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Revista da SPAGESP
versão impressa ISSN 1677-2970
Rev. SPAGESP vol.9 no.1 Ribeirão Preto jun. 2008
ARTIGOS
As vivências de separação e o encerramento da psicoterapia de grupo: uma breve reflexão 1
The experiences of separation and the ending of the group psycotherapy: a brief reflection
Las vivencias de separación y el cierre de la psicoterapia de grupo: una breve reflexión
Cláudia Alexandra Bolela Silveira 2
Universidade de Franca - UNIFRAN
RESUMO
Este artigo consiste em uma reflexão sobre a relação existente entre as vivências de separação e o encerramento da psicoterapia de grupo, tema este trabalhado em um capítulo da Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicoterapia Analítica de Grupo da SPAGESP produzido pela autora. O objetivo é buscar compreender os processos de separação vivenciados pelos seres humanos em seu desenvolvimento e na psicoterapia de grupo. Para tal reflexão foi realizado um diálogo com alguns autores que escrevem sobre o tema. Da definição do termo às elaborações significativas, verificou-se que a separação constitui uma vivência necessária e dolorosa para o ser humano nas relações que vão sendo estabelecidas em seu viver.
Palavras-chave: Separação; Psicoterapia de grupo; Término.
ABSTRACT
This article consists in a reflection on the relationship between the experiences of separation and the ending of psychotherapy of group, which subject is worked in a chapter of the Monograph of Conclusion of the Course of Formation in Analytical Psychotherapy of Group of the SPAGESP produced by the author. The objective is to search to understand the processes of separation lived deeply by the human beings in its development and the psychotherapy of group. For such reflection a dialogue with some authors was carried through whom they write on the subject. From the definition of the term to the significant elaborations, it was verified that the separation constitutes in a painful and necessary experience for the human being, in the relations that are being established in its life.
Keywords: Separation; Psychotherapy of group; Ending.
RESUMEN
Este artículo consiste en una reflexión sobre la relación entre las vivencias de la separación y el cierre de la psicoterapia de grupo, tema este trabajado en un capítulo de la Monografía de Conclusión de Curso de Formación en Psicoterapia Analítica de Grupo de la SPAGESP producido por la autora. El objetivo es buscar comprender los procesos de separación vivenciados por los seres humanos en su desarrollo y en la psicoterapia de grupo. Para tal reflexión fue realizado un diálogo con algunos autores que escribieron sobre el tema. De la definición del termo a las elaboraciones significativas, se verifica que la separación constituye una vivencia necesaria y dolorosa para el ser humano, en las relaciones que van siendo establecidas en su vivir.
Palabras clave: Separación; Psicoterapia de grupo; Término.
A separação constitui uma vivência que de alguma forma todo ser humano já experimentou e ela pode ser vivenciada em diversos contextos. Retomando a literatura, foram levantadas algumas definições do termo. Segundo Ferreira (1985, p. 438) separar significa “fazer a desunião de (o que estava junto ou ligado). Apartar, afastar. Fazer cessar; interromper; uma definição próxima ao conhecimento do senso comum e que diz respeito a um processo constante que ocorreu ao longo do desenvolvimento humano”.
Pensando em um vocabulário mais psicanalítico têm-se a definição de Laplanche e Pontalis (1997, p. 205) acerca da fusão e desfusão ou união e desunião das pulsões. “Quando Freud fala de desfusão é para designar, explicita ou implicitamente o fato de a agressividade ter conseguido quebrar todos os laços com a sexualidade”.
Pensando no grupo como uma atividade prazerosa, principalmente em se tratando de psicoterapia de grupo infantil, onde a ludicidade está presente, constantemente, pode-se, do mesmo modo observar que o prazer em brincar revela-se como um processo de elaboração dos conflitos e realização do desejo. Assim, todas as separações ocorridas na relação terapeuta-grupo podem ser vividas como um fato agressivo que surge no vínculo terapeuta-paciente no grupo.
Relacionando as definições acima é possível perceber que a separação implica na interrupção de um processo que está sendo vivido entre pessoas, como algo temporário ou definitivo (afastar, fazer cessar, quebrar todos os laços). Assim, ocorre ao longo de todo desenvolvimento humano, desde o momento do nascimento, que pode ser considerado como a primeira separação vivida até a morte, que é a separação mais temida por todos.
