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Ide
versão impressa ISSN 0101-3106
Ide (São Paulo) vol.43 no.72 São Paulo jul./dez. 2021
ATELIÊ
Penélope1
Ricardo Trinca
Membro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, SBPSP. Doutor em Psicologia Clínica pela USP - São Paulo / ricardotrinca@hotmail.com
Escondida por detrás dessa beleza
Ninguém podia ver
A curva errática da lágrima
Nos caminhos gelados do seu rosto
Enquanto tecia seu manto de sonhos
Dos novelos de Ariadne
Sabendo que em algum dia
Das águas do Lete acordaria
O herói retorna
Em algum momento, passados vinte anos
Como se as guerras
Tivessem sido apenas travadas por ele
E os descaminhos
Nunca fossem por ela trilhados
Mas seus olhos lentamente abrem
E ainda degelam ao calor da esperança
Reconhecendo quem por fim voltou
- Ele sempre teve seus disfarces --
A Odisseia não só fala das proezas desse homem
Mas dessa mulher que sobrevive em sua casa.
1 Poema escrito com base nos versos de Michaela Von Schmaedel (2020). A Odisseia, rapaz,/ tem a ver com sair de casa/e voltar vivo. In M. Von Schmaedel. Coração cansado. Penalux.