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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.55 no.1 São Paulo jan./mar. 2021

 

REFLEXÕES TEÓRICO-CLÍNICAS

 

Recordar, repetir e criar na clínica psicanalítica: do lero-lero à pancada de arrepio1

 

Remember, repeat and create in the psychoanalytic clinic: from "lero-lero" to strong emotion

 

Recordar, repetir y crear en la clínica psicanalítica: del lero-lero al golpe de escalofrío

 

Rappeler, répéter et créer dans la clinique psychanalytique : du blablabla àu coup de frisson

 

 

Edival Antonio Lessnau Perrini

Membro efetivo e analista didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP) e membro fundador e efetivo com função didática do Grupo Psicanalítico de Curitiba (GPC). Curitiba / edivalperrini@gmail.com

 

 


RESUMO

O objetivo deste trabalho é propor reflexões, baseadas na teoria, na experiência clínica e na arte, sobre as profundas alterações que a técnica psicanalítica vem sofrendo, principalmente a partir da teoria das transformações, de Bion. Ampliada a regra fundamental de Freud, a experiência emocional ganha destaque na apreensão da dupla psicanalítica e mobiliza a necessidade de se aproximar do criar como fator essencial na construção de uma linguagem que coloque analista e analisando em comunhão. A linguagem de emoção passa a ser produto dessa criação e responde, quando exitosa, a questões práticas que nos desafiam em toda sessão analítica: O que falar? Para que falar? Quando falar? Como falar?

Palavras-chave: técnica psicanalítica, teoria das transformações, experiência emocional, criar, linguagem de emoção


ABSTRACT

The purpose of this work is to propose reflections, based on theory, clinical experience and art, on the profound changes that the psychoanalytic technique has been suffering, mainly, from the "Theory of Transformations", by Bion. Having broadened "Freud's fundamental rule", the emotional experience is highlighted in the psychoanalytic concern and mobilizes the need to approach creation as an essential factor in the construction of a language that brings analyst and analyzing together. The "language of emotion" becomes the product of this creation and responds, when successful, to the practical issues that challenge us throughout the analytical session: what to say? what to talk about? when to speak ?, how to speak?...

Keywords: psychoanalytic technique, theory of transformations, emotional experience, create, language of emotion


RESUMEN

El objetivo de este trabajo es proponer reflexiones, basadas en la teoría, en la experiencia clínica y en el arte, sobre las profundas alteraciones que la técnica psicoanalítica viene sufriendo, principalmente, a partir de la "Teoría de las Transformaciones", de Bion. Ampliada la "regla fundamental" de Freud, la experiencia emocional se destaca en la aprehensión del doble psicoanalítico y moviliza la necesidad de acercarse al crear como factor esencial en la construcción de un lenguaje que coloque analista y analizando en comunión. El "lenguaje de emoción" pasa a ser producto de esa creación y responde, cuando es exitoso, a cuestiones prácticas que nos desafían en toda la sesión analítica: ¿qué hablar ?, para qué hablar?, ¿cuándo hablar ?, ¿cómo hablar?...

Palabras clave: técnica psicoanalítica, teoría de las transformaciones, experiencia emocional, creación, lenguaje de emoción


RÉSUMÉ

I objectif de ce travail est de proposer des réflexions basées sur la théorie, l'expérience clinique et l'art, concernant les profonds changements que la technique psychanalytique subit récemment, principalement depuis la «Théorie des Transformations» de Bion. En élargissant la «règle fondamentale» de Freud, l'expérience émotionnelle prend de l'importance dans l'appréhension du duo psychanalytique et mobilise la nécessité de s'approcher de la création en tant que facteur essentiel dans la construction d'un langage qui met l'analyste et l'analysant en communion. Le «langage de l'émotion» devient un produit de cette création et répond, en cas de succès, aux questions pratiques qui nous défient en toute session analytique : de quoi parler ? Pourquoi parler ? quand parler ? Comment parler ? ...

Mots-clés: technique psychanalytique, théorie des transformations, expérience émotionnelle, créer, langage d'émotions


 

 

Não me parece desnecessário lembrar continuamente, àqueles que estudam psicanálise, as profundas alterações que a técnica psicanalítica sofreu desde o início.

