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Temas em Psicologia

versão impressa ISSN 1413-389X

Temas psicol. vol.19 no.1 Ribeirão Preto jun. 2011

 

TERCEIRA PARTE: 20 ANOS DO LABORATÓRIO DE PSICOLOGIA SOCIAL DA COMUNICAÇÃO E COGNIÇÃO SOCIAL - LACCOS - UFSC

 

As funções sociais e as representações sociais em relação ao corpo: uma comparação geracional

 

The social functions and representations of the body: a generational comparison

 

 

Brigido Vizeu Camargo; Ana Maria Justo; Catarina Durante Bergue Alves

LACCOS - Universidade Federal de Santa Catarina - SC, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O corpo humano, além de ser um organismo natural, constitui-se a partir de representações individuais e sociais, que podem ser modificadas. Essa dinâmica se manifesta na forma como os indivíduos usam, percebem e transformam o corpo. A teoria das representações sociais pode contribuir para a compreensão do corpo para além da dimensão individual e psicológica, esclarecendo o papel do conhecimento compartilhado nas concepções sobre o corpo. Este artigo pretende estudar o papel das funções sociais do corpo nas representações sociais do mesmo para dois grupos geracionais. Participaram 79 integrantes da comunidade universitária (UFSC), distribuídos equivalentemente entre homens e mulheres, jovens e adultos. Para a coleta dos dados, utilizou-se um questionário autoadministrado. Destacou-se neste estudo que as diferenças geracionais são mais marcantes do que as diferenças entre os sexos nas representações sociais sobre o corpo e em suas funções sociais; e a articulação destas duas dimensões sugere que há aspectos contra normativos na representação social sobre o corpo, especificamente os ligados às funções sociais. Estes elementos não são referidos pelos participantes no conteúdo lexical da representação social, mas são indicados pelos seus comportamentos relatados. Aponta-se a necessidade de desenvolver estratégias metodológicas mais eficazes na identificação das representações sociais, que possam considerá-la em toda a sua complexidade.

Palavras-chave: Representações sociais, Funções sociais, Corpo.


ABSTRACT

The human body, besides being a natural organism, is constituted by ever changing individual and social representations can make. This dynamic is manifested in the way the individuals use, perceive, modify and transform the body. The social representations theory can contribute to the comprehension of the body beyond the individual and psychological dimensions, clarifying the role of shared knowledge on conceptions about the body. The present article intends to diagnose the social representations of the body and the social functions attributed to it by different age groups. Seventy nine members of the university community (UFSC) participated in this research, distributed equivalently between sex and age. A self-administered questionnaire was used for data collection. We found that age differences were more important than sex differences on the social representation of the body and its social functions; and the articulation between these two dimensions suggests that there are counter-normative aspects on the social representation of the body, specifically those connected to the social functions. The participants do not refer to these elements in the lexical content of the social representation, but these elements are indicated by the participant's related behaviors. We suggest the necessity of the development of more efficient methodological strategies on the identification of the social representation, able to consider it in all its complexity.

Keywords: Social representations, Social functions, Body.


 

 

Introdução

O corpo pode ser definido como um organismo natural, um conjunto de órgãos que permite as funções necessárias à vida (Durozoi, 1996). Mas para além do seu caráter orgânico, o corpo humano se caracteriza também pelas representações individuais e sociais a ele associadas. Assim, destaca-se a definição de Andrieu (2006), que vê o corpo como uma matéria que se desenvolve segundo um programa genético em função de sua maior ou menor plasticidade biocultural. Resultado da interação de sua matéria genética com o ambiente sociocultural, o corpo humano constitui-se de hábitos que são impressos em sua matéria por códigos, símbolos e linguagens culturais compartilhados no meio em que vivem.

A imagem corporal, para Schilder (1999), é a representação mental que um indivíduo tem do seu corpo. Tal representação integra os níveis físico, emocional e mental em cada ser humano, com respeito à percepção do próprio corpo. O autor salienta que a imagem corporal é também um fenômeno social, no qual há um intercâmbio contínuo entre a nossa própria imagem e a dos outros. Duas dimensões principais perpassam as imagens corporais: o investimento na imagem corporal (percepção), que reflete o grau de importância comportamental e cognitiva que a pessoa dá ao seu corpo e aparência, e a avaliação da imagem corporal (atitude), que refere ao grau de satisfação com a aparência e a capacidade funcional do corpo (Hargreaves & Tiggemann, 2006; Monteath & McCabe, 1997). Apesar de permeada principalmente por esses componentes, a imagem corporal é multifacetada, incluindo componentes perceptuais, cognitivos, emocionais, e comportamentais que interagem e influenciam uns aos outros (Legenbauer, Rühl, & Vocks, 2008).

