Serviços Personalizados
Journal
artigo
Indicadores
Compartilhar
Revista Brasileira de Orientação Profissional
versão On-line ISSN 1984-7270
Rev. bras. orientac. prof vol.21 no.2 Campinas jul./dez. 2020
https://doi.org/10.26707/1984-7270/2020v21n208
10.26707/1984-7270/2020v21n208
ARTIGO
Perspectiva temporal futura: Teorias, construtos e instrumentos1
Future time perspective: Theories, constructs, and instruments
Perspectiva temporal futura: teorías, constructos y instrumentos
Vinicius CoscioniI; Marco Antônio Pereira TeixeiraII; Bruno Figueiredo DamásioIII; Débora Dalbosco Dell’AglioIV; Maria Paula PaixãoV
IUniversidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil; Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal
IIUniversidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil
IIIUniversidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
IVUniversidade Lasalle, Canoas, RS, Brasil; Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil
VUniversidade de Coimbra, CINEICC, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Portugal
RESUMO
O objetivo deste estudo teórico é apresentar as principais teorias, construtos e instrumentos utilizados na literatura internacional sobre perspectiva temporal futura (PTF). A revisão indicou dois tipos de abordagens teóricas. As abordagens atemáticas destacam uma tendência geral que orienta processos psicológicos associados ao futuro, de modo a investigar a PTF com escalas psicométricas cujos itens não se associam a conteúdos específicos. As abordagens temáticas enfocam as antecipações do futuro psicológico no presente e investigam as representações de futuro e os seus aspectos cognitivos, dinâmicos, afetivos e comportamentais. Os métodos de avaliação incluem escalas psicométricas associadas a domínios da vida ou instrumentos em que o conteúdo da PTF é listado de modo indutivo. As duas abordagens não são excludentes, mas complementares.
Palavras-chave: perspectiva temporal futura, orientação de futuro, construtos psicológicos, instrumentos psicológicos.
ABSTRACT
This theoretical study presents the main theories, constructs, and instruments used in international literature on future temporal perspective (FTP). The review indicated two theoretical approaches about the theme. The athematic approaches highlight a general tendency that guides psychological processes associated with future, in order to investigate FTP with psychometric scales with items not associated with specific contents. The thematic approaches focus on the anticipations of psychological future in present and investigate future representations and their cognitive, dynamic, affective, and behavioral aspects. Assessment methods include psychometric scales associated with life domains or instruments in which FTP content is listed inductively. The two approaches are not exclusive, but complementary.
Keywords: future time perspective, future orientation, psychological constructs, psychological instruments.
RESUMEN
El objetivo de este estudio teórico es presentar las principales teorías, constructos e instrumentos utilizados en la literatura internacional sobre perspectiva temporal futura (PTF). La revisión indicó dos tipos de enfoques teóricos. Los enfoques atemáticos destacan una tendencia general que orienta procesos psicológicos asociados al futuro, de modo a investigar la PTF con escalas psicométricas cuyos ítems no se asocian a contenidos específicos. Los enfoques temáticos enfocan las anticipaciones del futuro psicológico en el presente e investigan las representaciones de futuro y sus aspectos cognitivos, dinámicos, afectivos y comportamentales. Los métodos de evaluación incluyen escalas psicométricas asociadas a ámbitos de la vida o instrumentos en los que el contenido de la PTF se muestra de forma inductiva. Los dos enfoques no son excluyentes, sino complementarios.
Palabras clave: perspectiva temporal futura, orientación de futuro, constructos psicológicos, instrumentos psicológicos.
Introdução
A perspectiva temporal futura (PTF; future time perspective) é um construto associado a processos motivacionais, cognitivos e comportamentais (Seginer, 2009), razão pela qual é investigada a partir de diferentes perspectivas teóricas. As principais teorias sobre a PTF embasam-se em Kurt Lewin (1945/1965), que definiu perspectiva temporal (PT) como “o modo do indivíduo ver o seu futuro e passado psicológicos existindo num determinado momento” (p. 86). Segundo Lewin, as percepções das pessoas sobre o seu passado e futuro impactam o seu comportamento no presente. O avanço dessa ideia propiciou sobretudo o estudo científico do futuro psicológico, uma vez que o passado psicológico já fazia parte da agenda de pesquisa nas ciências humanas (Nuttin, 1964), como nos estudos sobre memória.
O interesse científico na PTF cresceu entre as décadas de 1960 e 1990, a tal ponto que Seginer (2009) destacou múltiplas perspectivas teóricas sobre o tema – oriundas de teorias da motivação, self, personalidade, cognição, neuropsicologia e desenvolvimento humano. Essas abordagens podem ser divididas em dois grupos, intitulados abordagens atemáticas e temáticas. As abordagens atemáticas possuem em comum a compreensão de que há uma tendência geral que orienta processos cognitivos, motivacionais e comportamentais relacionados ao futuro. Esta tendência é considerada ora como viés cognitivo (Zimbardo & Boyd, 1999), ora como traço de personalidade (Gjesme, 1979) e ora como disposição pessoal (Husman & Shell, 2008). Já as abordagens temáticas reúnem as teorias que investigam a PTF associadas a conteúdos específicos, seja a partir de representações de futuro (e.g. aspirações, medo etc.), seja diferenciando entre diversos domínios da vida (e.g. educação, trabalho, família etc.).
As diferentes abordagens teóricas sobre PTF possuem pressupostos e implicações que podem divergir, a começar pela terminologia empregada. Os termos orientação de futuro (Nurmi, 1991; Seginer, 2009; Trommsdorff, 1983), orientação temporal futura (Gjesme, 1983) e possible self (Markus & Nurius, 1986) são utilizados de modo análogo a PTF. Ademais, outros termos foram cunhados para se referir a aspectos específicos da PTF, tais como expectativas, projetos de vida, extensão, valência etc. Na literatura nacional, muitos desses termos nem sequer são utilizados1. Por outro lado, termos como perspectiva, projeto e expectativa são utilizados como sinônimos (Neiva-Silva, 2003), embora não sejam. O mau uso e/ou desconhecimento desses termos se relaciona com limitações teóricas, tendo em vista que os trabalhos que utilizam tais termos frequentemente carecem de definições conceituais.
Como meio de contribuir para a literatura nacional, o objetivo deste estudo teórico é apresentar as principais teorias, construtos e instrumentos utilizados na literatura internacional sobre PTF. O estudo não tem a pretensão de esgotar as teorias existentes, mas apresentar um panorama teórico que poderá contribuir para a realização de futuros estudos teóricos e empíricos. A escolha das teorias apresentadas se deu a partir da leitura de obras que buscam estabelecer relações entre diferentes perspectivas na área (e.g. Seginer, 2009, Stolarski, Fieulaine, & van Beek, 2015). O estudo tampouco tem a pretensão de se aprofundar nas teorias, construtos e instrumentos apresentados, mas sinalizar possíveis direções, conforme o problema a ser investigado pelo leitor. O texto prossegue, assim, com a apresentação das abordagens atemáticas, reunidas em uma única seção. As abordagens temáticas foram agrupadas em três seções, conforme similaridades teóricas. Por fim, busca-se integrar as teorias apresentadas, de modo a destacar semelhanças e diferenças na área.
As Abordagens Atemáticas Cognitivas e da Personalidade
Um dos expoentes das abordagens atemáticas é o norte-americano Philip Zimbardo, que definiu PT como “um processo inconsciente por meio do qual o fluxo ininterrupto de experiências pessoais e sociais é nomeado em categorias temporais, ou quadros temporais que ajudam a dar ordem, coerência e significado a esses eventos” (Zimbardo & Boyd, 1999, p. 1271). Para ele, PT é uma disposição pessoal, uma tendência a um viés cognitivo temporal. Zimbardo e Boyd (1999) criaram o Zimbardo Time Perspective Inventory (ZTPI), que possui propriedades psicométricas válidas e consistentes, atestadas com análises fatoriais exploratórias e confirmatórias, relações com outras medidas, estudos qualitativos etc.
O ZTPI possui 56 itens distribuídos em cinco fatores: passado-negativo, passado-positivo, presente-hedonista, presente-fatalista e futuro. Os fatores sobre o passado refletem uma visão aversiva (passado-negativo) ou sentimental e saudosista (passado-positivo) com relação às experiências pretéritas. Altos escores em passado-negativo associaram-se a depressão, ansiedade, tristeza, baixa autoestima e agressão. Tal perfil é contrário ao de participantes com altos escores em passado-positivo, associado com autoestima e felicidade, e negativamente com depressão, ansiedade e agressão. Os fatores sobre o presente referem-se a uma postura de exposição ao risco pela busca por momentos intensos (presente-hedonista) ou a uma atitude desesperançosa frente à vida (presente-fatalista). Altos escores em presente-hedonista associaram-se a busca por sensações e novidades e baixo controle inibitório; e presente-fatalista associou-se a depressão, ansiedade e agressividade. Ambos se associaram negativamente com consideração por consequências futuras. O fator futuro diz respeito à presença de metas, planejamento e pontualidade. Altos escores em futuro associaram-se a consideração por consequências futuras, horas de estudo semanais e negativamente com busca por sensações e novidades, ansiedade e depressão (Zimbardo & Boyd, 1999).