SIGMUND FREUD

Proponho que a linguagem empregada pelo analista para alcançar tais pacientes seja o que denomino por "linguagem de emoção", o analista tornando-se a emoção, linguagem própria das transformações em O.

CELIA FIX KORBIVCHER

Arrepio, arrepio,
arrepio de pancada.
Pancada, pancada,
pancada de arrepio.

CARLINHOS BROWN, "Arrepio"

 

Da elaboração à criação

Substituir a palavra elaborar por criar, com base no texto de Freud "Recordar, repetir e elaborar" (1914/2011), não é simples. Exige que estejamos atentos e em sintonia com as alterações técnicas e epistemológicas que vieram a fazer parte da psicanálise, principalmente as contribuições de Bion, a partir de 1965.

A ideia de Freud de elaboração psíquica é amplamente utilizada por ele e aponta para o trabalho que o aparelho psíquico faz com o fim de impedir que estímulos se transformem em sintomas. Em "Recordar, repetir e elaborar", está relacionada à condição inconsciente do analisando de "integrar uma interpretação e superar as resistências que ela desperta" (Roudinesco & Plon, 1998, p. 174). Freud conclui o texto dando especial ênfase a essa compreensão:

Na prática, essa elaboração das resistências pode se tornar uma tarefa penosa para o analisando e uma prova de paciência para o médico. Mas é parte do trabalho que tem o maior efeito modificador sobre o paciente, e que distingue o tratamento psi-canalítico de toda influência por sugestão. Teoricamente pode-se compará-la com a "ab-reação" dos montantes de afeto retidos pela repressão, [ab-reação] sem a qual o tratamento hipnótico permanecia ineficaz. (1914/2011, p. 209)

De elaborar para criar há um salto que não cabe no compreender, e nos remete invariavelmente para uma experiência emocional profunda, intensa e vivida a dois.

Freud inicia o texto de 1914 alertando para as mudanças inerentes à psicanálise: ela é um organismo vivo que se movimenta para se vitalizar e revigorar as pessoas que nela estão envolvidas. Estar sujeita a profundas alterações faz parte de sua natureza e se impõe pela necessidade de alcançar técnicas que nos aproximem da mente primitiva, onde se alojam os fenômenos psicóticos. A primeira epígrafe deste trabalho sublinha e dá ênfase a essa questão.

As contribuições seguintes de Freud, Melanie Klein, Winnicott e Bion foram promovendo desenvolvimentos essenciais na técnica, possibilitando um acesso cada vez mais amplo a pessoas cujas áreas mentais estavam, inicialmente, inacessíveis. Melanie Klein desenvolveu recursos técnicos e fez profundas alterações teóricas a partir do seu brincar com as crianças, o que a colocou diante de comunicações que iam além das palavras. Winnicott e Bion ampliaram ainda mais tais recursos e permitiram o acesso a áreas menos desenvolvidas do que a mente primitiva, áreas de vida não vivida (Ogden, 2016; Winnicott, 1974/1994), onde se instalam regiões de sofrimento, de autismo e de terror (Bick, 1967/1991; Bion, 1962/1988; Korbivcher, 2008; Meltzer, 1975/1986; Tustin, 1986/1990).

A evolução histórica e as necessidades técnicas que levaram a esses desenvolvimentos exigiriam um trabalho específico, que escapa do objetivo principal deste artigo.

Com o advento da teoria das transformações (Bion, 1965/2004b), acontece uma revolução estrutural na psicanálise. A regra fundamental - a associação livre de ideias e a atenção flutuante -, ferramenta básica da técnica freudiana, é ampliada de modo essencialmente diferente.

A comunicação pré-verbal passa para o centro do campo psicanalítico; a linguagem simbólica deixa de ser fundamental como expressão a nos aproximar do material reprimido; o modelo de mente multidimensional ocupa um espaço geométrico, e não mais linear: agora temos uma mente que se expande; e o destaque técnico é a busca por uma comunicação que coloque analista e analisando em fina sintonia, em comunhão, para apreender experiências emocionais comuns: busca-se uma linguagem de emoção (Korbivcher, 2017), que é a linguagem própria das transformações em O - a segunda epígrafe ressalta esse fato.

