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Journal of Human Growth and Development

 ISSN 0104-1282

Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. vol.21 no.1 São Paulo  2011

 

PESQUISA ORIGINAL ORIGINAL RESEARCH

 

Estratégias para a avaliação de um material educativo em saúde ocular

 

Strategies for evaluation of an educational material in eye health

 

 

Edson Vanderlei ZombiniI; Maria Cecília Focesi PelicioniII

IPós-graduando, nível mestrado, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. E-mail: edsonzombini@ig.com.br
IIProfessora Associada do Departamento de Prática de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. E-mail: ceciliafocesipelicioni@yahoo.com.br

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

OBJETIVO: verificar a percepção e as opiniões de profissionais da saúde e da educação sobre um manual de saúde ocular destinado ao desenvolvimento de ações de educação e promoção da saúde.
MÉTODO: optou-se por utilizar a técnica de grupo focal da metodologia qualitativa. Os dados obtidos em 4 grupos focais realizados foram agrupados nas seguintes categorias: a importância do estudo; a apresentação do material; a complexidade do assunto; a motivação e os resultados foram analisados por meio da análise do conteúdo de Bardin.
RESULTADOS: os profissionais consideraram importante o assunto abordado e mostraram-se motivados a utilizarem o material como apoio pedagógico em suas atividades. Foram feitas várias sugestões, com destaque para a melhoria na redação do capítulo referente às estruturas do aparelho ocular, que se mostrava muito complexo e de difícil compreensão.
CONCLUSÕES: no processo de elaboração de manuais destinados à educação em saúde é extremamente importante que o mesmo seja avaliado preferencialmente pelo público receptor a que o material se destina para que se consiga alcançar o objetivo proposto. A utilização da técnica de Grupo Focal para avaliação deste manual mostrou ser um instrumento sensível à detecção das opiniões e percepções dos profissionais sobre o material educativo elaborado, apresentando maior possibilidade de atender aos seus objetivos.

Palavras-chave: educação em saúde; promoção da saúde; saúde ocular; capacitação em serviço; educação continuada; avaliação.


ABSTRACT

OBJECTIVE: to investigate the perception and views of health professionals and education on eye health manual for the development of actions of education and health promotion.
METHOD: We chose to use focus group techniques of qualitative methodology. Data from four focus groups conducted were grouped into the following categories: the importance of the study, the presentation of material, the complexity of the subject, the motivation and the results were analyzed using content analysis of Bardin.
RESULTS: professionals considered important to the subject matter and were motivated to use the material as teaching aids in their activities. Several suggestions were made, with emphasis on improvement in writing the chapter on structures of the eye, which showed very complex and difficult to understand.
CONCLUSIONS: for the development of manuals intended for health education is extremely important that it be evaluated mainly by the public that the receptor material is intended to help achieve the objective. Using the technique of focus group for evaluating this manual proved to be a sensitive tool to detect the views and perceptions of professionals on educational materials developed, presenting greater opportunity to meet your goals.

Key word: heath education; health promotion; eye health; in-service training; continuing education; evaluation.


 

 

INTRODUÇÃO

Tem sido muito difícil encontrar material de apoio pedagógico voltado para a Educação em Saúde que venha atender às necessidades sentidas por profissionais de saúde e de educação na sua prática diária.

A difusão de informações e de educação em saúde nos diferentes ambientes, como escola, trabalho, unidade de saúde e comunidade em geral, garante a aquisição de poder técnico e consciência política para influenciar os fatores determinantes da saúde e do bem estar1.

A abordagem educativa deve estar presente nas ações de promoção da saúde e prevenção de doenças na vida cotidiana da população, facilitando a incorporação de práticas corretas de forma a atender suas reais necessidades2. Esta ação educativa deverá ser de comunicação, de diálogo, pois somente motivado e capacitado o indivíduo poderá incorporar novos significados e valores para melhorar sua saúde e qualidade de vida3.

A construção de manuais de orientação destinados à promoção e educação em saúde traz importante contribuição como apoio pedagógico para a educação continuada de profissionais. O material educativo além de promover a capacitação colabora na uniformização das orientações e estimula os profissionais para a ação4.

Dentre as diversas abordagens de assuntos relacionados à saúde do indivíduo, faz-se necessária a divulgação de informações sobre saúde ocular nas escolas, uma vez que no Brasil 20% das crianças em idade escolar apresentam alguma perturbação oftalmológica5,6.

