leitura e da escrita5,6.
Observou-se que a dislexia, por ser uma alteração específica de leitura e de escrita, requer estudos mais aprofundados, por se tratar de um tema complexo. O aprendizado da leitura e da escrita é um marco na vida das crianças, entretanto, muitas destas apresentam dificuldades neste processamento e requerem que os profissionais aprimorem-se sobre este assunto, para que a intervenção seja realizada precocemente.
Etiologia
A dislexia trata-se de um distúrbio de origem neurológica, congênito e hereditário, sendo comum apresentar-se em parentes próximos. As alterações no processamento cerebral têm sido pesquisadas pela Neuropsicologia e Neuroquímica. Estudos recentes realizados pela equipe do Dr. Fagerheim, da Noruega, descobriram que o gene DYX3 do cromossomo 2 estaria relacionado aos distúrbios de leitura e de escrita3.
Classificação da Dislexia
As classificações da dislexia são7,8:
Dislexia Disfonética ou Fonológica: caracterizada por uma dificuldade na leitura oral de palavras pouco familiares, que se encontra na conversão letra-som e é, normalmente, associada a uma disfunção do lóbulo temporal.
Dislexia Diseidética ou Superficial: caracterizada por uma dificuldade na leitura relacionada a um problema visual, cujo processo é deficiente. O leitor lê por um processo extremamente elaborado de análise e síntese fonética. Esse subtipo de dislexia está associado às disfunções do lóbulo occipital.
Dislexia Mista: caracterizada por leitores que apresentam problemas dos dois subtipos: disfonéticos e diseidéticos, os quais estão associados às disfunções dos lóbulos pré-frontal, frontal, occipital e temporal.
Manifestações Encontradas na Dislexia
Desordens no processamento fonológico da informação, decorrentes de disfunções neuro-psicológicas, estão presentes no distúrbio específico de leitura, ocasionando transtornos para execução de atividades intraneurosensoriais (atividades que exigem o uso de um processamento apenas visual ou auditivo, como em atividades de repetição de palavras e cópia), e/ou atividades interneurosensoriais (que exigem o uso de dois ou mais processamentos, como o auditivo-visual, auditivo-visual e tátil, como em atividades de leitura oral ou escrita sob ditado)9.
As primeiras manifestações das dificuldades encontradas em crianças com dislexia do desenvolvimento aparecem na decodificação fonografêmica, quando a criança precisa entender e utilizar a associação dos sinais gráficos com as sequências fonológicas das palavras no início da alfabetização10.
As crianças com distúrbio específico de leitura apresentam dificuldades na habilidade narrativa, que são detectadas, primeiramente, pelos professores em situação de sala de aula, e se manifestam quanto à capacidade de desenvolver a temática textual, manter a coerência em suas narrativas e utilizar as ligações coesivas para estabelecer conexões entre as frases que, geralmente, influenciam a contagem, a recontagem e a compreensão de estórias11.
Tendo em vista a importância do processamento fonológico e visual para aquisição da leitura e escrita e o déficit destes encontrado em crianças com dislexia, torna-se relevante entender seu funcionamento, este será descrito no capítulo a seguir.
Processamento Fonológico
Para chegar à descoberta do fonema o aprendiz necessita adquirir e desenvolver a consciência fonológica, uma competência metalinguística que possibilita o acesso consciente ao nível fonológico da fala e à manipulação cognitiva das representações neste nível, que é tanto necessária para a aprendizagem da leitura e da escrita como dela consequente12.
Para ler eficazmente a criança precisa prestar atenção a todas as letras de uma palavra, a fim de conectá-las aos sons que ouve quando esta é pronunciada, e assim, decodificá-la13,14.
A criança que começa a ler deve desenvolver a consciência fonológica para aprender o início alfabético, ou seja, a correspondência grafema-fonema. A aprendizagem das regras de correspondência grafema-fonema é considerada a habilidade básica para processar os sons das palavras15.
O termo consciência fonológica envolve várias unidades linguísticas e se refere a diferentes níveis de processamento. Podemos segmentar as sentenças em palavras ( ex: O - menino - chutou - a - bola), palavras em ataque e rima (ex: pr - ato ou v - ela) ou em sílabas (ex: pra - to ou ga - to), sílabas em fonemas (ex: /v/ - /a/ - /z/ - /o/. Além disso, há também um contínuo de complexidade de processamento, dependendo da tarefa solicitada. São exemplos de tarefas que avaliam essas competências metalinguísticas: segmentação, exclusão e adição, substituição ou inversão de sílabas ou fonemas em uma determinada palavra2.