Em versões anteriores do ZTPI foi observada a formação de quatro fatores associados ao futuro, de modo que Zimbardo e Boyd (1999) levantaram a possibilidade de pesquisas futuras encontrarem um conjunto mais complexo de fatores. Um estudo americano (Worrel & Mello, 2007) verificou a organização fatorial do ZTPI com um fator extra nomeado futuro-planejamento. Todavia, as suas propriedades psicométricas foram inconsistentes e a sua amostra era muito específica (adolescentes com bom desempenho escolar). Em uma versão sueca do ZTPI (Carelli, Wiber, & Åström, 2014) foram encontrados dois fatores relacionados ao futuro. Nesta versão, foram acrescentados oito itens, que junto com dois itens originais inversos formaram o fator futuro-negativo. Altos escores neste fator associaram-se a ansiedade.
No Brasil, há três estudos de adaptação do ZTPI. Em um deles, formaram-se quatro fatores – somente um associado ao presente (Oliveira & Pinheiro, 2007). Em outro, foi mantida a sua estrutura fatorial original, ainda que muitos itens tenham sido excluídos por baixa carga fatorial (Milfont, Andrade, Belo, & Pessoa, 2008). Leite e Pasquali (2008) propuseram duas versões do ZTPI e, embora tenham encontrado estrutura fatorial semelhante ao original, muitos itens foram excluídos ou migraram de fator. Tais inconsistências podem significar diferenças nos traços latentes da PT no Brasil, ou um processo de adaptação que não conseguiu preservar o significado dos itens originais. Sircova et al. (2014; 2015) realizaram estudos transculturais do ZTPI com amostras de 24 países, incluindo o Brasil. Após sucessivas análises de invariância, uma versão do ZTPI foi proposta com 36 itens.
Além do ZTPI, outros instrumentos investigam as três dimensões temporais da PT, tal como o Inventário de Perspectiva Temporal (IPT), desenvolvido por Janeiro (2012) para adolescentes portugueses. O instrumento possui 32 itens, agrupados em quatro fatores: orientação para o futuro; orientação para o presente; orientação para o passado; e visão ansiosa sobre o futuro. O IPT possui limitações, como a baixa carga fatorial de alguns itens e consistência interna mediana associada ao fator orientação para o passado. O IPT não é muito claro quanto aos elementos da PTF que pretende mensurar. As subescalas de orientação e visão ansiosa sobre o futuro foram adaptadas de uma escala que mensurava “direção pessoal de longo prazo” (Marko & Savickas, 1998; Wessman, 1973). Tal escala apresentava outras três subescalas não contempladas no IPT, que juntas mensuravam experiência temporal. Todavia, Janeiro (2012) não explicita tal perspectiva teórica. Bardagi, Teixeira, Lassance e Janeiro (2015) examinaram as propriedades psicométricas do IPT em uma amostra brasileira e desenvolveram uma nova versão com a exclusão e migração de alguns itens.
As subescalas de futuro do ZTPI e do IPT são medidas gerais com indicadores de diferentes qualidades (componentes cognitivos, dinâmicos, afetivos e comportamentais) associadas e um viés cognitivo orientado ao futuro. No caso do IPT e da versão sueca do ZTPI são diferenciadas orientações saudáveis e ansiogênicas. A vantagem do ZTPI e do IPT é a integração das PTs de passado, presente e futuro em um único instrumento. Todavia, para a avaliação da PTF outras medidas são mais específicas e apresentam organizações multifatoriais, ainda que outros termos sejam utilizados, conforme exposto a seguir.
O norueguês Gjesme (1983) referiu-se à orientação temporal futura (OTF; future time orientation) como “uma capacidade geral de antecipar, lançar luz e estruturar o futuro” (p. 452). A abordagem de Gjesme centra-se nos processos cognitivos que estruturam o futuro e, muito embora ele tenha compreendido a OTF como um traço de personalidade (abordagem atemática), reconheceu a importância de estudos que investigassem a OTF aplicada a contextos específicos (abordagem temática). Gjesme (1979) desenvolveu a Future Time Orientation Measure, que possuía 14 itens agrupados em quatro fatores. Envolvimento se relaciona ao grau com que a pessoa estrutura o seu futuro; e antecipação à tendência em antecipar o futuro. Ocupação se refere ao grau com que a pessoa percebe o tempo futuro em relação ao presente; e velocidade à percepção de passagem do tempo.
A medida original de Gjesme (1979) apresentava limitações psicométricas, tais como a prevalência de itens invertidos e a baixa consistência interna do fator velocidade, que possuía apenas dois itens. O instrumento foi revisto (Bjørnebekk & Gjesme, 2009) e na sua versão atual contém 12 itens distribuídos em três fatores: envolvimento cognitivo, velocidade e ação. Não foram encontrados estudos que explorassem as mudanças promovidas no instrumento, tampouco adaptações para a realidade brasileira ou portuguesa. Todavia, o instrumento foi utilizado como ponto de partida para a construção da Future Time Perspective Scale (FTPS), desenvolvida nos Estados Unidos por Husman e Shell (2008).
A FTPS foi desenvolvida para estudantes universitários e possui 27 itens agrupados em quatro fatores. Valor se refere à capacidade em atribuir importância ao futuro em relação ao presente. Conectividade se associa à habilidade em fazer conexões entre o presente e o futuro (construída parcialmente com itens da subescala envolvimento, de Gjesme, 1979). Distância se refere à percepção da distância temporal de eventos futuros em comparação ao presente (construída parcialmente com itens da subescala ocupação, de Gjesme, 1979). E Velocidade se associa à capacidade de antecipar e planejar o futuro (construída com a união de itens das subescalas velocidade e antecipação, de Gjesme, 1979). Não foram encontradas versões brasileiras do instrumento, mas há uma versão portuguesa da FTPS com boas propriedades psicométricas (Cabral, 2011; Miguel, Paixão, Silva, & Machado, 2017). Diferente da medida de Gjesme (1979), que avaliava somente processos cognitivos associados à PTF, a FTPS reconhece valor como um componente dinâmico, aspecto explorado mais profundamente por outras perspectivas teóricas introduzidas a seguir.
As Abordagens Temáticas da Motivação
A chamada Teoria da Perspectiva temporal futura (TPTF) partiu da Teoria da Motivação Humana, do psicólogo belga Joseph Nuttin, segundo o qual o comportamento presente é muito mais que uma função do passado, envolvendo e sendo orientado por processos cognitivo-motivacionais em torno de algo que ainda não está lá. Nesse sentido, as necessidades humanas abstratas (compreendidas para além das necessidades fisiológicas) são transformadas em projetos de ação concretos situados em uma estrutura temporal. Esses processos criam o espaço motivacional a partir do qual o comportamento presente se orienta (Nuttin, 1983/1980). Nuttin e Lens (1985) conceberam a PT de um indivíduo “como a configuração dos objetos temporalmente localizados que virtualmente ocupam a sua mente em uma determinada situação” (p. 21). A PTF foi compreendida como a antecipação das metas de futuro no presente, o que demarca a TPTF como abordagem temática.
Nos estágios iniciais da TPTF, a PTF foi caracterizada a partir de quatro dimensões. Extensão se associa à distância temporal das metas e densidade à distribuição das metas nos espaços temporais. Grau de estruturação se refere à forma como as metas se associam e grau de vividez e realidade ao quão realistas elas são. O método de avaliação da PTF era o Motivational Induction Method (MIM; Nuttin & Lens, 1985), no qual os participantes listavam as suas metas e indicavam o período em que pretendiam realizá-la. O principal meio de calcular a extensão era a partir da subtração do tempo em que as metas foram situadas pelo tempo presente; e a densidade, verificando-se a concentração das metas ao longo do tempo. O conteúdo das metas era também analisado, agrupando-as em categorias a priori (e.g. trabalho, educação etc.). O MIM foi adaptado ao contexto brasileiro por Maluf e Maluf (1977).
De Volder e Lens (1982) trouxeram à TPTF elementos da Teoria Valor*Expectativa, que parte do pressuposto de que o comportamento orienta-se por um sistema autorregulatório que visa a reduzir a discrepância entre a circunstância atual e o estado final desejado (a meta) (Carver & Scheier, 1982). Nesse sistema, a motivação para a prossecução de metas relaciona-se com o valor associado à meta e a sua expectativa (no sentido de estado de espera)2 de sucesso (Atkinson & Raynor, 1978). A partir desta perspectiva, a PTF foi concebida por meio de dois componentes: valência e instrumentalidade. Valência é um componente dinâmico associado ao grau de importância de uma meta futura. Neste caso, dinâmico significa que a meta tem um apelo motivacional, sendo capaz de mobilizar comportamentos com vistas à sua realização. Instrumentalidade é um componente cognitivo a partir do qual são feitas associações entre atividades presentes e expectativas de sucesso em metas futuras (ou seja, o quanto a realização de uma meta futura é vista como consequência de um comportamento no presente). De Volder e Lens (1982) verificaram empiricamente que o engajamento em atos instrumentais (i.e., atos associados a metas futuras) é uma função da valência das metas associadas ao ato e do seu valor instrumental (i.e., a diferença entre a expectativa em atingir as metas ao executar o ato e a expectativa em atingir as metas sem o executar).
