PSICANÁLISE: CLÍNICA E TEORIA

 

Solidão: caríssima, quem és tu?

 

Loneliness: dear, who are you?

 

 

Stetina Trani de Meneses e Dacorso^{I, II}

^I Círculo Brasileiro de Psicanálise - Seção RJ
^II UniAcademia - Centro Universitário Academia

 

 

---

RESUMO

Neste texto a autora discorre sobre o sentimento de solidão sob determinados ângulos, primeiro com Sigmund Freud e depois com a escola inglesa; o processo analítico sob o ponto de vista do analista e do analisando. Faz uma articulação com a arte e a sociedade atual, levantando hipóteses sobre a construção de conceitos menos pejorativos e patológicos para a solidão. Nesse percurso, a autora vai utilizar da exposição de experiências e vivências em que a solidão foi vivenciada como enriquecedora.

Palavras-chave: Solidão enriquecedora, Psicanálise, Análise, Criatividade.

---

ABSTRACT

In this text, the author discusses the feeling of loneliness from certain angles, first with Sigmund Freud and later choosing the English school; the analytical process from the point of view of the analyst and the analysand. It makes an articulation with art and current society, raising hypotheses about the construction of less pejorative and pathological concepts for loneliness. In this path, the author will use the exposition of experiences and experiences where loneliness was experienced as enriching.

Keywords: Enriching solitude, Psychoanalysis, Analysis, Creativity.

---

 

Introdução

No dicionário de português do Hussein, temos algumas definições de solidão: estado de quem está só, retirado do mundo. Mais adiante, solitário: que está só, gosta de viver sozinho. No Vocabulário da psicanálise, de Laplanche e Pontalis (2016), não existe o vocábulo solidão nem no Dicionário de Psicanálise, de Roudinesco e Plon (1998). E no Dicionário enciclopédico de psicanálise, de Kaufmann (1996), o vocábulo se situa dentro do verbete Nós borromeanos.

Poetas, músicos, filósofos a usam constantemente em suas produções e seus questionamentos. Melanie Klein (1976) escreveu o livro Sentimento de solidão, articulando-o com as fases esquizoparanoide e depressiva. Produções cênicas trazem a solidão como tema central; solidão do luto; na produção intelectual como necessária e no desempenho de alguns ofícios como integrante do processo. Dependendo do ângulo que olhamos o sentimento de solidão, nos deparamos com várias definições. Freud se refere a ela nas pesquisas sexuais infantis, que são feitas na solidão, na vivência do traumático da sexualidade. No nascimento e na morte passagens solitárias das quais nenhum ser humano tem algo a dizer sobre sua experiência. Qual é a dificuldade? Será que é uma palavra com explicações e vivências subjetivas impossíveis de serem generalizadas porque recaem sobre a singularidade de cada um de nós?

Tanis (2003) escreveu o livro Circuitos da solidão e considerei o termo "circuito" rico em possibilidades das abordagens que o sentimento de solidão suscita. Encontramos também o termo "solitude", derivado do latim e na sua origem tem o mesmo sentido que solidão. Paul Tillich (1886-1965), teólogo alemão e filósofo religioso, é considerado como aquele que estabeleceu o termo "solitude" com essa abordagem de solidão escolhida, com sentimento de bem-estar.

Durante este período de pandemia, constatamos lives com temas de solidão e solitude ou só solitude, creio que compreensível pelo momento de isolamento social que a maioria da população planetária experenciava. Na presente produção, não vamos nos adentrar na distinção solidão/soletude, vamos utilizar o termo "solidão" e ir discorrendo sobre ele. O objetivo é tentar circundar a solidão com o que existe de positivo, agradável e enriquecedor. Quando a palavra solidão nos vem à mente, várias imagens surgem: solidão das noites na UTI; solidão nas noites de velório; solidão das noites insones; solidão do prazer de conseguir; solidão da produção intelectual realizada; solidão das perdas; da impotência, solidão dos vitoriosos e dos diferentes. É, minha cara solidão, pensar sobre você é entranhar em vários espaços e, ainda assim, não ser capaz de defini-la.

 

No Gênesis

 

Davi diz a Jeová que se sente sozinho e desamparado
por todos o terem deixado.
"Volta-te para mim e tem de mim piedade,
pois estou desamparado e aflito,
as tribulações do meu coração multiplicaram-se.
Tira-me das minhas angústias."
(SALMOS 25:16,17).

 

Deus diz a Adão que não é bom o homem estar só e lhe dará uma companhia igual que o auxilie e lhe corresponda (GÊNESIS, 2:18). Porém, ainda no livro antigo, a solidão se apresenta como útil para orar e encontrar Deus. Moisés assim o fez em vários momentos de sua vida, quando, depois de caminhar por 40 anos no deserto, é convocado a subir o Monte Sinai e lá ficou por 40 dias e 40 noites descendo com as pedras dos mandamentos, que constituem uma influência significativa na história da humanidade.

