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Psicologia da Educação

versão impressa ISSN 1414-6975versão On-line ISSN 2175-3520

Psicol. educ.  no.40 São Paulo jun. 2015

 

ARTIGOS

 

Compreendendo estudantes vítimas de bullying: para quem eles revelam?

 

Understanding students bullied: to whom they disclose?

 

Comprensión de los estudiantes intimidados: ¿Quién revelan?

 

 

Rachel de Faria BrinoI; Maria Helena do Carmo Gomes LimaII

IProfessora da Universidade Federal de São Carlos Pesquisadora do Laboratório de Análise e Prevenção da Violência. brino@ufscar.br
IIMaria Helena do Carmo Gomes Lima Graduanda da Universidade Federal de São Carlos, Bolsista PIBIC-CNPq. mahcglima89@gmail.com

 

 


RESUMO

O bullying é um fenômeno mundial e pode acarretar diversos danos emocionais e físicos aos envolvidos. Uma das estratégias consideradas fundamentais para o sucesso dos programas antibullying é a revelação das ameaças ou agressões por parte da vítima. Porém, estudos apontam que a maioria das vítimas não as revelam. Apesar do grande número de hipóteses encontradas em estudos internacionais para a não revelação, não foram encontrados dados nacionais a respeito da revelação. O objetivo do presente trabalho foi caracterizar a revelação em vítimas de bullying de uma escola particular do interior do estado de São Paulo. Participaram da pesquisa 35 alunos de 10 a 12 anos, que responderam a um questionário para avaliar seu envolvimento em bullying, e um segundo questionário que visou identificar se esses alunos revelaram as intimidações. Do total dos participantes, 82,85% dos alunos fizeram a revelação a alguém: 20% das meninas revelaram a uma amiga; 17,15% dos alunos de ambos os sexos revelaram à mãe; 2,7% revelaram para a coordenadora da escola e nenhum aluno revelou ao professor. Os alunos também indicaram esperar atitudes dos educadores, após a revelação, tais como conversar com o agressor, estar disponível para ouvir a vítima e auxiliá-la na resolução do problema. Verificou-se que se as intimidações ainda persistiam, as estratégias de resolução do fenômeno aplicadas por pais e coordenador podem ter não ter sido efetivas. Apesar de os alunos, pais e funcionários da escola terem acesso a informações pontuais sobre o bullying por meio de palestras, é importante que estratégias sejam elaboradas a fim de combatê-lo.

Palavras-chave: bullying; intimidação; escola.


ABSTRACT

Bullying is a worldwide phenomenon and can lead to several emotional and physical costs to those involved. One of the strategies considered essential for the successful development of many anti-bullying programs is the revelation by the victim. However, studies show that most victims do not reveal. Despite the large number of cases found in international studies for non-disclosure, there are no national data about the revelation. The objective of this study was to characterize the revelation bullied in a private school in the state of São Paulo. The participants were35students from 10 to 12 years, who answered a questionnaire regarding their involvement in bullying and a second questionnaire which assessed whether these students revealed bullies. 82.85% of the students had already made the revelation to someone. Girls(20%) revealed to a friend;17.15% of the students of both sexes revealed to the mother; 2.7% reported for the school coordinator and no students revealed to the teacher. Students also indicated expect attitudes after the revelation, as to talk to the offender, to be available to listen to the victim and assist her in solving the problem. It was found that, if the intimidation still persisted, the strategies applied by parents and coordinator may have been ineffective. Despite the students, parents and school staff have access of information about bullying, it is important that strategies be devised to combat it.

Keywords: bullying; school; intimidation.