Recordar e repetir, nesse contexto, são vias que podem seduzir o analista e impedi-lo de mergulhar no proposto por Bion (1970/2007) de estar sem memória, sem desejo e sem compreensão. A concepção epistemológica é outra, mas a atitude que obstrui a elaboração para Freud impede também a criação de uma linguagem exitosa para Bion. Recordar e repetir funcionam aqui como um refúgio para o analista, a fim de manter a mente saturada de elementos conhecidos e, portanto, impedida de estar à disposição da criação. Além da tarefa penosa para o analisando e da paciência do analista, lembradas por Freud, Bion sugere que o analista desenvolva fé. Com ela, a dupla psicanalítica poderá deixar emergir o que verdadeiramente se passa naquele momento da relação analítica.

O objeto psicanalítico passa a ser a dupla que se relaciona horizontalmente, em intimidade, assimetria e fertilidade, e o acesso ao mental se faz pela via intersubjetiva.

O trabalho mental que está presente no verbo elaborar, e que nomina o texto de Freud, cede lugar, diante da nova proposta epistemológica, para outro, que contempla esse encontro da dupla analítica e toda a gama de mudanças trazidas. A linguagem de emoção é o criar de uma linguagem nova.

A etimologia de criar atesta e dá consistência ao novo fenômeno: além de significar "dar existência, gerar, ou formar uma nova maneira de comunicação, a sua raiz latina con-creare, ao significar criar ao mesmo tempo ou criar junto" (Cunha, 1982, p. 227), traz a presença do par analítico para a etimologia da palavra, que expressa o ato criativo.

O próprio Freud, em Esboço de psicanálise (1940/1969b), ao sugerir ser mais adequado nominar a fase de latência de fase genital, destaca que não há latência quando se vive o preparo para conviver com o outro. Desenvolver uma valência genital aponta para a aurora de uma fertilidade inevitável e ameaçadora e, na vivência psicanalítica, vamos conviver com as tempestades do encontro com o outro e com a possibilidade ou não do acolhimento dessa fertilidade em nós, analistas, e na dupla psicanalítica.

Criar é, portanto, a consequência real de haver um casal fértil.

Se algo não existe sozinho, e pede companhia, temos um par. Se há fertilidade nas partes desse par, temos um casal. E só o casal tem a possibilidade misteriosa de inaugurar na mente, e concretizar na vida, um terceiro. É o segredo da trindade: pais, um filho e o milagre do espírito. A alma nasce do par que pode se transformar em casal.

Em psicanálise qualquer O que não seja comum tanto ao analista como ao analisando, e portanto não esteja disponível para ser transformado por ambos, pode ser ignorado como irrelevante para a psicanálise. Qualquer O que não seja comum para ambos é impróprio para a investigação psicanalítica; toda a aparência em contrário depende de um insucesso em compreender a natureza da interpretação psicanalítica. (Bion, 1965/2004b, p. 64)

O modelo de Carlinhos Brown, em "Arrepio" (Monte, 1996), ganha força de caricatura na medida em que transporta, de forma sutil e expressiva, a comunicação para a música, forma não verbal, retirando a força da transmissão através da letra. Todo o conteúdo intelectual fica restrito ao lero-lero. Não se trata de criticar o que se fala na sessão analítica, afinal nem tudo é lero-lero, mas o caricato tira o foco da questão simbólica que a palavra contém e o desloca para outro fenômeno da comunicação.

Da mesma forma, e em sintonia com igual fenômeno, Guimarães Rosa, no conto "Partida do audaz navegante", diz: "Na manhã de um dia em que brumava e chuviscava, parecia não acontecer coisa nenhuma" (1985, p. 104). Onde parece não acontecer coisa nenhuma é que o audaz navegante sente o arrepio inusitado, emoção que nos toca, e quando toca, reverbera de forma contundente: pancada de arrepio.

 

A criação na arte e na psicanálise

Criar em psicanálise é encontrar uma forma de dizer que seja capaz de comunicar uma experiência emocional vivida com o outro.

Se a preocupação com a comunicação criativa é inerente à psicanálise, e se a história da interpretação psicanalítica se confunde com a própria história da psicanálise, as mudanças técnicas advindas com a experiência emocional a partir das contribuições de Bion (1962/1980, 1963/2004a, 1965/2004b) trazem o problema, de forma definitiva, para o centro de nossa atenção: O que falar? Para que falar? Quando falar? Como falar?...

