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Cadernos de psicanálise (Rio de Janeiro)

 ISSN 1413-6295

Cad. psicanal. vol.42 no.43 Rio de Jeneiro jul./dez. 2020

 

ARTIGOS

 

Os riscos no processo de diferenciação mãe e filha: uma análise do filme Cisne Negro1

 

The risks in the process of mother and daughter differentiation: an analysis of the film The Black Swan

 

 

Daina Edith Paegle BittarI*; Marina Ferreira da Rosa RibeiroI, II**; Marina Abud da Silva***

IUniversidade de São Paulo - USP - Brasil
IIInstituto Sedes Sapientiae - Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O artigo aborda alguns aspectos psíquicos de quando o processo de diferenciação entre mãe e filha é insuficiente. Nessa dupla a semelhança parece contribuir para uma confusão identificatória própria, de modo que estudar a construção da feminilidade nas mulheres exige pensar a complexidade deste vínculo, e suas possíveis armadilhas narcísicas. Para tanto, foram feitas reflexões sobre o fenômeno do duplo (FREUD, 1919/1969), ao qual foram articulados conceitos psicanalíticos contemporâneos de Eric Bidaud (1998), Halberstadt-Freud (2001) e Marina F. R. Ribeiro (2009, 2011). Fazendo uso dos conceitos apresentados, foi analisado o filme Cisne Negro.

Palavras-chave: Relação mãe e filha, Diferenciação, Duplo, Cisne Negro, Narcisismo.


ABSTRACT

The article approaches some psychological aspects of when the differentiation process between mother and daughter is insufficient. In that pair the similarity seems to contribute to a very specific identificatory confusion, so that the study of the formation of femininity in women requires thinking of the complexity of the bond, and its possible narcissistic traps. To do so, reflections were made about the phenomena of the double (FREUD, 1919/1969), to which concepts of Eric Bidaud (1998), Halberstadt-Freud (2001) and Marina F. R. Ribeiro (2009, 2011) were articulated. Making use of the concepts presented, the film Black Swan was analyzed.

Keywords: Mother and daughter relationship, Differentiation, Double, Black Swan, Narcissism.


 

 

Introdução

As angústias experienciadas nos processos de identificação e desidentificação entre uma mãe e uma filha produzem ecos na contínua construção da feminilidade nas mulheres. Quando a diferenciação é insuficiente ou precária, isso pode resultar em dramas narcísicos destrutivos, fontes de intenso sofrimento psíquico. A filha pode ficar aprisionada em uma "cilada narcísica" insolúvel entre ser para si e ser para a mãe.

Com o objetivo de problematizar a questão da diferenciação-indiferenciação entre mãe e filha, será feito um diálogo entre alguns aportes da teoria freudiana, tais como o duplo e conceitos advindos da psicanálise contemporânea que discorrem sobre situações de intensas identificações narcísicas produtoras de sofrimento próprias à dupla em questão, como "cilada narcísica" (BIDAUD, 1998) e "ilusão simbiótica" (HALBERSTADT-FREUD, 2001).

Éric Bidaud (1998), ao estudar casos de anorexia em meninas, percebeu que em boa parte deles a individualidade é posta em xeque diante da figura materna, cujo narcisismo se organizou como uma armadilha no processo de diferenciação da filha em relação à mãe. Halberstadt-Freud (2001), por sua vez, refletiu sobre a intensa identificação entre mãe e filha e seus aspectos patológicos: a ilusão simbiótica. Para essa autora, a sexualidade desempenha uma função emancipatória na vida da mulher.

Além disso, o papel da hostilidade como recurso ou tentativa fracassada no processo de diferenciação, ideia desenvolvida por Marina F. R. Ribeiro (2009, 2011), também servirá de aporte teórico na problematização do tema da construção da feminilidade na mulher. Por fim, o filme Cisne Negro servirá de material para a análise e problematização do tema discorrido ao longo do artigo.

 

Começando com Freud

Freud (1925/1969), ao discorrer sobre a sexualidade nas mulheres, considerou-a muito mais complexa em comparação ao caso masculino, chegando, inclusive, a escrever sobre sua dificuldade em decifrar a sexualidade feminina. De fato, entre o início da psicanálise e a contemporaneidade, o tema ganhou diversas releituras e aprofundamentos, sendo importante traçar um paralelo, mesmo que breve, entre o que Freud formulou e o que autores contemporâneos formularam. Considerando isso, iniciaremos a discussão pelos textos freudianos.

No texto Algumas consequências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos (1925/1969), Freud expressa seu desacerto por ter estudado até então o desenvolvimento de crianças do sexo masculino como modelo universal no que tange à sexualidade infantil. Segundo ele, "... nas meninas, o complexo de Édipo levanta um problema a mais que nos meninos" (FREUD, 1925/1969, p. 280). Tal afirmação explicita que o caso das meninas foi considerado uma variação ou desvio do caso masculino, ou seja, elas têm um a mais. Com isso, o autor passa a teorizar sobre quais seriam, afinal, as singularidades no processo de constituição da sexualidade feminina.

