34 2'Então, deixa eu ver se eu entendi': Narrativas de casais sobre seu processo terapêutico 
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Psicologia Clínica

 ISSN 0103-5665 ISSN 1980-5438

Psicol. clin. vol.34 no.2 Rio de Janeiro maio/ago. 2022

https://doi.org/10.33208/PC1980-5438v0034n02A09 

SEÇÃO LIVRE

 

Manejo do dinheiro na conjugalidade: Papel discriminante das estratégias de resolução de conflitos, comunicação e ajustamento

 

Money management in conjugality: Discriminating role of conflict resolution, communication and adjustment strategies

 

Gestión del dinero en la conyugalidad: Papel discernidor de las estrategias de resolución de conflictos, comunicación y ajuste

 

 

Lídia Käfer SchünkeI; Denise FalckeII; Clarisse Pereira MosmannIII

IMestre em Psicologia Clínica. Doutoranda em Psicologia Clínica do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica no Núcleo de Estudos em Casais e Famílias (NECAF), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). São Leopoldo, RS, Brasil. email: lidia.kafer@gmail.com
IIDoutora em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica no Núcleo de Estudos em Família e Violência (NEFAV), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). São Leopoldo, RS, Brasil. email: dfalcke@unisinos.br
IIIDoutora em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica no Núcleo de Estudos em Casais e Famílias (NECAF), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). São Leopoldo, RS, Brasil. email: clarissepm@unisinos.br

 

 


RESUMO

A maneira como o dinheiro é gerenciado relaciona-se com diferentes variáveis da conjugalidade. Este estudo investigou o papel discriminante da comunicação conjugal, estratégias de resolução de conflitos e ajustamento conjugal no sistema de manejo de dinheiro na conjugalidade (independente ou compartilhado). Em estudo quantitativo, transversal, comparativo e explicativo, participaram 108 indivíduos em relacionamentos estáveis de coabitação, que responderam de forma online a: questionário sociodemográfico, Escala de Manejo de Dinheiro na Conjugalidade, Dutch Marital Communication Questionnaire, Conflict Resolution Behavioral Questionnaire e Revised Dyadic Adjustment Scale. O grupo que adota manejo compartilhado distinguiu-se por sua coesão, comunicação aberta, satisfação conjugal, estratégias de acordo e consenso. Os que adotam manejo independente foram distinguidos por estratégias de evitação, de ataque e pela comunicação negativa. O modelo discriminante evidenciou que variáveis positivas da conjugalidade distinguiram o manejo compartilhado, e as negativas, o independente. Manejar o dinheiro envolve postura, comportamentos e percepções além do compartilhamento dos bens, e fazê-lo em conjunto está associado a indicadores de funcionalidade no relacionamento.

Palavras-chave: manejo de dinheiro; relações conjugais; conflito conjugal; comunicação.


ABSTRACT

The way a dyad manages money is related to different marital variables. This study aimed to investigate the discerning role of marital communication, conflict resolution strategies and marital adjustment in the marital money management system (independent or shared). In a quantitative, cross-sectional, comparative and explanatory study, 108 individuals in stable cohabiting relationships took part, who responded online to: sociodemographic questionnaire, Marital Money Management Scale, Dutch Marital Communication Questionnaire, Conflict Resolution Behavioral Questionnaire, and Revised Dyadic Adjustment Scale. The results show that the group of individuals who adopt shared management was characterized by cohesion, open communication, marital satisfaction, agreement and consensus strategies. Those adopting independent management were singularized by avoidance, attack and negative communication strategies. The discriminant model showed positive marital variables pointed to shared management, and negative ones, to independent management. Handling money involves stance, behaviors and perceptions beyond the sharing of assets, and doing it together is associated to indicators of functionality in the relationship.

Keywords: money management; marital relations; marital conflict; communication.


RESUMEN

La forma cómo se maneja el dinero se relaciona con diferentes variables de la conyugalidad. Este estudio investigó el papel discernidor de la comunicación conyugal, las estrategias de resolución de conflictos y el ajuste conyugal en el sistema de gestión del dinero en la conyugalidad (independiente o compartida). En un estudio cuantitativo, transversal, comparativo y explicativo, participaron 108 individuos en relaciones de convivencia estables, que respondieron en línea a: cuestionario sociodemográfico, Escala de administración del dinero conyugal, Dutch Marital Communication Questionnaire, Conflict Resolution Behavioral Questionnaire y Revised Dyadic Adjustment Scale. El grupo que adopta la gestión compartida fue discernido por la cohesión, la comunicación abierta, la satisfacción conyugal, las estrategias de acuerdo y el consenso. Los que adoptaron una gestión independiente fueron discernidos por las estrategias de evitación, ataque y comunicación negativa. El modelo discriminante mostró que las variables positivas de conyugalidad señalaban el manejo compartido, y las negativas, el manejo independiente. Administrar dinero implica postura, comportamientos y percepciones además de compartir activos, y hacerlo juntos está asociado con indicadores de funcionalidad en la relación.