Os defeitos de visão, quando não diagnosticados e tratados, contribuem para um déficit do aproveitamento escolar, dispersão em sala de aula e distúrbio na socialização. Implicam piora na qualidade de vida devido às restrições ocupacionais, econômicas, sociais e psicológicas que possam advir6.

Um material educativo bem produzido pode colaborar para mudar essa realidade desde que atenda as expectativas e as necessidades da população a ela dirigida. Muitas vezes o material distribuído não consegue atingir o seu objetivo, trazendo resultados frustrantes, principalmente pela divergência entre o que se pretende informar e o que o público alvo considera realmente importante.

A avaliação prévia, por profissionais de diferentes áreas, do conteúdo de um documento informativo destinado à sua educação continuada, além de permitir que emerjam opiniões e enfoques diversos sobre o mesmo tema, minimiza a possibilidade de que o mesmo seja embasado unicamente na percepção e interesse do informante.

Diante da importância da divulgação de informações corretas em saúde em material específico para as escolas do município de São Paulo, uma equipe constituída por médicos oftalmologistas, pediatras e um educador de saúde pública preparou um manual de saúde ocular, destinados a profissionais das Secretarias da Saúde e da Educação, visando proporcionar apoio educacional para as ações de promoção e educação em saúde nas escolas da rede e nas unidades básicas de saúde. O material elaborado aborda assuntos relacionados ao aparelho ocular sempre integrado à promoção da saúde global do indivíduo em desenvolvimento e ao seu meio ambiente.

Assim, o objetivo é caracterizar a percepção e as opiniões de profissionais da saúde e da educação sobre o referido manual de saúde ocular destinado ao desenvolvimento de ações de educação e promoção da saúde.

 

MÉTODO

O objeto de estudo foi um manual de saúde ocular elaborado por uma equipe de profissionais da saúde constituída por dois médicos oftalmologistas, dois médicos pediatras e um educador em saúde pública, para apoio educacional nas ações de educação e promoção da saúde em Unidades Básicas de Saúde e Escolas do Município de São Paulo.

Após a preparação do material, este passou por uma avaliação prévia do seu conteúdo e apresentação por profissionais a quem se destinava.

Para isso, decidiu-se utilizar a técnica do grupo focal da metodologia qualitativa para a abordagem do material elaborado por se considerar ser este o instrumento mais adequado para detectar as opiniões de um grupo delimitado sobre um tema específico. Essa técnica possibilita a obtenção de dados a partir de discussões planejadas nas quais os participantes expressam suas opiniões, percepções, crenças, valores, atitudes e representações sociais sobre uma questão específica7,8,9.

Foram realizados quatro grupos focais com profissionais da rede pública do município de São Paulo, sendo dois grupos compostos por profissionais da saúde denominados Grupo Focal da Saúde 1 (GFS1) e Grupo Focal da Saúde 2 (GFS2) e dois grupos compostos por profissionais da educação denominados Grupo Focal da Educação 1 (GFE1) e Grupo Focal da Educação 2 (GFE2).

A escolha da amostra foi intencional, pois para este estudo interessava as opiniões de profissionais dessas categorias.

A composição dos grupos variou apresentando uma média de nove participantes por grupo, totalizando 33 participantes. A maioria dos participantes era do sexo feminino e todos tinham nível superior de instrução. O recrutamento dos mesmos foi feito a partir de contatos pessoais prévios durante ações educativas de vigilância em saúde realizadas pelos pesquisadores e de convite aceito conforme o interesse dos envolvidos.

O material avaliado foi distribuído aos participantes com uma antecedência de sete dias da data marcada para a realização da reunião, para que os mesmos lessem e fizessem as observações que julgassem pertinentes à análise crítica do documento.

Os encontros, em datas diversas, foram realizados em ambientes reservados e no local de trabalho desses profissionais. Realizou-se apenas uma reunião por grupo. A duração média de realização de cada grupo focal foi de 64 minutos. A entrevista em grupo foi coordenada pelo pesquisador que atuou como moderador, apresentando os temas, ordenando a vez da fala e encorajando todos os participantes a expressarem livremente suas opiniões; auxiliado por mais dois relatores que anotavam tudo o que era dito e observaram as expressões, gestos e posturas dos participantes.

