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versão impressa ISSN 1519-9479
Cogito v.9 n.9 Salvador 2008
PSICANÁLISE E FILOSOFIA
Poíesis, artimanhas e clínica.
Wagner de Angeli Ferraz *
RESUMO
O autor inicia discorrendo sobre a criação, especialmente a criação poética, com abordagem filosófica, passando a considerações psicanalíticas, especialmente segundo a teoria freudiana que trata da fantasia.
Palavras-chave: Criação; Poesia; Existencialismo; Psicanálise; Filosofia.
"A vergonha de ser um homem: há melhor razão pra escrever?"
Gilles Delleuze1
Poíesis. O que vem a ser? Faz algum tempo que o processo de criação poética me intriga, e não sei datar desde quando experimento certas tensões do caos — um desconhecer (se) —, e tenho a impressão de que as variações das tensões permitem constituir um espaço de criação. Um entre-lugar onde criação e criatura forjam diferenciações, limiares de intensidades, talvez, só experimentados na arte — a experiência da criação2. Esta experiência me intriga também pelo que revela sobre mim, especialmente sobre o que desconheço a meu respeito, ao escrever este texto.
A experiência da criação poética provoca uma abertura na existência, onde a pluralidade dos processos de diferenciação permite a composição de novos valores vitais, novos modos de subjetivação — a constituição de um novo território existencial. Ou seja, a criação poética é autopoiesis, já que no território da criação se constroem criação e criatura. O que está em jogo na criação poética é a reinvenção de si mesmo, é o torna-te quem tu és, a máxima Nietzcheana. E tornar-se o que se é implica desconhecer o que vem a ser, é lidar com o sofrimento e o estranhamento próprios da existência para, então, nesse desconhecer a si mesmo, constituir-se um vir a ser.
Segundo Ivan Maia de Mello, em Nietzsche, há uma espécie de anterioridade existencial do corpo em relação ao espírito, situando-se o corpo aquém — bem no sentido de uma anterioridade primeva — dos pensamentos e sentimentos, e o espírito como uma criação do corpo. O corpo criador, com seus impulsos, instintos e desejos, em busca da potência de criação é a expressão mais pura da terra, afirmação da vida, que se eleva e se alegra pelo saber.
E quando sofre, o criador encontra na criação a redenção de seu sofrimento. Ele sabe que o sofrimento faz parte da sua vida e é necessário para que ele supere a si mesmo e encontre na criação um meio de tornar leve o que houve de pesado em sua existência. Desse modo, o criador pode criar a si mesmo, tornar-se sua própria criatura, aceitando o sofrimento inerente a esse processo assim como uma mãe ao parir seu filho. Essa é a metáfora usada por Zaratustra para descrever a condição do criador em sua autopoiesis. Diz ele: 'Se o criador quer ser ele mesmo a criatura, o recém-nascido, então, deve querer ser a parturiente e a dor da parturiente [...] Mas assim quer a minha vontade criadora, o meu destino3.
Não parece, de todo modo, uma fácil tarefa a construção do corpo criador. Ninguém possui um corpo criador, não se trata de uma propriedade, mas de uma possibilidade. No momento em que se alcança o corpo criador, já o se perde, é um eterno vir a ser. É o desafio constante de construir um território e de habitá-lo. A poiesis do poeta é a autopoiesis como forma de ser-no-mundo para inventar modos de vida, modos de subjetivação.
Na Ética de Spinoza4, o espírito é uma idéia do corpo, portanto uma afecção do corpo. Mas uma afecção topológica, épica, na medida em que é o agente da sensibilidade. A sensibilidade é o liame entre o limite do corpo e o limiar do espírito. É nesse entre-lugar, entre o corpo e a palavra, que se constrói o corpo sensível. Assim, o corpo criador é constituído de impulsos, desejos, mas também da palavra. Pulsão?É justamente na palavra, onde esta se avizinha do caos, onde há mais ruídos do que sentidos, que o corpo criador constrói.
A criação poética é a singularidade da palavra, não exatamente naquilo que compartilhamos dos sentidos, mas onde a palavra se desprende — é palavra desgarrada dos sentidos habituais — e provoca a experimentação do não-sentido, que é angústia, e de novos sentidos, que é alegria. O poeta brinca com as palavras, do não sentido a todos os sentidos e, nesta viagem, explora novos territórios existenciais e leva consigo aqueles se lançam na experiência. Não que o ouvinte-leitor faça a mesma viagem que o poeta, mas é que a escuta-leitura também pode ser uma grande viagem. Mas de onde vem essa força criadora do poeta?