Palabras clave: manejo del dinero; relaciones conyugales; conflicto marital; comunicación.


 

 

Introdução

A construção de uma relação conjugal requer o equilíbrio e a harmonia entre questões individuais e do casal (Heckler & Mosmann, 2016). As decisões antes individuais devem ser partilhadas, e esse processo resulta de interações complexas, muitas vezes divergentes e até conflitivas (Coelho, 2016). Dentre outras variáveis, o dinheiro pode atuar como fator positivo ou negativo na conjugalidade, e a forma de gerenciamento é um dos aspectos a serem considerados nessa esfera (Garbin et al., 2015).

A forma como uma díade gerencia o dinheiro está relacionada com satisfação, comunicação, interesses, confiança, respeito (Harth & Falcke, 2017) e sentimentos positivos ou negativos em relação ao cônjuge e à união (Papp et al., 2009). Uma revisão sistemática da literatura brasileira e estrangeira mostrou que os desacordos financeiros são preditores de maior possibilidade de divórcio, bem como a manutenção de contas conjuntas associa-se com maiores níveis de qualidade conjugal quando mensurada segundo diferentes dimensões, dentre elas: comunicação, processos de resolução de conflitos e frequência de conflitos no relacionamento (Cenci et al., 2017).

Jan Pahl (1989) classificou diferentes formas de gestão do capital familiar: o dinheiro pode ser gerenciado por apenas um dos cônjuges, um deles pode prover um valor específico ao outro mensalmente, ambos podem compartilhar a gestão ou cada um controla de forma individual suas receitas e despesas. Por se tratar de uma temática complexa, que engloba aspectos transgeracionais, individuais, conjugais e sociais (Barros et al., 2017), não há consenso na literatura quanto às possibilidades de mensuração e posterior classificação dos estilos de manejo de Pahl (1989). Pesquisas da área da conjugalidade têm considerado os estilos de manejo de dinheiro do casal como manejo independente ou manejo compartilhado (Schünke et al., 2021; Cenci et al., 2017; Razera et al., 2015; Archuleta, 2013; Addo & Sassler, 2010).

Numa gestão compartilhada, o casal adota uma postura de colaboração sobre as responsabilidades em relação às finanças, tem intimidade financeira, toma decisões em conjunto, divide informações e conversa sobre os recursos, não costuma haver comportamentos de infidelidade financeira e existe uma tendência maior a manter pelo menos uma conta conjunta - seja para investimentos, seja para despesas da casa. Já num manejo independente, a postura é mais individualizada: os cônjuges desfrutam suas vidas financeiras de forma particular e não veem os recursos como um bem comum (Schünke et al., 2021; Cenci & Habigzang, 2019; Cenci et al., 2017; Harth et al., 2016; Archuleta, 2013).

A qualidade conjugal (Cenci et al., 2017) e a afirmação da união conjugal, da intimidade e da afetividade (Archuleta, 2013) são favorecidas na gestão compartilhada. Já sistemas de gerenciamento independentes aparecem associados com a diminuição de sentimentos de intimidade, satisfação sexual e contentamento em relação à resolução de conflitos por parte das mulheres (Addo & Sassler, 2010).

Lidar com o dinheiro abarca interações complexas e pode ser um fator gerador de conflito (Coelho, 2016). Como não é possível evitar as divergências e desacordos diários, a maneira pela qual o casal lida com os conflitos ocupa papel essencial na estabilidade ou dissolução das uniões (Delatorre et al., 2015). Estratégias que favorecem a manutenção da relação (negociação, busca pelo acordo, boa comunicação, demonstração de afeto e apoio, cooperação, investimento, compromisso e flexibilização) são consideradas positivas, ou construtivas. Já a culpabilização do outro pelo problema, competição, agressões psicológicas, evitação do conflito, submissão às decisões do outro e o uso de violência física são estratégias destrutivas (Delatorre et al., 2015; Sierau & Herzberg, 2012).

A comunicação é um dos fatores que medeia processos de resolução de conflitos (Veldorale-Brogan et al., 2013). Ela influencia na resolução de problemas e diferenças que possam surgir (Figueiredo, 2005) e facilita a interação entre outras dimensões da relação (Olson, 2000). Sua qualidade e padrões predizem tanto a qualidade conjugal quanto o divórcio (Tan et al., 2017).

