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Psicologia: teoria e prática

versão impressa ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. v.10 n.2 São Paulo dez. 2008

 

RESENHA

 

Resenha sobre o livro Grupos e Inclusão Escolar: sobre laços, amarras e nós, de Solange Aparecida Emílio

 

 

Beatriz Regina Pereira Saeta

Universidade Presbiteriana Mackenzie

 

 

A professora doutora Solange Aparecida Emílio, ao apresentar sua obra, partilha conosco inquietações, questionamentos e reflexões vividos na construção de sua vida profissional e pessoal. Momentos da formação acadêmica na busca por titulações de mestrado e doutorado trazem consigo ressignificações e formulações de conceitos e percepções sobre o vivido que perpassam os meandros constituídos por cumprimento das disciplinas, levantamento e organização de dados, fundamentais para a conclusão de um trabalho.

Esses momentos possibilitam que algumas pessoas sejam flagradas por questionamentos interiores que permitem a construção de bons trabalhos, com a reorganização interna na formulação de conceitos e na revisão de preconceitos, incômodos em momentos anteriormente vividos no cotidiano institucional, mas abafados por um fazer contínuo de tarefas a serem cumpridas.

Em seu livro, a autora, ao revelar o "cotidiano escolar pelo avesso, sobre laços, amarras e nós", instiga o público em geral a rever pensamentos, percepções e atitudes que envolvem o processo inclusão/exclusão, trazendo a instituição escolar e seus diversos componentes como peças fundamentais de análise para tal revisão.

O primeiro capítulo pontua os aspectos semânticos de palavras como grupos, agrupamentos e vínculos, e os diversos contornos colhidos por ela ao longo de sua vida profissional. A reflexão desse capítulo consubstanciado pela estrutura teórica de Pichon-Rivière, Quiroga, Winnicott e outros leva-nos a pensar sobre a necessidade de uma releitura sobre a prática da psicologia escolar institucional.

Os pressupostos apresentados sobre educação e inclusão possibilitam a abordagem de questões sobre a diferença, pois, ao retomar historicamente o caminho da política educacional no Brasil e no mundo, a autora destaca que práticas segregacionistas e excludentes, com maior ou menor intensidade, sempre estiveram presentes e que tais questões estão relacionadas à existência humana. Dessa forma, a sociedade cria movimentos permanentes em sua estrutura de inclusão/exclusão, compondo-se e contradizendo-se mutuamente. Autores como Maria Helena Patto, Mantoan, D´antino, Sekkel e outros são chamados a enriquecer o tema, criando uma teia de contrapontos de idéias.

Ao discorrer sobre "vinhetas do cotidiano escolar", a professora Solange deixa claro que a inclusão deve abordar não apenas questões maiores "do que quem está dentro ou fora e se precisa ou deve ser incluído", mas também todas as fases e seus delicados contornos e nuanças na compreensão e elaboração dessa importante construção de um processo.

O livro apresenta-se de forma política e poética, pois sensibiliza o leitor e "leva-o pela mão" a acompanhar a autora por caminhos, inicialmente difíceis, no reconhecimento de amarras, laços e nós, formulados ao longo da vida pessoal e profissional, para então percorrer uma estrada de "possibilidades reais" de desatá-los, se não todos, mas pelo menos alguns, na proposta de uma nova forma de organização humana. Trata-se de uma grande contribuição.

 

 

Referências

Obra resenhada

EMÍLIO, S. A. Grupos e inclusão escolar: sobre laços, amarras e nós. São Paulo: Paulus, 2008. 192 p.

 

 

Endereço para correspondência
Beatriz Regina Pereira Saeta
Rua da Consolação, 896, Prédio 38 / Térreo - Centro
CEP 01302-907 São Paulo, SP - Brasil
E-mail: biasaeta@mackenzie.br

Tramitação
Recebido em novembro de 2008
Aceito em novembro de 2008