Um roteiro de perguntas serviu como apoio à dinâmica do grupo e objetivou verificar a importância do material, a clareza na abordagem do assunto e a pertinência do conteúdo. Além disso, procurou identificar a sua validade como base para apoio pedagógico.

O roteiro abordou os seguintes questionamentos:

  1. O assunto saúde ocular integrado à saúde global da criança é pertinente?/li>
  2. sequência da dissertação do assunto é lógica?
  3. A linguagem é clara, acessível e adequada aos profissionais da saúde e educação?
  4. O conteúdo do texto é adequado em sua totalidade?
  5. O texto consegue ressaltar a importância do educador em observar alterações no desenvolvimento visual da criança?
  6. Os objetivos: educação, prevenção e promoção da saúde foram alcançados?
  7. A mensagem proposta é viável e motivadora na prática diária?
  8. A relação entre texto e as ilustrações é adequada?
  9. O texto serve de base para multiplicadores?
  10. A apresentação: capa, papel e as cores são adequadas?

Após a realização de cada grupo, as falas gravadas com a concordância dos grupos foram transcritas complementando as anotações.

A análise dos dados coletados foi feita por meio do método de análise de conteúdo desenvolvido por Bardin10, levando em consideração as significações dos diversos depoimentos, aquilo que estava por trás das palavras. O referido método compreende leituras sucessivas do material coletado, buscando sínteses coincidentes e divergentes de ideias, procurando categorizá-las10.

Os resultados das atividades dos grupos focais foram então agrupados nas seguintes categorias: importância do assunto; apresentação do material; complexidade do assunto e motivação.

Antes da coleta dos dados procedeu-se a leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a participação dos profissionais envolvidos e autorizando a anotação e gravação das falas, garantindo-se o anonimato das informações obtidas.

 

RESULTADOS

1. Importância do assunto: tanto os profissionais da saúde como os da educação consideraram ser o assunto importante, como ilustram os relatos a seguir:

"...é importante para a integração entre saúde e a educação. Facilita o trabalho do professor" (fala detectada no GFS1).

"...tivemos um problema importante com conjuntivite na escola neste mês de setembro e não sabíamos como agir" (fala detectada no GFE2).

"...a nossa maior preocupação é o aluno que não aprende. Ele não ouve? Ele não enxerga bem?" (fala detectada no GFE1).

"... o manual dá visão holística da saúde, o que é muito importante" (fala detectada no GFS2).

"...muitas vezes o professor percebe que tem alguma coisa alterada na visão da criança" (fala detectada no GFE1).

"...eu não sabia que a má alimentação prejudicava a visão" (fala detectada no GFE1).

"...é muito importante, às vezes na UBS tenho que encaminhar crianças para o oftalmologista e não sei se o motivo é urgente ou não" (fala detectada no GFS1).

"...às vezes a escola não aceita criança com conjuntivite, isto causa discussões com os pais" (fala detectada no GFE2).

"...da 5ª a 8ª séries a informação faria com que a própria criança falasse caso tenha alguma alteração na visão" (fala detectada no GFE2).

"...é legal em palestras com mães; esclarece as doenças que afeta o desenvolvimento visual da criança dentro do útero" (fala detectada no GFE2).

As falas ressaltaram a importância do material educativo como fonte de conhecimento sendo facilitador na prática diária dos profissionais de ambas as áreas.

A preocupação com a atenção integral à saúde da criança ficou evidente tanto nas falas dos profissionais da saúde como da educação, com proposta de ação intersetorial.

Os profissionais da educação demonstraram estar atentos às alterações visuais dos alunos durante as atividades em sala de aula.

A possibilidade na utilização do manual em palestras com os pais, também, ficou evidente nos depoimentos.

2. Apresentação do material: os profissionais consideraram pouco adequada a apresentação do material, tal como estava e sugeriram, portanto, as seguintes alterações:

"...tem que alterar a sequencia do texto; primeiro a anatomia e depois a parte do desenvolvimento da visão" (fala detectada no GFS1).

"...colocar sinais e sintomas de distúrbios visuais antes das patologias" (fala detectada no GFS2).

"...deveria ser menor para caber na bolsa da professora, assim facilita consultar a qualquer momento se o aluno fizer uma pergunta" (fala detectada no GFE2).

"...deveria ser espiral e não brochura porque dura mais" (fala detectada no GFS1).

"....gostaria que tivesse mais figuras e fosse mais colorido, pois aproveitaria para mostrar aos alunos" (fala detectada no GFE1).