Um padrão de comunicação negativo engloba críticas, culpabilização e a falta de comunicação, enquanto a comunicação positiva (ou aberta) é composta por partilha de sentimentos, discussão da relação e interações com o parceiro (Troost et al., 2005). A forma como um casal interage, seja diante de situações de conflito seja nas corriqueiras, e a maneira como padrões de comunicação são estabelecidos impacta também nos níveis de ajustamento conjugal.

Tal ajustamento resultará da interação entre as diferenças, das tensões interpessoais, aspectos individuais, satisfação, coesão e consenso sobre tópicos importantes da relação (Hernandez, 2008). É a satisfação com a relação, o quanto o casal converge sobre aquilo que afeta sua vida conjugal e o engajamento mútuo em interesses e atividades com compartilhamento emocional, que constituirá os níveis de ajustamento (Spanier, 1976).

Uma vez que a partilha das responsabilidades e a tomada de decisão em conjunto indicam níveis menores de conflito e maiores de satisfação conjugal (Dush & Taylor, 2012), hipotetiza-se o papel relevante de estratégias construtivas perante a saúde da relação e a forma como o casal estabelece o manejo do dinheiro. O gerenciamento dos recursos requer a adoção de estratégias de resolução de conflitos por parte dos membros do casal, o que pode gerar um desfecho positivo ou negativo em seus níveis de ajustamento.

Por sua vez, o ajustamento conjugal está associado a desfechos positivos numa relação. Kendrik e Drentea (2016) defendem que casais bem ajustados funcionam como uma equipe. Diferentes fatores estão relacionados ao ajustamento conjugal, dentre eles a concordância sobre finanças e orçamento familiar, que vêm sendo verificados por diferentes estudos. Porém, ainda há uma lacuna, no contexto brasileiro, quanto à investigação de diferentes variáveis da conjugalidade e sua relação com o manejo do dinheiro, bem como as repercussões na relação (Cenci et al., 2017; Rosado & Wagner, 2015).

Diante disso, visou-se investigar qual o papel discriminante da comunicação, das estratégias de resolução de conflitos e do ajustamento conjugal entre homens e mulheres em relacionamento estável de coabitação, divididos em dois grupos: um que adota sistema de manejo de dinheiro independente e outro que adota o manejo compartilhado. As hipóteses foram de que o ajustamento conjugal e as variáveis positivas da comunicação (comunicação aberta) e das estratégias de resolução de conflitos (acordo) teriam maior poder discriminante no grupo que adota manejo compartilhado (Schünke et al., 2021; Cenci & Habigzang, 2019; Cenci et al., 2017; Harth et al., 2016; Archuleta, 2013). Hipotetizou-se também que as variáveis negativas (estratégia de ataque, estratégia de evitação e comunicação negativa) discriminariam o grupo de indivíduos que utilizam o manejo independente (Cenci et al., 2017; Harth & Falcke, 2017; Garbin et al., 2015).

 

Método

Delineamento

Este estudo é quantitativo, transversal, comparativo e explicativo (Cresswell, 2010).

Amostra

Esta pesquisa decorre de um estudo maior. Desta etapa participaram 108 indivíduos, 35 homens e 73 mulheres, todos brasileiros, divididos em dois grupos: 45 indivíduos (41,7%) no grupo de Manejo do Dinheiro - Independente e 63 outros (58,3%) no grupo de Manejo do Dinheiro - Compartilhado. Os critérios de inclusão na pesquisa foram estar num relacionamento estável e coabitando há pelo menos seis meses, ter acima de 18 anos de idade e residir no Brasil. Na Tabela 1 são apresentadas as características sociodemográficas da amostra conforme a divisão nos grupos.

 

 

Instrumentos

Questionário Sociodemográfico: Para caracterização da amostra, foi elaborado um questionário com 16 questões para maior compreensão do contexto sociodemográfico dos participantes.