O charme da imperfeição. Vejo aí um poeta que, como muitos seres humanos, atrai bem mais por suas imperfeições do que por tudo o que sai elaborado e perfeito de suas mãos — sim, a vantagem e a fama lhe vêm antes da sua derradeira incapacidade que da sua rica energia. Sua obra nunca expressa inteiramente o que ele gostaria de expressar, o que ele gostaria de ter visto: como se ele tivesse o antegosto de uma visão, nunca ela mesma; mas uma enorme avidez por tal visão lhe permaneceu na alma, e dela retira ele sua igualmente enorme eloqüência do anseio e da fome. Com ela, ele alça quem o escuta acima de sua obra e de todas a 'obras', dando-lhes asas para subir nas alturas que normalmente os ouvintes não alcançam. Assim, tornando-se eles próprios poetas e videntes, tributam ao autor de sua ventura uma admiração tal, como se ele os tivesse levado diretamente à contemplação do que para ele é sagrado e supremo, como se houvesse atingido a sua meta e realmente visto e comunicado sua visão. Sua fama é beneficiada pelo fato de nunca ter chegado à sua meta5.
Se o poeta antevê, de relance, o que gostaria de ter visto, e que logo lhe escapa, e sempre escapará, é porque é seduzido pelo invisível, seduzido pelos ruídos primitivos que habitam cada palavra. Na relação com as palavras, mais que encantador, o poeta é encantado, seduzido pela sonoridade. A palavra é uma deusa, sedutora, que brinca com o poeta.
A análise fenomenológica da poesia, segundo Anchyses Jobim Lopes6 , nos conduz ao fenômeno lírico, essência da poesia, e leva a uma viagem através dos ritmos, sons e imagens que se constituem entre o corpo e a palavra, o que na poética grega atravessa os três gêneros — o épico, o lírico e o dramático. Anchyses diz que o fenômeno lírico é uma questão fundamental da ontologia, é acesso ao ser através da linguagem, um fenômeno ontológico imediato. Mas a linguagem é construção social, situa o ser da criação em sua arena cultural. Ou seja, o fenômeno lírico, como a brincadeira da criança, se apóia no referencial simbólico, na cultura. Vejamos o que disse Antônio Risério a respeito disso:
Sei que não anda muito na moda citar o velho Karl Marx. Mas, embora não seja marxista, é dele que me lembro agora. Por um motivo simples. Marx sabia muito bem que o ambiente tecnológico afeta fundamente o fazer poético. Em sua Introdução à crítica da economia, por exemplo, ele se pergunta se Aquiles seria possível na época da pólvora, da bala e das armas portáteis. E mais precisamente ainda: ‘... a Ilíada seria possível quando existem a prensa tipográfica e as máquinas impressoras? Os cantos, as lendas e a Musa não desaparecem forçosamente diante da barra do tipógrafo e não se desvanecem, assim, as condições necessárias à poesia épica?’. A resposta é negativa num caso e positiva no outro. Não é possível Aquiles — e sim, os cantos cessam diante da tipografia. ‘As novas tecnologias alteram a estrutura de nossos interesses: as coisas sobre as quais pensamos. Alteram o caráter de nossos símbolos: as coisas com que pensamos. E alteram a natureza da comunidade: a arena na qual os pensamentos se desenvolvem’, resume N. Postman [...] Ora, subvertendo em profundidade a dimensão simbólica da existência, a criação tecnológica vai subverter, de modo igualmente profundo, as formas estéticas7.
O texto do Risério, em estilo poético, propõe uma questão importante para pensar a criação poética. Toda poesia, ao tempo em que é extemporânea, como o inconsciente, é também ressonância cultural, porque é afeto, e é simbólico. A construção poética se dá em um contexto social, a partir das referências simbólicas da cultura. E isso situa o ser-da-criação que, ao caos de sua existência, dá forma e sentido em uma construção que, de alguma maneira, é construção coletiva, já que é ser-no-mundo em relação. Assim, na criação poética constrói a si mesmo, mas também constrói a coletividade onde se constrói. Isso pode provocar uma discussão sobre a autoria da obra de arte. Se a criação poética é expressão singular, é porque o singular é coletivo, e o é justamente porque é singular. Isso lembra a casa do avô, lá em Recife, que, mesmo não estando mais lá, ainda está lá, e é de lá que Manuel Bandeira8 fala, hoje. É a força da palavra, poética.