Freud (1931/1969) apresenta a ideia de que o desenvolvimento feminino tem como uma das particularidades o drama de abdicar do amor devotado à mãe. De fato, o vínculo mãe-bebê é o vínculo primordial tanto para meninos quanto para meninas, mas Freud dirá existir algo que persiste no caso das mulheres. Para elas o amor à mãe seria a referência originária para qualquer vínculo formado posteriormente e, não à toa, Freud também nos trouxe sua impressão de que vínculos intensos com o pai são precedidos por um vínculo igualmente apaixonado pela mãe. Além disso, suspeitou haver um paralelo entre a luta constante com os maridos na fase de maturidade das mulheres e a luta anterior com as mães:

Observamos que muitas mulheres que escolheram o marido conforme o modelo do pai, ou o colocaram em lugar do pai, não obstante repetem para ele, em sua vida conjugal, seus maus relacionamentos com as mães. O marido de tal mulher destinava-se a ser o herdeiro de seu relacionamento com o pai, mas, na realidade, tornou-se o herdeiro do relacionamento dela com a mãe (FREUD, 1931/1969, p. 239).

Somos convocados, então, a pensar a relação mãe-filha em seu aspecto constitutivo para a filha, pois os conflitos com seus maridos - desavenças e questões afetivas - aparecem como herdeiros dessa "relação original". Mas para haver a atualização dessa relação original em outras figuras (pai e marido), há a necessidade de a mulher ter abdicado do amor devotado à mãe, sobre o que Freud dirá em Sexualidade feminina (1931/1969):

O desenvolvimento da sexualidade feminina é complicado pelo fato de a menina ter a tarefa de abandonar o que originalmente constituiu sua principal zona genital - o clitóris - em favor de outra, nova, a vagina. Agora, no entanto, parece-nos que existe uma segunda alteração da mesma espécie, que não é menos característica e importante para o desenvolvimento da mulher: a troca de seu objeto original - a mãe - pelo pai (p. 233).

Aqui está em questão o esquema edípico nas mulheres, relação triangular entre bebê, pai e mãe na qual Freud colocará o afastamento da mãe como condição à mudança de objeto de amor. Isto é, como condição à transposição da dependência da figura materna - primeira a ser investida amorosamente - à figura paterna. Esse afastamento, por sua vez, é acompanhado por um inevitável sentimento de hostilidade por parte da filha:

O afastar-se da mãe, na menina, é um passo que se acompanha de hostilidade; a vinculação à mãe termina em ódio. Um ódio dessa espécie pode tornar-se muito influente e durar para toda a vida; pode ser muito cuidadosamente supercompensado, posteriormente; geralmente, uma parte dele é superada, ao passo que a parte resistente persiste (FREUD, 1933/1969, p. 150).

A hostilidade da filha será então explicada por Freud como consequência do desapontamento por sua mãe também ser castrada. Ou seja, à menina falta o falo, e reconhecer essa mesma falta em sua mãe, provoca frustração. Além disso, a mãe também é vista pela filha como responsável pela ausência do pênis, outro fator que impulsionaria sua agressividade. Portanto, a hostilidade é inerente à intensa ligação com a mãe e está diretamente vinculada ao desejo do falo, cuja superioridade estaria relacionada com a visibilidade deste órgão em comparação ao feminino, imperceptível. Freud também colocará o abandono desse desejo como indispensável à formação da mulher, o que apenas seria possível mediante o surgimento do desejo de ter um filho.

Nesse momento, o autor está lidando com uma referência fálica ao associar o desejo de ter um pênis e o desejo de ter um bebê, então simbolicamente semelhantes. Em outros termos, a maternidade seria uma tentativa de suprir a falta do pênis, uma saída possível (e supostamente a mais saudável) à resolução da feminilidade na mulher. Com isso em mente, o presente artigo trabalhará a ideia de que a inveja do pênis suplantada pelo desejo de ser mãe não é suficiente para explicar o movimento de construção da feminilidade.

 

O duplo na relação de mãe e filha

No processo de constituição da feminilidade, existem diversas questões de ordem identificatória entre mães e filhas que parecem se sustentar na semelhança anatômica, mas não apenas nesta. Aqui estão em jogo tanto as próprias características da mãe como mulher quanto a forma pela qual ela experiencia tais características, além da forma pela qual interpreta, por sua vez, o corpo da filha (RIBEIRO, 2009, 2011). Nesse sentido, dada a identificação entre elas, o repertório da mãe - vivências, angústias, frustrações e ideais delineados pela sua história de vida - pode então se confundir com a história da própria filha, a qual deve contemplar as expectativas maternas da melhor forma possível. Sobre isso, Marina F. R. Ribeiro (2009, 2011) coloca como epígrafe da sua tese de doutorado a seguinte citação:

A identidade de uma filha é uma sutil combinação de partilhas e clivagens em relação à mãe. E como sua mãe é igualmente uma filha, e a filha retornar-se-á igualmente mãe, essa combinação é conduzida, igualmente, a rearranjos. Minha hipótese é que esses rearranjos não podem se efetuar de outro modo que não seja uma báscula entre o feminino e o maternal. É por essa razão que são tão instáveis, tão frágeis, e é por isso que contêm tal potencialidade explosiva (GUIGNARD, 2002 apud RIBEIRO, 2009).