Jesus, após seu batismo, vai ao deserto por 40 dias, ficando longe dos seus e em jejum, na busca do encontro com o Pai. Assim, segundo Mateus (14:13) e Marcos (1:35), a solidão serviu também à meditação para Jesus. Muitos santos e apóstolos professaram a solidão para a paz espiritual, o mesmo aconteceu em ordens religiosas. Os trapistas, ordem de São Jerônimo, têm orientação contemplativa e professam a clausura. A ordem, aprovada em 1373 pelo Papa Gregório XI, prescreve a solidão e o silêncio como busca da união mística com Deus. A ordem dos cartuxa, fundada em 1084 por São Bruno e aprovada pelo Papa Urbano II, é considerada a mais rígida e puramente contemplativa, destacando-se pela solidão e austeridade da vida de seus membros com jejum violento.

Assim, temos que, para o encontro místico com Deus, professa-se a solidão e o silêncio, seja só, seja com outros em volta. A espiritualidade se encontra no mergulho de si mesmo, produzindo o sentimento de paz e de epifania do encontro com Deus, e outros sagrados, sejam acompanhados de ácidos, chás ou não, as experiências são sempre singulares como podemos identificar na história de santos e penitentes de qualquer culto religioso.

Começamos com a religião enquanto o sagrado que desde sempre tem um lugar na forma do ser humano de lidar com seu sentimento de desamparo. E, como vimos, o encontro com o sentimento de amparo se processa, na maioria das vezes na solidão. Vamos nos utilizar da leitura de Tanis (2003) sobre o lugar que a solidão ocupou ao longo da história da humanidade. Na Antiguidade o pior castigo era o exílio: separar o indivíduo de seu meio. Não podemos nos esquecer de que a vida funcionava nas praças, na polis. A partir da Idade Média, o isolamento produz dois olhares: de um lado, o espaço dos loucos e dos foras da lei; do outro, um motivo de admiração por aqueles que procuravam a solidão pelas paixões e atos heroicos, como os cavaleiros medievais. Através da solidão é que vai surgir o sentimento subjetivo de intimidade.

Tanis cita Ariés (1996, p. 51) em Por uma história da vida privada, na construção da fronteira entre público e privado. Situação que não existia na comunidade senhoril, nas linhagens, nas vassalagens onde o indivíduo estava cercado da solidariedade desses grupos. No século XIX a população já é anônima e procura se defender da polis, até porque algumas responsabilidades – como lazer, educação e sobrevivência econômica de seus membros – deixaram de ser do Estado e passam para a família. A família se transforma no espaço de refúgio e descanso, além da afirmação de individualidades. Com a instalação da chamada "civilização moderna", estabelecida pela revolução industrial e pela generalização da economia de mercado, a sociedade se organiza de outra forma com a divisão de trabalho, a ciência, a tecnologia, a hegemonia de mercado, o trabalho livre e no entorno: racionalização, burocratização e urbanização.

Se a modernidade constitui o indivíduo livre de amarras ancestrais, pregando a igualdade entre todos, produz também o desejo de unicidade, de ser único e distinto. A igualdade produz identificação com o outro, mas a unicidade nos coloca como irremediavelmente sós (TANIS, 2003, p. 54). O crescimento urbano descontrolado, a taxa de mortalidade baixa produz massas indiferenciadas que levam os sujeitos a almejar o silêncio, a solidão e o menos – menos consumo, menos objeto, menos participação. Em plataformas de filmes e documentários encontramos várias produções, como Minimalistas (2016), Nomadland (2020), Quanto tempo o tempo tem (2015), documentários sobre jornadas solitárias seja em busca de vencer desafios, seja em busca de uma resposta para si mesmo.

O Romantismo, com início no final do século XVIII, teve seu ápice até final do século XIX e foi considerado uma reação de revolta à industrialização, ao sentimento de que algo precioso foi perdido tanto no indivíduo quanto na humanidade:

[...] todas as relações com os outros são, ao fim e ao cabo, apenas estação na busca de si mesmo, seja porque se sente igual aos outros e sozinho com suas próprias forças ou porque tem a capacidade de encarar a solidão de frente e tenha a visão da própria singularidade e individualidade (SIMMEL, 1998, p. 114 citado por TANIS, 2003, p. 54).

O sentimento, para o Romantismo, é o núcleo do sujeito, intraduzível e interior. Ocorre o impulso à introspecção que leva à auto-observação, rumo ao desconhecido e estranho. Na introspecção, se percebe que existem duas almas, demônio e juiz. Tudo se organiza em torno do sujeito, produzindo um individualismo exagerado. O movimento romântico expôs que, além da cabeça o homem, possui um coração enquanto sede das emoções (GUIMARÃES, 2015).

 

Gênesis freudiana

 

A solidão é fera, a solidão devora.
A solidão é amiga das horas,
prima-irmã do tempo.
ALCEU VALENÇA, 1984.

 

Sigmund Freud, obviamente, sofreu a interferência do romantismo alemão. A paixão, a emoção e os afetos pulsionais são a mídia do pensar; a linguagem é a mídia do conhecer. A arte nos joga num mundo de emoções, na maioria das vezes intraduzíveis. Nas sessões, as associações livres e na atenção flutuante com os relatos e conteúdos manifestos, são as mensagens da mente. Nas sessões trabalhamos com as produções oníricas de vigília (SANDLER, 2007). Na união do romantismo e desejo de cientificidade de Freud em relação à psicanálise, temos produções ocorridas na solidão e uma dessas produções são os textos da metapsicologia freudiana. Solidão e introspecção presentes nos vários momentos da análise de conceitos e articulações freudianos.