O ser humano vive constantemente vários processos de separação e talvez poder-se-ia pensar que as vivências de separação ao longo da vida são processos de elaboração da separação maior, a morte.
Pelosi (2003), em seu livro “Dá pra ir embora?”, ao retratar o tema “A depressão nos corpos” apresenta o trauma do nascimento como o primeiro momento em que a depressão está presente em nossas vidas e nos acompanhará até o fim de nossos dias. “Nasceu e morrerá conosco”. (p. 81).
Neste sentido pode-se pensar o nascimento como a primeira vivência de separação, que nos remete à dor e ao sofrimento pela perda da condição intra-uterina, do conhecimento, de proteção; em direção a uma situação nova que é a vida após o nascimento.
Tanto a angústia quanto a depressão foram fundadas no trauma do nascimento e nos acompanham como um rio subterrâneo ao longo de toda nossa existência. Em umas vezes emergem como um pequeno furo, em outras jorram com abundância, sempre que estivermos expostos a situações de mudança. Elas reproduzem de alguma forma a dor da perda do “nirvana” uterino e a incerteza e o medo do que está por vir. Uma depressão nostálgica pelo que ficou e uma ansiedade desejosa pelo desconhecido que virá. As transições são um túnel que liga um passado perdido a um futuro incerto (PELOSI, 2003, p. 84).
Este processo vivido por todo ser humano alude às perdas que ocorrem em cada história de vida que remete ao processo de luto e melancolia descrito por Freud (1996a) vivenciado mediante cada situação de perda ou separação.
Por isso se torna importante retratar algumas separações que ocorrem ao longo do desenvolvimento do ser humano do nascimento à morte. Viorst (2000) retrata as vivências de perdas na vida como um tema universal e que perpassa todo o processo de desenvolvimento humano em situações conscientes e inconscientes, discutindo as relações destas vivências com a busca de maturidade e o equilíbrio psicológico.
Começamos a vida com uma perda. [...] Somos bebê que mamam, choram, se agarram indefesos. Nossa mãe se interpõe entre nós e o mundo, protegendo-nos contra a ansiedade arrasadora. [...] Bebês precisam de mães. Às vezes advogados, donas-de-casa, pilotos, escritores e eletricistas também precisam de suas mães. [...] Mas até aprendermos a tolerar nossa separação física e psicológica, a necessidade da presença de nossa mãe [...] é absoluta. [...] Pois é difícil tornar-se um ser à parte, separar-se literal e emocionalmente, ser capaz de exteriormente defender-se sozinho e interiormente sentir que está separado. Temos de suportar perdas embora possam ser balanceadas pelos ganhos, quando nos afastamos do corpo e do ser de nossa mãe (VIORST, 2000, p. 19-20).
Neste trecho a autora coloca a importância da representação materna, não só na vida do bebê, como em toda a vida adulta, principalmente nos momentos de crise e conflito, na luta para buscar aquela proteção e segurança das relações objetais vividas com a mãe, da qual nos separamos a cada etapa da vida.
Dessa forma pode-se pensar a separação como um processo essencial na vida de cada indivíduo porque é o furo, usando as palavras de Pelosi (2003), o qual vai permitir o crescimento, a independência, a constituição da própria identidade, através da diferenciação. Porém, não se pode desconsiderar o sofrimento gerado por este processo depressivo.
O processo gestacional do bebê é uma simbiose única, vivida por cada um de nós. É um momento do qual não temos lembranças conscientes, porém todas as vivências intra-uterinas encontram-se registradas em nossa mente inconscientemente e, muitas vezes, estão determinando nossos comportamentos durante toda vida. A relação mãe-feto é vivida, intensamente, durante aproximadamente nove meses, período em que o feto vai se alimentar através da alimentação da mãe, bem como irá sentir todas as reações emocionais provenientes da mãe, sendo estas boas ou ruins.
Com o nascimento, a separação do vínculo simbiótico mãe-bebê vai acontecer fisicamente, porque o bebê vai deixar de estar dentro da mãe e terá uma vida independente desta. Deste modo, ele pode viver sem a mãe biológica que o gerou. Por outro lado, emocionalmente falando, esta separação vai acontecer em longo prazo.
