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Temas em Psicologia

 ISSN 1413-389X

Temas psicol. vol.19 no.2 Ribeirão Preto dez. 2011

 

Notas sobre a introdução, recepção e desenvolvimento da medida psicológica no Brasil

 

Notes on the introduction, reception and development of psychological measurement in Brazil

 

 

Rita de Cássia Vieira; Regina Helena de Freitas Campos

Universidade Federal de Minas Gerais - Belo Horizonte, MG - Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A introdução, recepção e desenvolvimento do trabalho de Alfred Binet (1857-1911) no Brasil são focalizados, buscando avaliar sua implicação no estabelecimento e consolidação da Psicologia no país. O trabalho de desenvolvimento dos testes psicológicos teve papel decisivo na evolução do conhecimento psicológico brasileiro e, embora no início estivesse baseado em pesquisas sistemáticas, mais tarde o movimento de profissionalização do psicólogo relegou a pesquisa para o segundo plano. Mais recentemente, assiste-se a uma revitalização dessa atividade, aliada a um movimento de reavaliação da validade dos testes. Em conclusão, espera-se que esses movimentos atuais contribuam para fortalecer e tornar mais confiáveis os instrumentos psicométricos em uso no Brasil.

Palavras-Chave: Testes psicológicos, Inteligência, Psicometria, História da psicologia no Brasil.


ABSTRACT

The introduction, reception and development of the work of Alfred Binet (1857-1911) in Brazil are focused in order to evaluate its impact on the establishment and consolidation of the field of psychology in the country. The development of psychological tests had a decisive role on the evolution of Brazilian psychological knowledge. Although it had been based on systematic research in the beginning, the movement for professionalization of the psychologist assigned a secondary role to research later on. More recently this activity has been strengthened, followed by a trend towards the reevaluation of tests' validity. In conclusion, it is expected that these movements contribute to invigorate and to render more reliable psychometric instruments presently used in Brazil.

Keywords: Psychological tests, Intelligence, Psychometry, History of psychology in Brazil.


 

 

Considerações iniciais

O debate mundial em torno do complexo fenômeno denominado inteligência ainda é bastante polêmico (Noronha, 1999; Flores-Mendoza & Nascimento, 2001; Flores-Mendoza, Nascimento & Castilho, 2002; Gould, 2003; Leite, 2005). No entanto, onde quer que ele aconteça, o que se observa é sempre uma retomada histórica sobre como se deu a introdução, a recepção e o desenvolvimento do trabalho do psicólogo experimental francês Alfred Binet (1857-1911) em uma determinada sociedade. Não faltam exemplos dessa discussão, capazes de revelar a real dimensão do vulto das descobertas de Binet e seus colaboradores.

Num artigo onde analisa os rumos tomados pelo processo de medida da inteligência na França no período de 1900 a 1950, Schneider (1992) enfatiza que, nos Estados Unidos da América, a proposta de Binet de se compreender a inteligência como um fenômeno complexo, multifacetado e irredutível a um único número não foi levada a termo. Enquanto os psicólogos franceses continuaram numa tentativa de levar adiante este projeto de Binet, nos EUA o que tomou corpo foi uma dinâmica bem diferente, com as provas sendo aplicadas em massa e utilizadas para respaldar cientificamente processos de exclusão social.

Na Holanda, conforme observam Mulder & Heyting (1998), os trabalhos envolvendo a medição da inteligência acontecem hoje de forma pragmática, sem as controvérsias encontradas em outras culturas. A exemplo da França, também nesse país o suposto caráter hereditário da inteligência não dominou as concepções sobre a mesma. Para explicar esse desenvolvimento, são apresentadas algumas razões históricas: o uso inicial do teste criado por Binet, principalmente como um instrumento diagnóstico para auxiliar especialistas no processo de admissão de crianças na educação especial; uma forte crítica existente nesse país às ideias deterministas sobre a hereditariedade da inteligência; o pouco prestígio gozado pelos eugenistas na sociedade holandesa, o que acarretou consequentemente um uso moderado dos testes de inteligência com intenções eugenistas; a enorme influência exercida na ciência e política holandesas pelo cientista educacional, psicólogo cognitivista, filósofo e consultor governamental Philip Kohnstamm, que rejeitou tenazmente as conotações deterministas da medida das capacidades em favor da ideia de educabilidade das capacidades cognitivas (Mulder & Heyting, 1998).