Nos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, Freud (1905] 1980, p. 202) nos apresenta o autoerotismo, quando utilizamos uma parte de nosso corpo para conseguir prazer e nesse momento percebemos a nossa independência do mundo externo, o qual por sua vez não podemos controlar. Algum tempo depois, a pulsão de saber se apresenta exigente, aliando-se com o dominar e a pulsão escopofilia. Essas correntes se aliam na busca do que as crianças se interrogam, as pesquisas sexuais infantis: de onde eu vim; por que uns tem e outros não e o que papai e mamãe fazem a portas fechadas. Pesquisas fadadas ao fracasso porque dois elementos são desconhecidos: o esperma e a vagina. As pesquisas malogradas vão provocar frustração e podem deixar um dano na pulsão de saber. São pesquisas realizadas na solidão, primeiro passo numa atitude de independência do mundo, primeiro ato de alienação da criança em relação às pessoas à sua volta. A pulsão sexual tem força avassaladora e o ficar só, o medo da solidão e do escuro é o medo de ser dominado pela força libidinal e o que ela pode provocar em si.

Existe um quantum da pulsão sexual que vai escapar da representação e permanecerá indomável, não se submete à institucionalização, à repressão e ao recalque nem às ameaças externas. Existe a associação entre precocidade sexual e intelectual. A solidão da pulsão sexual infantil produz a junção do desejo de saber com o de dominar. E o prazer no voyerismo e o autoerotismo produz o coquetel necessário às grandes epifanias não apenas religiosas, mas também ligadas ao mergulho em si mesmo, às descobertas cientificas, à compreensão de algo inicialmente inexplicável, às respostas inesperadas, ao fim de um projeto difícil e almejado, processo realizado na introspecção e na solidão.

Nas interrogações solitárias do querer saber daquilo que não pode ser dito, a criança percebe a interdição, principalmente através das respostas fornecidas pelos adultos que a deixam incrédula e, quanto mais curiosa e inteligente for, mais fará suas pesquisas sexuais na solidão de si mesma, criando artifícios e saídas na busca de encontrar resposta para o não respondível. A dúvida e a insistência na busca de solução para os enigmas são o modelo do trabalho e pesquisas intelectuais a posteriori. Em Leonardo da Vinci e uma lembrança da sua infância, Freud ([1910] 1980) analisa que, quando a pulsão de investigação e conhecimento é forte, pode-se deduzir que na infância existia uma pulsão sexual muito forte, pois o ardor dedicado à pesquisa é idêntico ao dos apaixonados por seu objeto de paixão.

O impulso de pesquisa sexual infantil terá três destinos após a repressão sexual: (a) inibição neurótica: ocorre um enfraquecimento intelectual porque a pesquisa compartilha do mesmo destino da sexualidade, a repressão; (b) o intelectual: é muito forte e resiste à repressão, mas quando as atividades de pesquisas sexuais emergem, provocam uma preocupação compulsiva com a pesquisa, que recebe o investimento sexual levando a pesquisas intermináveis; (c) a libido: última possibilidade, considerada mais rara e perfeita por Freud, escapa da repressão, é sublimada como curiosidade e se liga à pulsão de pesquisa, e como não existem as situações anteriores, a produção intelectual é produtiva (FREUD, [1910] 1980, p. 72-75).

Essa explicação longa, talvez desnecessária, é para percebermos que todo esse trajeto é individual e solitário produzindo aquele que poderá ser um grande intelectual, um pesquisador, um transgressor social, um sujeito com decisões e pensares, independentemente de seu meio. Poderá ou não ter discípulos e/ou seguidores, mas o caminho será vislumbrado por ele. As grandes decisões no domínio do pensamento e as momentosas descobertas e soluções de problemas são possíveis ao indivíduo só (FREUD, [1927] 1980).

O grupo, obviamente, provoca grandes produções que implicam relações: linguagem, folclore e canções populares. As relações do indivíduo com os grupos e as exigências sociais foram analisadas por Freud em seus textos culturais. Há o sentimento de inveja na origem da exigência de leis igualitárias, assim como o mal-estar do homem em se submeter às regras da cultura. Uma questão fundamental à psicanálise é como um indivíduo com exigências, dinâmicas e destinos pulsionais singulares se acomoda no convívio com o outro. Questão esta que estamos tentando seguir em direção contrária, como um sujeito singular em si mesmo e, com a pressão do meio à qual ele se submete na busca de amor e admiração, conseguirá lidar com a solidão. Já temos conhecimento de que muitos não conseguem e se abatem, enquanto outros conseguem e se redescobrem no trajeto de retirada para estar consigo mesmos.

A solidão é inerente à constituição subjetiva dos sujeitos. Uma verdade que os faz singular e possibilita formas de laços sociais. É a solidão própria do sujeito barrado, singular em si mesmo e impotente frente ao não saber, ao não acesso do material recalcado (FERRARI, 2008, p. 18).

Não vamos realizar uma revisão literária sobre o sentimento de solidão. Iniciamos com Freud e pontuamos agora alguma coisa de Melanie Klein. Houve outros estudos e contextualizações, mas não vamos neles nos deter. Pretendemos uma abordagem não só psíquica, mas também vivencial, visceral.