O corpo pode ser entendido como representante da individualidade, mas igualmente concreto e contextualizado no meio, é, portanto, um objeto relevante para ser tratado no âmbito da Psicologia Social. A Psicologia Social estuda o indivíduo na sociedade, suas relações e interações no contexto social o qual está inserido. Segundo Asch (1952), as interações humanas são, centralmente, acontecimentos que estão psicologicamente representados em cada um dos participantes, e "a tarefa principal da psicologia social é estudar tais representações, suas propriedades, suas origens e seu impacto" (Moscovici, 2003, p.41).

A Teoria das Representações Sociais (Moscovici, 1961/1976) permite articular o social e o psicológico em um processo dinâmico, objetivando a compreensão do pensamento social a partir dos mecanismos presentes na elaboração social do real, articulando o indivíduo como parte do processo duplo onde as representações sociais orientam suas ações ao mesmo tempo em que são modificadas pelo tempo e acontecimentos, permeando seus processos cognitivos e práticas sociais. As representações sociais (RS) são formas de conhecimento do mundo, socialmente elaboradas e compartilhadas, que permitem dar sentido a fatos novos ou desconhecidos, contribuindo para processos de formação de condutas e de orientação das comunicações sociais (Moscovici, 1961/1976). Segundo Jodelet (2001), as representações compartilhadas constroem uma visão consensual da realidade, proporcionando trocas e ações cotidianas. Desse modo, partilhar uma ideia ou uma imagem é afirmar um vínculo social e uma identidade. Os conteúdos e sentidos representados variam em culturas e sociedades diferentes, como também dentro de uma mesma cultura e sociedade, analogamente à expressão linguística. De acordo com Moscovici (2003), o sentido das representações sociais corresponde a um devido modelo recorrente de imagens, crenças e comportamentos simbólicos; e com um caráter dinâmico, as RS se apresentam como uma 'rede' de ideias, metáforas e imagens que se articulam de modo fluido.

As RS, entretanto, não devem ser entendidas apenas como um processamento de informações, mas sim como práxis, como formas de saber que tem como objetivo prático à organização das ações de atores sociais perante o mundo, determinando as características do ambiente e as condutas e ações efetuadas neste; e a classificação de eventos da vida social através de uma grade de interpretação grupal permitindo ações relativas a estes acontecimentos, constituindo assim um atributo grupal dinâmico (Álvaro & Garrido, 2006; Wachelke & Camargo, 2007; Coutinho, Araújo, & Gontiès, 2004).

Além de sua função cognitiva, compreendida na familiarização da novidade, as RS também apresentam funções sociais, por meio da orientação de condutas e comunicações, e funções afetivas, envolvidas na proteção e legitimação de identidades sociais. Moscovici (1961/1976) aborda as partes integrantes de uma RS como uma articulação de três dimensões: a dimensão da informação, que se caracteriza pela organização dos conhecimentos que um grupo possui a respeito de um objeto social e pode advir de fontes diversas; a dimensão da atitude, caracterizada pela orientação global em relação ao objeto da RS; e a dimensão do campo ou imagem, que consiste na ideia, imagem, ou modelo social, onde há uma unidade hierarquizada de elementos relativos à representação.

Jodelet (1994) ressalta a importância do estudo do corpo com base na teoria das representações sociais, pois estas assumem um papel importante na elaboração de maneiras coletivas de ver e viver o corpo, difundindo modelos de pensamento e de comportamento a ele relacionados. Assim, a teoria das representações sociais pode contribuir com a compreensão do corpo para além da dimensão individual e psicológica, esclarecendo o papel do conhecimento compartilhado na valorização do corpo e na importância da beleza e da saúde e suas consequências para as pessoas.

Partindo da hipótese que a apreensão do outro passa pelo filtro das normas e códigos sociais pertencentes ao contexto no qual o sujeito está inserido, pode-se entender que os aspectos da apresentação de si são privilegiados nas relações cotidianas. Esta apresentação de si, a imagem externa do corpo, aparece como mediadora dos laços sociais dos indivíduos (Jodelet, 1994). Podemos definir então que existem funções sociais atreladas ao corpo, que permeiam a mediação entre corpo e meio, individual e social, particular e coletivo. Dentre as inúmeras funções sociais do corpo, destacam-se três principais aspectos: a ação, a cognição e a afetividade; sendo estes, respectivamente, uma perspectiva instrumental de sucesso das interações sociais, uma perspectiva para responder as normas sociais de apresentação, e uma perspectiva de intenção de ganhar a afeição dos outros (Jodelet, Ohana, Bessis-Moñino, & Dannenmüller, 1982).

A perspectiva da ação perpassa as ações instrumentais de sucesso das interações sociais, de poder fazer-se aceito pelos outros e de possibilidade de relação facilitada com o outro (Jodelet et al., 1982). Esta perspectiva engloba os comportamentos corporais e relativos à aparência corporal realizados visando uma aceitação social e relacionamento com outros pertencentes ao grupo; refere-se à funcionalidade do corpo, e engloba a preservação da saúde, da juventude e da forma.