Mas o que acontece, afinal, entre o poeta e o ouvinte? A ligação entre eles se dá pelo que desconhecem — é o incomunicável. E esta não-comunicação que une leitor e poeta é inconsciente, principalmente porque o inconsciente se constitui a partir dos ruídos. A palavra, ao mesmo tempo em que permite a construção de sentidos para a existência, é enunciadora do não-sentido e da impossibilidade de uma comunicação pura, limpa, como pretende a disciplina9.
A poesia é menos comunicação que expressão, é arte dos ruídos. Sonoridade ritmada, garatuja mais que grafia, ainda que alguns poetas sejam tão hábeis na escrita. Desta maneira, podemos pensar que não são os ruídos que atrapalham a comunicação, mas são justamente os ruídos que possibilitam alguma comunicação.
Mas de onde vem a poesia? Acredito na inspiração e na persistência, mais pela minha persistência do que pela minha inspiração, mas não parece que somente disso se nutre a poesia. O que move o poeta, se sua tarefa é inalcançável, ainda que ele não saiba? Da dor e da alegria? Nunca conheci um poeta que não doesse, por mais que a alegria permeie sua obra.
Freud dá uma boa pista quando, no texto O poeta e os sonhos diurnos10, fala da criança e do poeta, ao afirmar que devemos buscar na criança os primeiros traços da atividade poética. Neste texto, diz que a criança cria seu próprio mundo à medida que dá nova ordem às coisas, ao seu gosto. A brincadeira da criança é investida de seriedade e de afeto, pois a antítese da brincadeira não é a seriedade, mas a realidade, distinção que a criança faz mesmo quando apóia sua imaginação nos objetos do mundo real.
Segundo Freud, ainda no mesmo texto, o poeta faz o mesmo que a criança, já que cria um mundo fantástico ao qual se liga com intenso afeto, mas também o distingue da realidade, o que permite que certas emoções penosas, do real, possam se converter em prazer poético. Mas, à criança sucede o adulto. Schopenhauer disse que toda a alegria da criança reside no fato de não ter um passado, e também de não ter a maturidade do aparato sexual. Por isso, a infância é o paraíso perdido que perseguiremos por toda a vida.
Ao longo dos anos, para responder às exigências sociais, o homem perde a capacidade de brincar, pelo menos com a devida seriedade da criança, e acaba ficando ranzinza. O que Freud observa quando diz que o brincar da criança é substituído pelo fantasiar do adulto — porque não podemos renunciar a um prazer uma vez saboreado. Se a criança mostra e se mostra em sua brincadeira — e às vezes nos dá o imenso prazer de participar dela, ainda que com nossas dificuldades de adulto —, o homem se envergonha das suas fantasias, talvez porque elas revelem sua fraqueza e sua culpa.
A fantasia do adulto prescinde do apoio nos objetos reais e dá origem aos sonhos diurnos, movidos por instintos insatisfeitos. A fantasia é a realização de um desejo, ambicioso e erótico, na tentativa de retificação da realidade opressora, o que tem a ver com a formação do sintoma, a projeção do futuro a partir de um modelo do passado, provocando um afastamento do presente e da realidade — funcionamento neurótico.
O desafio da criação se coloca para todos — transcende oposições binárias identitárias e/ou estruturais do tipo masculino x feminino, proletário x burguês, neurótico x psicótico —, na experiência, no cotidiano. Acontece que, muitas vezes, certas experiências provocam desestabilizações que forçam movimento, ao que funcionamentos mais rígidos tendem a resistir e se cristalizar em referências endurecidas, e os mais frágeis, a se esfacelar na angústia e no pânico — a formação do sintoma, que é impedimento à criação, é recusa ao vir a ser.
Os afetos da experiência podem provocar rupturas de sentido, e a angústia de não se reconhecer em seus atos e palavras evidencia a perda dos contornos subjetivos e instala o caos, que é, ao mesmo tempo, a tormenta e a fonte inesgotável da criação. Mas como construir uma saída consistente, sem cair no abismo, sem sucumbir à morte?