Na Inglaterra, as teorias psicométricas influenciaram decisivamente na formulação de toda a política educacional no decorrer do século XX. Para que isso acontecesse, foi notória a contribuição prestada pelos trabalhos de Cyril Burt (1883-1971), especialista em testes mentais e partidário da teoria da hereditariedade da inteligência. Burt e muitos outros colegas psicometristas pressionaram o governo inglês por reformas radicais no sistema educacional, reformas essas motivadas pelo ideal meritrocrático sustentado, por sua vez, pela cientificidade dos testes de inteligência (Burt, 1955). Após a descoberta de sérias fraudes em seus estudos 1, a reputação científica de Burt foi desacreditada e caiu drasticamente também a influência da psicometria no cenário educacional inglês. Mais recentemente, nos anos de 1980, a medida das capacidades mentais voltou a ganhar força nesse país e a reputação de Burt foi parcialmente reabilitada (Wooldridge, 1999). Não se pode deixar de citar aqui, ainda, o nome de Charles Edward Spearman (1863-1945), pai da análise fatorial em psicologia e que, juntamente com Burt, é considerado um dos pilares da psicologia britânica no que se refere ao movimento dos testes mentais (Spearman, 1904).

Esse movimento ligado ao desenvolvimento dos testes psicológicos também chegou ao Brasil e, com ele, todo um rol de implicações decisivas para o estabelecimento e consolidação da psicologia no país. Nessa perspectiva, esse texto tem como objetivo analisar e discutir brevemente essas implicações, focalizadas a partir do trabalho pioneiro de Alfred Binet.

 

As ideias de Binet no Brasil

A cultura brasileira do século XIX e início do século XX foi marcada profundamente pelas ideias europeias, e, particularmente, pelas francesas. Acompanhando tal direcionamento, o pensamento psicológico dominante nessa época também encontrou o seu substrato na produção intelectual francesa (Campos, 2003a). Médicos, na sua maioria, e outros intelectuais brasileiros se dirigiram sistematicamente à Europa, em especial à França, para complementar sua formação acadêmica e se constituíram, aqui no Brasil, nos primeiros introdutores de inovadoras proposições no campo da psicologia. Dentre elas, os testes psicológicos, que entraram no país pelas portas da educação.

A primeira obra sobre testes foi escrita no Brasil pelo médico José Joaquim de Campos da Costa Medeiros e Albuquerque (1867-1934). Tests, publicado em 1924, tem intenções aparentemente modestas e pretende se constituir apenas, como observa o próprio autor, numa "simples introducção, e essa mesma elementarissima, ao estudo dos tests" (Medeiros e Albuquerque, 1937, p.7). 2

Nessa obra inaugural (Medeiros e Albuquerque, 1937), é curioso notar que, a julgar pelas palavras do autor, a preponderância do pensamento francês nesse momento histórico da psicologia educacional, parece ter ocasionado dificuldades iniciais que, por sua vez, refletiram na introdução no país do trabalho de Binet e seus colaboradores. Assim, na seção vestíbulo de seu livro, esse educador afirma que "os que desejam estudar o assumpto vêem-se, entretanto, embaraçados, porque entre nós, no domínio intellectual, nada entra sinão vindo da França. E precisamente em francez ainda não existem bons livros sobre essa questão" (Medeiros e Albuquerque, 1937, p.7).

A falta de literatura em português sobre o tema dos testes foi um problema. O idioma francês, então desconhecido da maioria dos brasileiros, apesar de ser um empecilho, não se constituiu numa barreira intransponível, mas sim num desafio a ser vencido pelos pioneiros empenhados em difundir no país as ideias científicas de vanguarda geradas no Velho Continente. O próprio Medeiros e Albuquerque é um exemplo desse esforço: verificando ser a língua inglesa também ainda pouco difundida, assim como os altos preços dos livros publicados em inglês, procura fazer a sua parte, produzindo esse que foi o primeiro livro a tratar da temática dos testes no Brasil.