Melanie Klein (1975, p. 135) analisa os fatores que vão provocar o sentimento de solidão. O primeiro a ser considerado é que uma relação satisfatória com a mãe é uma comunhão dos dois inconscientes que ocorre na fase pré-verbal. Para a autora o sentimento de solidão advém no a posteriori, sentir solidão por não ter aquela comunhão com ninguém mais. O processo de integração e a introjeção do objeto bom é que leva ao crescimento do ego. Esse processo diminui o ódio e os processos agressivos ficam menos fortes. A integração total é difícil devido à luta entre impulsos afetivos e de ódio. A tendência é jogar as partes ameaçadoras num outro, o que vai gerar a sensação de não ser pleno, de não se pertencer e, consequentemente, estar na solidão. Esse sentimento também aumenta com a crescente percepção da realidade, que diminui a esperança. A perda da idealização do objeto bom e de si mesmo é outra contribuição ao sentimento de solidão.

Nesta direção, é que Klein (1975, p. 143) analisa o suicídio, caso extremo, em que o sentimento de solidão nos pacientes maníaco-depressivos encontra dificuldades em restaurar, acreditar no objeto bom devido aos impulsos agressivos. O sentimento de solidão no maníaco depressivo é então decorrente de sua incapacidade de manter uma convivência interna e externa com o objeto bom. O superego tem também sua parcela de contribuição, quanto mais rígido for, maior será o sentimento de solidão porque suas exigências aumentam as ansiedades depressivo-paranoides (KLEIN, 1975, p. 156).

A busca da alma gêmea, presente nos estados de apaixonamento, é o encontro com aquele esperado, aquele que vai aplacar a solidão e o sentimento de estar só e incompreendido. O sentimento de desamparo e abandono é, enfim, aplacado pelo reencontro do objeto perdido. Sobre a paixão ou amor – sentimentos distintos – teríamos outro texto a ser escrito. O sentimento de comunhão com o outro, de um só em dois corpos é cantado em versos e prosas desde sempre, assim como a dor da perda, em A separação dos amantes, de Igor Caruso (1984). Temos uma obra belíssima tanto em sua escrita teórica quanto em sua poética ao descrever relatos de dor, aniquilamento pela perda da alma gêmea.

Eu sei que vou te amar,
Por toda a minha vida eu vou te amar,
Em cada despedida eu vou te amar.
Desesperadamente, eu sei vou te amar.
E cada verso meu será pra te dizer
Que eu sei que vou te amar, por toda a minha vida.
(TOM JOBIM; VINÍCIUS DE MORAIS)

Neste período de exceção, quando a pandemia exigiu o isolamento social, vimos surgir muitos memes, postagens em Facebook e Instagram, que foram desnudando solidões vivenciadas por pessoas na sua dificuldade de estar afastadas do frenesi do mundo externo com seus excessos de solicitação para não ficar a sós. O estar em família não aplacava esse sentimento naqueles que sofriam pela ausência de barulho, da correria, das demandas. Sugestões de comidas, lives de como administrar home office, trabalho de casa e filhos, lives profissionais, shows. Uma enxurrada de propostas para povoar o dia. Incluindo autoajudas para solidão, encontros e insônias. Os dois anos da pandemia que nos jogou a todos em nosso universo próprio foram um gatilho para trazer à tona sentimentos que se camuflavam por baixo da excitabilidade da sociedade atual. A mídia, invadindo nosso lar e desnudando uma realidade nua e dolorosa; em consequência, a esperança indo embora, despertando e exacerbando os sentimentos latentes e/ou manifestos de incompletude e não pertencimento.

Kupermann e Franco (2018) escrevem um artigo sobre lobos e psicanalistas, analisando as sociedades de psicanálise e o desejo dos sujeitos de ser sós para trilharem caminhos que não se adequam aos grupos com os quais convivem. Não vamos nos adentrar em sociedades de psicanálise analisadas pelos autores nem de como são controladoras das atividades criativas de seus membros. Recorrendo a O lobo da estepe, de Hermann Hesse (1927), os autores comparam os psicanalistas com certa genialidade ao protagonista Harry, que luta entre sua posição burguesa e o desejo de se libertar do outro. A psicanálise no seu início foi constituída por lobos solitários que somavam sua genialidade para o crescimento teórico e o estabelecimento da psicanálise. De lá para cá, a ideia de liberdade ficou a desejar, se pensarmos na psicanálise muitas vezes pedagógica, burguesa e convencional. Todos nós, psicanalistas, passamos pelo conflito de ser aceitos pela sociedade à qual nos filiamos, por nossos pares, supervisores versus o desejo de nos constituir de forma independente. Muitos dos grandes teóricos trabalharam e sofreram pela conjugação solidão versus encontro-aceitação, quando a sua excepcionalidade os levou à produção solitária, onde, na maioria das vezes, não havia o desejo de liderança mas de seguir a sua genialidade.

...sempre fui acompanhada pela solidão, de perto ou de longe. Amiga inestimável, inimiga mortal – solidão que regenera, solidão que destrói – impele-nos a alcançar e a ultrapassar nossos limites (DOLTO, 1998, p. 412).