Bion esteve às voltas com essas questões nos dois momentos de suas construções teóricas mais importantes. Na teoria do pensar (1962/1980, 1963/2004a), os conceitos de trabalho de sonho alfa e de intuição psicanaliticamente treinada surgem para que o analista possa, com base na reverie, organizar o que dizer, partindo da experiência emocional sonhada pela dupla analítica e que depois desemboca no sonho-a-dois, campo do terceiro analítico intersubjetivo inconsciente (Ogden, 1994/1996; Perrini, 2017b). "Em análise, a coisa mais importante não é aquilo que o analista pode fazer; deve haver algo que a dupla possa fazer, onde a unidade biológica é dois e não um" (Bion, 1992, p. 63).

Com a teoria das transformações (1965/2004b) surge a linguagem de êxito, uma linguagem de emoção que busca gerar um estado de comunhão entre analista e analisando, aproximando-os da possibilidade de sentir algo que se está vivendo junto, como se ali houvesse uma só mente.

O campo onde se desenvolvem essas ideias engloba, por um lado, o quê, o para quê, o quando e o como dizer ao analisando, e, por outro lado, a questão de como o analista vive e permite construir dentro de si as transformações que lhe possibilitarão, "na manhã de um dia em que brumava e chuviscava, e parecia não acontecer coisa nenhuma", favorecer o emergir de uma linguagem de emoção capaz de os aproximar verdadeiramente.

Ampliado, o campo contempla pelo menos três elementos estruturais:

• A comunicação pela arte (música, literatura, poesia, cinema, artes plásticas) revigora a psicanálise, a partir da criação.

• A criação amplia a qualidade de viver a vida e de viver a psicanálise pela energia que esse encontro promove.

• Não há criação que não busque a realização estética.

A proposta técnica de Bion (1970/2007) de que se trabalhe sem memória, sem desejo e sem explicações, ao criar a perspectiva de buscar uma mente permanentemente insaturada, confirma o parentesco estrutural entre

Edival Antonio Lessnau Perrini criação e interpretação psicanalítica. São inúmeras as contribuições de poetas que chamam a atenção para a essência da criação relacionada a essa postura. Distraídos venceremos (1987), livro de Paulo Leminski, anuncia isso no próprio título. "Desaprender 8 horas por dia ensina os princípios", verso de Manoel de Barros (1993, p. 11), o confirma.

É interessante notar que algumas contribuições que apontam para esse fenômeno são muito antigas.

Impressionou-me descobrir o poeta chinês Yang Wanli, que viveu entre 1127 e 1206. O poema transcrito a seguir sintetiza essa experiência:

Caso você me diga que o poema está no texto,

te responderei que um bom poeta pode jogar fora o texto.

Caso me diga que o poema está no significado,

te direi que um bom poeta pode abandonar o significado.

Entretanto, se você me perguntar:

sem texto, sem significado, existe um poema ali?

Eu te direi: sem texto e sem significado, e, todavia, o poema é.

(Wanli, 2011, p. 1)

Ferreira Gullar, poeta e pensador da arte e da criação, tem contribuições igualmente facilitadoras para que se adentre nesse universo e se amplie o olhar criador que contém as ideias de Bion:

• "A arte existe porque a vida não basta" (Trigo, 2010).

• "A poesia não revela a realidade, a poesia a inventa" (Rahe, 2015).

• "A poesia nasce do espanto" (Rahe, 2015).

O modelo de mente trazido pela teoria das transformações tem aspectos sintônicos com o pensamento do poeta: em vez de uma mente que se desenvolve, como um organismo uno que cresce, há uma mente plural que se expande. A mente assim concebida apresenta uma natureza particular: é multidimensional - a arte existe porque a vida (singular) não basta.

A apreensão de uma mente que se apresenta com muitas dimensões permite e nos leva a experiências com as quais precisamos sempre inventar novas realidades emocionais, que estão presentes, mas não oferecem nenhum tipo de acesso. Carecem ser surpreendidas. A criação não revela a realidade, a criação a inventa. Do contrário, essas realidades mantêm-se inacessíveis, su-perprotegidas por sentimentos terroríficos, um mundo mental constituído de enigmáticos e assustadores universos paralelos.