A perspectiva da cognição nas funções sociais do corpo compreende as ações e comportamentos relativos a responder as normas sociais vigentes no contexto do grupo em que o sujeito está inserido (Jodelet et al., 1982). Pensada como uma categoria orientada por valores, permeia comportamentos que fazem parte do conjunto de leis e práticas sociais comuns e aceitas no contexto que o sujeito está inserido. Esta perspectiva diz respeito a considerações propriamente morais, e engloba discursos que enfatizam a necessidade de ser cuidadoso, de ser disciplinado, de ter boa vontade e controle, de manter a dignidade e o respeito por si próprio e pelos outros; sempre em conformidade com as normas sociais. Uma das formas de se verificar o enquadramento nas normas é a comparação social. Festinger (1954) postula que indivíduos têm necessidade de avaliar suas opiniões e habilidades, e fazem isso as comparando àquelas de outras pessoas similares ou pertencentes ao mesmo grupo.

A perspectiva afetiva abrange as ações e comportamentos orientados para ganhar a afeição dos outros e tendo em vista o próprio prazer, seja dentro da rede afetiva próxima (como família e amigos) como fora desta rede afetiva, no grupo. Esta perspectiva, também definida como narcisista, engloba discursos que consideram importante o próprio prazer e o do outro, onde há uma preocupação em ter uma apresentação favorável e uma manifestação da intenção sedutora através do corpo (Jodelet et al., 1982).

Considerando os conceitos expostos, o presente artigo pretende estudar o papel das funções sociais do corpo nas RS do mesmo para homens e mulheres de diferentes grupos geracionais.

 

Método

Este estudo encontra-se inserido em um projeto maior em execução no Laboratório de Psicologia Social da Comunicação e Cognição (LACCOS), intitulado "Representações sociais sobre o corpo e efeitos do contexto interacional nas representações desse objeto". O estudo descrito neste artigo, entretanto, focaliza as funções sociais e sua articulação com o conteúdo manifesto das RS sobre o corpo. A coleta de dados foi realizada conjuntamente com o projeto maior.

Participantes

Esta pesquisa contou com a participação de 79 pessoas distribuídas equivalentemente entre homens e mulheres, jovens e adultos. O grupo de jovens foi composto por estudantes universitários faixa etária de 18 a 25 anos (M= 21 anos; DP= 2 anos e 4 meses), dentre estes, 20 mulheres e 20 homens. Já o grupo de adultos foi formado por servidores técnicos universitários, na faixa dos 40 aos 60 anos (M = 50 anos e meio; DP = 4 anos), sendo 20 homens e 19 mulheres. A utilização de participantes destes dois grupos etários (faixa dos 20 anos e faixa dos 50 anos) deve-se a um dos objetivos do presente estudo ser o de comparar dois grupos de pessoas que seriam de gerações diferentes e consecutivas. Estatisticamente, o intervalo de tempo entre duas gerações adotado pelos cientistas sociais é o período de 30 anos (Bacon, 1986). Desse modo, a diferença média de idade de 30 anos entre os dois grupos seria equivalente à diferença de idade entre pais e filhos, repercutindo na diferença de uma geração entre os grupos a serem comparados. De modo a possibilitar a comparabilidade entre os grupos, todos os participantes tinham escolaridade mínima de Ensino Médio completo.

Instrumentos

Para a coleta dos dados, foi utilizado um questionário autoadministrado pelos participantes, composto por: (a) diagnóstico do conteúdo da RS sobre o corpo, com evocação livre - termo indutor corpo (solicitava-se evocar cinco palavras), escolha das duas evocações mais importantes em relação ao corpo e justificativa da escolha das duas palavras mais importantes; (b) perguntas acerca das funções sociais do corpo; (c) da satisfação corporal e práticas corporais; (d) caracterização dos participantes.

Procedimentos

Antes de iniciar o procedimento de coleta de dados, em conformidade com as normas 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, o projeto foi encaminhado para o Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPSH) da Universidade Federal de Santa Catarina e foi avaliado quanto à adequação de aspectos éticos de pesquisa, tendo obtido parecer favorável ao processo 216/09. Todos os procedimentos éticos foram considerados e os participantes foram voluntários.

O procedimento utilizado na coleta de dados compreendeu, primeiramente, o contato com os grupos de participantes de cada faixa etária e o agendamento das sessões de coleta de dados, as quais ocorreram em grupos de cinco participantes de mesmo sexo e faixa etária. Durante as sessões, num primeiro momento, os participantes recebiam esclarecimentos sobre o estudo e então foram aplicados os questionários em situação coletiva. Após a coleta foi realizada uma dessensibilização com os participantes, esclarecendo quaisquer perguntas e neste momento todos eram convidados a assinar o TCLE.