Escala de Manejo do Dinheiro na Conjugalidade - EMDC (Schünke et al., 2021): A mensuração dos estilos de manejo do dinheiro na conjugalidade (manejo independente ou manejo compartilhado) foi feita mediante 18 itens distribuídos numa escala Likert de 7 pontos, variando de "não aplicável" a "muito aplicável". O ponto de corte para classificação era de 72 pontos; uma pontuação igual ou abaixo caracterizou manejo independente, e acima de 72 pontos, o manejo compartilhado. A escala tem uma estrutura de quatro fatores: Coesão Financeira (exemplo: Eu e meu/minha parceiro/a dividimos a responsabilidade pela tomada de decisões que envolvem dinheiro), Intimidade Financeira (exemplo: Eu e meu/minha parceiro/a planejamos nossos gastos em conjunto), Infidelidade Financeira (exemplo: Eu já escondi gastos do meu/minha parceiro/a) e Partilha de Bens (exemplo: Eu e meu/minha parceiro/a mantemos uma conta conjunta para todos os nossos gastos). Verificaram-se índices de ajustamento satisfatórios no que diz respeito às análises fatoriais confirmatórias: x2/df (2,67), CFI (0,933) TLI (0,915) e RMSEA (0,077), com intervalo de confiança de 90% (0,067-0,088) (Byrne, 2010; Hair et al., 2009).

Conflict Resolution Behavior Questionnaire - CRBQ (Rubenstein & Feldman, 1993; Delatorre & Wagner, 2015): A escala original foi adaptada para o contexto brasileiro por Delatorre e Wagner (2015). O CRBQ avalia os comportamentos adotados em situações de conflito conjugal, por meio da mensuração de frequência. São 21 itens apresentados numa escala Likert que varia de 1 (nunca) a 5 (sempre), relatando diferentes condutas que podem ter sido tomadas ao haver um conflito com o cônjuge, como "Tento não falar sobre o assunto" ou "Escuto o que o outro está dizendo e tento compreender". Os comportamentos estão agrupados em três dimensões: ataque, evitação e acordo. Nesta pesquisa foram verificados Alpha de Cronbach de 0,67 para evitação, 0,64 para ataque e 0,77 para acordo, indicando adequação para avaliar as estratégias de resolução de conflito aditadas por casais.

Revised Dyadic Adjustment Scale - R DAS (Busby et al., 1995; Hollist et al., 2012): Composta por 14 itens, a escala avalia a percepção de ajustamento diádico do indivíduo, sendo uma versão reduzida da Dyadic Adjustment Scale - DAS (Spanier, 1976). Trata-se de um questionário de autorrelato que visa mensurar os níveis de satisfação com a relação, o senso de compartilhamento emocional existente entre os indivíduos expresso pela coesão, e o consenso, que é o nível de concordância do casal sobre questões comuns à vida a dois (Rosado & Wagner, 2015). O instrumento é composto por questões como "Com que frequência vocês conversam sobre divórcio ou separação?", ou o nível de concordância sobre "Assuntos religiosos" e "Decisões profissionais", por exemplo. As análises de consistência interna neste estudo indicam boa qualidade psicométrica, com Alpha de Cronbach de 0,84 para consenso diádico, 0,84 para satisfação, 0,82 para coesão e 0,87 total.

Dutch Marital Satisfaction and Communication Questionnaire - DMSCQ (Troost et al., 2005): A escala original mensura satisfação e comunicação conjugal por meio de três dimensões: satisfação conjugal, comunicação negativa e comunicação aberta. Luz e Mosmann (2018) procederam à tradução da escala para a língua portuguesa. Neste estudo foram utilizadas as duas dimensões referentes à comunicação, que consistem em 15 itens pontuados numa escala Likert de 7 pontos, variando de "não aplicável" a "muito aplicável". A dimensão Comunicação Negativa é composta por 9 itens que mensuram em que grau o indivíduo relata a experiência de comunicação na relação conjugal como negativa, mediante afirmações como "Meu parceiro e eu interrompemos um ao outro muitas vezes quando estamos conversando". Já a dimensão Comunicação Aberta afere o nível em que o respondente relata troca de experiências pessoais com seu parceiro conjugal, por meio de 6 itens contendo asserções como "Eu frequentemente converso com meu parceiro sobre meus problemas pessoais". O Alpha de Cronbach apurado neste estudo foi de 0,767 para a Comunicação Negativa e 0,834 para a Comunicação Aberta, confirmando as propriedades psicométricas para mensurar o fenômeno.

Procedimentos éticos e de coleta de dados

A amostra foi acessada por meio de coleta online, por meio de instrumentos hospedados na plataforma GoogleForms. O questionário esteve disponível entre os meses de janeiro e fevereiro do ano de 2019, para pessoas convidadas a participar por um flyer compartilhado enviado por e-mail e aplicativos de mensagens a grupos de diferentes localidades do território nacional, bem como compartilhado em redes sociais. Foi incentivado que os participantes também divulgassem a pesquisa. Para que fosse liberado o questionário, todos os respondentes precisaram consentir de forma livre e voluntária por meio do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), no qual constavam os termos e objetivos da pesquisa e os procedimentos éticos adotados. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da universidade (CAAE 03878618.2.0000.5344).