Que resta ao pensador abstrato quando dá conselhos de sabedoria e distinção? Então, falar do fermento de Bousquet, do alcoolismo de Fitzgerald e de Lowry, da loucura de Nietzsche e Artaud, ficando à margem? Transformar-se no profissional destas conversações? Desejar apenas que aqueles que foram atingidos não se afundem demais? Fazer subscrições e números adicionais? Ou então irmos nós mesmos provar um pouco, sermos um pouco alcoólatras, um pouco loucos, um pouco suicidas, um pouco guerrilheiros, apenas o bastante para aumentar a fissura, mas não para aprofundá-la irremediavelmente? Para onde quer que nos voltemos, tudo parece triste. Em verdade, como ficar na superfície sem permanecer à margem? Como salvar-se, salvando toda a superfície e toda a organização de superfície, inclusive a linguagem e a vida? Como atingir esta política, esta guerrilha completa?11
Parece que algumas almas sofrem de uma inquietude irreconciliável, e alguns corpos são tomados por fluxos desejantes geológicos, para os quais, criar é uma questão de vida e de morte porque é recriar a si, não como uma opção ou escolha, mas como a única saída possível para se manter vivo. A necessidade vital de criar está na questão que Rilke propõe: "Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever?"12
A criação impõe à psicanálise uma questão: pode, a psicanálise, ajudar o sujeito a criar? Ou o psicanalista é o profissional das "conversações"13? A mineira Roberta Romagnole propõe ao psicanalista mergulhar nas profundidades:
Fico pensando que no encontro terapêutico não basta conhecer aparatos conceituais e técnicos eficientes, ou mesmo ter boa vontade para ajudar. É necessário ir à razão que nos fez terapeuta. Razão que escapa à formação adquirida, às teorias utilizadas, ao lugar do estabelecido e que corresponde, de fato, ao desconhecido, ao contato com a diferença vibrando em instantes de desamparo, desespero, diversão, tesão.14
Todo sentido é produzido na e a partir da cultura, o que coloca o sujeito na coletividade e implica a psicanálise em um campo social. Assim como a criação poética revela o ser da criação e oferece, ao mesmo tempo, acesso às tensões que co-habitam este ser nascendi15, também a análise pode ser uma experiência ontológica de construção a partir destas tensões que emergem, uma vez desfiguradas na transferência as fantasias sobre o real outrora aplainado no cotidiano da repetição, da realidade.
Há um momento na análise em que o sujeito se pergunta: até quando vou residir no resíduo desse gozo? A festa acabou! A questão do Drummond se coloca: "E agora, José?"16.
O sujeito, na posição de desamparo, segundo Joel Birmam, tem o desafio de construir um novo modo de subjetivação, uma forma singular de existência que passa pela construção de um estilo. E diz:
Nesse contexto, o sujeito se encontra na posição inevitável de angústia do real, que pode ter um efeito traumático caso ele não possa transformá-la em angústia do desejo, já que o efeito do impacto pulsional é sempre a angústia17.
Para que o sujeito possa suportar a posição de desamparo e de feminilidade18 , efeito da castração na análise, é preciso que o analista possa suportar sua própria angústia — da qual produziu seu próprio estilo —, para não cair no equívoco de oferecer suas referências fálicas que podem, no máximo, apaziguar momentaneamente o sofrimento do sujeito. Caso contrário, o analista se torna obstáculo à construção de um estilo singular de existência. É o desafio da sustentável leveza do psicanalista, oferecer uma escuta sensível, livre.
Em rumos bem afastados do moralismo corretivo dos desvios sexuais e libertinos produzidos na aliança político-social entre a sexualidade e a família, para além das sobrecodificações do Édipo, na experiência da análise se revelam universos engendrados pelo desejo, pluralidade que revela um ser singular e a possibilidade de um conhecer. Neste momento, sai de cena o suposto valor sanandi para dar lugar ao sabor da criação, e da crise nossa de cada dia, nas tensões do real que desmontam a realidade, construir um novo território e habitá-lo. E na arena cultural, com todos os fragmentos de simbólico que podemos ajuntar, em meio aos ventos que sopram a poeira da estrada e nos turva a visão, construir sentidos, quase sempre frágeis e parciais, para vislumbrar o caminho, e seguir.
REFERÊNCIAS
ARTAUD, Antonin. Van Gogh. Le suicidé de la société. Paris: Kediteur, 1947. [ Links ]
BANDEIRA, Manoel. Bandeira de bolso. Uma antologia poética. Mara Jardim (Org.). Porto Alegre, RS: L&PM, 2008.