Análise de dados

A análise dos dados envolveu descrição estatística (frequência, medida de tendência central e de dispersão) e estatística relacional (teste do Qui-quadrado, Teste-t). Estas análises foram realizadas com o auxílio do programa informático SPSS (versão 17.0). A questão aberta sobre a importância ao que o outro pensa sobre a sua aparência foi submetida a uma análise de conteúdo do tipo categorial (Bardin, 1977). As questões de evocação livre e escolha das palavras mais importantes foram submetidas a uma contagem de frequência, com o auxílio do software Evocation 2000 (Vergès, Scano & Junique, 2002). A questão aberta, referente à justificativa da escolha das palavras mais importantes foi submetida a uma análise fatorial de correspondências (AFC), por meio do software Système Portable pour l'Analyse des Données - SPAD (SPAD, 2008; Lebart & Salem, 1988).

 

Resultados

O cálculo do índice de massa corporal (IMC) a partir do peso e da altura autoatribuídos pelos participantes evidenciou que a maior parte deles (n=55) encontra-se no peso considerado saudável segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS); sendo que 18 participantes encontram-se acima do peso e seis deles encontram-se abaixo do peso considerado saudável. Quando comparados os grupos geracionais, observa-se uma diferença estatisticamente significativa entre jovens e adultos em relação ao IMC, a qual se caracteriza por um índice de sobrepeso consideravelmente maior entre os adultos (n=16) que entre os jovens (n=2); (x2=18,3; gl=2, p<0,001, VC=0,5).

Em relação à satisfação corporal dos participantes, 35 declararam-se satisfeitos com o próprio corpo, 15 declararam-se muito satisfeitos, 13 nem satisfeitos nem insatisfeitos, 13 pouco satisfeitos e dois declararam-se insatisfeitos com o seu corpo. Não houve diferença significativa entre homens e mulheres, mas sim entre os grupos geracionais (x2=17,6; gl=4; p<0,005; VC=0,5). Verificou-se que o grupo de adultos declarou maior satisfação corporal que o grupo de jovens, embora os adultos tenham apresentado maior sobrepeso.

Dentre os cuidados com o corpo relatados pelos participantes, destaca-se a prática de dietas: 48 deles relataram já ter realizado e dentre estes, 25 afirmou que fez dieta por motivos relacionados à aparência e 17 por recomendações médicas. A prática de exercícios físicos regularmente foi mencionada por apenas 23, dentre os 79 participantes. Em relação à cirurgia plástica, 11 participantes afirmaram que pretendem realizar, sendo sete mulheres e quatro homens. A maioria dos participantes (n = 63) realiza consultas médicas com intervalo máximo de um ano. Não foram constatadas diferenças estatisticamente significativas ente homens e mulheres, nem entre os diferentes grupos geracionais no que se refere às práticas corporais.

No que diz respeito às funções sociais atribuídas ao corpo, procurou-se investigar os seguintes aspectos: dimensão afetiva, dimensão cognitiva e dimensão de ação. Para isto, investigou-se junto aos participantes: (1) se eles se importam com o que os outros pensam da sua aparência e por quê; (2) o quanto a aparência de outras pessoas é importante como uma referência; e (3) se o corpo possui poderes de influência social e psicológica; cujos resultados serão descritos a seguir.

Dentre os 79 participantes do estudo, 50 responderam que se importam com o que as outras pessoas pensam sobre a sua aparência. Observou-se homogeneidade entre homens e mulheres em relação a esta questão; houve diferenças significativas entre os diferentes grupos geracionais. A maioria dos adultos relatou não dar importância ao que os outros pensam, enquanto os jovens, em geral dão importância ao que os outros pensam de sua aparência (x2=16,4; gl=1; p<0,001; CC=0,4). Verificou-se também que dar importância ao que os outros pensam sobre a sua aparência está associado com a insatisfação corporal (x2=9,7; gl=1; p<0,005; CC=0,4). Dentre os 16 participantes que estão insatisfeitos com o seu corpo, 15 disseram se importar como que os outros pensam sobre a sua aparência, enquanto os satisfeitos com o seu corpo dividem-se de modo equivalente quanto à importância dada ao que os outros pensam. Tal resultado indica que a insatisfação corporal está relacionada a uma maior dependência afetiva, ou seja, à dependência da aprovação do outro em relação ao seu corpo por parte dos participantes insatisfeitos.

A justificativa dos participantes sobre o porquê de se importar ou não com o que os outros pensam acerca da sua aparência foi submetida a uma análise de conteúdo categorial, sendo que as categorias encontradas estão apresentadas na Tabela 1.