Ao se ter uma filha, o bebê é um outro que é o mesmo e, nessa confusão identificatória, a transmissão de possíveis problemáticas tem uma via de facilitação (RIBEIRO, 2009, 2011). Essa perspectiva traz à tona a influência de uma rede narcísica complexa marcada pela repetição, na qual determinados conflitos do feminino são atualizados ao longo das gerações. A mãe sempre será uma filha, a filha futuramente pode se tornar mãe. Se no primeiro objeto de amor predominam aspectos do idêntico, a formação narcísica do eu se complexifica, pois a diferenciação passa por intensos desafios, de modo que a diferença deve vir justamente daquilo que se mostra como idêntico. Em outros termos, deve vir do movimento bascular trazido por Guignard na citação de Ribeiro acima, cuja imagem de dois polos em uma báscula serve de metáfora para a interação delicada entre o feminino e o maternal, entre o si-mesmo e o outro, onde a alteração de um elemento provoca uma reconfiguração de todo o equilíbrio.

Podemos dizer, então, que a questão narcísica e edipiana nas mulheres tem por base a semelhança anatômica entre mães e filhas e vai além da inveja do pênis. A mãe, primeiro objeto de amor das filhas, é assimilada como um outro especular e essa correspondência da imagem pode facilitar a formação de um vínculo aprisionador, dual, no qual não há espaço psíquico para diferenciações. Nesse caso, trata-se de uma relação na qual predomina a indiferenciação; quando dois se tornam um e a distância e a separação são inconcebíveis. Tal indiferenciação, sustentada pela identificação entre elas, diz respeito fundamentalmente a uma ausência de contornos identitários entre o eu e o outro, o que guarda paralelos interessantes com o fenômeno do "duplo", abordado por Freud no seu texto O "estranho", de 1919, sobre o qual afirmou:

A qualidade de estranheza só pode advir do fato de o "duplo" ser uma criação que data de um estádio mental muito primitivo, há muito superado - incidentalmente, um estádio em que o "duplo" tinha um aspecto mais amistoso. O "duplo" converteu-se num objeto de terror (...) (FREUD, 1919/1969, p. 254).

Aqui ele nos mostra haver uma relação entre o fenômeno do duplo (o mesmo) e o período primitivo no qual o bebê é indiferenciado com relação ao mundo externo. Em linhas gerais, nesse período, o cuidador evoca sentimentos amistosos no bebê por suprir suas necessidades, mas o bebê é incapaz de distinguir o mundo externo do interno por não ter ainda um eu diferenciado. Há, portanto, uma mistura entre o outro e o si-mesmo. É a repetição dessa sensação de indiferenciação em momentos futuros, nos quais ainda não há um ego suficientemente delineado, que provocará, então, o estranhamento, pois: "... o inquietante é aquela variedade do aterrorizante que remonta ao há muito conhecido, ao há muito familiar" (FREUD, 1919/1969, p. 220). O motivo dessa mudança de sentimentos amistosos, vividos pelo bebê ainda indiferenciado, para sentimentos agressivos quando ele já está diferenciado é explicado por Freud pela ideia segundo a qual os afetos, ao serem reprimidos, transformam-se em ansiedade. Ou seja, a própria volta ou retorno do que é arcaico gera ansiedade.

O autor destrincha o sentimento de estranhamento a partir de algumas situações em específico, podendo ser vivenciado a partir do desamparo, da perda da referência da realidade, da situação paradoxal (na qual se encontra o duplo) e da repetição. Um bebê que se encontra no meio de desconhecidos sente o estranho sentimento de desamparo; ao vermos um filme cuja história se mostra realista, mas acaba trazendo elementos sobrenaturais, também nos faz estranhar, assim como passar pelas mesmas situações repetidas em um único dia ou então ver nossa imagem encarnada num outro.

No fenômeno do duplo em particular, o estrangeiro adquire contornos muito próprios: é uma réplica da própria imagem. Freud, ainda no texto O "estranho", caracteriza o fenômeno do duplo a partir da relação "marcada pelo fato de que o sujeito identifica-se com outra pessoa, de tal forma que fica em dúvida sobre quem é o seu eu (self), ou substitui o seu próprio eu (self) por um estranho. Em outras palavras há uma duplicação, divisão e intercâmbio do eu (self)" (FREUD, 1919/1969, p. 252). Nesse caso, há "um eu para dois" e o si-mesmo está fora do âmbito. É um estrangeiro que sou obrigado a reconhecer em mim. É a minha própria imagem que me vem como estrangeira. Por isso, vemos a familiaridade e a alteridade estabelecerem uma relação dual, cuja tensão resulta em angústia e terror.