 

A cotidiana solidão de nosso ofício e daqueles que nos procuram

 

Cada qual narra a história de sua solidão.
Da solidão que acossa reis e escravos.
A que se está condenado
mesmo quando cercado de familiares,
amores, tribos, séquitos, leis universais.
NÉLIDA PIÑON, 2012, p. 205.

 

Muito já se escreveu sobre a solidão de nosso ofício. Exercício que se tenta organizar, administrar, tornar respeitável através das várias sociedades com suas diferentes abordagens teóricas. Porém, o exercício de ser psicanalista passa pelo desejo de cada sujeito, sua análise, suas transferências e seu comprometimento teórico. Só a teoria não é suficiente e sozinha pode construir um tecnocrata, e só a análise também não é possível, senão ficamos com a soberania da intuição, da percepção, sem o embasamento teórico para o desempenho do ofício. A solidão não é privilégio daqueles que escreveram o corpo teórico a que recorremos constantemente na busca de auxílio aos impasses da clínica. O trabalho clínico nos remete à solidão de nós mesmos e de nosso mundo interno. Ofício que nos leva a mergulhar na solidão do não saber, da angústia e de construir lentamente o processo de possibilidades.

Enquanto analistas, necessitamos ficar atentos ao nosso mal-estar frente às guerras institucionais, as lutas narcísicas de egos, às terapias cognitivas, à psiquiatria com solução para todas as questões psíquicas e a diminuição de demandas.

A ousadia do analista em criar novas teorias regionais, originadas da clínica, que nos permitam um intercâmbio e liberdade sem, necessariamente, invalidar as valiosas contribuições dos grandes sistemas conceituais que já possuímos, poderá nos auxiliar em nossas novas demandas. Isto poderá instrumentalizar a nossa clínica, tanto técnica, como teoricamente, revigorando o aspecto libertador e emancipador da psicanálise, a contrafluxo de forças adaptativas ou atomizadoras na nossa cultura. Como analistas temos de enfrentar o paradoxo de nossa própria solidão (TANIS, 2003, p. 195).

Salomé (DACORSO, 2017) se refere à análise como uma relação de amor, em que o analista se abre inteiro àquele que o procura que, por sua vez, se entrega confiante nessa relação singular e única, em que inconsciente e inconsciente conversam. A enigmática Clarice (1973, p. 58): "E ninguém é eu. Ninguém é você. Esta é a solidão".

O processo analítico tanto para o analista, que é único em seu estilo, quanto para o analisando que, ao encarar e destituir suas idealizações e identificações, precisará se reconstruir partindo de si mesmo é um caminho solitário. O silêncio e a solidão de olhares e vozes na sessão é muitas vezes necessário e vital para uma paz e elaboração internas de forma que o desejo emerja. Sabemos o quanto o silêncio em análise nos angustia: é resistência, não quer estar aqui? o que não estou percebendo, escutando no silêncio? Quem sabe esse silêncio – num espaço da palavra – seja a solidão da paz, de poder ficar sem um outro falando e cobrando. Uma busca pelo silêncio interno de vozes que nos acompanham incessantemente de dentro.

Final de análise é uma construção solitária. As expectativas que levaram ao processo de análise são destituídas, assim como os ideais sobre si mesmo. Romances familiares terminam, a busca de um pai idealizado e uma mãe incansável no processo de alimentar chega ao término com o sofrimento de um luto indizível, solitário. Luto pelos objetos perdidos, pelo que não se tem e, principalmente, pelo que se percebe que não será possível ter e/ou alcançar. Muitos têm a sensação de "nadar, nadar e morrer na praia" porque esperavam que análise possibilitasse os objetos que os(as) fariam se sentir plenos(as). E o encontro é com o não saber, com o não acabado, o se deparar com a imprevisibilidade da vida, com a transitoriedade dos desejos e dos objetos. Um fazer e refazer cotidiano sem a prisão de ideais cristalizados e substitutos das perdas narcísicas.

O ganho da análise, que considero fundamental, é a solidão ser transformada num sentimento carregado de experiências pessoais e singularidade.

A comunicação total entre dois seres é impossível como também aquela que participamos com nós mesmos. Há uma impossibilidade de tudo dizer, de tudo saber, impossibilidade característica do sujeito barrado. Solidão.

Quando Freud rompeu com Fliess, com o qual partilhava suas ideias e o sentimento de idealizar o amigo, foi uma vivência sofrida para o professor. O período da amizade foi considerado como autoanálise, mas na verdade acreditamos num Fliess analista. Na ruptura, Freud sofreu a solidão dessa perda em termos emocionais, analíticos e intelectual. Mesmo que tempos depois, ele considerasse proveitosa a solidão desse período de luto, que o levou a escrever A interpretação dos sonhos (1905). Houve outro período após a IGG, quando a clínica caiu muito, e a solidão e o ócio o levaram a escrever os textos da metapsicologia. A solidão o levou a produzir, mas ele era também um homem solitário na sua genialidade que o convívio familiar não chegava a aplacar. Em entrevista ao repórter George Sylvester Viereck, em 1926, Freud respondeu:

[...] observei as plantas crescerem na primavera. De vez em quando tive uma mão amiga para apertar. Vez ou outra encontrei um ser humano que quase me compreendeu. Que mais posso querer?

