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Psicologia: ciência e profissão

versão impressa ISSN 1414-9893

Psicol. cienc. prof. v.9 n.3 Brasília  1989

 

CARTAS

 

Muda o currículo: fica o preconceito

 

 

Inserido no número 1/89 da revista Psicologia, Ciência e Profissão, está o artigo da dra. Sylvia Leser de Mello intitulado "Currículo: quais mudanças ocorreram desde 1962?".

E exatamente sob o sub-tema "Pesquisa" que encontrei colocações que, embora pessoais — e a meu modo de ver, absolutamente deslocadas naquele contexto — contribuem para a disseminação de um preconceito e de desinformação sobre a pesquisa básica com animais.

Diz dra. Sylvia nesse item que "os modelos norte-americanos são causais, limitados e positivistas". Pois bem, que sejam causais e positivistas — e talvez por isto em sua opinião, limitados. Continua a articulista dizendo que "todas as pesquisas básicas foram dirigidas nesse enfoque", o que me leva a crer que era o único enfoque que se preocupou em realizar pesquisa básica (ato louvável, portanto).

No entanto, creio ter perdido algum elo no discurso, pois vem uma conclusão: "Então, não adianta pesquisar ratos que podem ser iguais em qualquer parte do mundo, pois o homem não é igual em qualquer parte."

Fiquei com a nítida sensação que a autora dizia: de nada adiantou o modelo positivista ter feito pesquisa hásica em Psicologia. Podem jogar seu conhecimento fora, ou oferecê-lo talvez à biologia dos roedores porque para a Psicologia esse conhecimento de nada serve. Os ratos podem ser iguais em qualquer parte do mundo e os homens não. Pensei: espera um pouco, estaria ela achando que nós, pesquisadores de processos básicos que se utilizam de animais, consideramos o homem e o rato iguais? Se fosse isto, ela realmente não conhece os pressupostos filosóficos e metodológicos que norteiam nosso trabalho. E, se ela não conhece, por que estaria falando disso — especialmente — num artigo que deveria — supostamente — estar falando de um aspecto (pesquisa) do currículo de psicologia? Por que não ressaltou as pesquisas com outros enfoques? Por que criticar unicamente esta área de pesquisa? Estaria ela ainda com aquele preconceito que alunos dos primeiros anos da Graduação têm porque caviram pessoas desinformadas falarem do que não conhecem? Desta forma, ela estaria sendo aquilo que contesta na frase seguinte — "o homen sendo um mero reprodutor ou repetidor" e neste caso, infelizmente, de preconceitos. O respeito pelo trabalho alheio? Esse deve ficar por conta do currículo de Psicologia onde "A ética deveria ser parte integrante do curso e não apenas uma disciplina isolada no 5º ano"

Dr. Roberto Alves Banaco;
Professor e pesquisador no
Laboratório de Psicologia Experimental
da Faculdade de Psicologia da PUC-SP

 


 

Supervisão e ideologia

 

 

Perdoe-me a liberdade de, como psiquiatra social, escrever para a revista de sua categoria profissional com a intenção de ver publicada esta minha contribuição ao tema, tão bem posto por PSICOLOGIA, este órgão sabiamente dirigido pelo Conselho Federal de Psicologia.

Entre vários assuntos relacionados com a Psicologia e a Psiquiatria sociais, separados por mim para posterior desenvolvimento, estavam, justamente, os da Formação e Supervisão em Psicoterapia. Foi deparando, no nº 89 da revista com o belo artigo de Cecília Maria B. Coimbra: "A Supervisão Institucional como Intervenção Sócio- analítica", que me animei e me apressei em retirar do fundo da gaveta, e entre vários temas em "quarentena", este, para ser estudado, escrito e, se possível, publicado.

Cecília Coimbra toca no fundamental. Prega na verdade a inteligente articulista a necessidade de uma '' supervisão - intervenção", onde, "Em momento algum, o lugar social e político no qual se encontra o supervisor é escamoteado". A visão da "luta de classes", apesar do que dizem dela (quando acusam-na de estreita e doutrinária), sempre influenciadora de todas as relações sociais, em todos os níveis e setores humanos, permanece muito pouco evidenciada e esclarecida pelas supervisões. E não podemos abrir mão dela em qualquer análise social. A supervisão que não levá-la na devida conta irá preparar psicoterapeutas que nunca se identificarão com os problemas de seus pacientes e da população, não podendo, pois, jamais ajudá-los. Não poderá o psicoterapeuta moderno deixar se perder e se afundar no inconsciente (dele, do paciente, ou de ambos), ou se centrar no "cliente" (péssimo vocábulo este, com a sua conotação financeira), deixando de lado o social e desprezando o mais importante: a falsa consciência, a alienação

Uma nova terapia não poderá também ser fria, distante afetivamente. Terá de ser ela, fundamentalmente, um ato de solidariedade humana, uma doação de amor.

Talvez julguem que estou tratando da formação ... de poetas. Sim. Estou. Contanto que sejam, também eles, lutadores. Obrigado pela atenção e acolhida.

Eros Marte
Rio de Janeiro

 


 

Estudo sobre a clientela...

 

 

"Recebi a edição nº 2/89, na qual consta o artigo de minha autoria intitulado Estudo sobre a clientela da área de Saúde Mental, em Varginha. Está sendo interessante constatar a repercussão que a publicação do referido artigo está tendo aqui. A Secretaria Municipal de Saúde e a Diretoria Regional de Saúde se mobilizaram para comprar vários exemplares, com o objetivo de divulgá-lo entre as pessoas que trabalham com saúde pública e colocá-lo à disposição dos leitores em bibliotecas da cidade e da região".

José Roberto Sales
CRP/04-2444

 


 

Diálogo em quadrinhos

 

 

''Foi muito agradável ler o artigo, O diálogo em quadrinhos, publicada na edição nº 2/89. Nele a autora faz uma referênia a Melanie Klein (1953) e gostaria de saber como adquirir este material.

Marina T. Francisco, continue publicando artigos como este, pois você estará contribuindo não só com a população que você tem contato, mas através deste tipo de informação passará para outros profissionais assim como para outras crianças que muitas nem você sabe quem são. Parabéns".

Nilmara S. Gonçalves Leite da Silva — CRP 06/15194