EDITORIAL

 

Número especial sobre as representações sociais

 

 

Fazer a introdução deste número da jovem e dinâmica revista da Universidade Mackenzie, consagrada à apresentação de obras empíricas inspiradas pela abordagem das representações sociais, proporciona-me uma grande satisfação, pelo panorama tão rico e aberto que oferece à pesquisa aplicada.

Se a quantidade de textos produzidos no Brasil é significativa, esse número demonstra, também, trocas estabelecidas pelos pesquisadores brasileiros com aqueles de outros países que forneceram uma contribuição (País Basco, Espanha) ou que forneceram instrumentos teóricos e empíricos (França).

Essa abertura é característica da corrente de estudos sobre as representações sociais que se desenvolveu no Brasil há mais de vinte anos, com rigorosa coordenação, mas sem subordinação, juntamente com as perspectivas adotadas em outros lugares.

Esta coletânea de textos apresenta outras qualidades. Primeiramente por ser representativa das tendências dominantes da pesquisa no campo das representações sociais, com a entonação trazida sobre o domínio da saúde, da educação e do trabalho. Diversos estados de arte ou comentários (SÁ; ARRUDA, 2000; ARRUDA, 2001, JODELET, 2004) mostraram que a teoria das representações sociais foi implementada, sobretudo e com uma multiplicidade particular, nesses três domínios, tanto por razões históricas, quanto pela adequação entre suas problemáticas próprias e os recursos de análise oferecidos pela teoria. E não somente as contribuições deste número garantem a pertinência deste encontro entre domínio e teoria, mas também ilustram os mais recentes progressos realizados no plano metodológico.

Constitui-se, então, a segunda qualidade da presente coletânea: oferecer um leque de aplicações das diversas metodologias de coletânea e de tratamento dos dados. No plano da coletânea de dados, leitores e leitoras poderão descobrir os recursos oferecidos pelas abordagens qualitativas (entrevistas, associações de palavras etc.), quantitativas (questionários) e a experimentação do terreno. No plano do tratamento dos dados, eles apreciarão aqueles que forneceram a utilização de software de análise de associações, de análise de similaridades, de análise lexical e de tratamentos estatísticos que foram elaborados especificamente pela colocação das representações sociais em evidência ou foram aplicadas com sucesso.

Um outro traço que merece reter atenção diz respeito às populações estudadas. Diferidas pelo tamanho e definidas em função das problemáticas de pesquisa, sua escolha permitiu a consideração da inscrição social dos temas e, por conseqüência, uma maior contextualização dos conteúdos das representações sociais e o estabelecimento de sua relação com práticas efetivas. Enfim, sobre a base da comparação entre grupos heterogêneos do ponto de vista de sua posição ou aplicação, ou sobre a base da observação dos grupos homogêneos com condições de suas práticas, os pesquisadores puderam colocar em evidência variações, oposições ou contradições que garantem o caráter dinâmico da constituição do funcionamento das representações sociais e abrem questionamentos estimulantes.

Sem nenhuma dúvida, leitores e leitoras encontrarão nesta coletânea de artigos temas para reflexão e fontes de inspiração para o recente progresso dos estudos das representações sociais.

Denise Jodelet

 

Bibliographie:

ARRUDA, A. Moscovici et les représentations sociales au Brésil : des idées pour lesquellesse battre. In: Buschini F. & Kalampalikis N. (eds) Penser la vie, le social, la nature. Mélangesen l’honneur de Serge Moscovici. Paris: Editions de la Maison des Sciences del’Homme, 2001. pp. 431-434.

JODELET, D. Vingt ans de la théorie des représentations sociales au Brésil. In:, Sá, C.P.; OLIVEIRA, D. C.; CAMPOS, H. (eds). Actes de la 3ème Conférence Internationale sur les Représentations Sociales. Rio de Janeiro. Goias, 2004.

SÁ, C. P.; ARRUDA, A. O estudo das representações sociais no Brasil. Revista de CiênciasHumanas. Santa Catarina: EDUFSC, 2000. pp. 11-31.