RESUMEN

El bullying es un fenómeno mundial y puede dar lugar a varios costos emocionales y físicos a los involucrados. Una de las estrategias que se consideran esenciales para el desarrollo exitoso de muchos programas contra las intimidaciones es la revelación de la víctima. Sin embargo, los estudios muestran que la mayoría de las víctimas no revelan. A pesar del gran número de casos encontrados en estudios internacionales de no divulgación, no hay datos nacionales sobre la revelación. El objetivo de este estudio fue caracterizar la revelación de victimas de bullying en una escuela privada en el estado de São Paulo. Los participantes fueron 35 estudiantes de10 a 12 años, que respondieron a un cuestionario sobre su participación en bullying y un segundo cuestionario que evaluó si estos estudiantes revelaron las intimidaciones. 82,85% de los estudiantes habían hecho la revelación a alguien. Las niñas (20%) revelaron a un amigo; 17,15% de los estudiantes de ambos sexos reveló para la madre; 2,7% reveló para el coordinador de la escuela y ningún estudiante reveló para el profesor. Los estudiantes también indican que esperan actitudes, después de la revelación, cómo hablar con el delincuente, estar disponibles para escuchar a la víctima y ayudarla a resolver el problema. Se encontró que las estrategias aplicadas por los padres y por lo coordinador pueden haber sido non eficaces, una vez que la intimidación aún persistía. A pesar de los alumnos, los padres y el staff escolar tienen acceso a información acerca del bullying, es importante elaborar estrategias para combatirlo.

Palabras clave: bullying; escuela; intimidación.


 

 

De acordo com Olweus (2003), o bullying é descrito como um comportamento agressivo, de natureza intencional, que ocorre repetidamente entre pares, durante um prolongado período de tempo, e é caracterizado por um desequilíbrio de poder entre as pessoas envolvidas. A literatura retrata quatro tipos de envolvimento em bullying: vítima, agressor, vítima-agressor e testemunha (Beane, 2010; Jordan e Austin, 2012).

Uma autora brasileira, especialista no estudo do fenômeno, define o bullying como "um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro(s) causando dor, angústia e sofrimento" (Fante, 2011, p.28).

Alunos envolvidos em bullying podem sofrer com diversas consequências. As consequências a curto prazo, muitas vezes, podem ser tidas como indicadores do envolvimento em bullying, sendo elas relativas à condição emocional, com o jovem demonstrando angústia, ansiedade e/ou depressão, com manifestações de baixa autoestima; ao rendimento escolar, com falta de vontade de ir à escola e baixo desempenho nas disciplinas; além de evitar falar sobre o que está acontecendo e, em alguns casos, tentar ou cometer suicídio (Lopes Neto, 2005). Em sua vida adulta, podem apresentar problemas de baixa autoestima, depressão, altos graus de sensação de medo, ansiedade, culpa, vergonha, desamparo e problemas com álcool, além de sérios problemas de relacionamento e comportamentos agressivos (Cubas, 2007).

Alunos vítimas e autores/vítimas têm risco significativo para o desenvolvimento de problemas psicossomáticos quando comparados aos alunos não envolvidos com o bullying. Os problemas que podem ser apresentados pelos dois grupos são: baixo ajustamento emocional, relacionamento pobre com os colegas de classe e problemas de saúde. Autores de bullying também podem ter um alto risco de desenvolver problemas de saúde quando relacionados a alunos não envolvidos, os maiores problemas estão associados a vítimas e autores/vítimas (GiniePozzoli, 2009).

Autores/vítimas apresentam alto risco para ajustamento social deficitário, isolamento, ansiedade, hiperatividade e distúrbios de personalidade (ibid.). Esses resultados sugerem diferenças entre os envolvidos com o bullying e indicam que os episódios independem do gênero (ibid.).

No entanto, quanto ao sexo dos autores de bullying, Smith e Shu (2000), em sua pesquisa com 406 estudantes ingleses, sendo 190 meninos e 216 meninas, encontraram que 93 meninos relataram ser vítima apenas de autores meninos. Para as meninas, 124 foram vítimas de bullying praticado por outras garotas, apesar de haver um número significativo de meninas vítimas, tanto de autores femininos, quanto masculinos.