A presença da imagem duplicada, especular, encontra fortes paralelos com a relação de mãe e filha, marcada pela semelhança anatômica - singularidade que não tem paralelos no caso dos homens. A filha percebe a própria semelhança com a mãe ao reconhecer a diferença anatômica entre os sexos; já a mãe cuida de um bebê do mesmo sexo que o seu e, com isso, tem sua trama identificatória que se torna ainda mais complexa (RIBEIRO, 2009, 2011). Nesse sentido, não é possível excluir as referências maternas que serviram de base para a formação identitária da filha como mulher, nem mesmo que a mãe anule sua concepção de feminilidade ao criar sua filha.

Em suma, existem riscos inevitáveis de ordem narcísica que podem resultar na emergência do duplo e, para aprofundar o diálogo dessa situação com a relação de mãe e filha, optamos por resgatar conceitos elaborados por Éric Bidaud e Halberstadt-Freud, por tratarem especificamente de situações patológicas de indiferenciação.

Éric Bidaud (1998) é um autor contemporâneo que abordou o tema a partir do transtorno alimentar da anorexia, cuja questão central é justamente o vínculo patológico entre mães e filhas, vínculo por ele denominado "cilada narcísica" e explorado a partir da análise do mito de Deméter e Perséfone. Deméter é a mãe inconsolável, representante da lei; Perséfone é a jovem virgem capturada pela relação originária com a mãe, mas que em dado momento tem a fantasia de ser violada pelo pai (RIBEIRO, 2009, 2011). Essa fantasia inaugura sua entrada na sexualidade, no amor edipiano; contudo, Perséfone se mantém fiel ao vínculo materno, impossível de ser transposto. Bidaud então reconhece nesse mito uma situação patológica devida à dependência mútua e ao aprisionamento da filha diante dos anseios maternos. Com isso em vista, a expressão "cilada narcísica" diz respeito justamente à emergência da filha como extensão dos projetos e concepções maternos, havendo uma armadilha narcísica na qual a jovem apenas existe em função, ou a partir, da mãe. Configura-se, assim, uma unidade feita de dois, mantida pela paixão que remonta à situação erótica pré-edípica entre mães e filhas.

Ora, na "cilada narcísica" o estabelecimento de um vínculo identificatório cuja dupla está praticamente indiferenciada pode ser entendido como um resgate do momento primitivo da formação narcísica do eu. Há, portanto, uma retomada de algo há muito superado, o que nos remete ao estranho de Freud, pois se trata justamente da volta do que deveria permanecer encoberto. Nesse sentido, é possível entender a cilada narcísica como um impulso poderoso à formação do duplo, da projeção do mesmo, justamente por causa da presença do fenômeno da indiferenciação nessa captura da mãe com relação à filha, da "dúvida sobre quem é o seu eu", como dito por Freud.

Halberstadt-Freud (2001), por sua vez, teorizou sobre a "ilusão simbiótica" no seu artigo Electra Cativa. Sobre a simbiose e a ilusão simbiótica entre mãe e filha e as consequências para o complexo de Édipo, conceito que dialoga muito bem com a ideia de "cilada narcísica" e de emergência do duplo.

Segundo a autora, o conceito diz respeito à separação insuficiente entre mães e filhas. Marina F. R. Ribeiro (2009, 2011), na sua tese, traz a seguinte citação: "Simbiose, como ilusão, pressupõe que nem ódio, nem inveja, nem agressão - nem mesmo diferença de opinião - podem ser tolerados entre os dois membros do idílio" (HALBERSTADT-FREUD, 2001, apud RIBEIRO, 2009, p. 54). Aqui, percebemos o enfoque numa idealização fusional entre mães e filhas, cuja relação idílica encobre um vínculo patológico, intrusivo, afinal; uma não vive sem a outra. Nesse sentido, ao não ser possível reconhecer diferenças ou limites, a filha se torna um receptáculo para as angústias maternas no que tange à feminilidade - como se a mãe reconhecesse no bebê a possibilidade de realização futura do que ela mesma experimentou como frustração. Portanto, há a necessidade clara de a mãe ter uma filha que seja seu duplo e extensão (HALBERSTADT-FREUD, 2001).

Halberstadt-Freud também trará o desenvolvimento da sexualidade como uma delimitação de fronteiras entre mãe e filha. Segundo essa autora, existe um movimento complementar entre o amadurecimento singular da mulher, sua emancipação e o ingresso na vida sexual. A interação entre separação e sexualidade será positiva, dirá Halberstadt-Freud, quando a sexualidade estimular a separação. Nesse sentido, para a filha entrar num vínculo afetivo prazeroso com um outro é necessário haver uma distância com relação à mãe. A sexualidade, portanto, pode ser vista como fronteira delimitadora entre mãe e filha quando realizada de forma saudável, apesar de sempre comportar aspectos pré-edípicos, pois: "A importância da mãe permanece mesmo depois da menina ter crescido, pois ela está presente ainda nos relacionamentos íntimos da filha com outro, incluindo homens" (HALBERSTADT-FREUD, 2001, p. 159).

