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Revista Psicologia Política

versão On-line ISSN 2175-1390

Rev. psicol. polít. vol.19 no.44 São Paulo jan./abr. 2019

 

EDITORIAL

 

Contribuições de uma História Social da Ciência para a Psicologia Política

 

Contributions from a Social History of Science to Political Psychology

 

Contribuciones de una Historia Social de la Ciencia a la Psicología Política

 

Contributions d'une Histoire Sociale des Sciences à la Psychologie Politique

 

 

Aline Reis Calvo HernandezI; Frederico Viana MachadoII

IEditora. UFRGS. Brasil
IIEditor. UFRGS. Brasil

 

 

Chegamos ao número 44 da Revista Psicologia Política somando esforços para colocar as publicações em dia, aprimorar a comunicação e divulgação da revista e, sobretudo, qualificar os processos editoriais e aprimorar a qualidade dos artigos publicados. Após um trabalho de levantamento e organização dos arquivos, os primeiros números da revista, anteriores à entrada da mesma na plataforma PEPSIC, que se deu em 2007, estão disponíveis na internet. Também conseguimos tirar do ar os sites anteriores da RPP, nos quais o acesso aos artigos estava corrompido e cuja existência confundia leitores e autores. Os artigos podem ser acessados no perfil da RPP na plataforma aca-demia.edu (https://usp-br.academia.edu/RevistaPsicologiaPoHtica) e futuramente dis-ponibilizaremos atalhos na página da Associação Brasileira de Psicologia Política (https://psicologiapolitica.org.br).

Neste número apresentamos o resultado de uma parceria com as/os editoras/es convidados que, mais uma vez, abrilhantam a RPP com artigos de excelência e um processo editorial qualificado. O tema deste número é História Social da Psicologia e Política e as/os editoras/es convidados são integrantes do Grupo de Trabalho História Social da Psicologia da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP). Agradecemos imensamente Ana Maria Jacó-Vilela, Cristiana Facchinetti, Hugo Klappenbach e Elio Rodolfo Parisi pela nobre contribuição dada a este periódico.

Fazem parte deste GT alguns associados da ABPP, incluindo, membros das diretorias da associação, tais como Fernando Lacerda e Frederico Alves Costa, este último, ex-editor associado da RPP e responsável pelo convite que deu origem a este projeto.

A psicologia política, especialmente no Brasil, sempre teve forte relação com perspectivas teórico-metodológicas histórico-culturais. E mais, essa perspectiva colocou no centro dos debates da Psicologia Social e Política a importância de investigar, analisar e discutir operadores conceituais e práticos que focassem nos 'modos de vida' e nos processos culturais e históricos das sociedades. Questões que antes ficavam à margem dos estudos da área, como o conflito, a cultura, a luta de classes, os sistemas de poder, a mente social, os sujeitos históricos, ganharam foco e confrontaram com a visão reducionista e biologicista a Psicologia na época.

O materialismo dialético, atualmente tão perseguido e ameaçado pelo atual governo, é reduzido à categoria de 'ideologia marxista' e vem sendo alvo de perseguições e tentativas de eliminação nas diferentes esferas institucionais no campo da educação. O corte de investimentos nas universidades públicas e institutos federais é exemplo de precarização e, em muitos casos, de extermínio de uma política pública que na última década vem formando novas elites intelectuais e profissionais. Essas novas elites emergem dos grupos sociais que nunca tinham acessado o Ensino Superior e, dado seus 'lugares de fala' e campos de saber fazem emergir na universidade e nos mercados novas práticas e tecnologias sociais.

Não obstante, conforme os textos do presente dossiê revelam, a Psicologia Histórico-Cultural, para além de um processo teórico-analítico, se constituiu em solo latino-americano e brasileiro como lugar de intervenção psicossocial e psicopolítica, forjando e se incorporando à cultura dos grupos sociais e nas mais variadas instituições. Assim sendo, suas bases permanecem ativas, potentes e resistentes frente às adversidades governamentais impostas desde cima.

Além disso, como revela este dossiê, as origens históricas da relação entre psicologia e política são heterogêneas, interdisciplinares e descentradas. Tudo isto reforça a relevância deste número temático, a aderência dos trabalhos ao escopo da RPP e a importância da contribuição de uma história social da ciência para a psicologia política, na medida em que permite problematizar social e politicamente a produção do conhecimento científico, visibilizando relações de poder nesta produção.

Desejamos uma boa leitura!

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