A ideia de universos paralelos é didática para apreendermos o modelo de mente multidimensional, bem como para nos aproximarmos de outro conceito essencial de Bion (1977/1981), a cesura, reveladora da angústia e do terror que se experimenta ao transitar por essas vivências.

Trabalhar na cesura, portanto, passa a ser uma condição técnica essencial para Bion, capaz de fazer emergir energia vital de uma área que, não explorada psicanaliticamente, apenas rouba a vida, nos desvitaliza.

O texto a seguir ilustra o modelo dos universos paralelos retirado da literatura:

Descobrir outro mundo não é apenas um fato imaginário. Pode acontecer aos homens. Aos animais também. Por vezes, as fronteiras resvalam ou interpenetram-se: basta estar presente nesse momento. Vi o fato acontecer a um corvo. Esse corvo é meu vizinho: nunca lhe fiz mal algum, mas ele tem o cuidado de se conservar no cimo das árvores, de voar alto e de evitar a humanidade. O seu mundo principia onde a minha vista acaba. Ora, uma manhã, os nossos campos estavam mergulhados num nevoeiro extraordinariamente espesso, e eu me dirigia às apalpadelas para a estação. Bruscamente, à altura dos meus olhos surgiram duas asas negras, imensas, precedidas por um bico gigantesco, e tudo isso passou como um raio, soltando um grito de terror tal que eu faço votos para que nunca mais ouça coisa semelhante. Esse grito perseguiu-me durante toda a tarde. Cheguei a consultar o espelho, perguntando a mim próprio o que teria eu de tão revoltante... Acabei por perceber. A fronteira entre os nossos dois mundos resvalara devido ao nevoeiro. Aquele corvo, que supunha voar à altitude habitual, vira de súbito um espetáculo espantoso, contrário para ele às leis da natureza. Vira um homem caminhar no espaço, bem no centro do mundo dos corvos. Deparara com a manifestação de estranheza mais completa que um corvo pode conceber: um homem voador! (Pauwels & Bergier, 1968, p. 20)

O texto de Pauwels e Bergier redimensiona e amplifica a noção clara e desafiadora de que é do espanto (pancada de arrepio) que emerge a essência do que pode ser comunicado e apreendido, e que será realizado como fenômeno mental a partir de alguma coisa que está sendo fortemente vivida. A criação nasce do espanto.

 

Estética, poiesis e sublime

Tocado por um espanto ou recebendo uma pancada de arrepio, o que faço com isso numa sessão analítica?

A busca de uma linguagem que dê conta da situação vivida, e ainda comunique ao analisando o que a dupla experimenta emocionalmente, deságua

Edival Antonio Lessnau Perrini no fenômeno do criar na sessão, objetivo deste trabalho e de outros recentemente apresentados (Perrini, 2017a, 2017b, 2017c, 2017d).

O fenômeno criativo, na sessão analítica, pede que delimitemos os três campos que o contêm e auxiliam a expressá-lo de forma nítida e vivencial: a estética, a poiesis e o sublime.

A estética funciona como veículo comunicador de emoções.

Freud apoiou a construção do pensamento analítico em elementos estéticos. Daí suas inúmeras referências a Goethe, Safo, Shakespeare, Sófocles. Daí seu interesse apaixonado pelo Moisés de Michelangelo. Daí sua perspicaz observação, comunicada em carta a Fliess, de como os que assistem à peça Édipo rei "captam uma compulsão que toda pessoa reconhece porque sente presente dentro de si mesma" (1969a, p. 316).

A etimologia da palavra estética está claramente vinculada a "sensação" e "percepção", a partir do grego aisthesía, que a origina (Cunha, 1982, p. 330). "Estética, portanto, tem a ver com capacidade de estesia, que equivale a não estar anestesiado às sensações e percepções" (Perrini, 2017b, p. 145).

A experiência estética em psicanálise oportuniza que a vivência emocional possa ser expressa e apreendida (se não estivermos anestesiados) de forma contundente pelo par analítico. Ela facilita que se viva a experiência emocional que coloca analista e analisando em comunhão, e permite que o analista saia do papel de intérprete e contracene com seu analisando (Cassorla, 2009; Perrini, 2017c). Desse modo, o que comunicamos passa a ter seu alvo no ser, e não no conhecer. Mostramos algo que seja, e não que explique o que está acontecendo.