Novamente, como visto em Freud, está em jogo a atualização do vínculo com as mães (relação originária) em outras figuras de amor. Entretanto, a sexualidade também pode expressar a falha na separação da dupla em casos patológicos, nos quais o vínculo simbiótico se fecha quase de forma hermética e a separação gera um bloqueio da sexualidade.

Como vimos, a "ilusão simbiótica" dissolve a concepção de unidade por parte da filha. A sua imagem fica esmaecida, sobreposta à da mãe e o contato com a realidade se faz de forma precária. A alteridade se torna tarefa impossível e "não ocorre nenhuma separação entre a auto-imagem da menina e sua imagem interna da mãe" (HALBERSTADT-FREUD, 2001, p. 149), situação verdadeiramente patológica cuja dinâmica contribui à emergência do duplo em sua indistinção.

Na incapacidade de ver a mãe como diferente ou externa, a filha a vê como extensão. Além disso, essa perda de fronteiras nos remete novamente ao diálogo com a situação arcaica de fusão da dupla mãe-bebê que é, por essência, ambivalente. Ambivalência que mobiliza a agressividade, tal como dito por Freud, a qual em si mesma carrega dupla potencialidade: de separar e de aprisionar, como veremos a seguir na análise do filme.

 

A tentativa naufragada de separação em Cisne Negro

O filme Cisne Negro permite uma representação rica dos efeitos psíquicos que uma relação simbiótica entre mãe e filha pode gerar. Aqui, a protagonista apresenta os dramas vividos na sua transformação em mulher, mas é importante fazer a ressalva de que estamos fazendo um recorte específico da personagem. Apesar de o presente trabalho se propor a extrair do filme algo elucidativo das dificuldades de diferenciação entre mães e filhas, a história narrada não é um exemplo desse tema: ela comporta outras leituras, ou seja, o aspecto polissêmico de uma obra de arte.

No início do filme, a fusão entre mãe e filha é evidente. A protagonista Nina Sayers é uma bailarina profissional de uma companhia de Nova Iorque, e mora com sua mãe, Erica. A mãe é uma ex-bailarina; parou de dançar quando engravidou acidentalmente, ainda adolescente. Nas primeiras cenas, é feito um panorama da vida da personagem principal: Nina. Conhecemos seu quarto, inteiramente em tons rosa claro e abarrotado de bichinhos de pelúcia. Sua mãe a ajuda a trocar de roupa e a coloca para dormir, depois de beijá-la e pôr para tocar uma caixinha de música com o tema "O lago dos cisnes", de Tchaikovsky. Além disso, Erica tem um ateliê de pintura repleto de imagens do rosto da filha, tão adorada e infantilizada.

Quando o diretor artístico, Thomas Leroy, vai à companhia em que Nina treinava em busca de uma nova bailarina protagonista para performar "O Lago dos Cisnes", recusa inicialmente a jovem. Para ele, apesar da técnica impecável, Nina não conseguiria interpretar o papel do Cisne Negro, Odile, personagem sensual, agressivo e misterioso, estando apta a representar apenas o Cisne Branco, Odette, inocente e frágil. Decepcionada, Nina insiste na obtenção do papel e acaba por conquistá-lo.

Até aqui, podemos reconhecer um retrato da "cilada narcísica" teorizada por Bidaud (1998). No início do filme, no momento em que a filha conta ter sido recusada para o papel principal, vemos uma reação ambígua de Erica. Ela consola a jovem desolada, mas dizendo que nem todos podem ser bailarinos excepcionais. "Tudo bem ser medíocre", ela diz. Percebe-se então haver uma identificação com a filha, pois nenhuma das duas alcançaria o sucesso na carreira. De fato, Nina deu continuidade à carreira interrompida da mãe e Érica concebe de antemão que ela será igualmente frustrada, de modo a limitá-la à sua própria história de vida. Dessa forma, identificamos a cilada narcísica definida por Bidaud (1998): uma filha aprisionada a uma trajetória que não é sua, mas pertence à mãe.

A busca por ser uma bailarina impecável é o que impele Nina a tentar criar uma identidade diferenciada, mas na ausência de uma estrutura psíquica suficiente para tanto, ela cai no vazio e na desorganização. Aos poucos, passa a se identificar totalmente com o desejo da mãe e se torna muito agressiva com ela, tanto física quanto verbalmente, o que será aprofundado logo a seguir. Além disso, no desenrolar do enredo, dois personagens ganham destaque: o diretor artístico (Thomas Leroy) e a bailarina novata (Lily). O primeiro ocupa o lugar daquele que mobiliza a sexualidade de Nina, além de incentivá-la a uma postura mais subversiva e afirmativa; a segunda é aquela que representa o duplo de Nina, no sentido freudiano do termo.

Thomas Leroy, figura sensual masculina, coloca-se na vida de Nina como aquele que abala a sua "união tissular", termo usado por Bidaud (1998), com a mãe. Ele a seduz a partir da sua posição de poder: é mais velho, experiente, renomado, persuasivo. A relação entre eles se dá a partir da violação, pois Thomas se apodera do corpo de sua aluna, envolvendo-a à força e provocando-a. Aqui, vemos pela primeira vez a jovem mobilizada pelo desejo, mas ainda pouco familiarizada e insegura com a sua sexualidade.