O trabalho de introdução dos testes continua com o educador baiano Isaias Alves (1898-1968). Além de pesquisas com o Teste de Ballard, "realizou, em 1926, a aferição da escala Binet-Simon na versão Cyrill Burt" (Campos, 2001, p.38). Produziu inúmeras obras e, sobre testes, destacam-se Teste individual de intelligencia: noções gerais sobre testes, de 1927 e Os testes e a reorganização escolar, de 1930. Destaca-se também por ter organizado, no período compreendido entre 1932 e 1935, o Serviço de Testes no Serviço de Medidas Escolares do Instituto de Educação do Distrito Federal. Na sequência, aparece o nome do médico sergipano, graduado no Rio de Janeiro, Manoel José do Bonfim (1868-1932), com a obra O methodo dos testes, publicada em 1926 (Campos, 2001).

A instalação dos laboratórios destinados à prática da psicologia experimental parece ter sido outra dificuldade encontrada pelos primeiros psicólogos (Gomes, 1996). Os fundadores da ciência psicológica, após conhecerem os recém-criados laboratórios de psicologia europeus, voltavam ao Brasil tomados pela ideia de fundar por aqui laboratórios nos mesmos moldes dos estrangeiros. No entanto, encontraram inicialmente muita oposição nessa empreitada, que também foi vencida posteriormente. Lourenço Filho (1971, citado por Gomes, 1996) afirma que

As mesmas razões que impediram William Ward de instalar um laboratório de Psicologia na Universidade de Cambridge em 1877 estiveram presentes na primeira tentativa da fundação de um laboratório no Rio de Janeiro em 1897. O argumento foi o mesmo, como exemplificam as palavras do opositor brasileiro: "seria ridículo pretender levar as faculdades da alma à análise de aparelhos" (p.36).

Aliás, é preciso evidenciar o papel decisivo desempenhado por esses laboratórios no desenvolvimento do conhecimento psicológico brasileiro. A pedagogia experimental chegou ao Brasil através do laboratório de pedagogia experimental de Binet, fundado em Paris em 1905 (Gomes, 1996). De acordo com Penna (1992), no ano seguinte - 1906 -, foi criado no Rio de Janeiro o primeiro laboratório de psicologia experimental do país e alojado no Pedagogium, uma instituição criada em 1890 por Medeiros e Albuquerque e que tinha como proposta inicial constituir-se num museu pedagógico. O laboratório do Pedagogium esteve durante quinze anos sob a direção de Manoel Bonfim e foi um importante centro de pesquisas e divulgação de estudos psicológicos no meio educacional (Lourenço Filho, 1955).

Instalado com os mais modernos instrumentos importados de Paris por Manoel Bonfim, esse laboratório possuía as mesmas características daquele criado por Binet na capital francesa e tinha como objetivo realizar estudos relacionados ao desenvolvimento infantil, aos métodos de ensino e aprendizagem, aos problemas de fadiga mental, classificação de alunos para classes e problemas de leitura, escrita, linguagem e aritmética. Olinto (1944) afirma que só no Rio de Janeiro foram criados oito laboratórios destinados à prática da psicologia experimental e que a eles se seguiram outros localizados em importantes centros urbanos brasileiros da época, como São Paulo, Porto Alegre, Recife e Belo Horizonte. Nesse período, a grande contribuição dos laboratórios foi, sem dúvida, a concepção de um saber e de um fazer estritamente científicos, caracterizados "pelo desenvolvimento da atitude e da disciplina científica, a saber: curiosidade, criatividade, sistemática, rigor e humildade" (Gomes, 2003, p.5).