Ao revisar diferentes perspectivas teóricas e pesquisas empíricas em PTF, Husman e Lens (1999) atestaram relações entre extensão, valência e instrumentalidade. Nesse sentido, pessoas com PTF mais estendidas parecem atribuir maior valência às metas de longo prazo. Isto porque tendem a perceber as distâncias temporais como mais curtas, o que favorece também a atribuição de valor instrumental às atividades desenvolvidas no presente. Husman e Lens (1999) verificaram ainda que a relação entre instrumentalidade e prossecução de metas parece sofrer a influência do tipo de regulação e do tipo de meta que se busca realizar.
A partir desta lacuna teórica, Simons, Vanteekiste, Lens e Lacante (2004) destacaram dois fatores associados à instrumentalidade: utilidade e regulação. Utilidade se refere ao grau de similaridade com que as capacidades exigidas para as atividades no presente são também exigidas na execução das metas futuras, o que se relaciona ao componente cognitivo da PTF. Diz-se que há alta utilidade quando um estudante que pretende ser engenheiro estuda matemática. Para o mesmo estudante, biologia tem menor utilidade. Regulação se refere ao tipo de impulso orientador na prossecução de metas, o que se associa ao aspecto dinâmico da PTF. Diz-se que a regulação é externa quando o comportamento é orientado por forças externas à pessoa (e.g. retorno financeiro); enquanto que a regulação é considerada interna quando o comportamento é orientado por motivos internos (e.g. desenvolvimento pessoal).
Segundo Deci e Ryan (2000), a regulação interna reflete um tipo de motivação autônoma que satisfaz três necessidades psicológicas inatas e universais, os nutrientes psicológicos essenciais para o crescimento, integridade e bem-estar psicológico: competência, pertencimento e autonomia. Competência se associa ao desejo de se sentir eficaz nas suas ações. Pertencimento se refere ao desejo de se conectar a outras pessoas. Autonomia se relaciona ao desejo de organizar a experiência pessoal em congruência com o senso integrado de si. Não somente os modos de regulação satisfazem as necessidades psicológicas como também o conteúdo das metas, o que diferencia metas intrínsecas (satisfazem as necessidades psicológicas) de extrínsecas (não satisfazem) (Seginer & Lens, 2015). Pesquisas atestaram empiricamente que a regulação autônoma e as metas intrínsecas se associam a melhores resultados na prossecução de metas (Lens, Paixão, Herrera, Grobler, 2012).
O Future Time Perspective Questionnaire (FTPQ) (Stouthard & Peetsma, 1999) e o Aspiration Index (AI) (Grouzet et al., 2005) são instrumentos psicométricos para adolescentes embasados nas Abordagens Temáticas da Motivação. O FTPQ possui 48 itens e oito fatores que mensuram a FTP de curto e longo prazo em quatro domínios da vida (estudos e carreira profissional; desenvolvimento pessoal; relações sociais; e lazer). Cada fator é formado por itens que representam aspectos cognitivos, dinâmicos e afetivos da PTF. O instrumento apresenta boas propriedades psicométricas atestadas por meio de análises fatoriais confirmatórias, seja na sua versão original (Stouthard & Peetsma, 1999), seja em uma versão adaptada para a realidade portuguesa (Gambão, 2018). Em relação ao AI, na sua versão atual, o instrumento é composto por 57 itens e 11 fatores, que podem ser organizados em duas dimensões de metas (extrínsecas-intrínsecas e autotranscedência-físico). O AI mensura sobretudo o aspecto dinâmico e afetivo da PTF, tendo em vista que avalia o grau de importância e a expectativa (no sentido de espera) de um conjunto específicos de metas. O instrumento apresenta propriedades psicométricas consistentes extraídas de um estudo transcultural com amostras de 15 países (Grouzet et al., 2005) e foi adaptado para a cultura brasileira por Núñez-Rodriguez, Souza e Koller (2016).
A Teoria da Autodeterminação e a TPTF possuem em comum pressupostos da Psicologia Humanista, segundo a qual o ser humano é dotado instintivamente de uma tendência a buscar o desenvolvimento do seu potencial (Frankl, 1925/2003; Maslow, 1943; Rogers, 1960). Esta visão de ser humano proativo diferencia-se da Teoria Valor*Expectativa, que compreende a prossecução de metas a partir de uma reação que reduz discrepâncias entre a circunstância atual e a meta desejada. Segundo Deci e Ryan (2000), a prossecução de metas sofre influência do grau de congruência das metas e modo de regulação com as necessidades psicológicas. Nesse sentido, há diferenças qualitativas na PTF que não podem ser explicadas pela quantificação da motivação presente na ideia de valência. Esta diferença qualitativa torna evidente a presença de um componente dinâmico da PTF relacionado com o grau de congruência da PTF com as necessidades psicológicas básicas.
As Abordagens Temáticas Interacionistas e do Desenvolvimento Humano
Nas décadas de 1970 e 1980, pesquisadores interacionistas alemães (Schmidt, Lamm, & Trommsdorff, 1978; Trommsdorff, 1983) se interessaram pelo estudo da orientação de futuro (OF; future orientation), termo análogo a PTF e compreendido como um sistema multidimensional com componentes cognitivos e afetivos. Os métodos de avaliação eram semelhantes ao MIM, ainda que os teóricos interacionistas tenham se interessado não somente pelas metas desejadas, mas pelos conteúdos temidos. Nesse sentido, a OF era investigada a partir de representações de futuro com valência positiva (esperança) e negativa (medo). Para cada uma das representações listadas, os participantes respondiam a escalas que investigavam diferentes componentes associados, tais como extensão, locus de controle e otimismo. Locus de controle é um componente cognitivo que se refere ao grau com que a realização de uma meta é contingente a atitudes pessoais (locus interno) ou a sorte, destino e chance (locus externo). Otimismo é um componente afetivo que se refere à diferença na avaliação do futuro com relação ao presente. Diz-se que o futuro é otimista quando a diferença é considerada positiva; ou pessimista, quando negativa.
Esperança e otimismo possuem outros sentidos em teorias da autorregulação. Enquanto para os teóricos interacionistas esperança é uma representação de futuro, para Snyder et al. (1991) ela é um viés cognitivo baseado em dois componentes: (1) agência: senso de determinação em cumprir metas; e (2) rotas: senso de capacidade em gerar planos bem-sucedidos. O termo aspiração pode ser utilizado para se referir a representações de futuro com valência positiva (Mahler, Simmons, Frick, Steinberg, & Cauffman, 2017), de modo a evitar a ambiguidade relacionada ao termo esperança. Com relação a otimismo, o termo é utilizado pelos teóricos interacionistas para se referir a um estado de afeto vinculado a uma representação de futuro. Todavia, para Scheier e Carver (1985), otimismo é uma disposição associada à capacidade em gerar expectativas (no sentido de estado de espera) positivas.
Os interacionistas se opunham a teóricos das abordagens atemáticas, de modo a desconsiderar a existência de uma tendência geral orientadora do futuro. Para eles, a OF era um construto que sofria variações intraindividuais conforme o domínio da vida associado (e.g. educação, trabalho, família). Achados empíricos corroboraram a sua tese por meio de estudos que investigavam a relação entre OF e características pessoais e contextuais (i.e., sexo, classe social, escolarização). Os resultados indicaram que muitas das associações entre OF e características pessoais e contextuais só eram percebidas se os conteúdos da OF fossem categorizados em diferentes domínios da vida (Schmidt et al., 1978; Trommsdorff, 1983; Trommsdorff & Lamm, 1980; Trommsdorff et al., 1979). Por exemplo, verificou-se empiricamente que mulheres possuíam mais metas relacionadas à esfera privada, enquanto que homens apresentavam mais metas relacionadas à esfera pública (Schmidt et al., 1978).
Trommsdorff (1983) desenvolveu uma teoria que endossou o efeito dos processos exógenos (i.e., externos ao indivíduo; e.g. educação parental) no desenvolvimento da OF. Ela reconheceu a importância de estudar os processos endógenos no desenvolvimento da OF (i.e., internos aos indivíduos; e.g. maturação cognitiva), mas acentuou as limitações de estudos que negligenciavam a influência da experiência social. Quatro processos exógenos foram destacados: (1) Fatores sociais: relacionados às condições socioeconômicas; (2) Status educacional: compreendido para além da aprendizagem, mas como fruto da escolarização; (3) Papéis sociais: tomando-se, por exemplo, o reflexo da ocupação e do gênero no contexto social; e (4) Comportamento parental percebido: relativo às interações entre pais e filhos.
A abordagem interacionista é pouco utilizada atualmente, mas os seus pressupostos influenciaram outras perspectivas, tais como as abordagens do desenvolvimento humano, cujos expoentes são o finlandês Jari-Erik Nurmi (1991) e a israelense Rachel Seginer (2009).