Nina entra gradativamente em contato com sua sexualidade e, nesse processo, fica mais reativa à presença materna. Erica chega a questionar à filha se o diretor estava "tentando algo com ela, já que ficam até tão tarde no estúdio", ao que, ela nega. Não satisfeita com a resposta, a mãe continua: "não quero que cometa o mesmo erro que eu" e, com isso, deixa implícito que se a filha tiver relações sexuais com o diretor artístico, irá engravidar, tal como aconteceu com a mãe. Novamente, vemos a cilada narcísica em que Nina se encontrava: sua vida sexual ser vivida pautada na vida sexual materna e, também, ser controlada pela mãe. Além disso, podemos identificar uma postura acusatória e culpabilizante de Erica ao interpretar a gravidez, o nascimento e a existência da filha como um erro, como uma situação que prejudicou sua carreira.

É interessante notarmos que apesar da presença intrusiva e restritiva de Erica, Nina se deixa levar pela atração pelo professor ao mesmo tempo que passa a ter uma postura de confronto com a mãe, o que nos remonta à tese de Halberstadt-Freud, para a qual a sexualidade surge como possibilidade de separação entre a dupla simbiótica. Ao que também pode ser associado à seguinte afirmação de Marina F. R. Ribeiro:

A fertilidade da mulher, no sentido da sua capacidade criativa e orgástica, está associada à possibilidade de transitar entre mundos distintos - mãe e pai. Para que exista uma relação fértil com um homem é necessário manter-se em uma tensão dialética entre o afastamento e a proximidade identificatória com a mãe (2009, p. 23-24).

De fato, vemos a sexualidade mais adulta de Nina emergir quando ela inicia um movimento de afastamento da mãe. Contudo, esse movimento não se deu de forma saudável, pois o ódio e a emergência do duplo vieram quase como efeitos colaterais, como veremos.

Lily também representa uma figura que provoca a sensualidade da protagonista, além de encarnar a função do duplo. Como já foi dito, Lily representa Odile, o cisne negro, em todos os seus aspectos. Sensualidade, agressividade, falta de rigor técnico, espontaneidade e, quando está com Nina, procura despertar nela essas mesmas características. Oferece drogas, álcool e a convida para festas. Em uma cena em específico, a protagonista alucina ter se relacionado sexualmente com Lily e, durante o ato, vê a si mesma duplicada na imagem da amiga, mas com feições mais sérias e traços mais marcantes (maquiagem e roupas escuras). Ainda assim, Nina acreditou ter passado a noite com Lily e, ao descobrir que isso não ocorreu, fica cada vez mais paranoica, desconfiada de que querem roubar seu papel. Paranoia que desde o início do filme aparece e é intensificada pelo design de som do longa-metragem - acessamos, como telespectadores, os sussurros constantes ouvidos por Nina, os quais ora soam como risadas de escárnio, ora como críticas veladas às performances no palco.

O filme é gravado de forma a nos permitir entrar em contato com as confusões alucinatórias da personagem e, com isso, podemos ver o surgimento gradativo do duplo nas cenas. Nesses momentos, a imagem corporal de Nina está desunificada e sua voz, duplicada, vem de um emissor externo a ela. Nesse sentido, percebemos um apagamento das fronteiras entre o eu e o outro, tal como ocorre na "cilada narcísica", na "ilusão simbiótica" e no funcionamento primitivo de indiferenciação com o mundo externo. É interessante como, no filme, a experiência precária de diferenciação por parte da protagonista tem um paralelo marcante com experiências de despersonalização, na qual o mesmo emerge como um fantasma especular, inesperado e, principalmente, intrusivo.

Indo além, também se pode pensar que o surgimento do duplo - Nina ter características do cisne negro - é uma manifestação genuína do que compreendemos ser o estranho de Freud. Afinal, quando Nina se viu obrigada a representar Odile e resgatar, para tanto, aspectos psíquicos ainda não apropriados, fez-se necessário torná-los estrangeiros. No mesmo, vemos suas características mudarem para o oposto: roupas claras aparecem agora em tons escuros e o olhar assustado, inseguro, apresenta-se intenso em seu foco penetrante. Portanto, a sexualidade, espontaneidade e agressividade, apesar de comporem seu psiquismo, só podiam ser vivenciadas como algo externo a ela, mas estranhamente familiar. Contudo, a grande reviravolta se dá na relação de mãe e filha.

Como já exposto, Erica colocava Nina como uma menina eternamente infantilizada, sem qualquer autonomia ou desejo. Entretanto, a jovem bailarina não parecia perceber que vivia numa redoma; pelo contrário, assumira a mãe como seu par complementar. Juntas, não seriam seres faltantes. Além disso, ao longo do filme não temos uma referência sequer de outros membros da família, ou de qualquer pessoa que se relacione com a dupla. Trata-se de uma relação cujos integrantes, em sua união, parecem se tornar uma unidade autossuficiente.