A experiência emocional não precisa ser estética, mas a experiência estética pode gerar intensa experiência emocional. Essa possibilidade depende da personalidade do analista e do analisando, do vínculo construído entre eles, e da condição de a dupla conter a intimidade fertilizadora da experiência analítica intersubjetiva. E a experiência estética pode fortificar o vínculo pela possibilidade de permitir que surjam, na relação, o bom e o belo. (Perrini, 2017b, p. 146)

Gerada pelo espanto, a estética se manifesta primeiramente como um ato que nos toca (pancada de arrepio) e que sonhamos (reverie) para transformar em linguagem de emoção. Muitas vezes, ela surge como um ato de emoção, um acting out que só depois de atuado podemos observar se faz algum sentido com o que estamos vivendo. A surpresa é que o ato de emoção pode dizer o que estava muito difícil de ser expresso pela palavra.

Acredito que, quando Bion fala da intuição psicanaliticamente treinada, ele está se referindo a essa condição que conseguimos desenvolver depois de muitos anos de análise e supervisão pessoal, e de exercer a função de analistas clínicos e supervisores.

Outra forma de expressar esse fenômeno é pensarmos na ação concomitante de um pensamento, do qual temos consciência, e de um não pensamento, que funciona autonomamente, oriundo de áreas inconscientes. A estética tem uma relação direta com a ação desse binômio:

A revolução silenciosa denominada estética abre espaço para a elaboração de uma ideia de pensamento e de uma ideia correspondente de escrita. Essa ideia de pensamento repousa sobre uma afirmação fundamental: existe pensamento que não pensa, pensamento operando não apenas no elemento estranho do não pensamento, mas na própria forma do não pensamento. Inversamente existe não pensamento que habita o pensamento e lhe dá uma potência específica. Esse não pensamento não é só uma forma de ausência de pensamento, é uma presença eficaz de seu oposto. (Rancière, 2009, p. 33)

A busca de uma experiência estética em psicanálise é o caminho da espera, da possibilidade de aguardarmos o que seja realmente novo e de acolhermos o ímpeto de sua experiência emocional. A busca de uma experiência estética é trazermos para a sala de análise a revolução da incerteza.

Poiesis é o radical grego de onde emanam as palavras poesia e poema, e que significa "criação".

A arte (música, literatura, poesia, cinema, artes plásticas) não está na forma nem no conteúdo, mas na possibilidade de levar consigo a alma da criação: a poiesis. O mesmo ocorre com a interpretação analítica estética: ela carrega a força da poiesis, ela comunica a força de uma experiência emocional compartilhada que toca a dupla analítica.

Temos então um movimento na sessão, que pode nos levar de O<->K, e outro que poderia ser de O<->Kp, sendo que Kp é um K fecundado pelo estado de poiesis, pelo movimento de criação, e que teria esta qualidade de provocar algo muito diferente do conhecer: encarnar, no dizer de Freud ainda sobre Édipo rei, esta compulsão que toda pessoa reconhece porque sente sua presença dentro de si mesma. Kp é colocar palavras na experiência emocional, e está muito mais no campo da intuição, do sonho, do mito, da estética do que no campo sensorial das coisas lógicas, racionais e que rapidamente se saturam. A intuição psicanaliticamente treinada ... é uma espécie de catalisador do movimento O<-> Kp. (Perrini, 2017a)

A poiesis habita a personalidade do analista sensível que usa a sua fertilidade na sala de análise sem medo de perder o controle do setting, e sabe que a sua personalidade genitaliza a dupla e que, somente assim, a psicanálise

Edival Antonio Lessnau Perrini se torna única e fértil. Terceiros passarão a existir nesse espaço potencial que Ogden (1994/1996) chamou de terceiro analítico. Sublinho o que disse antes: se algo não existe sozinho, e pede companhia, temos um par. Se há fertilidade nas partes desse par, temos um casal. E só o casal tem a possibilidade misteriosa de inaugurar na mente, e concretizar na vida, um terceiro. É o segredo da trindade: pais, um filho e o milagre do espírito. A alma nasce do par que pode se transformar em casal.