Todas as nossas experiências de perdas relacionam-se com a Perda Original, a da conexão mãe-filho. [...] Uma condição conhecida por amantes, santos, psicóticos, viciados em drogas e bebês. É o que chamamos de bem-aventurança. [...] Nosso desejo eterno de união, [...] dá origem ao nosso desejo de volta, (...) se não ao útero, pelo menos ao seu estado de união ilusória, chamada simbiose, um estado ‘pelo qual, bem no fundo do inconsciente original e primitivo [...] Todo ser humano anseia.” [...] E embora o jogo cruel de desistir do que amamos, para crescer, seja repetida a cada novo estágio de desenvolvimento, esta é a nossa primeira e talvez a mais difícil renúncia (VIORST, 2000, p. 33).
No início o bebê vive como se ele e a mãe fosse uma unidade, é o processo de fusão, como se ainda estivesse no ventre materno. Este processo ocorre até o bebê perceber que ele e a mãe são dois, ou seja, duas pessoas com sentimentos próprios e diferenciados. Neste momento a criança vive a angústia da separação por perceber que a mãe não estará presente o tempo todo, que ela vai e volta, assim como a brincadeira do carretel descrita por Freud, na qual a criança busca elaborar o ir e vir da mãe.
Contudo, somos todos abandonados pela mãe. Ela nos deixa antes de sermos capazes de entender que vai voltar. [...] Ela nos abandona para ter uma vida à parte, a sua vida – e precisamos aprender a ter a nossa vida particular também. Mas, nesse ínterim, o que fazemos quando precisamos de nossa mãe [...] e ela não está presente? O que fazemos, sem dúvida, é sobreviver. É claro que sobrevivemos às ausências temporárias. Mas essas ausências nos ensinam um temor que pode nos marcar para toda a vida (VIORST, 2000, p. 20-21).
Essas marcas a que a autora se refere podem se constituir no processo depressivo que vai perdurar por toda a vida, mediante cada vivência de separação, ou qualquer situação nova que o indivíduo possa viver.
Cada etapa do desenvolvimento do bebê, o engatinhar, o andar, o falar, são etapas que ele vai superando, as quais vão fortalecendo esta separação física e emocional. A cada conquista vai demonstrando sua nova condição de viver de forma independente e única, e começa a se aventurar no distanciamento da mãe, percebendo que pode fazer o que tem vontade, não sendo mais conduzido apenas pela vontade materna.
Dessa forma, percebe-se que a separação traz uma angústia pela perda da condição anterior de dependência, segurança, confiança materna e, ao mesmo tempo, traz um sentimento de prazer pela conquista de uma nova condição em poder buscar o novo, que significa realizar seu desejo.
Neste sentido retomo o poema de Richard Wilber, citado por Viorst (2000, p. 43), que salienta o conflito entre querer manter o vínculo fusional e, ao mesmo tempo, a necessidade de se diferenciar como um eu-separado.
Esta planta gostaria de crescer
E ao mesmo tempo ser embrião;
Aumentar, e contudo escapar
Do destino de tomar forma.
Engatinhar no colo do paraíso e explorar.
Ficar ereto nos dois pés e caminhar até a porta.
Sair para a escola, para o trabalho, para o casamento.
Ter coragem de atravessar a rua, e todos os continentes da terra sem nossa mãe.
Outros momentos muito significativos para a criança e o adulto, e que constituem vivências de separação, é a entrada na escola, momento em que as crianças e pais sofrem por ficarem um tempo maior separados. Assim também ocorre com o trabalho, a universidade, o casamento, como bem colocou a autora no trecho citado anteriormente.
Os processos de separação vivenciados ao longo de todo o desenvolvimento humano e suas implicações em termos da depressão e do crescimento acarretam o sofrimento pelas perdas e, ao mesmo tempo, a necessidade de perder para crescer.
Focalizando a separação na psicoterapia de grupo, mediante o anúncio de encerramento, será retomado o estudo de Ferro (2006). A autora teve como propósito discutir alguns aspectos preconceituosos que surgem acerca da decisão sobre o terminus da grupanálise.