"...a gente percebe o quanto é importante o visual; o aluno gosta de ver e não só ouvir; assimila mais fácil" (fala detectada no GFE2).

"....acho que se desse para colocar a explicação com a figura ficaria melhor, pois ficou muito longe um do outro (a figura da explicação)" (fala detectada no GFS1).

"...a foto do olho não ficou boa, tem que ser redesenhada" (fala detectada no GFE1).

As sugestões propostas indicaram a necessidade de mudanças na sequência do conteúdo, no formato e na ilustração do manual.

A necessidade de alterações na ilustração e no colorido do material elaborado ficou bastante evidente nas falas dos profissionais da educação, sendo ressaltada a importância desses recursos para o aprendizado dos alunos.

3. Complexidade do assunto: alguns temas abordados, particularmente a descrição de estruturas do aparelho ocular foi relatada como sendo muito complexa:

"... está difícil de entender a parte da anatomia ocular" (fala detectada no GFE1).

"....a explicação está distante da figura. Quando fica mais perto facilita o raciocínio" (fala detectada no GFS2).

"...a parte sobre conjuntivite deve ser melhor explicada; não diz como se evita a doença" (fala detectada no GFE1).

"....tive dificuldade de ler a parte da anatomia e fisiologia ocular, tive que folhear muito para achar a explicação das estruturas" (fala detectada no GFE2).

A maioria dos profissionais, em especial os da educação, achou muito complexo o capítulo sobre anatomia e fisiologia do aparelho ocular.

4. A motivação: a maioria dos participantes mostrou-se motivada a utilizar o material como apoio didático para suas atividades:

"...posso utilizar na UBS para mostrar às mães como desenvolve a visão da criança". (fala detectada no GFS1)

"..às vezes a criança pergunta alguma coisa a respeito da visão, "se eu não sei, posso consultar no manual" (fala detectada no GFE2).

"... além do manual é importante que o professor tenha materiais como jogos ou vídeos para auxiliar principalmente nas aulas de ciências (fala detectada no GFE2)".

"...serve de base para o professor elaborar o seu próprio material e mais alguma coisa: serve para ele (o professor) ter um conhecimento técnico pois está bem explicado. Dá para tirar muitas dúvidas em sala de aula" (fala detecatada no GFS1).

"...você vai do mínimo que a criança já conhece e acrescenta mais conhecimentos. O aluno vai ser multiplicador em sua casa do que aprendeu (fala detectada no GFE1).

"...tem que ter algum material de suporte (um quebra cabeça ou palavra cruzada com o assunto do manual para o aluno sedimentar melhor as explicações do professor" (fala detectada no GFE2).

Os participantes demonstraram a vontade de integrar esse material às suas atividades, seja na Escola ou na Unidade de Saúde.

Os profissionais da educação veem ainda a possibilidade desse material educativo ser difusor de conhecimento na família do escolar.

A importância de aliar este manual a outros materiais para o apoio pedagógico que venham favorecer o aprendizado dos alunos foi bastante ressaltada pelos profissionais da educação.

 

DISCUSSÃO

No processo de elaboração de manuais destinados à educação em saúde, a avaliação pelo público receptor é fundamental. É nesta etapa em que o autor dá conta do que está faltando, do que não foi compreendido, enfim do que precisa ser modificado11,12.

A elaboração de material educativo deve seguir uma sistemática que se inicia na busca de conhecimento científico na literatura especializada, redação do assunto selecionando as informações realmente necessárias para uma abordagem significativa do tema e, finalmente, a transformação da linguagem científica, tornando-a compreensível, de fácil leitura e convidativa ao público destinado4.

A importância na abordagem de assuntos relacionados à promoção e educação em saúde ocular na educação continuada de profissionais que atuam na área da saúde e educação, evidenciada nas falas dos profissionais envolvidos neste estudo, foi relatada em outros trabalhos que ressaltaram a importância desses profissionais na detecção de distúrbios visuais, muitas vezes despercebidos pela família das crianças, ou por desconhecimento ou ausência de sinais e queixas até aquele momento. Dentre esses profissionais, o professor, pela sua convivência diária com os alunos, pode contribuir na detecção precoce de sinais ou sintomas relacionados ao comprometimento visual orientando a procura de um serviço de saúde para avaliação5,13.