A nova ordem direitista e neoliberal torna difícil a escolha de se constituir saindo do pseudorrótulo de "individualidade" que na realidade está perdida na massa de individualidades e não impede angústias, sofrências, incluindo as buscas no Dr. Google para identificação de patologias, até o momento em que nada soluciona e se busca o velho caminho para si mesmo.

Janaína de Paula, citada por Pinto (2018, p. 14), revela:

Já aprendemos com a clínica e a literatura que a psicanálise, assim como a poesia, não são mesmo do sucesso, da festa, nem do mundo... talvez sejam da solidão, dos encontros mínimos e das alegrias breves. São outro tipo de partilha.

 

Em cena, os que falam à alma e outras palavras...

 

Agora acho força.
Na diferença aceito
a solidão de ser única.
Agora me vejo melhor.
MONICA DIAZ

 

Assim que escrevi o subtítulo, veio à minha mente toda a produção de seres geniais, ao longo da história, até o primeiro hieroglifo na parede da caverna. O que selecionar?

Compreendemos que muitas produções, na maioria das vezes, foram incompreendidas, mas só ocorreram pela solidão consigo mesmo, pela rebeldia de se afastar da pressão conformista e debochada de seu tempo. São tantos! Mas exatamente por isso, passaram para história como geniais em sua obra, suas opiniões e seus comportamentos, considerados para seu tempo como provocativos, delinquentes, obras escandalosas.

Arte como algo que se oferece ao mundo para ser vivenciado, algo que se constitui subjetivamente. O ato criador se apoia na subjetividade de seu criador que tem esforço, angústia, pressão interna. Pulsão insatisfeita e constante, que pressiona.

O susto emocional frente às obras de Camille Claudel e vou linkar três delas: Sakountala [O abandono] (1905), A implorante(1894) e Idade madura(1899). Elas traduzem as dores, o desamparo e o sofrimento de Camille consigo e na relação com Auguste Rodin, nos fazem ficar parados, estarrecidos, tomados de uma comoção indizível frente o que as peças tão delicadamente esculpidas nos transmitem: a dor, o ser deixado, a solidão de quem implora. Indescritíveis, se aproximam de nosso inominável.

Frida Kahlo, que conseguiu superar, em parte, dor do acidente, da traição de Diego Rivera, dos abortos, da vida em dores constantes através de desenhos iniciados com o presente que seu pai lhe dera para que ela passasse o tempo enquanto estava imobilizada. Não é possível reproduzir aqui, mas fácil de encontrar, a Cama voadora (1932) com a imagem de dores e abortos. As duas Fridas (1939), ligadas por uma artéria e de mãos dadas na época de sua separação de Diego frente à crise matrimonial. Em 1945 Frida, muito magra, que é obrigada a se alimentar para engordar, faz o quadro Sem esperança, onde os alimentos ficam acima de sua boca, estragados e putrefatos. Frida, como ninguém, foi capaz de dar imagem à dor que lhe corria nas entranhas, nos vários momentos de sua vida.

Rilke (2010, p. 26), em sua correspondência com Franz Xavier Kappus, aconselha e enaltece a solidão como necessária à criação. A obra precisa "da escuridão do indizível e do inconsciente em um ponto inalcançável pelo entendimento". Rilke aconselha o jovem poeta a aceitar a solidão como uma moradia, um lar, lugar onde pode se encontrar e ser livre. E continua em seus conselhos:

[...] para produzir, a solidão tem de ser grande, uma grande solidão interior, entrar em si mesmo e não encontrar ninguém durante horas, é preciso conseguir isto (RILKE, 2010, p. 58).

Como vemos não há negação da dor da solidão, mas é com ela que ocorrerá o parto de uma obra, de uma decisão, de um encontro consigo mesmo.

Recorrer aos poetas, escritores e artistas em geral é reconhecer a impossibilidade de traduzir algo. E a solidão, da qual não retiramos o sofrimento, é necessário pensá-la também pelo seu lado positivo. As solidões se encontram em vários momentos de nossa vida, por imposição do mundo ou opção pessoal. Em todas elas, seja lá por que motivo for, vão produzir algo. Citamos artistas, enquanto legados da humanidade que nos acalmam a alma, mas também é artista o ser humano que a cada dia cria possibilidades de sobrevivência, encontra saídas para sua dor, se reinventa a cada amanhecer e cria possibilidades para satisfazer desejos. É artista aquele que, fora do circuito cultural ou acadêmico, dá conta de sua sobrevivência com as armas que estão às mãos. Se não reconhecemos esse artista anônimo e comum, estamos negando a universalidade do circuito pulsional, independentemente da cultura, da pedagogia e do discurso muitas vezes padronizado. Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é, ou como se questionou Salomé (DACORSO, 2017): "Se eu estivesse no lugar desta pessoa, seria capaz de reagir como ela?".

Se continuamos a analisar a solidão como apenas o lugar da dor, do abandono, da depressão, da doença, da esquisitice, creio que compactuaremos com a sociedade excitada, carregada de adrenalina que exige uma corrida em busca de encontros, consumo, movimento. Um movimento exigente que nega o cansaço, a necessidade de parar, de elaborar, do ficar só.