Todo grupoterapeuta vive processos de encerramento, término, interrupções da grupanálise com seus pacientes, que podem emergir dos próprios pacientes ou pelo terapeuta por uma determinada razão ou outra. Em caso de interrupção do processo grupanalítico, temos variadas situações, tais como a desistência do paciente por motivos como questões financeiras, emocionais, e a resistência diante o processo terapêutico. Também podem ocorrer interrupções por parte do terapeuta, tais como férias, licenças saúde, maternidade, ou questões institucionais.
O segundo caso foi o que mais ocorreu no atendimento psicoterápico de grupo infantil, no qual assumimos a condição de grupoterapeuta. Primeiramente, com as interrupções para as férias que seguiram o calendário escolar, por ser uma clínica-escola e, posteriormente, devido a duas interrupções ocorridas para licença-maternidade da terapeuta e, por fim, o encerramento do grupo em função de mudanças institucionais.
Por outro lado, ocorrem situações de término da grupanálise que dizem respeito a situações de alta do paciente, devido a mudanças ocorridas, como relata Ferro (2006, p. 23).
Se perspectivarmos a grupanálise como processo terapêutico há razões óbvias que nos permitem afirmar ter ela o propósito de obter mudanças no mundo interior do paciente e na expectativa de que elas lhe permitam conduzir às melhores condições psicológicas possíveis para as funções do ego.
Neste caso o que está em questão são os benefícios que o processo terapêutico gerou na vida dos pacientes, trazendo-lhes condições de seguir seu desenvolvimento, de forma independente do espaço grupanalítico.
Uma outra situação, que vale ressaltar diz respeito, especificamente, à grupanálise infantil, a qual consiste na retirada da criança do processo grupoterápico pelos pais, sem indicação da terapeuta, interrompendo muitas vezes um processo que estava beneficiando o filho. Porém, a melhora da criança, às vezes, significava a evidência de conflitos em outra instância das relações familiares; porque o paciente deixa de ser o foco da doença justificada pela família. Ocorre que os pais não dão conta deste progresso, e interrompem bruscamente o trabalho, sem uma justificativa concreta para tal atitude.
Ao longo destes quinze anos de profissão, trabalhando com crianças, me foi possível experimentar inúmeras situações, como esta que traz um sentimento de impotência muito grande enquanto terapeuta de crianças.
Diante das possibilidades de encerramento descritas, anteriormente, é necessário colocar, também, a função da grupanálise. Como método investigativo, remete a um processo de desenvolvimento interminável, considerando-se que, como seres em desenvolvimento, sempre teremos conteúdos a serem investigados e trabalhados. “A grupanálise como método de investigação problematiza e define as condições para o desencadeamento e estabelecimento do processo, não havendo limites à exploração nalítica” (FERRO, 2006, p. 23).
Um outro importante aspecto apresentado pela referida autora acerca do término da grupanálise encontra-se a seguir:
A idéia de terminar uma grupanálise em curso, na nossa perspectiva, deverá surgir do analisando e a decisão do terminus será acordada com o grupanalista e desejavelmente comentada no grupo pelos restantes analisandos. Trata-se de uma fase que na nossa experiência decorre por um período de cerca de um ano a ano e meio (FERRO, 2006, p. 24).
Proporcionar um espaço na grupanálise para discutir sobre o término é fundamental, pois no grupo todos os assuntos que surgem são trabalhados, devendo ser assim também com a questão do encerramento, quando for possível é claro, porque como foi relatado anteriormente o grupoterapeuta não tem total controle sobre as variantes que ocorrem em termos da interrupção ou término do grupo.
Quando o término da sessão não ocorre por questões externas ao grupo é possível levantar alguns indicadores para o encerramento. Ferro (2006) retoma Rickman quando coloca os indicadores:
A capacidade de auto-análise, de tolerar a frustração libidinal e a privação (sem defesas regressivas nem angústia), a capacidade para a satisfação genital heterossexual, a de tolerar os impulsos agressivos em si mesmo e nos outros (sem perda do amor objectal e sem sentimentos de culpa), a capacidade para o luto, a remoção da amnésia infantil e a elaboração do complexo de Édipo. Um dos indicadores mais óbvios consiste na modificação da intensidade e freqüência dos sintomas ou mesmo na sua completa desaparição. Um aspecto a realçar nesta fase relaciona-se com as características dos sonhos, reveladora, como refere Meltzer, de uma integração dos diferentes aspectos da personalidade e ainda a recorrência da temática da separação (FERRO, 2006, p. 24).