Para as pessoas que dão importância ao que os outros pensam sobre a sua aparência, destacam-se duas categorias que expressam um caráter afetivo: Autoestima e Afetividade/Estima pelo outro. Nestas justificativas, a mediação do outro possibilita que o participante desenvolva sua autoestima, ou que agrade outras pessoas e então possa sentir-se aceito ou estimado pelas outras pessoas. A categoria Instrumento para o convívio social revela o caráter instrumental que o corpo adquire nas relações sociais, de modo que o mesmo pode facilitar ou dificultar a vida social em algumas situações. Por fim, a categoria Expressão da personalidade, diz respeito às respostas que consideraram a importância da aparência, justamente por esta revelar aspectos da personalidade das pessoas, e seria um elemento importante na formação de impressão ou opinião sobre alguém.

A análise do conteúdo desta questão demonstra não só a conexão do social com o individual que a aparência proporciona, mas também evidencia como a aparência corporal pode ser considerada na atribuição de características de personalidade. Além disso, mostra-se um fator facilitador nos relacionamentos com as pessoas e na conquista da afetividade destas.

Por outro lado, os participantes que relataram não se importar com o que os outros pensam sobre sua aparência, em sua maioria, evidenciaram pouca dependência afetiva, e afirmaram que o que importa é a satisfação individual com o seu corpo (Tabela 1). Estes participantes demonstram dar menos valor às funções que a aparência pode adquirir no convívio social.

A fim de identificar se a comparação social é um elemento importante à cognição social relacionada ao corpo, perguntou-se: "O quanto a aparência de outras pessoas é importante como uma referência para você?". Para resposta, era fornecida uma escala, onde os participantes poderiam marcar de 1 "nada importante" à 5 "muito importante" (ponto médio igual a 3). A média das respostas dos participantes foi de 3,59 (DP=1,42), o que demonstra uma resposta levemente positiva à importância da aparência de outras pessoas em relação à do sujeito. Houve diferença estatisticamente significativa quando comparadas as médias de jovens e de adultos. O grupo de jovens obteve média igual a 4,10 (DP=0,87), enquanto os adultos obtiveram média igual a 2,90 (DP=1,6) (t=4,2; gl= 58, p<0,001). Tais resultados evidenciam que, outra vez, a aparência mostra-se mais importante para o grupo de jovens, os quais parecem dar mais importância ao corpo de outras pessoas como uma referência, como um padrão a ser considerado para avaliar o próprio corpo.

Procurou-se investigar também se os participantes atribuiriam ao corpo alguns poderes de influência, onde a grande maioria (n=69) respondeu afirmativamente. Quanto a essa questão, não houve diferenças entre sexo, nem entre faixa etária. O aspecto mais consensual relativo aos poderes do corpo diz respeito ao poder de comunicação (n=65), seguido por influenciar em como me sinto (n=62), nas relações sociais (n=61), nas relações de trabalho (n=55). O poder menos atribuído ao corpo foi o poder de sedução (n=53).

A respeito das funções sociais do corpo, observa-se que parece haver um consenso a respeito dos poderes de influência que o corpo possui, seja de influência social ou até mesmo psicológica. No entanto, quando as perguntas se referem à dependência ou à utilização destas funções sociais, os jovens declararam-se mais adeptos a estas do que os adultos.

Conteúdo das representações sociais sobre o corpo

Com relação ao conteúdo das RS sobre o corpo, no teste de evocações livres, foram realizadas 397 evocações, de 155 palavras diferentes. Excluindo-se as palavras hapax (com frequência igual a um, equivalentes a 25% do corpus total), obteve-se a frequência média das palavras evocadas com valor igual a cinco. Todas as palavras com frequência superior à média encontram-se na Tabela 2. O elemento saúde, com a frequência destacando-se dos demais, é seguido por vida, movimento, cuidado, e outros. Observa-se que com exceção do elemento expressão, predominam elementos que se referem a aspectos mais individuais em relação ao corpo.

A fim de especificar o conteúdo das RS, a análise será focalizada na escolha das duas palavras mais importantes, dentre as cinco evocadas. Esta tarefa possibilita que após uma técnica mais espontânea, o indivíduo efetue uma atividade mais refletida ao escolher as palavras. Foram realizadas 157 escolhas de 60 palavras diferentes. Para uma purificação dos dados, foram excluídas todas as palavras com frequência um, e a partir de então, efetuou-se o cálculo da frequência média, a qual obteve valor igual a cinco. A Tabela 2 apresenta a representação das palavras com frequência igual ou superior à média das palavras eleitas como as mais importantes.

A partir da análise das palavras escolhidas como as mais importantes, observa-se que as três palavras de maior frequência (saúde, vida e equilíbrio), assim como outras quatro de frequência igual ou superior à média (alimentação e cuidado) referem-se a aspectos particulares do corpo, que não dizem respeito ao convívio social, e privilegiam a atenção à saúde e a homeostase corporal. A única palavra saliente que se refere a um aspecto social do corpo é expressão (n=7).

