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Revista Psicopedagogia
versão impressa ISSN 0103-8486
Rev. psicopedag. vol.28 no.86 São Paulo 2011
RESENHA
Resenha: Geraldina Porto Witter
Doutora em Ciências, livre-docente em Psicologia Escolar; Professora Emérita da UFPa, do UNIPE e da UNICASTELO, Coordenadora da Extensão e do Comitê de Ética em Pesquisa da UNICASTELO e Membro da Academia Paulista de Psicologia
Resenha do livro: Rog LJ. Marvelous minilessons for teaching: intermediate writing, grades 4-6. Newark, DE: International Reading Association; 2010. 216p.
A estratégia denominada miniaula ou minilição surgiu, foi testada e utilizada nas várias áreas de conhecimento nos anos sessenta do século passado. Passou a ter um crescimento constante tanto em termos de pesquisa como em relação ao uso efetivo em sala de aula, em cursos de extensão, de curta e média duração, integrando as estratégias e tecnologias úteis aos vários níveis de ensino, não sendo apanágio de nenhum enfoque teórico específico. Entretanto, é pouco difundida no Brasil, a despeito de sua eficiência.
O livro de Lori Jamison Rog traz uma contribuição muito rica e, embora exemplifique com um curso de escrita para alunos do 4º ao 6º grau, aplica-se com adaptação rápida à formação de qualquer escritor e à parte conceitual e instrumental a qualquer matéria. A autora tem longa experiência de ensino primário intermediário e superior, sendo consultora do sistema público do Canadá e do Conselho de Leitura do qual é membro honorário vitalício. Tem vários artigos e livros publicados. Também atua como consultora no ensino privado.
A obra compreende Prefácio, nove capítulos e índice de autores e conteúdo. O Prefácio é da própria autora e nele ela apresenta a obra e destaca suas especificidades. Nos capítulos seguintes, apresenta vários planos de miniaulas de grande utilidade e que constituem modelos adaptáveis a vários assuntos.
Todos os capítulos seguem a mesma estrutura. Começam pela apresentação da relevância do tema, faz uma breve revisão das pesquisas na área, introduz a minilição e se fecha com ideias adicionais para o ensino e o pensar sobre a matéria. Como faz parte da técnica, o foco é sempre em um objetivo específico, destaca que o mais importante não é a tarefa em si, mas o que o aluno está aprendendo como escritor. É identificado o objetivo, o padrão de desempenho ou proficiência que o aluno deve alcançar para o ensino ser significativo e a avaliação. Lembra que, em cada minilição, um ou mais traços da escrita eficiente podem ser enfocados.
O esquema de cada minilição inclui: introdução, guia prático e aplicação independente. Na primeira, é apresentado o objetivo e feita uma ligação com o conhecimento anterior do aluno. No guia prático, o aluno tem base para usar a estratégia e, na aplicação independente, há solicitação para que aplique o aprendido em sua própria escrita. O professor que vai aplicar a miniaula encontra apoio em exemplos, modelos, organizadores gráficos e como usar estilo de ensino individualizado. Há espaço para o professor fazer anotações pessoais para uso posterior.
O primeiro capítulo apresenta uma perspectiva geral sobre o workshop de escrita e como adaptá-lo para outros níveis, as várias fases e respectivas durações. Inclui da ideia à editoração, passando pela produção de texto. O capítulo seguinte apresenta os quatro passos básicos para se preparar a aprendizagem e a produção da escrita: (1) escolher o gênero ou forma de texto a ser enfocado; (2) determinar os objetivos da aprendizagem; (3) planejar a sequência de objetivos; e (4) estabelecer um plano de avaliação e seus correlatos. Os seis traços básicos da escrita, conforme evidências, são: ideias, organização, voz, escolha de palavras, fluência verbal e convenções a respeitar. Para cada traço se estabelece uma estrutura de referência e se especifica um alvo de aprendizagem, isto é do que o aluno será capaz após a miniaula.
O terceiro capítulo trata da importância dos antecedentes à escrita ou pré-escrita, o que inclui o que o aluno aprendeu nos anos anteriores, seu contexto de vida, se aprendeu a fazer rascunhos e revisões práticas. Nesta área é importante verificar o que sabe e como o aluno procede para selecionar estratégias mais adequadas. São propostas atividades de avaliação para isto no que diz respeito à escrita. O que ela já sabe é o ponto de partida e deve-se ir além para que ele se desenvolva realmente.
O capítulo 4 trata da elaboração do texto, que implica no acréscimo de detalhes. Para tanto, o escritor precisa saber detectar quando é relevante incluir um detalhe específico, selecionar possíveis adendos, avaliar se realmente pode enriquecer seu texto, fazer um teste e avaliar os resultados.
O capítulo seguinte tem por foco a pesquisa e a produção de textos informativos, que são de grande importância no mundo moderno, contam com estruturas de escritas já estabelecidas e que ajudam os estudantes a organizar seu pensamento e a analisar a informação, sendo o tipo de discurso em que melhor se estabelece a relação entre estratégias de leitura e de escrita. Para a escrita de textos informativos, a sequência facilitadora indicada é a seguinte: analisar exemplos de textos quanto à forma e conteúdo; escolher um tópico e reduzi-lo (objetivos específicos); criar uma lista de possíveis questões para pesquisa; obter informações sobre o tópico; transformar as notas (lidos e pensados) em uma primeira redação (cuidar de coesão); acrescentar uma introdução e formular as conclusões; revisar a pessoa gramatical (voz), o tempo, as palavras escolhidas e a fluência das orações, checar com a política de publicação e enviar para publicar.
Seguindo o mesmo processo, o capítulo 6 para a produção de textos persuasivos ou convincentes trata de como orientar o aluno para buscar apoio em fatos, estatísticas e em argumentação anterior. Já no capítulo seguinte, a preocupação é ensinar o aluno a expressar bem suas ideias, a usar semelhanças, verbos ativos, orações bem construídas, como fazer parágrafos, extrair ou incluir palavras e frases no texto. O oitavo capítulo trata de como se preparar para provas que impliquem em escrever, ou seja, aspectos como saber resumir, usar a literatura, usar eficientemente o tempo disponível para a avaliação.
O último capítulo é dedicado aos alunos que chegam à escola ou à classe com defasagens, os diferentes, os relutantes. São alunos que requerem atenção especial e o professor precisa dispor de tempo e atividades especiais para trabalhar com eles. É preciso verificar o nível de dificuldade que ele tem, detectar quais os problemas que enfrenta, que estratégias de leitura e escrita sabe usar. É necessário um atendimento individualizado, o que pede recorrer ao ensino personalizado ou instrução programada especiais.
O livro é muito rico em sugestões e a organização das atividades propostas tornam o texto muito atraente e útil. A bibliografia inclui clássicos e textos recentes. Seria muito bom difundir mais o ensino via miniaulas junto aos docentes brasileiros. Ele é muito agradável e motivador, tanto para professores, como para estudantes. Enseja muita participação ativa e, aos poucos, os próprios alunos podem usá-la em apresentações de seminários.
Correspondência:
Geraldina Porto Witter
Av. Pedroso de Moraes, 144, apto 302 - Pinheiros
São Paulo, SP, Brasil
CEP 05420-000
E- mail: gwitter@uol.com.br
Artigo recebido: 5/6/2011
Aprovado: 12/6/2011
Resenha realizada na Universidade Camilo Castelo Branco - UNICASTELO, São Paulo, SP, Brasil.