Nurmi (1999) compreende a OF como construto multidimensional, de múltiplos estágios e associado a três processos psicológicos. Motivação associa-se aos processos por meio dos quais metas são traçadas mediante comparação dos motivos e valores com as expectativas (no sentido de crença). Nurmi (1991) defende que um sistema de complexidade hierárquica é criado a partir da definição de metas, de modo que motivos e valores abstratos são transformados em metas concretas. Planejamento refere-se aos processos a partir dos quais estratégias são pensadas como meio de concretizar as metas. Três estágios associam-se ao planejamento: (1) pessoas criam representações das suas metas e do contexto futuro em que elas são esperadas; (2) criam estratégias, projetos e planos para a realização das metas; e (3) as estratégias, projetos e planos são executados. (Nurmi, 1991). Avaliação diz respeitos aos processos por meio dos quais as metas e planos são analisados quanto à sua possibilidade de concretização. Nurmi (1991) destaca duas dimensões: atribuição causal e afetos, que são análogas a locus de controle e otimismo. O Hopes and Fears Questionnaire (Nurmi, Poole, & Seginer, 1990) foi desenvolvido para avaliar a OF de modo semelhante aos instrumentos dos interacionistas. O instrumento já foi adaptado ao contexto português (Fonseca et al., 2018).
Seginer (2009) desenvolveu um modelo teórico sobre OF a partir de Nurmi (1991). Os modelos de Seginer (2009) e Nurmi (1991) são complementares, uma vez que compreendem a OF a partir de organizações coerentes entre si. O modelo de Seginer (2009) é multidimensional e possui três componentes. Motivação é descrita em termos de três variáveis comuns a outras teorias: valor, controle e expectativa (enquanto estado de espera). Cognição se refere às representações de futuro, categorizadas em esperança e medo, conforme a sua valência. Comportamento é definido a partir de duas variáveis: exploração é a busca por informações sobre oportunidades futuras; enquanto comprometimento é a tomada de decisão quanto à opção futura a ser investida, o que gera um sentido de ação.
Seginer (2009) criou o Prospective Life Course Questionnaire como forma de operacionalizar o seu modelo teórico. Trata-se de um questionário fechado que avalia a OF de adolescentes associada a domínios específicos: carreira e família. Os itens agrupam-se em fatores conforme os componentes teóricos propostos, de modo a se observar valor, expectativa, controle (interno e externo), exploração e comprometimento associados aos domínios investigados. Não foram encontradas versões brasileiras ou portuguesas do instrumento, embora ele tenha sido adaptado para diferentes culturas (Nurmi, Poole, & Seginer, 1995; Seginer & Mahajna, 2018; Seginer, Vermulst, & Shoyer, 2004).
As Abordagens Temáticas do Self e dos Construtos de Ação Pessoal
Segundo Epstein (1973), self é um sistema integrado de esquemas cognitivos e afetivos que uma pessoa tem sobre si. O self não se refere apenas a esquemas relacionados ao presente, mas a representações de si no passado e futuro. Nesse sentido, Markus e Nurius (1986) conceberam possible self como o conjunto de ideias de uma pessoa sobre o que ela gostaria de ser (hoped for self), o que ela possivelmente será (expected self) e o que ela teme em ser (feared self). Ao investigar o futuro psicológico, a teoria de self se interessa sobre a PTF, sobretudo enquanto abordagem temática, pois a investiga a partir de representações.
Oyserman e James (2009) sistematizaram a teoria do possible self e identificaram quatro características associadas ao seu conteúdo. Valência distingue os conteúdos temidos (feared self) dos desejados (hoped for self). Distância temporal refere-se ao quão distante no futuro o self é projetado. Percepção de probabilidade se refere ao grau com que o conteúdo do possible self é estimado, o que demarca o reconhecimento de expected self enquanto categoria distinta a dos hoped for self e feared self. Detalhe se refere ao grau com que o possible self é associado a uma estratégia, o que se associa a funções autorreguladoras na prossecussão de metas pessoais (Oyserman, Bybee, Terry, & Hart-Johnson, 2004).
A Possible Selves Measure (Oyserman & Markus, 1990) é o principal instrumento utilizado para avaliar os possible selves. Trata-se de um questionário em que os participantes listam o que desejam (hoped for self), esperam (expected self) e temem (feared self) para o futuro. O conteúdo é então enquadrado em categorias a priori, o que assemelha a Possible Selves Measure ao MIM, ao Hopes and Fears Questionnaire e aos instrumentos dos interacionistas. A grande contribuição foi a separação entre conteúdos desejados e esperados, de modo a diferenciar entre conteúdos fantasiosos e com real intenção de realização. Nesse sentido, foi atestado empiricamente que os expected selves produzem maior efeito motivacional que os hoped for selves e feared selves (Oyserman & Markus, 1990). Com o reconhecimento da dimensão detalhe, o instrumento passou a avaliar também as ações em andamento para se aproximar do expected self e evitar o feared self. Este tipo de informação permitiu verificar empiricamente que os possible selves vinculados a ações associavam-se a desfechos mais positivos na prossecussão de metas pessoais (Oyserman et al., 2004).
A ideia de possible selves associados a estratégias aproxima a teoria do self com algumas abordagens teóricas norteamericanas interessadas nas ações cotidianas orientadas por metas. Tais perspectivas embasam-se nas teorias da personalidade e psicologia social e concebem a meta como elemento contextualizado e provisional da personalidade (Emmons, 1989). Os autores destas perspectivas teóricas desenvolveram os construtos da ação pessoal, que entre eles os mais populares são: projetos pessoais, personal strivings e tarefas de vida. Essas teorias possuem métodos de avaliação semelhantes, a Personal Projects Analysis (Little, 1983), a Striving Instrumentality Matrix (Emmons, 1986) e a Life Task Appraisal (Cantor et al., 1991). Os participantes inicialmente listam as suas ações cotidianas orientadas ao futuro e, em seguida, respondem a escalas que avaliam aspectos associados aos itens listados. Há uma versão brasileira do Personal Projects Analysis (Santos, 2012).
Segundo Little (1983, p. 276), um projeto pessoal é “um conjunto de atos interrelacionados que se estende ao longo do tempo e que se destina a manter ou atingir um estado de coisas previsto pelo indivíduo”. Os projetos pessoais variam desde planos previstos em um futuro próximo (e.g. ler um livro) até planos complexos situados em um futuro distante (e.g. graduar-se). Little (1983) situa os projetos pessoais a partir da sucessão de quatro estágios. Na incepção, surge um ímpeto para a execução de um projeto, que é explorado quanto a aspectos afetivos e práticos e aceito como possibilidade de execução. No planejamento, a proposta de execução do projeto é pensada, incluindo os seus recursos financeiros, materiais e pessoais necessários. Na ação, a execução do projeto inicia-se a partir do engajamento em atividades e se mantêm com as noções de controle, continuidade e motivação. No término, sinais para a finalização são percebidos, o projeto é concluído e os seus resultados são avaliados.
A ideia de projetos pessoais relaciona-se com um termo popular na literatura brasileira: projeto de vida. Alguns autores o compreendem como uma intenção de mudança da realidade (Catão, 2001) ou uma conduta para atingir um fim (Velho, 1994). Outros o compreendem como a operacionalização de uma tensão existencial em um projeto de ação (Bertelsen, 1996). Em ambas as perspectivas, o termo engloba as metas e as ações para atingi-las. Todavia, há autores que adotam definições mais restritas3, considerando como projeto de vida somente as metas (D’Aurea-Tardeli, 2008; Dellazzana-Zanon, 2014; Gobbo, 2016; Pátaro & Arantes, 2014), o que o aproxima da ideia de aspiração. A principal diferença entre as ideias de projeto de vida (incluindo o componente ativo) e projetos pessoais se refere ao fato de que o projeto de vida envolve metas e ações relacionadas a aspectos identitários.
A abordagem de Emmons (1989) sobre personal striving contribui para a área por considerar aspectos teleológicos associados à PTF, isto é: a ideia de que a ação humana é orientada por um propósito maior. Emmons (1989) define personal strivings como “o tipo típico de metas que uma pessoa espera realizar em diferentes situações” (p. 92). São as manifestações particulares dos motivos, que conduzem a projetos e a unidades de ação. Um adolescente pode ter um personal striving de ser um profissional bem-sucedido, o que possivelmente deriva de um motivo de realização. Esse personal striving gerará um senso de finalidade dos seus atos, de modo que o adolescente delimitará projetos (e.g. passar no vestibular), que por sua vez gerará unidades de ação (e.g. estudar cotidianamente).
Esta noção teleológica está presente também na ideia de sentido de vida, termo originado na filosofia e teologia para o questionamento da finalidade humana enquanto espécie. Na Psicologia Humanista e Psicologia Positiva, o termo foi utilizado para se referir ao indivíduo em particular (Damásio & Koller, 2016). Segundo Steger, Frazier, Oishi e Kaler (2006, p. 81), sentido de vida é “o senso derivado e a significância sentida em relação à natureza do ser e a própria existência”. Nessa perspectiva, o sentido de vida é analisado a partir de dois componentes: um cognitivo e outro motivacional. O cognitivo se refere a uma percepção de ordem e coerência com relação à própria existência. O motivacional, à busca e concretização de metas significativas, o que é chamado propósito de vida.
Por fim, tarefas de vida são compreendidas por Cantor, Niedenthal, Norem, Langston e Brower (1987, p. 1179) como “o conjunto de tarefas que a pessoa se vê trabalhando e dedicando energia durante um período específico da vida”. A principal contribuição de Cantor et al. (1987) foi quanto ao continuum entre tarefas culturalmente comuns e pessoalmente únicas. Nesse sentido, as tarefas de vida de uma pessoa sofrem a influência de aspectos culturais, uma vez que sociedades desenvolvem padrões normativos de ação baseados em características como idade, gênero e nível socioeconômico.