No entanto, é esse mesmo autor que esclarece que a psicologia aplicada no Brasil, que teve o seu berço nos campos da Medicina e da Educação, não surgiu de princípios estabelecidos e comprovados nessa rede de laboratórios modernamente criados à semelhança dos europeus. A aplicação da psicologia desponta, pois, de demandas muito peculiares surgidas nas mais diversas situações geradas e motivadas pela convivência interpessoal. Nesse sentido, a primeira solicitação de auxílio à psicologia veio da educação e o atendimento a essa demanda foi levado a termo na época com o trabalho de desenvolvimento dos testes psicológicos. É importante deixar claro, ainda, que essa aplicação da Psicologia no campo educacional, assim como outras, "eram conduzidas por profissionais com treino científico rigoroso" (Gomes, 2003, p. 4).

As atividades organizadas em torno da psicologia experimental e que, por consequência, envolvem os testes mentais foram iniciadas em 1914 em São Paulo pelo médico, psicólogo e professor italiano Ugo Pizzolli (1863-1934), durante sua estadia de mais ou menos uma década no Brasil. Durante esse tempo, Pizzolli comandou o Laboratório de Psicologia da Escola Normal de São Paulo, onde empreendeu diversos estudos, orientou pesquisas, publicou livros e ofereceu cursos na área da psicologia experimental. Com ele, atuaram importantes discípulos como os educadores Antonio de Sampaio Dória (1883-1964) e Clemente Quaglio. Esse último foi professor primário na Escola Normal Caetano de Campos e produziu uma obra psicológica significativa e extensa, de onde se destacam os seguintes títulos referentes à psicologia experimental: Psicologia da Infância, de 1907; Bases científicas do ensino da leitura, A imaginação nas crianças brasileiras, Estudo sobre a atenção de cem crianças brasileiras, e Qual o método de ensino da leitura que mais de perto acompanha a evolução mental da criança?, todos de 1920 (Monarcha, 2001). Quaglio, como se percebe ao ler Kuhlmann Jr. (2002), foi um importante introdutor e articulador da ideia de uma nascente pedagogia científica, que se beneficiaria do aporte trazido por uma também nascente psicologia científica e experimental.

Freitas (2002), ao discorrer sobre Lourenço Filho, afirma que Sampaio Dória foi importante não apenas por ter sido o primeiro, na literatura pedagógica brasileira, a fazer menção aos testes. Sua relevância também se deve ao fato de ter sido antecessor e mestre de Lourenço Filho, o grande pioneiro no trabalho de introdução e consolidação da psicologia no Brasil.

Assim, a partir de 1924, o movimento iniciado por Pizzolli e seus discípulos passa a girar em torno do nome de Lourenço Filho (Monarcha, 2001). Confirmando a importância desse educador, Monarcha (2001) observa que, no período de 1922 a 1933, a obra psicológica de Lourenço Filho

representou uma das etapas cruciais e uma das faces mais visíveis e bem-sucedidas do movimento de organização e institucionalização acadêmica da psicologia aplicada à educação; e de outro, que as suas teorizações e experimentações influenciaram de forma contínua e intensa o ambiente cultural da época que lhe é contemporânea e as décadas seguintes (p. 7).

Apenas para exemplificar essa influência, Agostinho Minicucci (1918-2006), também um dos pioneiros no estabelecimento do campo da psicologia educacional, refere-se a Lourenço Filho como uma das mais importantes e producentes influências que recebeu na sua trajetória profissional e deixa clara a poderosa influência deste em toda a sua vasta produção, não apenas na parte que se relaciona aos testes de inteligência, mas em toda sua obra (Minicucci, 1998). Na sua adolescência, vivida nos anos de 1930, esse psicólogo e educador narra suas incursões iniciais pela psicologia que, naquela época pela sua pouca idade como ciência, por ser acessível a apenas alguns poucos privilegiados e pela aura de novidade que a envolvia, era chamada por muitos de ciência oculta.