Análise dos dados

Foram realizadas análises descritivas, igualdade das matrizes de covariância (M de Box), cálculo de médias, desvios-padrão, comparação de médias, tamanho de efeito, dependência (Qui-quadrado de Pearson) e inflação de fatores de variância a partir da inserção dos dados no software Statistical Package for Social Sciences 22.0 (IBM SPSS). As análises estatísticas inferenciais consideraram o nível de significância de 95% (p0,05). Para compreender as diferenças entre os dois grupos, determinando quais fatores mais contribuem para o distanciamento e prevendo a probabilidade de os participantes serem direcionados para um ou outro grupo, foi utilizada a análise discriminante (Hair et al., 2009), uma técnica multivariada utilizada quando a variável dependente é categórica e as variáveis preditoras são métricas (Fávero et al., 2009).

 

Resultados

Os indivíduos que responderam à pesquisa foram divididos em dois grupos, considerando o ponto de corte na EMDC de 72. Aqueles que obtiveram escore igual ou inferior a 72 nessa escala foram classificados no grupo de Manejo Independente, e os de escore superior foram para o grupo de Manejo Compartilhado. Os grupos apresentaram disparidade em número de participantes. Assim, seguindo pressupostos de Hair et al. (2009), foi realizado procedimento de extração de amostra aleatória a partir do maior grupo, resultando em 108 indivíduos. Os resultados indicaram 58,3% (N=63) dos participantes no manejo compartilhado e 41,7% (N=45) no manejo independente. Para identificar se as variáveis independentes (VI) discriminam os indivíduos que adotam o manejo do dinheiro independente dos que adotam o manejo do dinheiro de forma compartilhada, conduziu-se a análise discriminante.

A suposição mais importante para estimação e classificação dos dados em análise discriminante é a igualdade das matrizes de covariância (Hair et al., 2009). Com tamanhos amostrais distintos, Field (2013) indica verificar se a matriz de variância dentro dos grupos é semelhante pelo teste M de Box, que indicou valor de p=0,142 (p>0,05), sustentando a hipótese de que as matrizes de covariância são homogêneas.

Para discriminação dos grupos, foram testadas as VIs: Estratégias de Resolução de Conflitos, por meio das dimensões de evitação, ataque e acordo; Comunicação Conjugal, subdividida em comunicação negativa e comunicação aberta; e Ajustamento Conjugal, mensurado por satisfação, coesão e consenso. Diferenças estatisticamente significativas foram verificadas por meio do teste de Mann-Whitney. Na Tabela 2 são apresentadas as médias e desvios-padrão das variáveis preditoras que compõem a análise, bem como a diferença entre grupos.

 

 

Verificou-se diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. Em relação ao tamanho do efeito entre grupos, a comunicação negativa apresentou efeito pequeno (r<0,3); as estratégias de ataque, evitação, acordo, o consenso, a satisfação e a comunicação aberta, efeito médio (r0,3); e a coesão, efeito grande (r>0,5), considerando os valores de referência para a magnitude de efeito propostos por Cohen (1992).

O Qui-quadrado de Pearson não indicou relação entre estilo de manejo do dinheiro e características sociodemográficas nessa amostra. As variáveis testadas foram a faixa etária (r=7,31; p=0,063), o tempo de relacionamento (r=2,77; p=0,598), a renda individual (r=0,90; p=0,826), a renda familiar (r=0,63; p=0,890), o gênero (r=0,44; p=0,509), se já esteve em casamento anterior (r=2,50; p=0,114), o nível de escolaridade (r=3,69; p=0,0449), a situação conjugal (r=1,25; p=0,264), a presença ou não de religiosidade (r=1,02; p=0,601), a presença ou não de filhos (r=0,11; p=0,744) e o estado onde reside (r=17,40; p=0,135).

Para Fávero et al. (2009), um dos critérios para a análise discriminante é não haver multicolinearidade entre as variáveis. Para tanto, os fatores de inflação da variância (VIF) não devem exceder o valor de 5,0 (Hair et al., 2009). A partir das análises, o máximo verificado foi entre a Comunicação Negativa e a Coesão (VIF=3,144), sustentando a inexistência de multicolinearidade. Os valores de função da análise discriminante são apresentados na Tabela 3.