A fim de diagnosticar as particularidades de cada um dos grupos incluídos no estudo, procurou-se compará-los em relação às palavras eleitas as mais importantes. Em relação ao sexo, a Tabela 3 apresenta as diferentes as frequências das palavras escolhidas por cada grupo.

Ao comparar os grupos (sexo e geração), podemos observar que os elementos saúde e equilíbrio são compartilhados por todos os grupos. Sendo que o elemento saúde aparece significativamente mais entre os adultos (x2=12,18; gl=1, p<0,001, VC=0,42) e o elemento equilíbrio mais entre os jovens. O elemento vida foi escolhido apenas pelos adultos. São escolhas apenas dos homens adultos as palavras amor e família, e dos homens jovens as palavras mulher e sexo. Observa-se que diferente dos demais elementos estes se relacionam diretamente com a função social atribuída ao corpo, no caso, a interação sexual por parte dos jovens e familiar por parte dos adultos.

As mulheres jovens tiveram exclusividade na escolha dos elementos: cuidado, atenção e estrutura; elementos que parecem estar relacionados com a normatização do corpo, ancorando possivelmente as práticas corporais, no que diz respeito ao cuidado com a saúde e também com a forma (estrutura) corporal. As mulheres adultas, por sua vez, não tiveram escolha de nenhuma palavra exclusiva, indicando que as mesmas compartilham os elementos com os demais grupos.

Realizou-se ainda uma Análise Fatorial de Correspondência, com o objetivo de sintetizar os dados relativos às questões categoriais juntamente com a questão aberta que solicitava uma justificativa para a escolha das palavras mais importantes. Nesta análise, foram extraídos cinco fatores. O primeiro fator explica 58% da dispersão dos dados, o segundo explica 14%, o terceiro 12%, o quarto fator 8% e o quinto fator explica 5% da dispersão dos dados.

Conforme observa-se na Figura 1, o primeiro fator (sublinhado), o qual explica a maior parcela da dispersão dos dados, apresenta a oposição entre jovens de adultos. Aos jovens foram associadas as palavras: algo, ser, importância, expressão, existência e pensar. Os adultos, por sua vez, ligados à não importância ao que o outro pensa sobre sua aparência e a uma menor importância da imagem do outro como uma referência, utilizaram em suas justificativas mais as palavras: tudo, bem, ter, saúde e vida. O segundo fator (itálico) apresenta os homens, satisfeitos com o seu corpo, atrelados às palavras: algo, ser, pessoas, tudo; em oposição às mulheres, insatisfeitas com o seu corpo, que utilizaram principalmente as palavras: através, mundo, necessidade, conseguir, também, melhor, mais, sentir, beleza, equilíbrio e mente.

O resultado da análise fatorial das justificativas dos participantes para a escolha das palavras mais importantes reitera as diferenças geracionais e de sexo encontradas nas análises precedentes. Verifica-se uma prevalência das questões de saúde e bem-estar por parte dos adultos, enquanto os jovens apresentam a questão do corpo enquanto materialização e parte do contato social por meio do corpo (existência, algo, ser, expressão). Por outro lado, observa-se também uma distinção entre homens e mulheres no que se refere à satisfação corporal, e em termos de RS, verifica-se que há poucos elementos associados aos homens e um número maior de elementos associados às mulheres. Maior número de elementos confere maior riqueza da RS feminina sobre o corpo, a qual também está mais relacionada a elementos normativos, tais como: beleza, melhor, conseguir.

 

Discussão

Em geral, os participantes do estudo apresentam IMC saudável, de acordo com a OMS. Verificou-se maior sobrepeso entre os adultos mais velhos, entretanto, uma maior insatisfação corporal entre os jovens, indicando que o aumento de peso, característico do processo de envelhecimento humano (Papaléo Netto, 2002), não implica em uma diminuição da satisfação corporal.

Ao encontro desta constatação, Tiggemann (2004) verificou que a imagem corporal mantém-se estável durante a vida adulta e velhice, onde se observa uma satisfação corporal mais constante do que aquela presente nos jovens de ambos os sexos. Também neste sentido, Grippo e Hill (2008) observaram que conforme aumenta a faixa etária, as mulheres diminuem o monitoramento do seu corpo em relação às normas sociais. Além disso, os autores verificaram que a idade não está significativamente relacionada com a insatisfação corporal, sugerindo que a satisfação com o próprio corpo permanece estável nas mulheres apesar do envelhecimento.

As práticas corporais, ou seja, as ações que envolvem o cuidado e a atenção ao corpo, não se diferenciaram entre os grupos participantes do estudo. As práticas de dietas e exercícios, visando saúde ou estética corporal; consultas médicas e desejo de realizar cirurgias mencionadas apontam que há uma homogeneidade entre os grupos, demonstrando que apesar de os jovens estarem mais submissos às normas sociais, esta submissão não implica em comportamentos diferenciados dos adultos mais velhos.