Podemos dizer que foi a postura obsessiva da protagonista em se tornar uma bailarina perfeita que a motivou a contrariar a própria mãe. Esta, ao impedir o desenvolvimento do lado mais maduro da filha, reprimindo sua sexualidade e enquadrando-a como extensão narcísica de si mesma, fez com que Nina se tornasse um perfeito cisne branco, nada além. Mas a devoção ao balé e a urgência por perfeição exigiram que ela extraísse de si seu aspecto de cisne negro, o que colocou em xeque toda a idealização materna da filha. Desperta-se, então, o lado transgressor de Nina, que foge de casa para sair com Lily, machuca a mãe, passa a trancar a porta do quarto para impedir a entrada de Erica, entre outros exemplos.

Na noite da apresentação oficial da peça tão esperada, Erica tranca Nina no quarto para impedi-la de dançar. Afirmara que o papel a havia deixado doente - a separação, inconcebível, é vista como problema - e, por isso, Nina deveria ficar em casa para descansar. Já atrasada para o ato, a jovem ataca a mãe para pegar a chave do quarto e poder sair. Nessa atitude, vemos aparecer uma agressividade muito intensa, quase cruel, necessária para que ela saísse de casa, da redoma materna. Nina, inclusive, chega a gritar para a mãe: "É você que nunca teve o papel principal", demonstrando ver em Erica uma postura invejosa e não uma preocupação legítima com relação a sua saúde. É como se a filha apontasse ter se percebido reflexo, continuidade da mãe e clamasse pela possibilidade de ser reconhecida em seu talento como pessoa única. O ataque, portanto, é contra a união tissular da "cilada narcísica" de Bidaud (1998).

O esboço até aqui feito dessa relação particular entre mãe e filha pode ser aprofundado, conceitualmente, a partir da tese de Marina F. R. Ribeiro (2009, 2011) sobre a função do ódio na separação. Citando Godfrind (1994), ela escreve: "O apego à mãe pode ser um contra-investimento do ódio, e o ódio pode encobrir um amor passional à mãe. Dizendo de outra maneira, tanto o ódio quanto a proximidade idílica podem encobrir um amor violento à mãe" (RIBEIRO, 2009, p. 108). O amor e o ódio, então, aparecem não apenas como facetas ambivalentes, mas o ódio intenso surge como contrapeso em uma balança desequilibrada pelo amor passional. Portanto, a agressividade carrega em si mesma a dupla potencialidade de separar e de aprisionar sendo que, no caso da relação entre mães e filhas, os sentimentos hostis já foram percebidos por Freud:

O afastar-se da mãe, na menina, é um passo que se acompanha de hostilidade; a vinculação à mãe termina em ódio. Um ódio dessa espécie pode tornar-se muito influente e durar para toda a vida; pode ser muito cuidadosamente supercompensado, posteriormente; geralmente, uma parte dele é superada, ao passo que a parte resistente persiste (1933/1969, p. 150).

Trata-se de uma proteção contra a perda de contornos, proteção que deve ser sustentada pela mãe, de modo a suportar a hostilidade da filha sem se sentir rejeitada (HALBERSTADT-FREUD, 2001). Contudo, na dupla retratada em Cisne Negro, sustentar a hostilidade da filha (e consequente separação) foi tarefa impossível para Érica, a qual continuou a comportar-se como se fosse indispensável, mesmo muito depois de ter cessado de sê-lo (HALBERSTADT-FREUD, 2001).

Marina F. R. Ribeiro (2009, 2011) desenvolve, também, a concepção segundo a qual a diferenciação entre mãe e filha exige certa hostilidade. A autora compreende essa agressividade como matricídio simbólico: matar a mãe simbólica com a qual se estabeleceu um vínculo apaixonado e indiferenciado para que possa se dar uma separação. Nesse sentido, o movimento de desidentificação, desempenha papel importante na emergência de um psiquismo diferenciado. A desidentificação é vivenciada a partir de um processo de luto, no qual a inscrição da feminilidade nas mulheres se torna possível.

Mas para Nina o matricídio simbólico era impossível, apesar de necessário para se afirmar como unidade suficientemente independente. Erica, exemplo da mãe inconsolável descrita por Bidaud (1998), demandava uma dedicação sufocante por parte da filha. Nina se perdeu numa identidade difusa, instável entre o frágil ser para si e o ser para a mãe. Então, quando o conflito emerge e traz consigo o pedido por separação, vemos uma personagem incapaz de se sustentar sem ter a mãe como referência e extensão. O vínculo fusional se mostrou intransponível e tentar destruí-lo acabou por ser um atentado a si mesma - a ilusão simbiótica se mostra como única realidade possível. Tendo isso em mente, vemos que o ódio não produz a separação nessa história, ele aprisiona a "dupla naufragada".

Em suma, o ódio tem aqui aspectos primitivos e é diferente do tipo de agressão saudável, às vezes necessária à separação, pois alimenta fantasias destrutivas nas quais qualquer ataque ao duplo levará à destruição do próprio self.

