Serviços Personalizados
Journal
artigo
Indicadores
Compartilhar
Revista Mal Estar e Subjetividade
versão impressa ISSN 1518-6148versão On-line ISSN 2175-3644
Rev. Mal-Estar Subj. v.2 n.1 Fortaleza mar. 2002
EDITORIAL
O mal- estar como fator de investigação transdisciplinar
Cumprimos com o nosso objetivo. Quando dizíamos, no editorial de lançamento da revista Mal-estar e Subjetividade, que a produção do nosso periódico perpassaria "os sintomas deflagrados no âmbito da instituição e do social, através do indivíduo que os constrói e que se angustia com essa mesma construção", estávamos firmando um compromisso com a comunidade acadêmica em efetuar a divulgação de textos que privilegiassem o mal-estar como fator de investigação transdisciplinar.
Quando dizemos transdisciplinar, apontamos que, entre o sujeito da linguagem e suas produções - e aqui entendemos a malha do social como uma produção da linguagem - fica deflagrado um impasse. Impasse que, a todo momento, é repensado, na medida em que ele evidencia per se as marcas do sofrimento psíquico, que o sujeito da linguagem debita em atos, equívocos e sonhos, na dimensão ética, nas ameaças do espaço político, ideológico da organização social e suas vertentes educacionais, nas dietas impostas ao prazer e ao consumo do prazer, na inquietação para a construção de aportes reflexivos e crítica de uma psicologia cultural, enfim nas inserções que o homem contemporâneo faz no sentido de se revelar um agente do nosso tempo.
Neste número, contamos com a partipação de autores regionais e estrangeiros questionando e apontando algumas saídasproblemas para o sofrimento psíquico advindo da luta pela liberação no contexto globalizado da sociedade; resultado do individualismo, solidão e desumanização, em uma visão analítica da educação na modernidade; no desafio da escuta ao outro em uma perspectiva ética social; na construção de sentido sobre o consumo do sexo em uma ótica de objeto-fetiche, deflagrado na problemática da AIDS; na construção da subjetividade pela narratividade, deflagrada nos espaços psicoterápicos; na decorrência do uso da linguagem associada aos tabus e à diversidade dialetal; finalizando com uma ampla reflexão sobre o impasse percebido na tentativa de demarcação de uma psicologia cultural, na interface com a biologia e em contraposição à inserção antropológica.
Concluímos este número apontando em duas resenhas, a aparição de duas obras interessantes sustentadoras da transversalidade do mal-estar, mediante o comentário da construção da singularidade da experiência do indivíduo, por um lado, e de outro, o comentário sobre a obra que enfoca o percurso entre a felicidade e a infelicidade, dentro da perspectiva do sofrimento em uma abordagem da terapia familiar.
Henrique Figueiredo Carneiro