A ideia de que a imagem corporal é um instrumento de status e aceitação social é baseada em representações de que as características internas ou personalidade da pessoa apresentam-se na aparência física. A modificação e melhoria estética do corpo por meio de diversos regimes e tecnologias podem ser utilizadas para construir uma aparência bonita e assim, um ser bonito (Featherstone, 2010). Tal representação fica evidente pela prática de dietas alimentares com fins estéticos, prática de exercícios físicos para manter ou perder o peso, bem como pela adesão às cirurgias plásticas. Além disso, os poderes de influência atribuídos ao corpo, no sentido de refletir no comportamento de outras pessoas (Jodelet et al., 1982) configuram uma representação compartilhada entre todos os grupos de participantes, a qual revela o caráter instrumental do corpo nas relações sociais, ilustrando a função social de ação.

Em geral, os participantes consideraram que o corpo possui poderes de influência no convívio com outras pessoas. Pode-se inferir, a partir das respostas, que as funções sociais do corpo apresentam-se bem evidentes e presentes nas relações dos participantes com o meio social. A alta frequência das respostas positivas evidencia uma forte presença destas ações instrumentais atribuídas ao corpo que podem facilitar as relações com o outro.

Embora a atribuição de poderes de influência social ao corpo tenha sido quase unânime ente os participantes, no que se refere à utilização do próprio corpo e do corpo de outras pessoas em relação às funções sociais, os jovens mostraram-se mais adeptos, enquanto este uso parece ser menos importante aos adultos acima de 40 anos. O corpo, conforme apontam estudos anteriores (Camargo, Goetz, & Barbará, 2005; Camargo, Justo, & Jodelet, 2010) é considerado importante na formação de impressões sobre os indivíduos. As primeiras impressões são importantes, segundo Caetano (2006), pois formam uma "peneira" que filtra a variabilidade de comportamentos da pessoa e fixa determinados traços. Nesse sentido, verificou-se uma maior preocupação dos jovens com aquilo que as outras pessoas pensam e da dependência da aceitação por parte do outro na construção da imagem de si mesmo.

Segundo os resultados encontrados, os jovens também mencionaram se importar mais com a aparência das outras pessoas como uma referência do que os adultos. Em pesquisas já realizadas (Want, Vickers, & Amos, 2009; Stapel & Blanton, 2004), pode-se observar que as comparações sociais baseadas em aparência, ao menos em um momento inicial, são reações inevitáveis e incontroláveis quando se é exposto a imagens de outras pessoas. Pesquisas recentes demonstram que o fundo cultural pode ter implicações importantes no processo de comparação social (White & Lehman, 2005), e é a partir da comparação social que os grupos estabelecem crenças em relação a si e aos outros. Segundo Fernandes, "estar dentro ou fora dos padrões sociais é uma representação construída por meio da comparação social" (2008, p. 2), que se encontra diretamente relacionada à função social cognitiva do corpo.

Destacou-se neste estudo que as diferenças geracionais são mais marcantes do que as diferenças entre homens e mulheres, as quais costumam ser discutidas quando se estuda a temática do corpo. Considera-se que os diferentes grupos etários, ou as diferentes gerações se desenvolveram perante distintos valores acerca do corpo, constituindo-se em momentos históricos, econômicos e sociais diversos; e dessa forma também foram expostos a diferentes tipos de influência midiática, o que pode repercutir na forma como estas pessoas concebem e se relacionam com o corpo (Ory, 2006). Somada à questão histórica e social, a comparação de dois grupos geracionais implica também em considerar que estes dois grupos encontram-se em distintas etapas do desenvolvimento. Um grupo está no ápice do seu desenvolvimento biológico (na faixa dos 20 anos) o outro já está sofrendo as ações do envelhecimento (a partir dos 40 anos).

Supõe-se que, para os jovens, o corpo é um objeto de maior importância social, em virtude da etapa do desenvolvimento que os mesmos vivenciam, interferindo consideravelmente nas suas interações sociais, o que se evidenciou nos elementos evocados. Para os adultos na faixa dos 40 e 50 anos, por outro lado, a importância social do corpo é diminuída. Este grupo de pessoas usualmente já possui redes sociais consolidadas, e o corpo adquire menor importância na mediação das relações sociais. Além disso, a vivência do processo de envelhecimento por parte dos adultos é caracterizada por um declínio das funções orgânicas (Papaléo Netto & Pontes, 2002), quando usualmente destacam-se as limitações e as perdas, e não o processo de desenvolvimento (Lopes, 2007). Este processo de alterações metabólicas, com repercussões sociais, pode repercutir na forma como os adultos se expressam a respeito do corpo. Percebeu-se, desse modo, que tanto a etapa do desenvolvimento vivenciada em função das diferentes idades, quanto os momentos históricos e sociais distintos presenciados pelos grupos geracionais repercutiram em diferenças nas RS apresentadas pelos participantes deste estudo.