 

 

Os valores de centroide obtidos foram de (F=-0,893) para o grupo de Manejo Independente e de (F=0,638) para o de Manejo Compartilhado. Assim, os grupos estão afastados do perfil obtido e podem ser discriminados pelas variáveis testadas. O conjunto das variáveis obteve percentual de explicação de 75% dos dois grupos. Sarriera et al. (2012) indicam valores de magnitude 0,3 para as variáveis de maior poder explicativo, sendo que todas as testadas apresentaram magnitude satisfatória. A Tabela 4 apresenta a matriz de estruturas.

 

 

Os resultados da análise mostraram que a coesão (0,936), a comunicação aberta (0,670), a satisfação (0,513), as estratégias de acordo (0,492) e o consenso (0,402) diferenciaram o grupo de indivíduos que adota o manejo compartilhado, confirmando as hipóteses do estudo.

 

Discussão

As análises conduzidas neste estudo tiveram como objetivo discriminar indivíduos que adotam estilos de manejo do dinheiro na conjugalidade de forma independente daqueles que o fazem de forma compartilhada, a partir das estratégias de resolução de conflitos, da comunicação conjugal e do ajustamento conjugal. Os resultados mostraram que a maior parte dos respondentes indicaram gerenciar o dinheiro de forma compartilhada na relação.

Este estilo vem sendo associado a relacionamentos com maiores índices de funcionalidade (Cenci & Habigzang, 2019; Cenci et al., 2017). Assim, pode-se pensar que o recorte amostral acompanha a tendência de pesquisas na área de conjugalidade: aqueles que estão com aspectos da relação melhor estabelecidos conseguem acessá-los com mais facilidade, sentindo-se mais motivados para responder a pesquisas. O uso do dinheiro na relação conjugal é um tema sensível (Cardoso & Bucher-Maluschke, 2017), e indivíduos que vivenciam problemas nessa seara podem apresentar maior dificuldade em tratar o assunto. Ademais, falar sobre dinheiro ainda é considerado tabu em nossa sociedade e muitas vezes dentro da relação pode despertar a crença de que será responsável por corrompê-la (Zelizer, 2011), tornando-se um assunto sobre o qual não se fala, seja entre a díade conjugal, seja fora dela.

Diante disso, é oportuno refletir que o dinheiro ainda é associado apenas a ideias mercadológicas, de compra, venda e consumo (Lopes et al., 2017). Esse cenário reforça a crença de que isso não deve ser discutido no contexto amoroso, tal como o regime de casamento, a divisão de bens ou contratos pré-nupciais, com o que os casais podem acabar por enfrentar dificuldades nesse aspecto caso venham a se separar.

A diferença entre grupos em relação às variáveis independentes foi estatisticamente significativa, demonstrando que indivíduos que adotam um sistema de manejo compartilhado na relação diferem quanto à adoção de estratégias de resolução de conflitos, comunicação e ajustamento conjugal daqueles que usam um sistema independente. Esse achado reforça o que vem sendo indicado nas pesquisas, de que a forma como o casal maneja o dinheiro está relacionada a diferentes dimensões da conjugalidade (Harth & Falcke, 2017; Razera et al., 2015; Rosado & Wagner, 2015; Archuleta, 2013).

Avaliando a magnitude dessas diferenças, porém, verificou-se que ela é pequena entre os grupos quanto à comunicação negativa. Sendo o tamanho de efeito o indicativo do grau em que determinado fenômeno está presente (Cohen, 1992), os padrões comunicativos mais críticos, competitivos ou evitativos não apresentaram grande variabilidade entre os indivíduos.

Já as variáveis indicativas das estratégias de resolução de conflitos, de satisfação, consenso e a comunicação positiva indicaram magnitude moderada. Destaca-se a coesão (r=0,57) como a dimensão que apresentou o maior coeficiente. Assim, o senso de compartilhamento emocional na relação e comportamentos de partilha de sentimentos e interações entre os parceiros apresentados por esta amostra são construtos que se comportaram de forma diferente.

Os resultados referentes às variáveis sociodemográficas apontam para a inexistência de relação entre elas e a forma como o casal lida com o dinheiro. Na literatura há indicações de diferenças estatisticamente significativas na forma de lidar com o dinheiro em função do gênero (Furnham et al., 2015), do status da relação conjugal, da escolaridade e do nível de rendimentos (Raijas, 2011), o que não foi sustentado neste estudo. Esse achado mostra a importância de expandir as análises, considerando a complexidade social, econômica e cultural brasileira a fim de compreender como se dá a interação entre esses fatores no contexto das finanças conjugais.