BIRMAM, Joel. Mal-estar na atualidade: psicanálise e as novas formas de subjetivação. 4 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. [ Links ]
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SPINOZA, Baruch. Ética demonstrada à maneira dos geômetras. São Paulo: Martin Claret, 2005. [ Links ]
* Psicólogo. wagferraz@bol.com.br
1 DELEUZE, Gilles. Crítica e clínica. A literatura e a vida. Tradução de Peter Pál Pelbart. SP: Editora 34, 1997
2 Criação, aqui, é desacelerar o caos e dar forma, e, portanto, não tem a ver com a idéia criacionista cristã. O nada do criacionismo é negação da potência do caos.
3Ivan Maia de Mello, filósofo, in A singularidade autopoética do corpo criador, comunicação apresentada no XI Encontro da ANPOF, Salvador, BA, 2004.
4 SPINOZA, Baruch. Ética demonstrada à maneira dos geômetras. São Paulo: Martin Claret, 2005.
5 NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. A gaia ciência. Tradução, notas e posfácio de Paulo César de Souza. SP: Companhia das Letras, 2001.
6 Cf. LOPES, Anchyses Jobim. Estética e poesia: imagem, metamorfose e tempo trágico. RJ, Sette Letras, 1995. Empreitada complexa na qual se lançou o Anchyses, como ele mesmo diz no texto, "montar uma gaiola de capturar poesia" e, através do fenômeno lírico, demonstrar a instauração de tempo e Ser, "o que também é a instauração de uma verdade enquanto desvelamento, enquanto aletheia", uma verdade trágica e originária.
7RISÉRIO, Antônio. Ensaio sobre o texto poético digital. Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado, COPENE, 1998.
8 Cf. "Rua da União... A casa de meu avô... Nunca pensei que ela acabasse! Recife... meu avô morto. Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro como a casa de meu avô", in BANDEIRA, Manoel. Bandeira de bolso. Uma antologia poética. Organização e apresentação de Mara Jardim. Porto Alegre, RS: L&PM, 2008.
9 Antigamente havia no curriculum escolar a disciplina chamada Comunicação e Expressão, que tinha por fundamento a hipótese do completo entendimento entre emissor e receptor.
10 FREUD, Sigmund.(1908) El poeta y los sueños diurnos. In Obras completas. Madrid: Biblioteca Nueva, 1973. vol. 2.
11 DELEUZE, Gilles. Lógica do Sentido. 4ª ed., Trad. Luiz Roberto Salinas Fortes, Vigésima Segunda Série, Porcelana e Vulcão, pp. 159-161, SP, Perspectiva, 2000.
12 RILKE, Rainer Maria. Cartas a um jovem poeta. 15ª edição, tradução de Paulo Rónai, pp. 22, RJ, Editora Globo, 1988.
13 É preciso cuidado para o psicanalista não fazer uma vigília moral, do contrário pode assassinar a arte e/ou o artista, o que Antonin Artaud denunciou radicalmente no texto Van Gogh. Le suicidé de la société, Ed. Kediteur, Paris, 1947.
14 ROMAGNOLE, Roberta. Curso Clínica Ampla e Produção de Subjetividade, apresentado no I Congresso brasileiro de Psicologia: Ciência e Profissão, em 02 e 03 de setembro de 2002, SP.
15 No texto ainda não publicado O eu lírico na filosofia e na psicanálise, Gilberto Lago e Tânia Figueiredo falam, através do prof. Manoel de Castro, "que o vigor da arte está exatamente na possibilidade de manutenção desta tensão. É ela que propiciará a ampliação cada vez maior do campo do visível, que começa num não-saber e que termina em outro não-saber, mas um não-saber enriquecido pela maior consciência dos limites do saber, inevitavelmente afetado pelas nossa paixões... de saber". Foi neste texto que tive o primeiro contato com o Anchyses.
16 No site www.memoriaviva.com.br/drummond é possível ouvir o próprio poeta recitando a poesia.
17 Cf. BIRMAM, Joel. Mal-estar na atualidade: psicanálise e as novas formas de subjetivação. 4ª edição. RJ: Civilização Brasileira, 2003, especialmente no texto A sustentável leveza do psicanalista.
18 Birmam diz que "a posição originária do desamparo corresponde ao que Freud, em ‘Análise com fim e análise sem fim‘, denominou de feminilidade", registro psíquico que transcende a diferença sexual e provoca horror justamente porque não existiria referência ao falo.