As autoras ainda relatam que a alteração do processamento fonológico manifesta-se em diversas competências linguísticas, como dificuldade de consciência fonológica, memória fonológica, discriminação, nomeação e até mesmo na articulação de palavras. Os distúrbios de leitura e de escrita envolvem, então, um déficit no processamento fonológico, acarretando dificuldades no estabelecimento da consciência fonológica que, por usa vez, é determinante do sucesso do aprendizado da leitura escrita2.
Processamento Visual
A leitura envolve uma tarefa de processamento visual dinâmica que requer a análise e a integração de informações de padrões visuais, por meio de sequências de movimentos oculares sacádicos e de fixação, além de todas as informações que acontecem entre uma fixação e a outra seguinte2.
Intervenção e Diagnóstico
A aquisição da leitura e escrita é um código e como tal resultante da interação complexa entre as capacidades biológicas inatas e a estimulação ambiental e evolui de acordo com a progressão do desenvolvimento neuropsicomotor. Deve-se entender que, para o correto desenvolvimento da leitura e da escrita, a criança deve ter um bom desenvolvimento da linguagem oral, pois ambos estão associados.
Observa-se que as crianças com dislexia apresentam alterações no processamento fonológico, falha nas habilidades semânticas, sintática e pragmática. Em relação ao diagnóstico encontrou-se na literatura que este não é dado por um único profissional, e sim por uma equipe interdisciplinar e, consequentemente, o tratamento. As crianças no início da alfabetização, quando começam a apresentar atraso na aquisição da leitura e da escrita, muitas são rotuladas como desatentas e preguiçosas, mas é preciso que a escola e a família saibam intervir adequadamente e precocemente para que isto não gere na criança frustração e abandono escolar.
Quando a dislexia é diagnóstica e tratada precocemente, os impactos emocionais e comportamentais são evitados e a criança consegue suprir suas dificuldades e prosseguir no processo de alfabetização.
No diagnóstico devem-se utilizar procedimentos que possibilitem determinar o nível funcional da leitura, seu potencial e capacidade, a extensão da deficiência, as deficiências específicas na capacidade de leitura, a disfunção neuropsicológica, os fatores associados e as estratégias de desenvolvimento e recuperação para a melhoria do processamento neuropsicológico e para a integração das capacidades perceptivo-linguísticas. O fonoaudiólogo deve conhecer as dificuldades apresentadas pela criança no processo diagnóstico, com o objetivo de orientar-se e aos professores para o tratamento adequado, visando ao desenvolvimento de estratégias que possibilitem a melhora no uso das habilidades e funções da linguagem e no desempenho dessa criança nas tarefas escolares que exigem leitura e escrita. A partir do reconhecimento do problema, o diagnóstico fonoaudiológico deve ser realizado basicamente pela análise da linguagem nos níveis fonológico, morfológico, sintático e semântico16.
No tratamento fonoaudiológico é importante conhecer a criança, seus interesses, suas vivências, suas dificuldades, seus erros e acertos. É necessário adaptar métodos e técnicas à individualidade de cada caso, respeitando-se a personalidade do paciente e tratando-o como um todo, dentro do contexto social e familiar17.
Uma intervenção bem sucedida depende de uma avaliação criteriosa e multidisciplinar ou interdisciplinar (neurologia, otorrinolaringologia, fonoaudiologia, psicologia, psicopedagogia ou psicopedagogia clínica)18.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a realização deste estudo, verificou-se a importância de conhecer a dislexia, suas manifestações e o correto tratamento e intervenção, que são realizados pela equipe interdisciplinar, da qual faz parte o fonoaudiólogo, pelo seu conhecimento na área de linguagem oral, leitura/escrita. Encontrou-se que existe a necessidade de mais pesquisas sobre o assunto e, principalmente, que os profissionais, tanto da educação quanto da área da saúde, entendam que o processo diagnóstico e intervenção é realizado por uma equipe interdisciplinar.
Para que a criança disléxica seja atendida precocemente e que os impactos emocionais e comportamentais sejam evitados é de competência de todos conhecer os distúrbios de leitura e da escrita, lembrando-se sempre que a criança em questão, no momento, é um ser único e como tal deverá ser tratada.