A última cena, vale destacar, marcada pelo jogo de enquadres da câmera que nos dá acesso à perspectiva confusa e instável da bailarina, evoca uma angústia lancinante frente ao colapso psicótico. No auge da sua agressividade e paranoia, Nina avança contra a imagem de Lily para matá-la e, com isso, impedi-la de tomar o seu lugar principal. Mas não foi a concorrente que morreu, Nina atacara - não à toa, com uma ponta de espelho quebrado - a si mesma, imersa em estado alucinatório.

O duplo aparece como rival, ora encarnado na imagem de Lily, ora encarnado na imagem de uma Nina transformada no seu oposto; entretanto, em nenhum momento deixa de ser uma manifestação de um conflito intrapsíquico da bailarina. A penalidade para a destruição de seu objeto interno (primordial) é severa demais, pois implica um ato de autodestruição em níveis patológicos: matar a mãe simbolicamente, se iguala de forma realista no filme, a um suicídio. Ela morre, ferida com o espelho, mas não antes que pudesse se entregar a uma performance intensa e orgânica como Odile, cisne negro e, com isso, ter a sensação de atingir uma utópica perfeição.

 

Considerações finais

O presente trabalho se propôs a contribuir para o tema sobre os riscos envolvidos no processo de diferenciação entre mães e filhas e alguns de seus sérios efeitos caso ela não ocorra de forma satisfatória. No que tange à hostilidade ante o estranho, vimos que ela pode ou não resultar na diferenciação. Se os processos de identificação na dupla mãe-filha não suportar diferenciações e desidentificações, o outro (ou o estranho) é recusado e retorna a partir de fenômenos patológicos, como o duplo, mecanismo exposto neste trabalho e elucidado pelo filme. Por fim, vimos como o ódio pode atar o laço fusional, representando "o que resta do desejo onipotente de ser um com a mãe" (RIBEIRO, 2009, p. 168).

Finalizando, o processo de diferenciação no caso feminino envolve infindáveis movimentos de identificação e desidentificação que partem de uma partilha composta pelo risco das armadilhas do idêntico. Acrescenta-se que não se trata de um desenvolvimento linear, mas de um movimento bascular de avanços e recuos que nunca retornam ao mesmo ponto. Movimento, vale fazer a ressalva, a ser pensado a partir da singularidade de cada mulher e sua história; enigmática, desafiadora e criativa em suas possibilidades únicas.

 

 

Referências

BIDAUD, E. Anorexia mental, ascese, mística. Tradução de Dulce Duque Estrada. Rio de Janeiro: Cia. de Freud, 1998.         [ Links ]

BLACK Swan. Direção: Darren Aronofsky. Produção: Scott Franklin, Mike Medavoy, Arnold Messer e Brian Oliver. Produtora: Fox Searchlight Pictures, Protozoa Pictures, Phoenix Pictures e Cross Creek Pictures, 2010. 1 DVD (108 min.         [ Links ]).

FREUD, S. (1919). O "estranho". Rio de Janeiro: Imago, 1969. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 17).         [ Links ]

FREUD, S. (1925). Algumas consequências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos. Rio de Janeiro: Imago, 1969. (ESB, 19).         [ Links ]

FREUD, S. (1931). Sexualidade feminina. Rio de Janeiro: Imago, 1969. (ESB, 21).         [ Links ]

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HALBERSTADT-FREUD, H. Electra Cativa. Sobre a simbiose e a ilusão simbiótica entre mãe e filha e as consequências para o Complexo de Édipo. Rev. Bras. Psicanálise, v. 35, p. 143-168, 2001.         [ Links ]

RIBEIRO, M. F. da R. De mãe em filha: a transmissão da feminilidade. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2009. Disponível em: <https://tede.pucsp.br/handle/handle/15873>. Acesso em: 9 fev. 2020.         [ Links ]

RIBEIRO, M. F. da R. De mãe em filha: a transmissão da feminilidade. São Paulo: Ed. Escuta, 2011.         [ Links ]

 

Artigo recebido em: 10/02/2020
Aprovado para publicação em: 29/09/2020

Endereço para correspondência
Daina Edith Paegle Bittar
E-mail: daina.bittar@usp.br
Marina Ferreira da Rosa Ribeiro
E-mail: marinaribeiro@usp.br
Marina Abud da Silva
E-mail: marina.abud02@gmail.com

 

 

*Estudante da graduação de Psicologia no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). São Paulo, SP, Brasil.
**Docente do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). Graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Mestrado em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Membro efetivo do Departamento Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae. São Paulo, SP, Brasil.
***Psicóloga formada pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). São Paulo, SP, Brasil.
1Este artigo é fruto de uma pesquisa de Iniciação Científica conduzida no âmbito do LipSic (Laboratório Interinstitucional de estudos da Intersubjetividade e Psicanálise Contemporânea - IPUSP - PUC-SP), tendo tido, na orientação da pesquisa, a Profa. Dra. Marina F. R. Ribeiro.

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