Quanto à discriminação dos grupos, os resultados indicaram que eles foram bem diferenciados pelas variáveis testadas. A coesão, componente do ajustamento conjugal, apresentou maior grau de discriminação entre aqueles que manejam o dinheiro de forma compartilhada. Uma díade coesa compartilha laços emocionais, caracterizando a proximidade afetiva existente na relação e tende a ser mais funcional, compartilhando decisões e suporte conjugal (Spanier, 1976). Para que o casal gerencie o dinheiro de forma conjunta, é necessário que exista proximidade e vínculo seguro frente às experiências envolvendo o dinheiro, bem como que ambos estejam conectados, dividindo não apenas compromissos, mas também objetivos e a tomada de decisões (Cenci et al., 2017; Addo & Sassler, 2010). Esse resultado corrobora estudo de Vogler et al. (2008), conduzido com amostra de 1.292 pessoas em relacionamentos estáveis na Grã-Bretanha, no qual verificaram que os indivíduos que tomam decisões financeiras de forma individual percebiam menor proximidade com seus cônjuges.

Tal controle das finanças de forma conjunta requer uma comunicação conjugal com determinadas características, favorecendo o estabelecimento de estilos de comunicação mais assertivos (Razera et al., 2015). Olson (2000) relata que a comunicação facilita o movimento e a interação entre diferentes dimensões da conjugalidade e é um dos fatores que determinam o nível de funcionalidade de um casal. A comunicação aberta demonstrou poder de explicação discriminante também significativo. Nesse sentido, a partilha de sentimentos, discussão da relação e interações com o parceiro são relevantes para aqueles que manejam o dinheiro de forma conjunta. Para Alarcão (2006), comunicar é o ato de pôr algo em comum, e nossos resultados indicam que comunicar-se de forma aberta pode implicar pôr em comum também o dinheiro.

A satisfação conjugal e o consenso, dimensões componentes do ajustamento conjugal, também são variáveis que discriminam os indivíduos do grupo de manejo compartilhado, resultado que é sustentado pela literatura (Harth & Falcke, 2017; Cenci et al., 2017). Uma percepção positiva de diferentes aspectos da relação, bem como a concordância de ideias sobre questões que afetam a vida conjugal (Spanier, 1976), estão presentes nos indivíduos que compartilham o gerenciamento do dinheiro, uma vez que ele acaba por ser visto como um bem comum em vez de algo puramente individual.

Considerando tais achados, juntamente com a presença da coesão como um fator discriminante, ressalta-se o papel do ajustamento conjugal nesse contexto. Ele pode ser compreendido a partir da perspectiva de que casais que adotam uma postura de maior trabalho em equipe em detrimento de comportamentos individualizados têm melhores níveis de ajustamento (Kendrick & Drentea, 2016), reverberando positivamente na conjugalidade e no dinheiro, e um processo de retroalimentação. Uma vez que a relação conjugal é construída nas interrelações entre um casal (Oltramari, 2009), a forma como os indivíduos interagem dentro da dinâmica conjugal compõe um processo que repercute em diferentes dimensões da relação, inclusive na vida financeira.

As estratégias de resolução de conflitos baseadas no acordo também apresentaram poder para diferenciar os indivíduos que manejam o dinheiro de forma conjunta. Elas permeiam posturas de maior flexibilidade e tolerância perante os problemas que surgem na relação, bem como em relação às limitações do cônjuge e uma responsabilização mútua quanto à resolução dos problemas (Dush & Taylor, 2012). As estratégias de resolução de conflito construtivas favorecem a manutenção da relação e um desfecho saudável das situações de desacordo (Delatorre et al., 2015), uma vez que o equilíbrio entre as demandas individuais e conjugais no que tange aos recursos financeiros pode gerar interações complexas, divergentes e até conflitivas (Cummings et al., 2016). Esse resultado acompanha outros achados da literatura, os quais apontam que o manejo conjunto do dinheiro requer a utilização de estratégias de negociação face a divergências em relação a valores e objetivos financeiros (Sierau & Herzberg, 2012).

Em relação ao outro grupo, os indivíduos que manejam o dinheiro de forma independente foram discriminados em maior grau pelas estratégias de resolução de conflitos baseadas na evitação, seguidos pelas estratégias de ataque e pela comunicação negativa. Como as estratégias de resolução de conflitos são comportamentos adotados diante de situações de oposição, e o dinheiro é um elemento carregado de simbolismos individuais nem sempre compartilhados (Cenci et al., 2017; Mosmann & Falcke, 2011; Britt et al., 2010), na relação ele pode ser fonte de diferenças por estar atrelado à individualidade. Assim, a forma como a díade lida com as diferenças reflete na forma como lidarão com o dinheiro.