REFERÊNCIAS
1. Silva EAM. 1º Caderno de projetos de pesquisa em Psicopedagogia. São Paulo:Faculdades Integradas Campos Salles;2003. Disponível em: <www.maurolaruccia.adm.br/materiais/cadernomtp.pdf>. Acesso em 18 de maio de 2008. [ Links ]
2. Santos MTM, Navas ALGP. Distúrbios de leitura e escrita. In: Santos MTM, Navas ALGP, eds. Distúrbios de leitura e escrita. São Paulo:Malone;2003. p.29. [ Links ]
3. Jardini RSR. Distúrbios de leitura e da escrita. In: Métodos das boquinhas: alfabetização e reabilitação dos distúrbios da leitura e escrita. São Paulo:Casa do Psicólogo;2003. p.36. [ Links ]
4. Ciasca AS. Distúrbios e dificuldades de aprendizagem: diagnóstico através de Bateria Lúria Nebraska para Crianças - BLN-C. In: Damasceno BP, Coutry MI, eds. Temas em Neuropsicologia e Neurolinguística. São Paulo:Tec Art;1995. [ Links ]
5. Pinheiro AMV. Dificuldades específicas de leitura: a identificação de déficits cognitivos e a abordagem do processamento de informação. Psicologia: Teoria e Pesquisa. 1995;11(2):107-15. [ Links ]
6. Mathes PG, Denton CA. The prevention and identification of reading disability. Semin Pediatr Neurol. 2002;9(3):185-91. [ Links ]
7. Ellis AW. Leitura, escrita e dislexia: uma análise cognitiva. Porto Alegre:Artes Médicas;1995. [ Links ]
8. Ciasca SM. Avaliação neuropsicológica e neuroimagem nos distúrbios de aprendizagem: leitura e escrita. In: Dislexia: cérebro, cognição e aprendizagem. São Paulo:Frontis;2000. p.127-33. [ Links ]
9. Capellini SA. Eficácia do programa de remediação fonológica em escolares com distúrbio específico de leitura e distúrbio de aprendizagem [Tese de Doutorado]. Campinas:Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas;2001. [ Links ]
10. Etchepareborda MC. Detección precoz de la dislexia y enfoque terapéutico. Rev Neurol. 2002;34(Suppl1):13-23. [ Links ]
11. Capellini SA, Salgado CA. Avaliação fonoaudiológica do distúrbio específico de leitura e distúrbio de aprendizagem: critérios diagnósticos, diagnóstico diferencial e manifestações clínicas. In: Ciasca SM, org. Distúrbio de aprendizagem: proposta de avaliação interdisciplinar. São Paulo:Casa do Psicólogo;2003. [ Links ]
12. Bowey JA, Cain MT, Ryan SM. A reading design study of phonological skills underlying fourth-grade children's word reading difficulties. Child Development. 1992;63:999-1011. [ Links ]
13. Shaywitz S. Entendendo a dislexia: um novo e completo programa para todos os níveis de leitura. Porto Alegre:Artmed;2006. [ Links ]
14. Shaywitz SE, Shaywitz BA. Dyslexia (specific reading disability). Biol Psych. 2005;57(11):1301-9. [ Links ]
15. López-Escribano C. Contributions of neuroscience to the diagnosis and educational treatment of developmental dyslexia. Rev Neurol. 2007;44(3):173-80. [ Links ]
16. Capellini SA. Distúrbios de aprendizagem versus dislexia. In: Ferreira LP, Befi-Lopes DM, Limongi SCO, eds. Tratado de fonoaudiologia. São Paulo:Roca;2004. p.862-76. [ Links ]
17. Stelling S. Dislexia. Rio de Janeiro:Revinter;1994. p.78. [ Links ]
18. Salles JF, Parente MAM, Machado SS. As dislexias de desenvolvimento: aspectos neuropsicológicos e cognitivos. Interações. 2004;9(17):109-32. [ Links ]
Correspondência:
Sther Soares Lopes da Silva
Rua Goiania, 551- Jd. das Palmeiras
Montes Claros, MG. CEP 39402-204
E-mail: stherrs@hotmail.com
Artigo recebido: 7/6/2009
Aprovado: 20/9/2009
Trabalho realizado no consultório da autora, Montes Claros, MG.