Uma Integração entre as Abordagens
As teorias sobre PTF possuem diferentes terminologias, definições conceituais, elementos constitutivos e métodos de avaliação, sistematicamente descritos na Tabela 1. De modo geral, as teorias são classificadas em abordagens atemáticas ou temáticas, que se diferenciam quanto à consideração do conteúdo associado à PTF durante a investigação. As abordagens temáticas investigam a PTF a partir do seu conteúdo, enquanto as atemáticas não.
Entre as abordagens atemáticas, encontram-se as teorias que diferenciam a PTF das PTs de passado e presente e as teorias que enfocam na PTF com modelos multidimensionais. Os principais exemplos do primeiro grupo são as abordagens de Zimbardo e Boyd (1999) e Janeiro (2012), que desenvolveram o Zimbardo Time Perspective Inventory e o Inventário de Perspectiva Temporal. Tais instrumentos são escalas psicométricas que mensuram o grau de orientação ao passado, presente e futuro. Há versões brasileiras desses instrumentos (Leite & Pasquali, 2008; Bardagi et al., 2015), embora ambas possuam limitações psicométricas. As abordagens de Gjesme (1979) e Husman e Lens (2008) se enquadram no segundo grupo, de modo que diferentes dimensões da PTF são consideradas nos seus instrumentos, i.e., a Future Time Orientation Measure e a Future Time Perspective Scale. Não há versões brasileiras desses instrumentos, embora a FTPS já tenha sido adaptada em Portugal (Cabral, 2011).
Os métodos de avaliação da PTF nas abordagens temáticas podem ser classificados entre métodos dedutivos e indutivos. Os métodos dedutivos são as escalas psicométricas, semelhantes às das abordagens atemáticas. A diferença se refere ao fato de que, nas abordagens temáticas, os itens são associados a domínios específicos. O Prospective Life Course Questionnaire (PLCQ; Seginer, 2009) avalia dois domínios (carreira e família); o Future Time Perspective Questionnaire (FTPQ; Stouthard & Peetsma, 1999) avalia quatro domínios (estudos e carreira profissional; desenvolvimento pessoal; relações sociais; e lazer); e o Aspiration Index (AI; Grouzet et al., 2005) avalia 11 tipos de metas (classificadas em duas dimensões: extrínsecas-intrínsecas e autotranscendência-físico). Não foram encontradas versões brasileiras do PLCQ e do FTPQ, mas o FTPQ já foi adaptado para a realidade portuguesa. O AI já foi adaptado no Brasil por Núñez-Rodriguez et al. (2016).
Nos métodos indutivos, os participantes inicialmente listam as suas representações de futuro (ou ações cotidianas orientadas por metas) e preenchem posteriormente a escalas e questões abertas que avaliam componentes associados aos itens listados. Exemplos desses instrumentos são o Motivational Induction Method (Nuttin & Lens, 1985), o Hopes and Fears Questionnaire (Nurmi, 1991) e os questionários das abordagens interacionistas, do self e dos construtos de ação pessoal. Há versões brasileiras do MIM (Maluf & Maluf, 1977) e do Personal Project Appraisal (Santos, 2012).
As diferenças entre abordagens atemáticas e temáticas não se restringem somente aos seus métodos, mas também ao seu objeto de estudo. As abordagens atemáticas investigam uma tendência geral que orienta diferentes processos relacionados ao futuro psicológico. No caso das teorias de Zimbardo e Boyd (1999) e Janeiro (2012), o enfoque é sobre um viés cognitivo que gera diferentes modos de orientações ao passado, presente e futuro. No caso das teorias de Gjesme (1979) e Husman e Lens (2008), é investigada uma característica pessoal que influencia o modo como as pessoas se relacionam com o futuro. O modelo de Husman e Lens (2008) se sobressai por trazer evidências empíricas mais consistentes. A Future Time Perspective Scale discrimina quatro dimensões associados à PTF: valor se refere à disposição em atribuir importância ao futuro; conectividade se associa à disposição em fazer conexões entre atividades atuais e metas futuras; distância se refere à percepção de duração do tempo, de modo que PTF estendidas se associam à percepção de futuro como mais próximo; e velocidade se associa à disposição em se antecipar e planejar o futuro.
Com relação às abordagens temáticas, o seu objeto de estudo são as antecipações do futuro psicológico no presente, o que inclui representações cognitivas e esquemas afetivos e dinâmicos a elas associados. As abordagens temáticas enfocam-se, assim, sobre o estado atual do futuro psicológico, que sofre influência das características pessoais investigadas pelas abordagens atemáticas e por características pessoais e contextuais de outras qualidades. Os componentes da PTF investigados variam conforme a abordagem adotada, também quanto à consideração por representações cognitivas específicas nos seus métodos de avaliação.
As representações de futuro classificam-se em representações de futuro desejado, temido e esperado. As representações de futuro desejado são intituladas hoped for self pelos teóricos do self, metas nas abordagens da motivação, e esperança nas abordagens interacionistas e do desenvolvimento humano. Tendo em vista que o termo esperança é utilizado também para se referir a uma disposição de caráter autorregulatório (Snyder et al., 1991), o termo aspiração pode ser utilizado para se referir a representações de futuro desejado, o que evita a ambiguidade do termo esperança. Mahler et al. (2017) compreendem aspiração como metas atribuídas de importância, termo contrastado com expectativa (no sentido de crença), que se refere a metas cuja probabilidade de ocorrência é percebida como alta. Os teóricos do self intitulam as representações de futuro esperado como expected self. Por fim, as representações de futuro temido são intituladas medo nas abordagens interacionistas e do desenvolvimento humano e feared self pelos teóricos do self.
As teorias dos construtos de ação pessoal analisam representações vinculadas às ações cotidianas orientadas por metas. Nesse sentido, os seus construtos são representações das metas desejadas e das ações implementadas para atingi-las. Projetos de vida também podem ser compreendidos a partir deste prisma, ainda que não haja consenso sobre a sua definição.
Extensão e densidade são componentes cognitivos que avaliam a distribuição das representações no futuro. Extensão se refere à distância temporal das representações, enquanto que densidade se associa à quantidade de representações. Indicadores desses componentes podem ser extraídos a partir do Motivational Induction Method, do Hopes and Fears Questionnaire e do instrumento dos interacionistas. Este componente se associa à dimensão distância descrita por Husman e Shell (2008) como característica pessoal.
Um terceiro componente cognitivo se refere à associação das atividades presentes com o sucesso em metas futuras. De Volder e Lens (1982) conceberam este componente como instrumentalidade e o avaliaram a partir de métodos dedutivos que calculavam o valor instrumental de determinada atividade. O cálculo era feito a partir da subtração da (1) expectativa que as pessoas têm em atingir determinada meta ao executar o ato em questão e pela (2) expectativa que elas têm em atingir a mesma meta sem executar o ato. De modo semelhante, a Striving Instrumentality Matrix (Emmons, 1986) avalia a instrumentalidade dos personal strivings com um item que mensura o quanto a tentativa de suceder no striving listado altera as chances de sucesso em outros strivings. Tal componente tem relação com a característica pessoal intitulada como conectividade por Husman e Shell (2008).
Um último componente cognitivo se refere ao grau com que a realização de uma meta é contingente a atitudes pessoais (locus interno) ou a sorte, destino e chance (locus externo). Este componente é intitulado como locus de controle pelos interacionistas, atribuição causal por Nurmi (1991) e controle por Seginer (2009). Os interacionistas e os teóricos dos construtos de ação pessoal o examinam a partir de itens associados às representações listadas, enquanto no LPCQ ele é avaliado de modo dedutivo, considerando os domínios carreira e família. Há perspectivas que consideram locus de controle como uma disposição pessoal e que o investigam de modo atemático e não necessariamente vinculado ao futuro (Rotter, 1966).
Com relação aos componentes dinâmicos, observam-se duas variáveis associadas. A primeira refere-se à atribuição de importância às metas, o que é compreendido como valor. Este componente é avaliado de modo dedutivo no PLCQ, considerando os domínios carreira e família. Nos instrumentos que mensuram aspirações (como o AI), o que está em questão é o valor atribuído às metas discriminadas, de modo que altas pontuações em dimensões específicas são indicadores de aspirações associadas a tais domínios. Os questionários das abordagens dos construtos de ação pessoal também avaliam valor a partir de escalas que questionam a importância dos itens listado. Este componente associa-se à dimensão de mesmo nome descrita por Husman e Shell (2009) como característica pessoal.
O segundo componente dinâmico se refere ao grau de congruência das metas com as necessidades psicológicas básicas. Este aspecto é investigado pelas abordagens temáticas da motivação a partir de desenhos experimentais em que são comparados grupos motivados de diferentes formas na prossecução de metas pessoais (Lens et al., 2012). O AI avalia 11 tipos de metas e as classifica em intrínsecas e extrínsecas. Ademais, alguns dos itens utilizados para avaliar os projetos pessoais listados no Personal Project Appraisal (Little, 1983) parecem se relacionar às necessidades psicológicas básicas, tais como congruência de valor e identidade. Por fim, este segundo componente dinâmico possui relação com aspectos teleológicos da PTF destacados por Emmons (1989) ao descrever os personal strivings. Relacionam-se também com a ideia de sentido de vida apresentada por Steger et al. (2006).