Illouz (2011), analisa a lógica atual que articula terapias culturais, produtividade econômica e feminismo, que se entrelaçam constituindo processos de retirar os sentimentos do campo da intimidade, colocando-os na individualidade e sociabilidade, construindo um modelo na cultura com ampla capacidade de penetração, que é o modelo da comunicação. Os afetos se transformam em objetos públicos em todas as esferas. Ora, com isso, nos dirigimos às redes sociais onde felicidade, reuniões de família, reuniões com amigos – antes da pandemia – eram o máximo de prazer, felicidade e sucesso. Com a pandemia que a todos forçou a um isolamento, encontramos violência doméstica, depressão, suicídio, aumento do uso de remédios. Torno a lançar uma questão: onde estavam aqueles sujeitos que aparentemente bem administrados lidando com amigos, família, colegas de trabalho tão bem, não foram capazes de ficar consigo mesmos?

Obviamente não estou ignorando os casos de patologias psíquicas preexistentes, angústias sociais decorrentes das análises de governos necropolíticos e pressão da sociedade com economia neoliberal.

Exemplificando com situações vividas no cotidiano, "Coitada(o)!", passando Natal ou qualquer outra data só, sem família e sem amigos, seja por opção, seja por isolamento social, angústia, trabalho ou qualquer outro motivo, mas será sempre uma avaliação pejorativa, avaliativa e julgadora porque as redes sociais estão carregadas de imagens de sentimentos positivos partilhados com comidas, bebidas e os grandes encontros.

Bom, ironizando um pouco, se o indivíduo estava bem com a opção de solidão, ao se deparar com tanta demonstração de "felicidade" vai ficar muito mal e se sentindo incapaz e impotente em preencher os quesitos. Em cena Michel Foucault e sua análise de biopoder e dispositivos de poder.

A pressão do social leva o sujeito a fugir de si mesmo, do silêncio, caindo no burburinho desenfreado de encontros com objetos. Analisar a solidão como possível e passível de ser positiva, como marcamos anteriormente neste texto, é algo que, percebemos, se evita. Existe uma dificuldade nesta abordagem, mesmo que muitos a enalteçam como necessária à sua saúde mental e à produção de qualquer teor. Quem sabe, o risco seja de que, ao se ficar só, o caminho seja diferente daquele que é propagado como o melhor e possa contaminar outros tantos. Afinal, as punições nas comunidades, nos grupos, nas hordas, nas famílias, nas instituições são na sua maioria para que ninguém fique tentado a transgredir e fazer diferente. Assim, o solitário é um sujeito não amável, autista, esquisito, e qualquer outro adjetivo que permeie as condutas daquele que opta pela solidão. Atualmente com uma sociedade medicalizada e com padrões de condutas padronizados, apesar de se dizer livre e sem discriminação, o rotular tem ocorrido de forma indiscriminada e preconceituosa. Quanto mais temos teorias sofisticadas sobre o humano, as sociedades e as culturas, mais nos assustamos com a diversidade que não compreendemos e procuramos regras e limites para enquadrá-las.

Como frisamos anteriormente, o objetivo deste texto é tentar retirar estigmas que o estar só acarreta. Existem várias possibilidades de olhares e percepções sobre a solidão.

Iniciamos este texto com Freud e a solidão das crianças em suas pesquisas sexuais que as levarão a outras tantas solidões de perguntas sem respostas, de angústias sem nome e de premências sem identificação de desejo, mas que produzirá o curioso, o insatisfeito com as respostas que leva ao gênio – em qualquer setor – ao homem comum em seu cotidiano.

Escolhi encerrar, então, com uma música infantil e linda, que fala de bosque, de verde, de anjo que protege e de amor, num espaço que se chama solidão:

Nesta rua, nesta rua tem um bosque
que se chama, que se chama solidão
dentro dele, dentro dele, mora um anjo
que roubou, que roubou meu coração

– Se eu roubei, se eu roubei teu coração,
tu roubaste, tu roubaste o meu também.
Se eu roubei, se eu roubei teu coração
é porque, só porque te quero bem.

(Cancioneiro infantil, autor desconhecido).

 

Referências

BIBLIA SAGRADA. O velho e o novo testamento. Traduzida segundo os originais hebraico e grego. American Bible Society. New York, 1917.         [ Links ]

CAMILLE Claudel. Direção e roteiro: Bruno Nuytten, C. França, DVD, 1988, DVD, 164 minutos.         [ Links ]

CARUSO, I. A separação dos amantes. Tradução: João Silvério Trevisan. 3. ed. São Paulo, SP: Diadorim; Cortez, 1984.         [ Links ]

DACORSO, S. T. M. Lou Andreas-Salomé: o que você tem a nos dizer. Estudos de Psicanálise, Belo Horizonte, Mg, n.48, p. 181-194, dez. 2017. Publicação semestral do Círculo Brasileiro de Psicanálise.         [ Links ]

DIAZ, V. Livre. Produção livre e independente de Verônica Diaz, 2001.         [ Links ]

DOLTO, F. Solidão. Tradução: Ivone Castilho Benedetti. São Paulo, SP: Martins Fontes, 1998.         [ Links ]

