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Revista da SBPH
versão impressa ISSN 1516-0858
Rev. SBPH vol.17 no.1 Rio de Janeiro jun. 2014
EDITORIAL
Caro leitor,
Trabalhando com entusiasmo no enfrentamento dos desafios e muito comprometidos com a qualidade de nossa publicação, a Revista da SBPH, neste número, apresenta uma seleção de artigos cuja temática se relaciona com o campo da Saúde e que, valorizando o aspecto interdisciplinar, refletem contribuições significativas para a área, tanto de autores nacionais quanto internacionais.
O tema do adoecimento é o eixo central que articula os três primeiros artigos, sendo que o primeiro o aborda com crianças que se submeteram a cirurgias, o segundo com adolescentes com câncer e o terceiro com pacientes em cuidados paliativos. Nos três artigos seguintes, conforme detalho logo abaixo, os autores apresentam seus relatos de pesquisa no contexto das instituições de saúde a partir da investigação de temas relevantes, respectivamente: diabetes e sexualidade, vínculo e luto em UTI neonatal, câncer de colo uterino e vida conjugal. Nos dois últimos artigos, os autores apresentam suas reflexões sobre temas atuais que provocam uma discussão interdisciplinar interessante: o conceito de acolhimento em saúde e a alexitimia como constructo teórico-clínico.
No primeiro artigo "Memórias de cirurgias eletivas: o que expressam as crianças", as autoras e pesquisadoras Andrielle Novak Gonçalves (Universidade do Vale do Itajaí – SC), Fernanda Seidel Bortolotti (Universidade do Vale do Itajaí – SC), Marina Menezes (Universidade do Vale do Itajaí – SC), Camilla Volpato Broering (Universidade Federal de Santa Catarina) e Maria Aparecida Crepaldi (Universidade Federal de Santa Catarina)apresentam os resultados de pesquisa desenvolvida no estado de Santa Catarina com crianças submetidas à cirurgia que lembram com detalhes daquilo que vivenciaram e presenciaram no hospital durante o período de internação, indicando que suas memórias provavelmente retratam as condições da hospitalização e da cirurgia. Os resultados da pesquisa indicam que a atenção e o cuidado dos profissionais de saúde por meio de uma abordagem integral e humanizada da experiência de hospitalização e cirurgia tendem a minimizar os efeitos deletérios sobre a qualidade das memórias após cirurgias na infância.
O segundo tem como título "Câncer na adolescência e suas repercussões psicossociais: percepções dos pacientes" e é de autoria de Ítala Villaça Duarte (Hospital Erasto Gaertner – Curitiba) e Iolanda de Assis Galvão (Hospital Erasto Gaertner – Curitiba). Neste trabalho as autoras apresentam a percepção dos adolescentes com câncer sobre os impactos e a repercussão do processo de adoecimento, indicando que se as mudanças psicossociais que decorrem do adoecimento e do tratamento são inevitáveis, seus efeitos podem ser minimizados quando os profissionais de saúde se interessam por compreender e acompanhar as percepções e dificuldades dos adolescentes frente ao referido processo.
Nessa mesma linha, o trabalho de Bárbara Luckow Leviski (Associação Catarinense de Ensino - SC) e Fabíola Langaro (Associação Catarinense de Ensino - SC) intitulado "O Olhar Humano Sobre a Vida: A Consciência da Finitude" consiste na apresentação de narrativas de pacientes em cuidados paliativos e de seus familiares/cuidadores a respeito da experiência do adoecimento e da iminência da morte, indicando a importância, como ressaltado no título do artigo, do olhar humano das equipes de saúde na abordagem do sofrimento relativo à consciência da finitude.
O quarto trabalho é de autoria das pesquisadoras portuguesas Maria da Graça Pereira (Universidade do Minho, Braga, Portugal), Ângela Rodrigues (Universidade do Minho, Braga, Portugal), Olinda Marques (Hospital de Braga, Portugal), Goreti Lobarinhas (Associação Diabéticos do Minho, Barcelos, Portugal), Jónia Santos (Universidade do Minho, Braga, Portugal), Susana Pedras (Universidade do Minho, Braga, Portugal) e Vera Costa (Universidade do Minho, Braga, Portugal) e tem como título "Funcionamento Sexual, Controlo Metabólico e Qualidade de Vida em Pacientes com Diabetes Tipo 1 e Tipo 2". As autoras fazem o relato da pesquisa que teve como objetivo avaliar a relação entre funcionamento sexual, controle metabólico e qualidade de vida em pacientes com diabetes Tipo 1 e Tipo 2. Elas concluem que, dada a importância da influencia do funcionamento sexual no controle metabólico e na qualidade de vida, este deveria ser um dos pontos considerados pela equipe médica na abordagem clínica dos pacientes.
Em "Construção de vínculo e possibilidade de luto em Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal", Danielle Vargas Baltazar (Superintendência de Educação em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro), Rafaela Ferreira de Souza Gomes (Hospital Federal de Bonsucesso – RJ), Viviane Lajter Segal(Hospital Federal de Bonsucesso – RJ) fazem um relato de experiência profissional que torna possível a reflexão e a análise crítica sobre o trabalho desenvolvido pela equipe de psicologia em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal fortemente marcada pela urgência e pela gravidade, pela tecnologia e pela exigência de precisão nos atendimentos, ressaltando que a escuta do psicólogo pode possibilitar um trabalho de elaboração que facilita a vinculação dos pais aos seus filhos internados, o enfrentamento da hospitalização e a abertura ao trabalho de luto.
O artigo seguinte - "Mulheres tratadas de câncer do colo uterino: uma análise da questão conjugal" - de autoria de Luiziane Medeiros Schirmer (Hospital Erasto Gaertner – Curitiba), Fernanda Voigt Miranda (Hospital Erasto Gaertner – Curitiba) e Ítala Villaça Duarte (Hospital Erasto Gaertner – Curitiba), aborda a representação de conjugalidade em mulheres submetidas ao tratamento de câncer do colo uterino como um aspecto relevante a ser considerado na oferta de cuidados integrais à saúde da mulher, em função da repercussão da doença e de seu tratamento da vida conjugal das pacientes.
Em "O Acolhimento em Saúde no Brasil: uma Revisão Sistemática de literatura Sobre o Tema", os colegas da Universidade Federal de Juiz de Fora, Bruno Feital Barbosa Motta, Juliana Perucchi e Maria Stella Tavares Filgueira nos apresentam uma importante discussão a partir de uma revisão sistemática da literatura nacional acerca do acolhimento como Política Nacional de Humanização em saúde no período de 2001 a 2011.
Por fim, o Prof. Avelino Luiz Rodrigues (Universidade de São Paulo) apresenta e discute, em "Reflexões críticas sobre o constructo de alexitimia", o constructo de alexitimia, sua epistemologia e aplicações práticas, concluindo que este constructo é tão elástico quanto impreciso, ponderando sobre o modo pelo qual ele vem sendo utilizado em Psicossomática.
Desejamos ao nosso leitor uma excelente leitura!
Profa. Dra. Maria Lívia Tourinho Moretto
Editora-Chefe da Revista da SBPH