56Reflexões pandêmicas sobre a transmissão da psicanálise e os riscos do uso excessivo do on-line: uma visão psicanalítica 
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Estudos de Psicanálise

 ISSN 0100-3437 ISSN 2175-3482

Estud. psicanal.  no.56 Belo Horizonte jul./dez. 2021

 

EDITORIAL

 

No XXIII Congresso do Círculo Brasileiro de Psicanálise e na III Jornada do Círculo Psicanalítico do Pará, ocorridos em Belém do Pará, em novembro de 2019, o CBP-RJ, ao aceitar sediar o XXIV Congresso do Círculo Brasileiro de Psicanálise (2021), não tinha como pensar que estaríamos atravessando uma pandemia e que o nosso Congresso seria totalmente on-line . Inimaginável!

Passamos por momentos difíceis de perdas e lutos. Segundo o casal Yalom, "luto é o preço que pagamos por ter coragem de amar os outros". Registramos nossas saudades de Edith Maria Pereira de Albuquerque Marques, Isabela Santoro e de todos que nos deixaram.

Nesse contexto pandêmico acreditamos que: "quando o abismo olhar para você – como sempre acontece – você seja capaz de retribuir o olhar corajosamente" (SHUSTERMAN, 2018). Com coragem realizamos o XXIV Congresso de Psicanálise do Círculo Brasileiro de Psicanálise com o tema Para além da pandemia: ecos na psicanálise .

Nosso Congresso teve o desejo de entender os efeitos da pandemia na subjetividade e na clínica, num tempo de não entendimentos, de questões, de dúvidas, de falta e de interrogações sobre o saber não sabido. Enfim, assim se faz a psicanálise.

Movidos por Eros, tivemos 7 ricas mesas com 28 instigantes apresentações de membros efetivos de todas as filiadas do CBP, além de outras 7 frutíferas mesas simultâneas com 18 excelentes trabalhos de membros efetivos e alunos.

Também tivemos o prazer de contar com a apresentação do curta-metragem Corpo infamiliar , de Jessica Dias, e com a presença do convidado Rogério Lerner.

Encontramos no Congresso um lugar de acolhimento e afeto para refletirmos questões fundamentais do nosso ofício de analista em tempos de tanto desamparo e destruição. Vivemos dias intensos e saímos mais fortalecidos para sustentar nossa clínica, e mais próximos. Para além do espaço físico das instituições, vimos a importância do espaço subjetivo, dos laços construídos e da sua manutenção.

O Congresso foi histórico; um ato de coragem para aceitar o desafio de permanecer no artesanal. Um momento em que as filiadas estavam congregadas, juntas, presentes virtualmente, trocando, escutando e compartilhando.

Tivemos bons ecos da pandemia no CBP, tais como as trocas significativas no Grupo de Clínicas Sociais do CBP, criado para pensarmos juntos sobre a clínica social das filiadas, a partir das experiências específica de cada região; e a mesa composta pelas presidentas de todas as filiadas do CBP, na abertura da XII Jornada de Psicanálise do CBP-RJ.

Acreditamos que, com nosso trabalho, conseguimos nos fortalecer ainda mais com nossas trocas afetivas na transmissão da psicanálise, as quais são primordiais para manter a sua sobrevivência. Desbravamos caminhos que nos aproximaram, que nos proporcionaram possibilidades para nos depararmos com aquilo que nós, analistas, precisamos enfrentar: o desconhecido.

Anna Lucia Leão López
Presidente do Círculo Brasileiro de Psicanálise - Seção Rio de Janeiro

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