EDITORIAL

A Associação Brasileira de Psicopedagogia tem o prazer de publicar a 90ª edição da revista Psicopedagogia, oferecendo aos seus leitores artigos de excelência, de autoria de alguns dos mais importantes pesquisadores e estudiosos da atualidade.

Abrem esta edição cinco interessantes artigos de pesquisa. O primeiro deles, "Desempenho de escolares com e sem transtorno de aprendizagem em leitura, escrita, consciência fonológica, velocidade de processamento e memória de trabalho fonológica", de autoria de Cláudia da Silva e Simone Aparecida Capellini, revela que escolares com transtorno de aprendizagem apresentam desempenho inferior àqueles sem tais dificuldades nas habilidades de leitura, escrita, velocidade de processamento e memória de trabalho fonológica, apontando para uma limitação no desempenho linguístico desses alunos, principalmente nos aspectos que envolvem o processamento auditivo e visual da informação, bem como o acesso à mesma.

Dando seguimento, temos uma outra pesquisa de Márcia Cristina Araújo Lustosa Silva, Valmira Maria de Amariz Coelho Cruz e Frederico Fonseca da Silva, "A aprendizagem significativa uma interface com protagonismo juvenil: uma perspectiva socioafetiva", onde se confirma a diminuição da repetência e evasão escolar com a melhoria da aprendizagem, numa abordagem socioafetiva, fato que comprova a importância que a afetividade e o protagonismo exercem na construção do desenvolvimento cognitivo.

"Identificação do desempenho acadêmico e comportamental de crianças com dificuldade de aprendizagem para participação em um programa de consultoria" é o artigo original apresentado por Andréa Carla Machado e Maria Amélia Almeida. Esse artigo, com certeza, será de grande interesse aos leitores, pela sua atualidade. As autoras enfatizam a relação entre desempenho acadêmico e problemas de comportamento, bem como a importância desses aspectos serem levantados pelos professores no contexto escolar, com auxílio de instrumentos de fácil aplicação e análise e, a partir dos levantamentos operacionalizados por esses instrumentos, formular programas de intervenção que venham atingir e contribuir para o desenvolvimento de alunos com queixas de dificuldade de aprendizagem.

Em "O lugar do sujeito na educação infantil: uma análise na perspectiva da psicologia histórico-cultural", Ederson de Faria e Vera Lúcia Trevisan de Souza nos apresentam os resultados de uma pesquisa cujo objetivo consistiu em investigar os espaços e meios planejados e/ou dedicados à expressão da criança pequena, em creches que atendem a faixa etária de 0 a 4 anos.

Prosseguimos com o trabalho de Maria de Lourdes Bersogli Paula e Francisco B. Assumpção Jr., "Delinquência juvenil e família", no qual os autores concluem que se pode aventar a hipótese de continuidade transgeracional das condutas, em função não só dos modelos parentais, mas também da dinâmica familiar que, provavelmente, se estrutura ao redor dessas condutas.

"A aquisição da linguagem por meio das interações promovidas pelo cuidador em classe de berçário" é outro artigo de pesquisa, enviado por Cristina Ribas Teixeira e Adriana Dickel, que investigou as mediações vivenciadas na escola de educação infantil pelas crianças por intermédio do adulto e suas representações por meio da palavra, ou seja, como as representações se materializam pela palavra.

Outro importante artigo deste número da revista Psicopedagogia é "Ensino superior e Psicopedagogia: a busca por uma graduação alinhada com a contemporaneidade", de Beatriz Judith Lima Scoz e Maristela Corralero Rosa Ito, que discute como o curso de graduação em Psicopedagogia se relaciona ao perfil das profissões contemporâneas. Para tanto, são apresentadas neste artigo algumas considerações acerca do ensino superior e são pontuadas questões quanto ao perfil do profissional da Psicopedagogia.

Um artigo de revisão muito interessante "Deficiência intelectual: doze anos de publicações na base SciELO" é o trabalho que nos apresentam Queila Guise Milian, Rauni Jandé Roama Alves, Solange Muglia Wechsler e Tatiana de Cássia Nakano. Os autores destacam que é necessário compreender a deficiência intelectual como um campo multidimensional, um quadro complexo e que exige atenção. Identificaram a existência de muitas pesquisas de qualidade que vêm sendo realizadas sobre a temática, mas ressaltam que são necessários outros estudos com enfoque em investigações etiológicas, epidemiológicas e de avaliação diagnóstica.

A presente edição é encerrada com uma resenha, escrita e enviada por Maria Elisa de Mattos Pires Ferreira, referente ao livro "Atuação em Psicopedagogia Institucional: brincar, criar e aprender em diferentes idades", organizado por Maria Célia Rabello Malta, publicado em 2012.

Com o convite à leitura, finalizamos mais esta edição.

Irene Maluf
Editora