A preocupação com a atenção integral à saúde (integralidade) e a idéia de um trabalho conjunto da saúde com a educação (intersetorialidade), detectada nas falas dos grupos reflete a proposta do modelo de atenção à saúde vigente preconizado pelo Sistema Único de Saúde - SUS2.

As alterações sugeridas na apresentação do material demonstraram a pretensão de utilizar o material na prática diária desses profissionais, uma vez que a redução no tamanho do material para meia folha facilitaria o transporte do mesmo em bolsas para consultas rápidas.

Foi ressaltada a necessidade de se elaborar um material de multimídia, com jogos lúdicos para os alunos, para também ser utilizado como apoio pedagógico. A importância de utilizar metodologia comunicativa alternativa nas práticas de educação em saúde, além da discursiva, torna a atividade desenvolvida mais dinâmica e criativa, despertando o interesse e a participação ativa dos envolvidos. A ilustração atrai o leitor e auxilia na compreensão da mensagem veiculada12,14.

A dificuldade de entendimento do capítulo referente às estruturas do aparelho ocular, principalmente por parte dos profissionais da educação, foi devido provavelmente a complexidade do assunto aliada à falta do uso de recursos que facilitassem a compreensão do texto. Este fato fez com que os autores refizessem o capítulo correspondente à anatomia do aparelho visual, procurando ilustrá-lo com fotos mais esclarecedoras, adicionando caixas de textos explicativos próximos às estruturas descritas. A utilização de uma linguagem mais simples relacionando algumas estruturas da anatomia ocular com algo do conhecimento popular tornou o material mais inteligível.

A necessidade de selecionar as informações que realmente são importantes para o contexto e de transformar a linguagem da literatura científica, tornando-a compreensível a todos, independentemente do grau de instrução e da formação tem sido relatada por alguns autores como extremamente importante no processo de elaboração de manuais. Muitas vezes não notamos que estamos utilizando uma linguagem técnica, que somente os profissionais da área compreendem4.

A incorporação do manual nas atividades diárias dos profissionais demonstra a importância prática dos assuntos abordados sendo este um fator facilitador do processo de ensino-aprendizagem.

O fato de este material servir de base para que o professor construa o seu próprio material, incorporando essas informações na sua disciplina e de que o aluno possa ser um multiplicador de assuntos referentes à saúde ocular no âmbito familiar, consolida o objetivo deste manual, ou seja, de promoção e educação em saúde.

A idéia de construir um manual em conjunto com os profissionais a quem este se destina buscando as experiências cotidianas da vida como fonte de conhecimento contribuiu fundamentalmente para a elaboração deste material educativo e possibilitou a reflexão e problematização sobre temas realmente importantes e transformadores da realidade3.

A utilização da técnica de Grupo Focal no desenvolvimento deste manual mostrou ser um instrumento sensível à detecção da percepção e das opiniões dos profissionais e permitiu avaliar o material educativo elaborado tornando mais eficaz a concretização do objetivo proposto. A maioria das sugestões feitas pelos participantes dos grupos foi acolhida pelos autores e muito colaborou para a finalização do trabalho, tornando-o mais claro, inteligível e agradável à leitura.

Os participantes dos grupos, na sua maioria, consideraram de grande importância o manual e estavam motivados a utilizá-lo no seu dia a dia, como facilitador do processo de ensino-aprendizagem junto de seus alunos, no caso dos professores como junto dos usuários do serviço de saúde, no caso dos profissionais de saúde.

Após a finalização do material, contemplando as sugestões propostas, foram impressos inicialmente 5000 exemplares do manual pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.

Estes não são distribuídos aleatoriamente na rede de saúde e educação, mas acompanhados das ações educativas de vigilância epidemiológica dos agravos de saúde ocular, nas Escolas e Unidades Básicas de Saúde, sempre que a situação assim demandar.

Com isto pretende-se aproximar a informação no momento adequado, quando a vivência diária de um problema específico desperta para o aprofundamento do conhecimento na tentativa de solucioná-lo e os resultados obtidos tem sido bem melhores.

 

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Endereço para correspondência:
Departamento de Prática de Saúde Pública da Faculdade de Saúde da Universidade de São Paulo
Av. Dr. Arnaldo no. 715 Cerqueira César
CEP: 01246-904 São Paulo - SP

Recebido em 08/mai./10
Modificado em: 15/out./10
Aceito em 29/out./10

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