Mais especificamente no que se refere à entrada da psicometria no Brasil, o nome de Lourenço Filho se destaca como um dos maiores - senão o maior - introdutores e divulgadores das proposições inovadoras de Binet. As palavras de Freitas (2002) são incisivas a esse respeito:

Não resta dúvida que determinados escritos de Lourenço Filho, como os Testes abc e também Introdução ao estudo da escola nova, revestiram-se da condição de ato fundador, ora da cientificidade de uma prática de aferição, ora do "lugar" da psicologia diante da pedagogia. (p. 355).

Além da produção citada, Lourenço Filho traduziu para o português obras de Binet e Claparède, fundamentais no momento de penetração e estabelecimento da psicologia experimental no Brasil. Entre elas, destaca-se aquela que, segundo o próprio Lourenço Filho (1929), foi o ponto de partida para o movimento dos testes mentais: Testes para a medida do desenvolvimento da inteligência, nas crianças, obra de Binet & Simon publicada no Brasil no ano de 1929.

Enfrentando os desafios iniciais já apontados, a psicologia foi recebida no Brasil como uma grande novidade, restrita a apenas alguns poucos privilegiados. Para os leigos, os não iniciados, ou seja, para a grande maioria da população brasileira, a psicologia era uma ilustre desconhecida, cercada de uma aura de misticismo e magia. Havia até mesmo um certo preconceito com relação à essa nova "ciência", considerada "oculta", e o psicólogo era visto como adivinho, aquele que sabia o que ia dentro da cabeça do outro (Minicucci, 1998; Bessa, 2000). A esse respeito, é ainda Minicucci (1998) que narra um episódio curioso e esclarecedor acerca de como a psicologia vinha sendo recebida no país. O educador conta que, trabalhando com o Teste ABC de Lourenço Filho, criou uma técnica de trabalho denominada terapia da aprendizagem, que tinha por objetivo desenvolver as habilidades de alunos com dificuldades em alfabetização. Os resultados do Teste ABC e da terapia da aprendizagem foram tão bons e fizeram tanto sucesso onde estavam sendo aplicados (na cidade de Botucatu, no interior paulista), que pais, professores e alunos, extremamente entusiasmados, chegaram ao ponto de qualificar a psicologia de "milagrosa" e "salvadora"!

No momento de sua introdução no Brasil, a medida das habilidades intelectuais alicerçou-se fortemente na pesquisa científica conduzida por profissionais altamente qualificados e possuidores, como já visto, de rigoroso treino científico. Mas nem sempre a psicometria trilhou essa rota traçada e perseguida pelos fundadores. Esse aspecto é evidenciado pelo estudo de Gomes (2003), onde o autor, ao analisar as relações entre a pesquisa e a prática em psicologia e suas implicações no estabelecimento e consolidação da psicologia como ciência e profissão no Brasil, também lança luzes sobre a evolução da avaliação psicológica. Vejamos a seguir os apontamentos indicados nessa análise (Gomes, 2003):