Esse é o fenômeno que permite às mães suportarem pacientemente o desenvolvimento de seus filhos, em sua fase de comunicação pré-verbal, e com eles se comunicarem em sua linguagem única, o manhês (Korbivcher, 2017). Essa é a linguagem que buscamos para ter acesso a áreas de mente primitiva de nossos analisandos.

A intimidade facilita a presença e a ação sutil e fertilizadora da poiesis.

A psicanalista inglesa Meira Likierman apresenta, no texto "Significado clínico da experiência estética" (1994), uma relação criativa entre estética e sublime. Ela retira o foco da criação relacionada com experiências ideais ou idealizadas, com a evolução das posições kleinianas e com a noção de conflito estético de Meltzer (Meltzer & Williams, 1988/1995), e traz para o centro da questão criativa o sublime.

Sublime, para Likierman, é um estado mental que vivencia, ainda no estado primitivo da mente, algo essencialmente bom e que permanece como fonte de experiências estéticas - algo que nos permite tocar e ser tocados pela emoção do contato com o outro ou por produções artísticas. O sublime abrenos caminho para a apreensão do belo. Entendo por belo "o que excita a admiração por sua grandeza, boa proporção e harmonia das partes"; belo, portanto, é diferente de bonito, que "é o que agrada a vista" (Nascentes, 1981, p. 126). Essa discriminação é essencial porque põe o belo num nível de apreensão emocional (excita a admiração), em contrapartida com o bonito, que permanece como um estímulo sensorial (agrada a vista).

Umberto Eco expressa de forma muito clara a dimensão do belo ao organizar os livros História da feiura (2007) e História da beleza (2010). Neles estão condensadas diferentes obras de arte, feias e bonitas, mas sempre belas. Em História da feiura, inclusive, há o registro da exclamação do primeiro editor estrangeiro do livro: "Como é bela a feiura!" (Eco, 2007, primeira orelha).

Entendo, além disso, que o sublime existe como uma preconcepção que se realiza na medida em que experiências emocionais primevas e satisfatórias vão acontecendo. Essa preconcepção para o estético permite, se realizada, que se entre em contato com o prazer autêntico ..., com a experiência emocional estética do fazer junto, com o aparecimento do belo na relação analítica. ... Da mesma forma, a experiência estética só é possível diante de um poema, de uma música, de um filme, de uma pintura, de uma obra de arte quando nos tocam profundamente: somente assim deixam de ser expressões criativas (individuais) para serem vivências estéticas experimentadas a dois. (Perrini, 2017b, p. 146)

O sublime é incompreensível como o novo. Ele só pode existir no analista e na dupla analítica se rompemos os limites da coerência lógica, temporal e teórica. O sublime é irmão do não saber.

 

Dois momentos clínicos

Todas as ideias são vazias sem a clínica. Freud sabia disso e construiu o edifício teórico e técnico da psicanálise a partir da clínica e da observação cuidadosa de como o interior humano se apresenta.

Estes dois momentos clínicos pretendem ilustrar e corporificar o criar como a alma do que, tecnicamente, vai ser importante no que o analista diz e escuta de seu analisando.

Márcia

Márcia é uma analisanda que aparenta ter bom contato comigo e eu com ela. Vem para a análise quatro vezes por semana e costuma apresentar questões de sua vida, de sua família e de sua intimidade com relativa liberdade.

Nesta sessão, traz assuntos relacionados com a sua vida profissional. Há um clima triste e muito hostil.

Mostro a tristeza e a hostilidade que ela me passa, e me lembro de outros projetos que ela dizia terem evoluído da mesma forma. Sua reação é de não concordância. Continua falando impregnada de hostilidade e tristeza.

Geralmente, quando um assinalamento não é correspondido, minha tendência é ficar calado e continuar observando o que aquela fala mobiliza em mim. Nesta sessão não consegui, e insisti mais duas ou três vezes na mesma tecla.

De repente, Márcia pula do divã e, brava e lacônica, diz: "Edival, você hoje está sendo cruel comigo! Eu vou embora, mas amanhã eu volto!"

Faltavam 20 minutos para o término da sessão. Havia muito tempo não vivia algo assim. Sentindo-me zonzo, resolvi usar o tempo que tínhamos para sonhar aquele pesadelo e ver o que podia - se é que podia - fazer com aquilo dentro de mim. Somente aí me percebi realmente cruel, menos pelo que dizia, e mais pela insistência em repetir o que, naquele momento, não cabia em Márcia.