E as diferenças entre estes grupos que abrangem características biológicas e sociais, e são consequências dos processos de desenvolvimento e envelhecimento (Papaléo Netto, 2002), seriam outras variáveis a repercutir no modo como se representa o corpo.

Em relação ao conteúdo das RS sobre o corpo, observou-se um predomínio do elemento saúde, o qual foi ainda mais significativo entre os adultos. Com poucas exceções, verificou-se a prevalência de elementos que se referem às questões mais individuais ligadas ao corpo, em detrimento das questões ligadas à interação social. Para os adultos, há maior frequência de elementos ligados à saúde e bem-estar, enquanto os jovens apresentam indícios de interação social, e salientam o corpo enquanto uma materialização. Os homens caracterizam-se pela ativação de um pequeno número de elementos, de caráter amplo e geral; enquanto as mulheres utilizam mais elementos, destacando-se alguns de caráter normativo.

A articulação do estudo das RS sobre o corpo com as funções sociais a ele atribuídas pelos participantes possibilitou a compreensão de alguns aspectos até então pouco mencionados nos estudos sobre o corpo a luz da psicologia social. Quando perguntamos aos participantes diretamente sobre as funções sociais do corpo, tais como poderes de influência e importância dada à aparência, a maioria das respostas, e em especial entre os jovens, são afirmativas; ou seja, consideram o valor que o corpo adquire no meio social. Entretanto, observa-se que quando se utilizam questões clássicas para diagnóstico do conteúdo da RS, tais como evocação livre, ou resposta a uma questão aberta sobre o corpo, as funções sociais do corpo raramente são evidenciadas, ou aparecem de maneira sutil. Como podemos explicar esta forte consideração das implicações da aparência nas relações sociais por um lado, e a não expressão desta dimensão nos elementos que emergem no conteúdo lexical das RS?

Uma hipótese é a de que se trate do fenômeno de "zona muda", já conhecido pelos estudiosos da teoria das representações sociais. A zona muda é uma parte da RS que faz parte da consciência e é reconhecida pelos indivíduos, entretanto, não pode ser expressa, uma vez que é composta por elementos contranormativos. Indica possivelmente um posicionamento velado e é determinada essencialmente pela situação social na qual a RS é produzida (Abric, 2005). Assim, considera-se que as influências sociais ocasionadas pelo corpo são consideradas contranormativas, ou seja, não são aceitas socialmente. Em especial, destaca-se que grupo de participantes deste estudo era de estudantes e servidores universitários, um ambiente onde o intelecto é valorizado em detrimento do corpo. Em um ambiente como este, dar importância ao corpo em virtude do "status" social que este pode promover não é um comportamento aceito.

Entretanto, quando a menção às implicações sociais do corpo parte do próprio pesquisador, como no caso de perguntas diretivas, os participantes falam sobre o assunto e, em sua maioria, concordam que determinados poderes de influência social podem ser atribuídos ao corpo. Assim, pode-se constatar que, embora os elementos ligados às funções sociais do corpo não apareçam em seu conteúdo manifesto no presente estudo, muito provavelmente esta parte da representação sirva como um guia para o comportamento dos participantes, principalmente os mais jovens, influenciando em suas ações cotidianas com relação ao corpo, estas variando desde o jeito de ser vestir, até intervenções cirúrgicas invasivas.

No escopo metodológico, os resultados apontaram para a necessidade de refletir sobre a forma como os dados são coletados. Segundo Wachelke (2007), as representações sociais são fenômenos difíceis de ser captados empiricamente e alguns aspectos da coleta de dados podem ocasionar interferências que precisam ser consideradas nos resultados dos estudos. Uma forma de minimizar os efeitos contranormativos nas coletas de dados é o pesquisador fazer uso de mais de uma técnica na coleta de dados, o que Flick (2004) e Nascimento-Schulze & Camargo (2000) denominam de abordagem multimétodos. Esse tipo de delineamento, integrando abordagens quantitativas e qualitativas, pode auxiliar na compreensão do pensamento social ao se tratar objetos de estudo com alto grau de complexidade (De Rosa, 2005).

 

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Endereço para correspondência:
Brigido Vizeu Camargo
Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de Psicologia, Campus Universitário
Trindade, Florianópolis, SC, Brasil, CEP 88040-900
Telefone: 48 37219067
E-mail: brigido.camargo@yahoo.com.br

Enviado em Novembro de 2010
Aceite em Março de 2011
Publicado em Julho de 2011
Projeto financiado pelo CNPq. Contou também com bolsas de iniciação científica e de apoio técnico do CNPq e bolsa de mestrado da CAPES.