Num primeiro momento, que vai de 1836 aos primeiros anos do século XX, havia no país um interesse largamente difundido entre a classe médica em pesquisar temas relativos à psicologia. Em seguida, compreendendo o período que se estendeu de 1906 a 1931, esse interesse se converteu numa intenção por pesquisa, configurada em planos e propósitos para a criação de laboratórios, embora eles tenham sido estabelecidos para atender demandas aplicadas. Nesse período, psicólogos de renome internacional como Alfred Binet, George Dumas (1866-1946), Ugo Pizzolli, Waclaw Radecki (1887-1953), Thèodore Simon (1872 - 1961), Léon Walther (1889-1963) e Helena Antipoff (1892-1974) colaboraram na implantação desses laboratórios, chegando, em alguns casos, até mesmo a assumir a direção de alguns deles. Essas instituições foram vitais para a psicologia naquele momento, e cumpriram sua missão em fomentar pesquisa, formar pesquisadores e oferecer serviços de psicologia. De 1932 a 1962, a prática encontra o seu suporte na pesquisa e a aplicação da psicologia é intensa em escolas (na busca de soluções para problemas educacionais em geral e em especial para os problemas de aprendizagem), clínicas (no atendimento clínico) e indústrias (na seleção de pessoal e nas questões mais gerais relacionadas ao trabalho). Nesse período, a pesquisa com testes psicológicos ganhou um impulso muito grande. Havia a necessidade de se desenvolverem métodos eficientes para a escolarização, pois o país acreditava unanimemente na educação como um fator estruturante de uma nação moderna e democrática e que, por ser moderna e democrática, deveria necessariamente contar com um sistema educacional competente. A psicologia educacional, apoiada no seu mais avançado instrumental - os testes mentais - tornou-se naquele momento a maior aliada da educação e as reformas educacionais, enquanto prática, projetaram a pesquisa em Psicologia. No entanto, esse quadro não prevalece no período seguinte, que vai de 1962 até aproximadamente 1977, e que engloba os primeiros quinze anos dos cursos de graduação em psicologia, já então implantados: nesse momento, a tradição do modelo de escola profissional tornou-se dominante e a pesquisa vai desaparecendo não do currículo, mas da sala de aula. Os cursos se expandem, os professores são pouco preparados e, enquanto o ensino técnico prosperava, a pesquisa estava sendo deixada de lado. Com a psicometria não foi diferente, pois pouquíssimos psicólogos se encontravam envolvidos com a pesquisa de testes naquele momento. Essa situação perdurou no período seguinte (por volta dos últimos 25 anos do século XX): o autor chama essa fase de "do ensino pelo ensino", já que continuava a expansão da oferta de cursos e a falta de professores qualificados. Gomes (2003) continua indicando ainda que nem mesmo a área dos testes psicológicos continuou o trabalho investigativo na tradição de Ulisses Pernambucano, Isaías Alves, Lourenço Filho e Helena Antipoff. Os testes tiveram a sua publicação expressivamente reduzida na década de 1980, certamente pela crítica incisiva que começaram a sofrer no final dos anos de 1970. A fase que se segue consolida o que o autor nomeou de "atitude antipesquisa" e se caracteriza por uma perda por completo do senso de pesquisa. A partir de meados dos anos de 1980 até a atualidade, no entanto, a pesquisa científica em psicologia vem atravessando um momento de revitalização, e que tem repercutido em todas as áreas, incluindo, obviamente a avaliação psicológica (Gomes, 2003).

E tendo o seu desenvolvimento atrelado ao desenvolvimento da pesquisa, e esse, por sua vez, relacionando-se diretamente ao ensino e à produção de técnicas e instrumentos de avaliação das capacidades psíquicas (Alchieri & Cruz, 2003), é de se esperar que talvez em breve se concretize um novo tempo para a psicometria brasileira. Pesquisadores da área vêm apontando com frequência um rol de problemas a serem focalizados. Um deles seria a melhoria na qualificação dos psicólogos no quesito avaliação psicológica. De acordo com os autores acima referidos (Alchieri & Cruz, 2003), com a já mencionada expansão dos cursos na década de 1960 e a consequente falta de professores titulados, ocorreu entre alunos e profissionais um descrédito e um desinteresse pela aprendizagem de testes, e esses, por sua vez, tiveram o seu uso também banalizado. O uso de provas cognitivas, que podem fornecer informações mais aprofundadas e valiosas sobre estratégias de pensamento, é uma tendência mundial (Custódio, 1996; Seminerio, 2002), mas que no Brasil ainda tem uma inserção muito tímida. Outras iniciativas dizem respeito à atualização, construção e adequação de instrumentos adequados à realidade brasileira, uma vez que a criação de testes nacionais, que considerem características específicas da nossa cultura, ou mesmo a adaptação do que foi produzido fora do país, é ainda muito pequena. Essas questões, no entanto, e outras dela decorrentes, remetem à pesquisa ainda incipiente, uma necessidade premente da área e que só muito recentemente vem sendo retomada.

