Journal of Human Growth and Development
ISSN 0104-1282 ISSN 2175-3598
SALGADO, Heloisa de Oliveira; NIY, Denise Yoshie DINIZ, Carmen Simone Grilo. Meio grogue e com as mãos amarradas: o primeiro contato com o recém-nascido segundo mulheres que passaram por uma cesárea indesejada. Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. []. 2013, 23, 2, pp.190-197. ISSN 0104-1282.
OBJETIVO: descrever e analisar a experiência e os sentimentos de mulheres que relatam ter vivido uma cesárea indesejada no primeiro contato com seus filhos recém-nascidos. MÉTODO: pesquisa baseada na internet, com convite para participação publicado em outubro de 2011 via redes sociais. As mulheres que responderam foram entrevistadas a respeito de sua experiência de cesárea, de sentimentos associados à experiência de parto e nascimento e ao período pós-parto. A pesquisa foi orientada pela perspectiva das relações sociais de gênero. RESULTADOS: vinte mulheres foram entrevistadas. A idade delas variou entre 17 e 41 anos. Metade delas residia em São Paulo. Todas, exceto uma, tinham 12 anos ou mais de estudo e eram casadas ou moravam com o companheiro. Apenas duas permaneceram com o filho logo após o nascimento. Para as demais, o tempo de separação variou de menos de uma hora (três mulheres) a mais de quatro horas (seis mulheres). A maioria não pôde contar com um acompanhante de sua escolha no pós-parto imediato, embora no Brasil esse direito seja garantido por lei. A maioria relata ter sofrido algum tipo de violência. Muitas lamentaram estar sob efeito de medicação para sedação no primeiro contato com o recém-nascido. Três grupos foram identificados: mulheres com sentimentos de plenitude, mulheres com sentimentos ambíguos e mulheres sem emoções positivas acerca de seu filho. CONCLUSÕES: mulheres que referem suas cesáreas como indesejadas tiveram suas frustrações com as experiências do parto amplificadas pelas condições do primeiro contato com seu recém-nascido, condições estas prejudicadas pelas rotinas de assistência nos pós-parto imediato.
: cesárea; relações mãe-filho; gênero e saúde; violência contra a mulher; rede social.