Estratégias de evitação e de ataque apresentaram peso próximo na análise, demonstrando poder semelhante para diferenciação. As três variáveis que discriminam esse grupo ficaram próximas, reafirmando a interrelação e o caráter sistêmico dos processos que permeiam a conjugalidade (Vasconcellos, 2013), nos quais os processos deletérios se interconectam e criam uma dinâmica disfuncional.

Os padrões de comunicação negativos implicam culpabilização, críticas, conflitos e a falta de comunicação, e são apontados na literatura como potenciais promotores de distanciamento diante dos desafios da relação conjugal (Milbury & Badr, 2013). Aqui verificamos novamente a influência dos processos de comunicação e inferimos que, se o casal adota padrões de comunicação que levam os indivíduos a se distanciar, eles se afastarão em relação a diferentes aspectos da relação, incluindo as finanças.

Como a comunicação é uma variável que medeia os processos de resolução de conflitos (Veldorale-Brogan et al., 2013), os resultados evidenciaram a interrelação entre a adoção de padrões negativos e formas destrutivas de lidar com conflitos. As estratégias que têm efeito destrutivo na relação envolvem comportamentos individualizados e padrões de inflexibilidade que atribuem às situações um teor de competitividade (Costa et al., 2016). Esse padrão traz entraves ao casal para que percebam e lidem com as questões envolvendo o dinheiro de forma conjunta e colaborativa, por evitar tratar sobre o assunto, por adotar comportamentos hostis diante das diferenças, ou por uma oscilação entre ambos.

Não é possível falar e pensar a conjugalidade sem desconsiderar o caráter sistêmico e de interdependência e reciprocidade entre os fenômenos. Os achados desta pesquisa representam avanços no estudo do dinheiro nas relações conjugais, e o modelo discriminante final evidencia a integração entre as variáveis estudadas, uma vez que variáveis positivas diferenciaram aqueles que adotam estilo de manejo compartilhado e as negativas, estilos de manejo independente. Tal resultado sustenta a hipótese inicial, e corrobora achados da literatura de que manejar o dinheiro de forma conjunta está associado à maior funcionalidade na relação (Cenci et al., 2017; Harth & Falcke, 2017; Archuleta, 2013; Addo & Sassler, 2010; Papp et al., 2009).

Por fim, manejar o dinheiro de forma compartilhada vai muito além de compartilhar ou não as economias: integra a postura, os comportamentos, a tomada de decisão e a forma de ver e entender o dinheiro como um bem comum ou individual. Não haverá necessariamente a manutenção de contas conjuntas ou a partilha de cartões de crédito, mas sim o compartilhamento da vida financeira e suas implicações (Schünke et al., 2021; Cenci & Habigzang, 2019; Cenci et al., 2017; Harth et al., 2016; Archuleta, 2013).

 

Considerações finais

O objetivo deste estudo foi verificar o papel discriminante da comunicação conjugal, das estratégias de resolução de conflitos e do ajustamento conjugal para os estilos de manejo do dinheiro. Os resultados dentro de uma amostra com alta escolaridade e poder aquisitivo acima da média brasileira mostraram que casais que adotam estilo de manejo de dinheiro compartilhado foram diferenciados em maior grau pela coesão, seguido por comunicação aberta, satisfação conjugal, consenso e estratégias de resolução de conflitos baseadas no acordo. Já o grupo que utiliza o manejo de forma independente foi discriminado pela comunicação negativa e pelas estratégias de resolução de conflito destrutivas, isto é, evitação e ataque, respectivamente.

Esta pesquisa apresenta diferenças em relação a outros estudos conduzidos no Brasil no que tange a aspectos metodológicos. Avança em relação às análises estatísticas, pois estudos anteriores contemplaram alcances correlacionais e o presente trabalho utilizou técnica multivariada de análise dos dados. Ainda, acompanha os demais estudos em relação às especificidades da amostra, pois uma limitação para possibilidades de extrapolação dos resultados a nível nacional é a distribuição amostral que não contempla características sociodemográficas representativas da população brasileira. Participaram do estudo indivíduos majoritariamente da região Sul, com poder aquisitivo superior à média nacional e alto grau de formação escolar.

Muitas contribuições podem ser feitas para os estudos em conjugalidade, expandindo e explorando o saber a partir da perspectiva psicológica acerca de uma temática tão presente nas relações, mas ainda pouco explorada, que é o dinheiro. Sugerem-se futuros estudos para ampliar e aprofundar o conhecimento, acessando diferentes estratos populacionais a fim de obter maior compreensão do fenômeno na realidade nacional.

 

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Recebido em 28 de julho de 2020
Aceito para publicação em 03 de junho de 2022

 

 

Este trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) - código 001.

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