Enquanto na Europa e especialmente nos Estados Unidos as pesquisas se desenrolam e os testes vêm sendo atualizados, no Brasil os mesmos são importados e aplicados na população sem uma atenção às características regionais, como faziam os pioneiros da psicologia em seus laboratórios no início do século XX (Alchieri & Cruz, 2003; Leite, 2005). Estudos recentes, como por exemplo, o de Noronha et al. (2003), concluem que práticas fundamentais à área da avaliação psicológica como a padronização, a revisão de parâmetros psicométricos, estudos de validade e precisão e a construção de normas adequadas a cada região brasileira ainda não se encontram totalmente difundidas no país. Ainda nesse sentido, a fala de Bessa (2000) é muito elucidativa:

mas eu estou querendo focalizar o seguinte: nós assumirmos a responsabilidade de fazer as coisas, no Brasil, dentro dessa metodologia crítica que torne a nossa ciência cada vez mais capaz de exercer seu trabalho e cada vez mais aparelhada para bem exercê-lo. Então, só pra não dizer que eu estou falando, e a coisa é confusa, é um absurdo que nós estejamos quase festejando o centenário da escala de Binet-Simon e não tenhamos no Brasil uma pesquisa que tenha realmente adaptado essa escala ao Brasil. Nós usamos padrões, não foi padronizado no Brasil, nós usamos padrões de outros países. Tem padronizações muito localizadas, mas assim uma do Brasil, não tem (p. 86).

Algumas iniciativas já estão sendo tomadas no sentido de responder às muitas necessidades da área da psicometria, e que também dizem respeito à psicologia como um todo. Atento à situação, e na intenção de subsidiar a atuação dos muitos psicólogos que se utilizam dos testes, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) decidiu por realizar uma avaliação geral da qualidade e eficiência de todos os testes psicológicos comercializados no Brasil na atualidade. Para tanto, foi instituída no ano de 2002 a Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica. Essa comissão, consultiva e auxiliar do Plenário do CFP, foi formada por psicólogos convidados, com larga experiência e competência na área, e teve como tarefa apreciar e analisar os testes que estão em uso no território nacional. Esses, em sua maioria, vêm passando por uma crise de credibilidade até mesmo entre os próprios psicólogos.

De posse de mais de uma centena de testes psicológicos, os mesmos foram amplamente avaliados pela Comissão, sendo que vários itens, como por exemplo, fundamentação teórica, data de publicação do manual, variáveis que o teste pretende medir, existência de estudos de padronização, validade e precisão, etc, foram levados em consideração nessa análise. Após avaliação final, um minucioso relatório conclusivo apresentado em novembro de 2004 apontou que, de um total de 106 testes analisados, 51 (48,1%) obtiveram avaliação desfavorável, ou seja, encontram-se sem condições de uso. Outros 51, 9% obtiveram avaliação favorável e, portanto, podem continuar sendo utilizados pelos psicólogos. Essa avaliação não se esgota neste relatório, pois a listagem de testes considerados aptos ao uso vem sendo regularmente atualizada 3.

Outra iniciativa de destaque vem sendo tomada pelo Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP), que, pensando nas dimensões continentais do país e nas visíveis diferenças regionais, vem incentivando a criação de laboratórios de avaliação psicológica ligados às faculdades de psicologia em todo o território nacional.

Finalizando, é preciso salientar que, a exemplo do ocorrido em outros países, também por aqui as colocações de Binet sobre a inteligência foram mal interpretadas. Como já mencionado anteriormente, a intenção de Binet ao criar a sua escala não era a de medir a inteligência, que, para ele, era, em resumo, a capacidade que a criança possuía de aprender e assimilar o que lhe era ensinado. Uma capacidade que não era fixa e nem herdada e que era passível de desenvolver-se, de ser aumentada a partir de uma educação adequada. E se era mutável, esta função não poderia ser pura e simplesmente medida. O que Binet pretendia e se propunha a estudar era o estado atual da inteligência de uma determinada criança e não determinar se ela era inteligente ou estúpida.