Algumas abordagens reconhecem um componente afetivo associado a visões positivas (ou negativas) sobre o futuro. Este componente é intitulado otimismo/pessimismo pelos interacionistas e Nurmi (1991) e expectativa (enquanto estado de espera) por Seginer (2009). A este componente estão associados processos cognitivos de estimação de eventos futuros, de modo a influenciar a intensidade e direção da expectativa (otimista ou pessimista). Este componente é avaliado dedutivamente no PLCQ, considerando os domínios carreira e família. Ademais, nos instrumentos das abordagens interacionistas e dos construtos de ação pessoal, há escalas que avaliam a expectativa associada a cada um dos itens listados. Teorias sobre autorregulação desenvolveram construtos associados a disposições pessoais em gerar expectativas positivas, tais como a ideia de otimismo de Scheier e Carver (1985) e esperança de Snyder et al. (1991) – especialmente o seu componente rotas.
Exploração e comprometimento são componentes comportamentais associados à PTF descritos por Seginer (2009). Exploração é a busca por informações sobre oportunidades para o futuro, enquanto comprometimento é a tomada de decisão quanto à opção futura a ser investida, o que gera um sentido de ação. Ambos os componentes são avaliados no PLCQ, considerando os domínios carreira e família. Nos questionários das abordagens dos construtos de ação pessoal, as representações listadas são avaliadas por itens que se relacionam com a ideia de comprometimento, tais como progresso, adequação de tempo, esforço e absorção.
Um último componente comportamental se refere ao grau com que as representações de futuro estão acompanhadas de um plano de ação a partir do qual podem se tornar reais. Este aspecto é pouco explorado pelas perspectivas teóricas sobre PTF, embora considerado na definição dos construtos de ação pessoal. A abordagem do self definiu tal componente como detalhe e o avalia a partir de uma questão aberta em que é perguntado ao participante sobre as ações que tem tomado (ou que pretende tomar) para conquistar as suas metas no futuro.
As teorias diferenciam-se também quanto ao grau de influência do contexto no desenvolvimento da PTF. Para as abordagens atemáticas, o contexto exerce um papel crítico na infância, de modo que na fase adulta as características pessoais investigadas parecem menos sensíveis às mudanças ambientais. Nas abordagens temáticas da motivação, o contexto é considerado sobretudo quanto às suas propriedades motivacionais, podendo incentivar modos de regulação autônomos ou controlados. As outras abordagens temáticas consideram o contexto fundamental, assumindo que a PTF se desenvolve de modo dialético ao longo da vida. Destaque especial deve ser dado às abordagens do desenvolvimento humano, interessadas em estudos transculturais e na identificação de elementos antecedentes da PTF.
Considerações Finais
Este estudo teórico apresentou as principais teorias, construtos e instrumentos utilizados na literatura internacional sobre PTF. As teorias apresentadas foram classificadas entre abordagens atemáticas e temáticas. As abordagens atemáticas investigam características pessoais que influenciam o modo como as pessoas lidam com o seu futuro psicológico. As abordagens temáticas se interessam sobre o modo como o futuro psicológico se apresenta no presente. Nesse sentido, as abordagens atemáticas investigam a PTF independentemente do seu conteúdo, enquanto nas abordagens temáticas os conteúdos são sempre considerados – seja a partir de métodos indutivos que investigam representações cognitivas, seja por meio de métodos dedutivos que diferenciam entre domínios da vida definidos a priori. As teorias se diferenciam também quanto aos seus elementos constitutivos, considerando-se componentes cognitivos, dinâmicos, afetivos e comportamentais de diferentes qualidades.
O estudo procurou descrever e contrastar perspectivas teóricas clássicas e construtos relacionados com PTF, sem, no entanto, fazer um levantamento sistemático de publicações sobre o tema. Por isso, não teve a pretensão de esgotar as teorias existentes relacionadas a esse assunto. As perspectivas neuropsicológicas e evolutivas, por exemplo, não foram mencionadas. Novos estudos teóricos podem enfatizar as relações entre PTF e processos autorregulatórios na prossecução de metas pessoais, enfatizando os elementos consequentes da PTF. As relações entre teorias humanistas com as perspectivas teóricas em PTF podem ser examinadas, de modo a ressaltar o aspecto teleológico associado ao futuro psicológico. Também as relações com teorias construtivistas e construcionistas podem ser examinadas, aprofundando o exame dos antecedentes associados ao desenvolvimento da PTF.
Mesmo com a limitação associada ao seu escopo, este estudo pode servir como ponto de partida para pesquisas a serem desenvolvidas no País. Em se tratando de um construto complexo e multidimensional, é necessário que embasamentos teóricos robustos sejam utilizados para dar clareza sobre qual aspecto da PTF é investigado. O conhecimento sobre as diferentes teorias, construtos e instrumentos associados à PTF pode evitar, assim, o uso equivocado de termos associados na literatura nacional. Pode favorecer também escolhas teóricas e metodológicas para o delineamento de pesquisas com maior qualidade. Espera-se que, com a leitura deste manuscrito, o leitor tenha maior discernimento sobre as diferentes teorias, construtos e instrumentos existentes, de modo a se aprofundar no conteúdo que julgar de maior relevância para a prossecução das suas metas acadêmicas futuras.
Referências
Atkinson, J. W., & Raynor, J. O. (1978) Personality, motivation, and achievement. Washington: Hemisphere. [ Links ]
Bardagi, M. P., Teixeira, M. A. P., Lassance, M. C. P., & Janeiro, I. N. (2015). Propriedades psicométricas da versão brasileira do Inventário de Perspectiva Temporal para adolescentes. Avaliação Psicológica, 14(1), 1-8. https://doi.org/10.15689/ap.2015.1401.01 [ Links ]
Bertelsen, P. (1996). General psychological principles in Kohut’s self psychology reconsidered from a phenomenological perspective. Journal of phenomenological psychology, 27(2), 146-173. https://doi.org/10.1163/156916296x00087
Bjørnebekk, G., & Gjesme, T. (2009). Future time orientation and temperament: Exploration of their relationship to primary and secondary psychopathy. Psychological Reports, 105(1), 275-292. https://doi.org/10.2466/PR0.105.1.275-292 [ Links ]
Cabral, C. (2011). Perspectiva temporal de futuro e aspirações de vida: Estudo das suas relações e do seu impacto na vitalidade, satisfação com a vida e exploração e compromisso com a carreira. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal. [ Links ]
Cantor, N., Norem, J. K., Niedenthal, P. M., Langston, C. A., & Brower, A. M. (1987). Life tasks, self-concept ideals, and cognitive strategies in a life transition. Journal of Personality and Social Psychology, 53(6), 1178-1191. https://doi.org/10.1037/0022-3514.53.6.1178 [ Links ]
Cantor, N., Norem, J., Langston, C., Zirkel, S., Fleeson, W., & Cook-Flannagan, C. (1991). Life tasks and daily life experience. Journal of Personality, 59(3), 425-451. https://doi.org/10.1111/j.1467-6494.1991.tb00255.x [ Links ]
Carelli, M. G., Wiberg, B., & Åström, E. (2014). Broadening the TP profile: Future negative time perspective. In: M. Stolarski, N. Fieulaine, & W. Beek (Orgs.), Time perspective theory; review, research and application (pp. 87-97). Springer International Publishing. https://doi.org/10.13140/RG.2.1.4615.4403 [ Links ]
Carver, C. S., & Scheier, M. F. (1982). Control theory: A useful conceptual framework for personality-social, clinical, and health psychology. Psychological Bulletin, 92(1), 111-135. https://doi.org/10.1037/0033-2909.92.1.111 [ Links ]
Catão, M. D. F. M. (2001). Projeto de vida em construção: Na exclusão/inserção social. Paraíba, PB: Editora Universitária. [ Links ]
D’Aurea-Tardeli, D. (2008). A manifestação da solidariedade em adolescentes: Um estudo sobre a personalidade moral. Psicologia: Ciência e Profissão, 28(2), 288-303. https://doi.org/10.1590/S1414-98932008000200006
Damásio, B. F., & Koller, S. H. (2016). Sentido de vida: Definição e medidas. In: B. L. Seibel, M. Polleto, & S. H. Koller, Psicologia positiva: Teoria, pesquisa e intervenção (pp. 171-188). Curitiba, PR: Juruá [ Links ].