Sobre as vivências de separação ao longo da vida, desde o trauma do nascimento até o trauma da morte, Ferro (2006) coloca que o término na grupanálise parece constituir-se como mais um traumatismo, que reativa no presente ansiedades antigas que vão adquirindo novos significados.
Este processo é vivenciado através das transferências e contratransferências nas relações grupanalíticas. Algo que marcou, significativamente, os conteúdos das sessões após o anúncio do encerramento no grupo citado pela terapeuta/autora foi a seqüência de relatos de situações trágicas, ditas pelos pacientes do grupo após o conhecimento de todos sobre o encerramento do mesmo.
O processo de separação vivenciado com o término do grupo aparece ora de modo doloroso, ora com a satisfação, da mesma forma que no trauma do nascimento, colocado por Pelosi (2003), há uma tentativa de elaborar a separação dos colegas e do grupoterapeuta e, ao mesmo tempo, o desejo de viver uma vida nova, independente, sem a necessidade do espaço grupoterápico.
Com relação aos sentimentos do grupanalista retoma-se a citação de Ferro:
Para o grupanalista esta é uma fase em que freqüentes obstáculos conflitualisam sua postura, e o risco de passagem ao acto contratransferencial é freqüente. Exemplifiquemos: sentimentos dolorosos que podem anteceder a eminência de separação do analisando, frustração face à vivência de perda de uma relação quando ela poderia proporcionar uma prazerosa sensação de quase paridade (FERRO, 2006, p. 27).
Freud (1996b), em Análise terminável e interminável, mostrou as características do analisando, a natureza do processo analítico e as limitações do ego do analista como limites à análise, o que gera frustrações tanto para o analista quanto para os analisandos. Desse modo, aponta o pessimismo quanto às potencialidades terapêuticas da psicanálise.
Por outro lado, Ferro (2006, p. 29) recorre a Cortesão para falar sobre a experiência do terminus:
Nossa experiência para determinação do terminus da análise valoriza a obtenção do equilíbrio estético conceptualizado por Cortesão, que pressupõe um processo de maturação psíquica com compreensão dos conflitos e fantasias infantis, bem como um processo de luto de desistências a ligações a objetos antigos, de necessidades arcaicas e de fantasias em que predominam imagens megalômanas de si próprio. Caracteriza-se este equilíbrio estético por uma menor distorção das representações objetais as quais se aproximam mais do objeto real “havendo uma maior capacidade de separação e uma progressiva aquisição da identidade”, como disse Cortesão (1969). Tendo em vista o alargamento do leque de patologias com possibilidade de abordagem grupanalítica acrescentamos também como objectivo da análise o acesso aos núcleos mais perturbados da personalidade (psicóticos, caracteriais e psicossomáticos) com a sua respectiva elaboração.
As experiências de separação são momentos vividos por todo ser humano ao longo de sua vida, que representam as separações que nos levam ao crescimento e sofrimento, concomitantemente. Afinal, viver é um eterno sofrer e crescer.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. [ Links ]
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FREUD, S. (1915). Luto e melancolia. In: ______. Edição Standard Brasileira das Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago, 1996a. v. 14, p. 245-263. [ Links ]
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LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J. B. Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1997. [ Links ]
PELOSI, R. M. Dá pra ir embora? Uma visão psicossomática das fugas. A depressão nos corpos. São Leopoldo, RS: Unisinos, 2003. [ Links ]
VIORST, J. Perdas necessárias. São Paulo: Melhoramentos, 1988. [ Links ]
Endereço para correspondência
Cláudia Alexandra Bolela Silveira
E-mail: bolela@uol.com.br
Recebido em 15/02/08.
1ª Revisão em 19/03/08.
Aceite Final em 05/04/08.
1 Recorte da Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicoterapia Analítica de Grupo da Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo – SPAGESP produzido pela autora.
2 Psicóloga. Pedagoga. Mestre em Educação Ciências e Práticas Educativas pela Universidade de Franca. Docente da Universidade de Franca, Supervisora de Psicopedagogia, Psicologia Escolar e do Estágio de Grupos no Centro de Estágio e Pesquisa em Psicologia da Universidade de Franca. Especialista em Psicoterapia Analítica de Grupo pela SPAGESP.