Notei, dolorosamente, como a linguagem de emoção ou o ato de emoção, que ali estavam explicitados, podem acontecer com qualquer um da dupla analítica.

A verbalização clara de minha crueldade e a esperança escancarada naquele "amanhã eu volto" me soavam como a força integradora de nosso vínculo e a esperança de Márcia de que eu pudesse caminhar da crueldade para a criação.

Márcia voltou, conforme prometera, no dia seguinte.

Como eu estava tocado pela apreensão de que o que eu propunha conversar ainda não era possível, de que eu nem sabia mesmo se eram questões importantes, e de que antes precisávamos construir um espaço mental para que aquelas coisas pudessem fazer sentido, pude continuar sendo seu analista e ela minha analisanda.

Carlos

Carlos trabalhava comigo, em análise, havia quase cinco anos. Nosso trabalho parecia caminhar, embora sua fala fosse predominantemente ocupada por questões concretas de sua história pessoal, de seu trabalho e de seu casamento.

Quando pude lhe mostrar o quanto estávamos distantes do que realmente sentíamos, passou a chamar a minha atenção a forma como ele falava comigo. Dizia coisas que observava em mim, citava um jeito meu de falar com ele, o que, invariavelmente, me trazia à mente o mesmo pensamento: não me reconheço nisso que Carlos está dizendo.

Como esse pensamento se repetia, e as observações que Carlos fazia também se repetiam, percebi que ali havia uma comunicação que eu não estava alcançando. Não conseguia me aproximar de nada que eu pudesse dizer ou pelo que pudesse me perceber tocado. O incômodo com a repetição foi crescendo, bem como a minha angústia por me sentir preso em uma situação que não nos levava aparentemente a lugar nenhum.

Surpreendi-me, numa sessão em que o mesmo material voltou, quando me vi um "Edival invisível". Entendo o sonho diurno na sessão como uma manifestação estética, pela força com que esses sonhos nos tocam e pela forma como nos excitam a curiosidade de apreender o que comunicam.

Dizer a Carlos que ele se relacionava com um analista invisível, que ele não estava com um "Edival de verdade", foi um ato automático. Quando percebi, havia dito.

Nesse momento, ele se inquietou no divã, virou-se, olhou para mim com os olhos arregalados e disse: "Que bom que você não é invisível e que você existe. Eu não aguento mais esse meu mundo só de Carlos"

Dito isso, Carlos voltou a se deitar no divã e nada mais falou naquela sessão.

Na sequência, aquele mundo só de Carlos, com alguma frequência, passou a me incluir, e incluir também emoções que sentia com a esposa, com os colegas de trabalho, e mesmo com o filho, de quem estava - agora ele podia sofridamente dizer - a léguas de distância.

 

O momento raro da criação e o artesanato diário

A criação é um momento raro, mas fundamental na experiência de uma análise viva e vitalizadora.

A criação é rara também na possibilidade de fazer um poema, de deixar emergir uma nova música, de esculpir um Moisés ou de chegar a uma Guernica. Claro que nem toda criação é uma obra-prima, mas o que se pode enquadrar dentro do vértice artístico não ocorre todos os dias. O cotidiano é feito de lero-lero e feijão com arroz. O diário é o artesanato.

Este trabalho pretende chamar a atenção para a preciosidade do ato de criar, para a sua especificidade e para as vivências especiais que ele pode trazer.

Criar passa a ser um desafio para todos nós que vivemos psicanálise: tomar posse do instante - na sessão, na experiência de uma reunião científica, na vida.

 

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Recebido em 2/05/2019
Aceito em 19/10/2020

 

 

1 Conferência de abertura do ii Encontro de Psicanálise do Grupo de Estudos Psicanalíticos de Campinas (18 de maio de 2018, Campinas, SP). Trabalho apresentado no iii Fórum Psicanalítico do Grupo Psicanalítico de Curitiba (25 de agosto de 2018, Curitiba, PR), e em reuniões científicas do Grupo Psicanalítico de Curitiba (27 de junho de 2018) e da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (5 de outubro de 2018, São Paulo, SP).

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