Esse precioso "detalhe", no entanto, não passou desapercebido aos olhos atentos de Lourenço Filho. Como se pode verificar no prefácio que faz ao já referido livro escrito por Binet e Simon (1929), o educador faz alguns esclarecimentos que, segundo ele, "serão uteis tambem, para applicação da escala original, tal como vae publicada":

A noção corrente, a respeito da escala Binet-Simon, e escalas congêneres, é a de que possam medir a intelligencia. Para essa noção, infelizmente errônea, concorreu uma circunstamcia que poderiamos chamar de historica. As primeiras edições dos testes de Binet traziam o titulo de "Escala metrica da intelligencia". Repare-se, porem, no titulo actual "Medida do desenvolvimento da intelligencia", (La mesure du développement de l'intelligence chez les jeunes enfants) o que é coisa diversa. Melhor se diria ainda: "Avaliação do nível mental, relativo á idade". Porque, de facto, a escala não permite outra coisa (p. 6).

Apesar do alerta dos precursores, esse equívoco de interpretação envolvendo as raízes da medida psicológica no momento do nascimento da psicologia científica, acarretou críticas e controvérsias que, possivelmente, tiveram um papel fundamental na evolução da área da avaliação psicológica, com lamentáveis repercussões na profissionalização de psicólogos que fazem uso dos testes no seu cotidiano de trabalho.

Diante desses problemas que foram detectados e que ocorrem na grande maioria das vezes quando o assunto é avaliação psicológica (uso inadequado dos testes, pouco conhecimento sobre os instrumentos utilizados, avaliações subjetivas, reducionistas e/ou incorretas, poucos estudos visando o desenvolvimento de testes, etc), o que se vê atualmente com relação à psicometria brasileira é uma situação que tem levado os estudiosos da área a refletirem no sentido de superação desses e de outros desafios encontrados. Uma pesquisa de Noronha (1999) revelou dados importantes: os próprios psicólogos encontram-se insatisfeitos com essa conjuntura e, diante da crítica aos testes, reduzem o uso dos mesmos. Essa redução, muitas vezes acrítica e irrefletida, no uso desses importantes instrumentos de trabalho do psicólogo que são os testes, tem redundado num efeito cascata, restringindo também o número de pesquisas e, consequentemente, refletindo negativamente no avanço técnico e científico da área. Esse fato configura-se como prejudicial não apenas à psicometria, mas também à psicologia brasileira enquanto ciência e profissão.

 

Conclusão

Do exposto anteriormente, pode-se concluir que, no Brasil, o campo da avaliação psicológica encontra-se num momento peculiar de superação de desafios que, ao mesmo tempo, poderá se configurar também num momento de crescimento para a área, haja vista a tentativa dos estudiosos de refletir e buscar alternativas para as questões que se apresentam ao campo. Nessa perspectiva, são válidos todos os esforços, a exemplo de algumas iniciativas destacadas por esse trabalho. Contudo, enfatiza-se que, a nível macro, apenas uma formação sólida abrirá ao psicólogo que atua com testes a possibilidade de olhar para esses instrumentos como aliados no desenvolvimento de práticas críticas, socialmente contextualizadas e que levem em consideração a realidade social do nosso país.

 

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Endereço para correspondência:
Rita de Cássia Vieira
Laped/FaE/UFMG
Av. Antonio Carlos 6627 - Campus Pampulha
Belo Horizonte/MG CEP: 31270-901
Fone: (31) 3409-6370
E-mail: rita.vieira@yahoo.com.br

Enviado em 13 de Abril de 2009
Texto reformulado em 26 de Março de 2011
Aceite em 4 de Abril de 2011
Publicado em 31 de Dezembro de 2011

 

 

Sobre as autoras:

Rita de Cássia Vieira - Doutora em Educação e pesquisadora do LAPED - Laboratório de Psicologia e Educação Helena Antipoff da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais.
Regina Helena de Freitas Campos - Professora Titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais.

 

 

1 A esse respeito, ver Campos (2003b) e Gould (2003).
2 Em todas as citações de fontes primárias contidas nesse artigo optou-se pela manutenção da grafia original.
3 Todos os detalhes sobre essa avaliação encontram-se no site do CFP: www.pol.org.br

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