FERRARI, I. F. Realidade social e sujeitos solitários. Ágora, Rio de Janeiro, RJ, v. 11, n. 1, p. 17-30, jan./jun. 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-14982008000100002.         [ Links ]

FREUD, S. Leonardo da Vinci e uma lembrança de sua infância (1910). In: ______. Cinco lições de psicanálise, Leonardo da Vinci e outros trabalhos (1910 [1909]). Direção geral da tradução: Jayme Salomão. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1980. p. 59-126. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 11).         [ Links ]

FREUD, S. O mal-estar na civilização (1930). In: ______. O futuro de uma ilusão, o mal-estar na civilização e outros trabalhos (1927-1931). Direção geral da tradução: Jayme Salomão. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1980. p. 81-177. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 21).         [ Links ]

FREUD, S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905). In: ______. Um caso de histeria, três ensaios sobre a teoria da sexualidade e outros trabalhos (1901-1905). Direção geral da tradução: Jayme Salomão. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1980. p. 129-248 (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 7).         [ Links ]

FREUD, S. Psicologia de grupo e a análise do ego (1921). In: ______. Além do princípio de prazer, psicologia de grupo e outros trabalhos (1920-1922). Direção geral da tradução: Jayme Salomão. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1996. p. 81-154. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 18).         [ Links ]

GUIMARAES, A. R. G.; PRÓCHNO, C. C. S. O homem romântico: o homem psicanalítico. Via Atlântica, São Paulo, n. 29, p. 427-444, jun. 2016.         [ Links ]

HOUAISS, A. Grande dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro, RJ: Objetiva, 2001.         [ Links ]

ILLOUZ, E. O amor nos tempos do capitalismo. Tradução: Vera Ribeiro.  Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 2011.         [ Links ]

JOBIM, T.; MORAES, V. Eu sei que vou te amar (1958). In: DVD Chega de Saudade. Rio de Janeiro, RJ: Biscoito Fino, 2007.         [ Links ]

KAUFMANN, P. (ed.) Dicionário enciclopédico de psicanálise: o legado de Freud e Lacan. Tradução: Vera Ribeiro e Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 1996.         [ Links ]

KETTENMANN, A. KAHLO. México: Banco do México Diego Rivera & Frida Kahlo Museums Trust, 1994.         [ Links ]

KLEIN, M. O sentimento de solidão. Nosso mundo adulto e outros ensaios. Tradução, prefácio e notas: Paulo Dias Corrêa.  2. ed. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1975.         [ Links ]

LISPECTOR, C. Água viva. Rio de Janeiro, RJ: Rocco, 1973.         [ Links ]

PIÑON, N. Livro das horas. Rio de Janeiro, RJ: Record, 2012.         [ Links ]

PINTO, J. M. Da solidão. Belo Horizonte, MG: Quixote + Do, 2018.         [ Links ]

PORTUGAL, A. M; RODRIGUES, G; BAHIA, M. A. (orgs.). Da solidão. Belo Horizonte, MG: Quixote + Do, 2018.         [ Links ]

RILKE, R. M. Cartas a um jovem poeta. Porto Alegre, RS: L&PM Pocket, 2010.         [ Links ]

ROUDINESCO, E.; PLON, M. Dicionário de psicanálise. Tradução: Vera Ribeiro e Lucy Magalhães. Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 1998.         [ Links ]

SANDLER, P.C. Origens românticas da psicanálise: linguagem e sua consecução. IDE-SP. v. 30, n. 45, dez. 2007.         [ Links ]

TANIS, B. Circuitos da solidão. Entre a clínica e a cultura. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo, 2003.         [ Links ]

VALENÇA, A. Solidão. Álbum: Mágico, 1984.         [ Links ]

VIERECK, G. S. O valor da vida. Entrevista concedida por Sigmund Freud em 1926 e reproduzida na íntegra no Journal of Psychology, de Nova Iorque, em 1957. Tradução: Paulo César de Souza, 20 abr. 2010.         [ Links ]

VIERECK, G. S. O valor da vida – uma entrevista rara de Freud (1926). In: GAY, P.; RIEFF, P.; WOLLHEIM, R. Sigmund Freud e o gabinete do Dr. Lacan. Tradução: Isa Mara Lando e Paulo César de Souza. 2. ed. São Paulo, SP: Brasiliense, 1990. p. 117-128.         [ Links ]

 

 

Recebido em: 20/08/2021
Aprovado em: 28/10/2021

 

 

SOBRE A AUTORA

Stetina Trani de Meneses e Dacorso
Psicóloga pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora.
Psicanalista e membro efetivo do Círculo Brasileiro de Psicanálise - Seção RJ.
Mestre em literatura brasileira por Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora/PUC Minas.
Mestre em psicanálise pela American World University (AWU-USA).
Coordenadora do curso de formação em psicanálise e de seminários de psicanálise do Instituto Brasileiro de Psicanálise, Dinâmica de Grupo e Psicodrama de Juiz de Fora.
Didata em psicanálise – Instituto Brasileiro de Psicanálise, Dinâmica de Grupo e Psicodrama- Juiz de Fora.
Professora titular e supervisora do curso de Psicologia da Uniacademia – Juiz de Fora.
Presidente do Círculo Brasileiro de Psicanálise 2010-2012/2012-2014.

E-mail: sdacorso@gmail.com