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Psicologia em Pesquisa

versão On-line ISSN 1982-1247

Resumo

SANTOS, Gleidson Jordan dos  e  SANTOS, Larissa Medeiros Marinho dos. Modelo Bioecológico e Psicologia Ambiental: revisão sistemática sobre adolescência e espaços urbanos. Psicol. pesq. [online]. 2022, vol.16, n.2, pp.1-21. ISSN 1982-1247.  https://doi.org/10.34019/1982-1247.2022.v16.32369.

Realizou-se uma busca, orientada pelo guia PRISMA, nas três principais revistas de psicologia ambiental e nos indexadores LILACS, PePSIC e SciELO pelos descritores adolescent, urban space, Bronfenbrenner e bioecological, entre 2015 e 2020. O objetivo foi realizar uma revisão sistemática envolvendo estudos desses campos, comparar as definições encontradas e, a partir delas, discutir aproximações e distanciamentos dessas teorias. Os resultados demonstraram que os adolescentes mais jovens tendem a ser tratados como crianças e os mais velhos como adultos. Os estudos que utilizaram as abordagens em conjunto conseguiriam se aprofundar melhor na relação contexto social-ambiente físico. O modelo bioecológico do desenvolvimento e a psicologia ambiental possuem características comuns e são frequentemente utilizados em conjunto em pesquisas que envolvem o estudo dos contextos (Oliveira & Morais, 2019; Rollings, Wells, Evans, Bednarz, & Yang, 2017; Tiriba & Profice, 2019). Porém, em cada um desses campos do conhecimento psicológico, existem particularidades, que, muitas vezes, confundem-se e podem emaranhar o leitor que não tenha se aprofundado nesses campos, tal como acontece, por exemplo, com o conceito de ecológico. Este estudo parte dessa premissa e, com base no interesse sobre a temática adolescência, objetivou realizar uma revisão sistemática envolvendo estudos desses campos, comparar as definições encontradas e, a partir delas, discutir aproximações e distanciamentos entre essas teorias. A adolescência pode ser compreendida de diferentes formas e sua conceitualização está em constante discussão. A Organização Mundial de Saúde (World Health Organization [OMS], 2020) define esse período como sendo marcado por mudanças biopsicossociais que se estendem dos dez aos 19 anos, mesmo critério adotado pelo Ministério da Saúde do Brasil (2020) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,1997). Já o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.8069, 1990) estabelece essa fase entre os 12 e 18 anos. Em termos gerais, o constructo adolescência pode ser considerado uma construção histórica, com raízes sócio-histórico-culturais e econômicas, tal como descrito por Schoen-Ferreira, Aznar-Farias e Silvares (2010). No entanto, para esta revisão, será levada em consideração a definição indicada pela OMS. Moser (2018) afirma que o cerne da psicologia ambiental é o estudo da pessoa em relação com o ambiente, o que inclui as relações com outras pessoas implicadas nele. A área possui objetivos científicos, instrumentos teóricos e metodológicos específicos, e visa estudar conjuntamente comportamentos e cognições relacionados ao ambiente em suas dimensões físicas e sociais. De acordo com o autor, suas teorias são embasadas em contatos ou fatos colocados em evidência no campo de pesquisa. Para Gonçalves (2007), o ambiente enquanto contexto permite a sua apropriação, incluindo seus simbolismos e o desenvolvimento da identidade social. Essa relação das pessoas com o ambiente possui uma dimensão vivenciada, que trata das experiências que se tem nesse local, e uma simbólica, que diz respeito às representações mentais que o local proporciona para as pessoas. Para a autora, a apropriação funciona como um processo de identificação no qual a pessoa pode se apropriar do espaço, deixando sua marca. Consequentemente, ela o transforma dando início a um processo de reapropriação constante. O modelo bioecológico, por sua vez, é descrito por Bronfenbrenner (1979), Bronfenbrenner e Crouter (1983) e Bronfenbrenner e Morris (1998) como uma evolução do sistema teórico para o estudo do desenvolvimento humano ao longo do tempo, sendo este definido como o fenômeno de continuidade e de mudança das características biopsicológicas dos seres humanos como indivíduos e grupos. Bronfenbrenner (1995) apresentou, nos primeiros anos do seu trabalho, uma forte ênfase na importância da mudança social não apenas como uma espécie de chave para compreender as origens dos padrões contemporâneos de desenvolvimento como também para contribuir com a política e a ação social. Bronfenbrenner e Morris (1998) e Bronfenbrenner (2011) afirmam que o desenvolvimento humano ocorre por meio de processos de interação recíproca em longos períodos de tempo, o que é denominado de processos proximais. Esses processos são considerados a força motriz primária do desenvolvimento humano, sendo a forma, o poder, o conteúdo e a direção deles, ao longo do tempo, produtores desse desenvolvimento. Uma proposta de pesquisa nessa abordagem deve levar em consideração o processo, a pessoa, o contexto e o tempo (PPCT) para compreender, efetivamente, os fatores motivacionais do desenvolvimento. Moser (2018) apresenta a contribuição das representações sociais como fundamentais para a psicologia ambiental. Nesse contexto, o modelo bioecológico de desenvolvimento humano se encontra dentro de um paradigma sociocultural. Para o autor, o ambiente fornece sentido e identidade, situando o sujeito pessoal, social, econômica e culturalmente. Essas representações são consideradas modalidades de conhecimentos compartilhados por um grupo social, que permitem a gestão das relações sociais, a interpretação e o controle do ambiente além de poder servir como justificativa para comportamentos e posicionamentos. Há, então, uma abertura para um campo de oportunidades de construção social, sejam elas espontâneas ou encorajadas, havendo espaço para a investigação das possibilidades de desvendar ou emergir o protagonismo juvenil. Este artigo é resultado de uma revisão sistemática, que teve como objetivo investigar as publicações realizadas nos últimos cinco anos sobre a adolescência e sua relação com a cidade em revistas especializadas em psicologia ambiental e nos principais indexadores de psicologia e saúde que tenham publicado esse tema a partir dos referenciais do modelo bioecológico de desenvolvimento humano. A partir desses achados, pretende-se descrever a visão dessas abordagens sobre a adolescência além de tentar compreender as possíveis aproximações e distanciamentos entre esses dois campos do conhecimento psicológico.

Palavras-chave : Adolescentes; Psicologia Ambiental; Modelo Bioecológico; Revisão Sistemática.

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