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Revista Psicopedagogia

versão impressa ISSN 0103-8486

Resumo

VERCELLINO, Soledad; HEUVEL, Romina Van den  e  GUERREIRO, Mariana. Deslocamentos teóricos da noção da "relação com o saber" e suas possibilidades para a análise psicopedagógica das aprendizagens escolares. Rev. psicopedag. [online]. 2014, vol.31, n.96, pp.275-288. ISSN 0103-8486.

Neste artigo, temos descrito distintas deslocações que se têm suscitado com a noção de relação com o saber ao seu uso efetivo em trabalho de pesquisa empírica e teórica de diferentes áreas disciplinares. Existem na comunidade acadêmica internacional, muitas iniciativas que tentam abordar, desde diferentes disciplinas, alguns problemas da transmissão de saberes e de sua apropriação, usando o poder heurístico da noção de "relação com o saber". Essas iniciativas incluem estudos teóricos e empíricos que aludem à relação com o saber dos sujeitos escolares das disciplinas escolares: docentes e alunos que se matriculam principalmente em duas grandes escolas: a psicanalítica do Centre de Recherche Education et Formation (CREF), da Universidade Paris X-Nanterre, criado por Jacky Beillerot e continuado por Nicole Mosconi e Claudine Blanchard-Laville; e a sociológica, do Grupo "Educação, socialização e coletividades locais" (ESCOL), formado no ano 1987 no Departamento de Ciências da Educação da Universidade de Paris VIII, Saint Denis, sob a direção de Bernard Charlot. Registram-se esforços por precisar teoricamente essa noção "inexata, de contornos e condição incerta". As pesquisas concordam que a relação de um sujeito com o saber constitui em dois processos vitais, um primário vinculado às primeiras relações que a criança desenvolve no âmbito familiar, que imprime certas características a tal relação; são marcas - mais ou menos facilitadoras - que os processos de subjetivação deixam na forma em que o sujeito se relaciona com o saber. E um processo secundário, vinculado ao trânsito por instituições exogâmicas - as do sistema educativo, as da inserção laboral - que com os seus próprios reservatórios de significados, lógicas de funcionamento e demandas para o sujeito, pareceriam ser oportunidade ou ocasião para comover, modificar ou fortalecer essa relação. As pesquisas diferem nas dimensões de análise nas que enfatizarão: os estudos que fazem parte da ESCOL o farão nos sentidos que os sujeitos constróem em torno do saber, a sua relação com eles mesmo, e por extensão, com a escola, em geral. Os estudos fazem parte dos múltiplos desenvolvimentos do CREF, enquanto isso darão prioridade a certos fenômenos de ordem inconsciente: fenômenos de transferência, fantasmagóricos e até pulsionais. O que é evidente é, em suma, a persistência de uma problemática teórico-epistemológica: essa é a maneira como o sujeito é conceituado, o saber e a relação que o sintagma estabelece entre os dois.

Palavras-chave : Conhecimento; Aprendizagem; Psicopedagogia.

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