Damon, W. (2009). O que o jovem quer da vida? Como pais e professores podem orientar e motivar os adolescentes. (Valpassos, J., Trans.) São Paulo, SP: Summus. [ Links ]
De Volder, M. L., & Lens, W. (1982). Academic achievement and future time perspective as a cognitive-motivational concept. Journal of Personality and Social Psychology, 42(3), 566-271. http://doi.org/10.1037/0022-3514.42.3.566 [ Links ]
Deci, E. L., & Ryan, R. M. (2000). The” what” and” why” of goal pursuits: Human needs and the self-determination of behavior. Psychological inquiry, 11(4), 227-268. https://doi.org/10.1207/S15327965PLI1104_01
Dellazzana-Zanon, L. L. (2014). Projetos de vida na adolescência: Comparação entre adolescentes que cuidam e que não cuidam de seus irmãos menores. Tese de doutorado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. [ Links ]
Emmons, R. A. (1986). Personal strivings: An approach to personality and subjective well-being. Journal of Personality and Social Psychology, 51(5), 1058-1068. https://doi.org/10.1037/0022-3514.51.5.1058 [ Links ]
Emmons, R. A. (1989). The personal striving approach to personality. In: L. A. Pervin (Org.), Goal concepts in personality and social psychology (pp. 87-126). Hillsdale: Erlbaum. [ Links ]
Epstein, S. (1973). The self-concept revisited, or a theory of a theory. American Psychologist, 28, 404-416. http://dx.doi.org/10.1037/h0034679 [ Links ]
Fonseca, G., Silva, J. T. D., Paixão, M. P., Cunha, D., Crespo, C., & Relvas, A. P. (2018). Emerging adults thinking about their future: Development of the Portuguese version of the Hopes and Fears Questionnaire. Emerging Adulthood, 1-7. http://dx.doi.org/10.1177/2167696818778136 [ Links ]
Frankl, V. E (1995/2003). Psicoterapia e sentido da vida: Fundamentos da Logoterapia e Análise Existencial (4ª ed; A. M. Castro, Trad.). São Paulo: Quadrante. [ Links ]
Gambão, N. L. D. S. (2018). Perspetiva temporal de futuro e motivação escolar numa amostra de estudantes portugueses do 3ºciclo do ensino básico. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal. Disponível em https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/85318 [ Links ]
Gjesme, T. (1979). Future time orientation as a function of achievement motives, ability, delay of gratifcation, and sex. Journal of Psychology, 101, 173-188. https://doi.org/10.1080/00223980.1979.9915069 [ Links ]
Gjesme, T. (1983). On the concept of future time orientation: considerations of some functions’ and measurements’ implications. International Journal of Psychology, 18(1-4), 443-461. https://doi.org/10.1080/00207598308247493
Gobbo, J. P. (2016). Construção da Escala de Projetos de Vida para Adolescentes (EPVA). Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Centro de Ciências da Vida, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, SP. Recuperado de http://tede.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br:8080/jspui/handle/tede/907 [ Links ]
Grouzet, F. M., Kasser, T., Ahuvia, A., Dols, J. M. F., Kim, Y., Lau, S., ... & Sheldon, K. M. (2005). The structure of goal contents across 15 cultures. Journal of Personality and Social Psychology, 89(5), 800-816. http://dx.doi.org/10.1037/0022-3514.89.5.800 [ Links ]
Husman, J., & Lens, W. (1999). The role of the future in student motivation. Educational Psychologist, 34(2), 113-125. https://doi.org/10.1207/s15326985ep3402_4 [ Links ]
Husman, J., & Shell, D. F. (2008). Beliefs and perceptions about the future: A measurement of future time perspective. Learning and Individual Differences, 18(2), 166-175. https://doi.org/10.1016/j.lindif.2007.08.001 [ Links ]
Janeiro, I. N. (2012). O Inventário de Perspectiva Temporal: estudo de validação. Revista Iberoamericana de Diagnóstico e Avaliação Psicológica, 34(1), 117-133. [ Links ]
Leite, U. R., & Pasquali, L. (2008). Estudo de validação do Inventário de Perspectiva de Tempo do Zimbardo. Avaliação Psicológica, 7(3), 301-320. [ Links ]
Lens, W., Paixao, M. P., Herrera, D., & Grobler, A. (2012). Future time perspective as a motivational variable: Content and extension of future goals affect the quantity and quality of motivation. Japanese Psychological Research, 54(3), 321-333. https://doi.org/ 10.1111/j.1468-5884.2012.00520.x [ Links ]
Lewin, K. (1945/1965). Teoria de campo em ciência social (C. M. Bori, Trad.). São Paulo: Livraria. [ Links ]
Little, B. R. (1983). Personal projects: A rationale and method for investigation. Environment and Behavior, 15(3), 273-309. https://doi.org/10.1177/0013916583153002 [ Links ]
Mahler, A., Simmons, C., Frick, P. J., Steinberg, L., & Cauffman, E. (2017). Aspirations, expectations and delinquency: the moderating effect of impulse control. Journal of Youth and Adolescence, 46(7), 1503-1514. https://doi.org/1503-1514. 10.1007/s10964-017-0661-0 [ Links ]
Maluf, M. R., & Maluf, J. R. (1977). Versão Brasileira do Método de Indução motivacional (M.I.M): Alguns resultados. Ciência e Cultura, 29(7), 837. [ Links ]
Markus, H., & Nurius, P. (1986). Possible selves. American psychologist, 41(9), 954-969. https://doi.org/10.1037/0003-066X.41.9.954 [ Links ]
Marko, K. W., & Savickas, M. L. (1998). Effectiveness of a career time perspective intervention. Journal of Vocational Behavior, 52(1), 106-119. https://doi.org/10.1006/jvb e.1996.1566 [ Links ]
Maslow, A. H. (1943). A theory of human motivation. Psychological Review, 50(4), 370-396. http://dx.doi.org/10.1037/h0054346 [ Links ]
Miguel, J. P., Paixão, M. P., Silva, J. T., & Machado, T. S. (2017). Future Time Perspective Scale (FTPS-P): Análise Rasch da versão Portuguesa. Revista de Estudios e Investigación en Psicología y Educación, (1), 211-216. https://doi.org/10.17979/reipe.2017.0.01.2595 [ Links ]
Milfont, T. L., Andrade, P. R., Belo, R. P., & Pessoa, V. S. (2008). Testing Zimbardo time perspective inventory in a Brazilian sample. Interamerican Journal of Psychology, 42(1), 49-58. [ Links ]
Neiva-Silva, L. (2003). Expectativas futuras de adolescentes em situação de rua: um estudo autofotográfico. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento, Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. [ Links ]
Núñez-Rodriguez, S., Souza, A. P. L. D., & Koller, S. H. (2016). Cross-cultural adaptation and psychometric properties of the Portuguese version of the Aspiration Index (AI). Temas em Psicologia, 24(3), 1169-1180. https://doi.org/10.9788/TP2016.3-20 [ Links ]
Nurmi, J. E. (1991). How do adolescents see their future? A review of the development of future orientation and planning. Developmental Review, 11(1), 1-59. https://doi.org/10.1016/0273-2297(91)90002-6 [ Links ]
Nurmi, J.-E., Poole, M. E., & Seginer, R. (1990). Future hopes and fears questionnaire. Helsinki, Finland: Department of Psychology, University of Helsinki. [ Links ]
Nurmi, J. E., Poole, M. E., & Seginer, R. (1995). Tracks and transitions-a comparison of adolescent future-oriented goals, explorations, and commitments in Australia, Israel, and Finland. International Journal of Psychology, 30(3), 355-375. http://dx.doi.org/10.1080/00207599508246575 [ Links ]
Nuttin, J. R. (1983). Teoria da motivação humana. São Paulo: Edições Loyola. (Original publicado em 1980). [ Links ]
Nuttin, J. R. (1964). The future time perspective in human motivation and learning. Acta Psychologica, 23, 60-82. https://doi.org/10.1016/0001-6918(64)90075-7 [ Links ]
Nuttin, J. R., & Lens, W. (1985), Future time perspective and motivation: Theory and research method. New York: Psychology Press. [ Links ]
Oliveira, A. C. F., & Pinheiro, J. Q. (2007). Indicadores psicossociais relacionados a acidentes de trânsito envolvendo motoristas de ônibus. Psicologia em Estudo, 12(1), 171-178. https://doi.org/10.1590/S1413-73722007000100020 [ Links ]
Oyserman, D., Bybee, D., Terry, K., & Hart-Johnson, T. (2004). Possible selves as roadmaps. Journal of Research in Personality, 38(2), 130-149. https://doi.org/10.1016/S0092-6566(03)00057-6 [ Links ]
Oyserman, D., & James, L. (2009). Possible selves: From content to process. In K. D. Markman, W. M. P. Klein, & J. A. Suhr (Orgs.), Handbook of imagination and mental simulation (pp. 373-394). New York: Psychology Press. [ Links ]
Oyserman, D., & Markus, H. (1990). Possible selves and delinquency. Journal of Personality and Social Psychology, 59(1), 112-125. http://dx.doi.org/10.1037/0022-3514.59.1.112 [ Links ]
Pátaro, C. S. O. (2003). Juventude e projetos vitais na sociedade contemporânea. Estudos de Psicologia, 30(4), 641-642. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2013000400017 [ Links ]
Pátaro, C. S. O., & Arantes, V. A. (2014). A dimensão afetiva dos projetos vitais: Um estudo com jovens paranaenses. Psicologia em Estudo, 19(1), 145-156. https://doi.org/10.1590/1413-7372189590014 [ Links ]
Rogers, C. R. (1995). Tornar-se pessoa (J. C. Ferreira & A. Lamparelli, Trads.). São Paulo, SP: Martins Fontes. (Original publicado em 1954) [ Links ]
Rotter, J. B. (1966). Generalized expectancies for internal versus external control of reinforcement. Psychological Monographs: General and Applied, 80(1), 1-28. http://dx.doi.org/10.1037/h0092976 [ Links ]
Santos, A. C. T. (2012). Análise de projetos pessoais: adaptação para o contexto brasileiro e sua relação com o bem-estar subjectivo. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal. Disponível em https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/23981/1/tese%20An a%20Carolina%20Santos.pdf [ Links ]
Savickas, M. L., Nota, L., Rossier, J., Dauwalder, J. P., Duarte, M. E., Guichard, J., ... & Van Vianen, A. E. (2009). Life designing: A paradigm for career construction in the 21st century. Journal of Vocational Behavior, 75(3), 239-250. https://doi.org/10.1016/j.jvb.2009.04.004 [ Links ]
Scheier, M. E, & Carver, C. S. (1985). Optimism, coping, and health: Assessment and implications of generalized outcome expectancies. Health Psychology, 4, 219-247. https://doi.org/10.1037/0278-6133.4.3.219 [ Links ]
Schmidt, R. W., Lamm, H., & Trommsdorff, G. (1978). Social class and sex as determinants of future orientation (time perspective) in adults. European Journal of Social Psychology, 8(1), 71-90. https://doi.org/10.1002/ejsp.2420080107 [ Links ]
Seginer, R. (2009). Future Orientation: A conceptual framework. In: Future orientation: Developmental and ecological perspectives. Springer International Publishing. https://doi.org/10.1007/978-0-387-88641-1_1 [ Links ]
Seginer, R., & Lens, W. (2015). The motivational properties of future time perspective future orientation: different approaches, different cultures. In: M. Stolarski, N. Fieulaine, & W. van Beek (Orgs.), Time perspective theory; review, research and application (pp. 87-97). Springer International Publishing. https://doi.org/10.1007/978-3-319-07368-2_19 [ Links ]
Seginer, R., & Mahajna, S. (2018). Future orientation in cultural transition: acculturation strategies of youth from three minority groups in Israel. In: C. R. Cooper, & R. Seginer (Orgs.), New directions for child and adolescent development (pp. 1-13). Wiley Online Library. https://doi.org/10.1002/cad.20238 [ Links ]
Seginer, R., Vermulst, A., & Shoyer, S. (2004). The indirect link between perceived parenting and adolescent future orientation: A multiple-step model. International Journal of Behavioral Development, 28(4), 365-378. https://doi.org/10.1080/01650250444000081 [ Links ]
Snyder, C. R., Harris, C., Anderson, J. R., Holleran, S. A., Irving, L. M., Sigmon, S. T., ... & Harney, P. (1991). The will and the ways: Development and validation of an individual-differences measure of hope. Journal of Personality and Social Psychology, 60(4), 570-585. https://doi.org/10.1037/0022-3514.60.4.570 [ Links ]
Sircova, A., van de Vijver, F. J., Osin, E., Milfont, T. L., Fieulaine, N., Kislali-Erginbilgic, A., ... & Leite, U. D. R. (2014). A global look at time: A 24-country study of the equivalence of the Zimbardo Time Perspective Inventory. Sage Open, 4(1), 1-12. https://doi.org/10.1177/2158244013515686 [ Links ]
Sircova, A., van de Vijver, F. J., Osin, E., Milfont, T. L., Fieulaine, N., Kislali-Erginbilgic, A., & Zimbardo, P. G. (2015). Time perspective profiles of cultures. In: M. Stolarski, N. Fieulaine, & W. van Beek (Orgs.), Time perspective theory; review, research and application (pp. 169-187). Springer International Publishing. https://doi.org/10.1007/978 -3-319-07368-2_11 [ Links ]
Simons, J., Vansteenkiste, M., Lens, W., & Lacante, M. (2004). Placing motivation and future time perspective theory in a temporal perspective. Educational Psychology Review, 16(2), 121-139. https://doi.org/10.1023/B:EDPR.0000026609.94841.2f [ Links ]
Steger, M. F., Frazier, P., Oishi, S., & Kaler, M. (2006). The meaning in life questionnaire: Assessing the presence of and search for meaning in life. Journal of Counseling Psychology, 53(1), 80. https://doi.org/10.1037/0022-0167.53.1.80 [ Links ]
Stolarski, M., Fieulaine, N., & van Beek, W. (2015). Time perspective theory; review, research and application. Springer International Publishing. https://doi.org/10.1007/978-3-319-07368-2 [ Links ]
Stouthard, M. E., & Peetsma, T. T. (1999). Future-time perspective: Analysis of a facet-designed questionnaire. European Journal of Psychological Assessment, 15(2), 99. https://doi.org/10.1027//1015-5759.15.2.99 [ Links ]
Trommsdorff, G. (1983). Future orientation and socialization. International Journal of Psychology, 18(1-4), 381-406. https://doi.org/10.1080/00207598308247489 [ Links ]
Trommsdorff, G., & Lamm, H. (1980). Future orientation of institutionalized and noninstitutionalized delinquents and nondelinquents. European Journal of Social Psychology 10, 247-278. https://doi.org/10.1002/ejsp.2420100304 [ Links ]
Trommsdorff, G., Lamm, H., & Schmidt, R. W. (1979). A longitudinal study of adolescents’ future orientation (time perspective). Journal of Youth and Adolescence, 8(2), 131-147. https://doi.org/10.1007/BF02087616
Velho, G. (1994). Projeto e metamorfose: Antropologia das sociedades complexas (3ª Ed.). Rio de Janeiro, RJ: Zahar. [ Links ]
Wessman, A. E. (1973) Personality and the subjective experience of time. Journal of Personality Assessment, 37(2), 103-114. http://dx.doi.org/10.1080/00223891.1973.10119 839 [ Links ]
Worrell, F. C., & Mello, Z. R. (2007). The reliability and validity of Zimbardo Time Perspective Inventory scores in academically talented adolescents. Educational and Psychological Measurement, 67(3), 487-504. https://doi.org/10.1177/0013164406296985 [ Links ]
Zimbardo, P. G., & Boyd, J. N. (1999). Putting time in perspective: a valid, reliable individual-differences metric. Journal of Personality and Social Psychology, 77(6), 1271-1288. http://dx.doi.org/10.1037/0022-3514.77.6.1271 [ Links ]
Endereço para correspondência:
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Edifício I, Gabinete 5.15, Rua do Colégio Novo, 3000-115, Coimbra, Portugal
Recebido: 12/06/2019
1ª reformulação: 16/06/2020
Aceito: 27/07/2020
1 Pesquisa apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e pela Fundação CAPES, Ministério da Educação do Brasil, por meio do Programa de bolsas de doutorado (primeiro autor) e bolsas de produtividade em pesquisa (segundo e quarto autores).
1 Buscaram-se os termos perspectiva temporal futura, perspectiva temporal de futuro, perspectiva de tempo futuro (traduções alternativas), orientação de futuro, orientação temporal futura, orientação temporal de futuro (tradução alternativa) e possible self no Scielo e Lilacs. A busca encontrou somente duas produções nacionais, ambas com o termo perspectiva de tempo futuro. O termo perspectiva de futuro é comum, mas frequentemente carece de definição conceitual.
2 No inglês, há duas palavras traduzidas para português como expectativa: expectation e expectancy. Expectation se refere a crenças ou representações de eventos estimados para o futuro. Expectancy se refere a um estado de espera gerado a partir de crenças e representações de eventos estimados para o futuro.
3 As diferenças podem ser explicadas por uma possível diferença de tradução, uma vez que tais autores entendem projeto de vida como a tradução de purpose (Pátaro, 2003), cuja tradução mais literal ao português é propósito. A definição conceitual utilizada por esses autores é a de Damon (2009, p. 53), para quem purpose é “uma intenção estável e generalizada de alcançar algo que é ao mesmo tempo significativo para o eu e gera consequências no mundo além do eu”. O termo em inglês mais adequado para projetos de vida seria life project, utilizado por diversos autores conceituados na área (Lens et al., 2012; Savickas et al., 2009).
Sobre os autores:
Vinicius Coscioni é Psicólogo e mestre em psicologia. Doutorando em Psicologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e na Universidade de Coimbra (UC). Membro associado ao Núcleo de Estudos e Intervenções em Carreira (NEIC-UFRGS) e ao Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC-UC). E-mail: viniciuscoscioni@gmail.com
Marco Antônio Pereira Teixeira é Doutor em psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor na graduação e pós-graduação no Instituto de Psicologia da UFRGS. Coordenador do Núcleo de Estudos e Intervenções em Carreira (NEIC-UFRGS). Bolsista de Produtividade 1D do CNPq. E-mail: mapteixeira.psi@gmail.com
Bruno Figueiredo Damásio é Psicólogo (UEPB), mestre e doutor em psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Coordenador do Laboratório de Psicometria e Psicologia Positiva (LP3). E-mail: bf.damasio@gmail.com
Débora Dalbosco Dell’Aglio é Psicóloga, com mestrado e doutorado em psicologia do desenvolvimento, docente colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e docente do Programa de Pós-Graduação em Educação, Unilasalle/Canoas. Pesquisadora 1A CNPq. E-mail: dddellaglio@gmail.com
Maria Paula Paixão é Psicóloga e doutora em psicologia. Professora associada na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC) e atualmente a sua subdiretora. membro integrado no Centro do Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC-UC). E-mail: mppaixao@fpce.uc.pt