Observa-se que a prática do bullying diminui conforme os alunos ficam mais velhos. Smith e Shu (2000) relatam que 18,7% dos alunos de 10 anos dizem sofrer bullying, enquanto esse número varia para 13,1% em alunos de 11 anos; 12,1% em alunos de 12 anos; 10,5% em alunos de 13 anos; e 7,5% em alunos de 14 anos.

Uma das explicações para o declínio do bullying de acordo com a idade seria o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento por parte dos alunos. No estudo de Smith e Shu (2000), alunos mais velhos afirmam ignorar com frequência os episódios de bullying, enquanto alunos mais novos geralmente choram e fogem da situação. Os dados do estudo indicam que 74% dos alunos de 14 anos e 53,4% dos alunos de 10 anos afirmam ignorar.

Ao que parece, alunos mais velhos desenvolvem estratégias de enfrentamento ao bullying, com as quais se obtém maior sucesso. Além disso, outra razão seria pelo anseio de independência e autonomia, o que pode levar os alunos a procurarem resolver o problema sozinhos, sem buscar ajuda. Outro motivo seria a preocupação que o jovem teria com seu status no grupo de amigos, uma vez que sua imagem, caso peça ajuda, possa ficar prejudicada perante aos amigos (Smith e Brain, 2000). Nessa mesma direção, alunos que revelam o bullying aos seus pares podem, ainda, correr o risco de rejeição pelos mesmos (Oliver e Candappa 2007). A maioria dos autores estuda na mesma classe que as vítimas (74%), seguidos de autores estudantes de uma série acima das vítimas (11%), e uma pequena minoria estuda na série anterior (2%) (Smith eShu, 2000).

De maneira geral, o bullying ocorre em diversas áreas do ambiente escolar, variando de acordo com a idade dos envolvidos, para alunos mais velhos, as intimidações são mais recorrentes na sala de aula e corredores do colégio; enquanto alunos mais novos relatam que os episódios ocorrem no parquinho e durante o recreio. Esses lugares podem ser frequentemente descritos por serem locais nos quais os alunos, de acordo com sua idade, passam mais tempo durante o período escolar (Smith eShu, 2000).

Em uma amostra de 6.282 alunos malteses de 9 a 14 anos de idade, por meio de um questionário de autorrelato, Borg (1998) identificou que alunos mais novos estão mais propensos a procurar ajuda de amigos, professores e pais; garotas procuram mais a ajuda de melhores amigos ou dos pais, enquanto meninos estão mais propensos a procurar a ajuda de um amigo ou professor. Esses dados indicam que o aluno recorreria a alguém do seu meio mais próximo, com quem passa grande parte do tempo e/ou a quem ele atribui autoridade e proteção.

Porém, em diversos relatos de vítimas de bullying e desses agentes supracitados (professores e pais), esses últimos revelam tomar conhecimento das intimidações quando essas se tornam muito frequentes e com consequências graves aos envolvidos.

Diante disso, buscou-se na literatura justificativas que expliquem os motivos pelos quais os alunos, vítimas de bullying, se calam diante das intimidações sofridas.

Uma das hipóteses é a de que o aluno já tenha revelado algo importante aos pais ou responsáveis e esses tenham sido inefetivos em sua resolução. Oliver e Candappa (2007) relataram que a estratégia de revelar aos pais é vista com cautela pelos alunos, uma vez que alguns pais podem não acreditar nos seus filhos ou até mesmo culpá-los pelo ocorrido. Quanto àrevelação de bullying, Smith e Shu (2000) encontraram que dos 23.5% dos alunos ingleses que contaram sobre serem vítimas de bullying à sua família, os pais não fizeram nada. No mesmo sentido, há menor probabilidade de o aluno revelar aos seus pais se esses se utilizarem de práticas parentais coercitivas. Pais coercivos utilizam-se de agressões, ameaças e expressões de raiva para comunicar-se com seus filhos. Dessa maneira, o bullying, se assemelharia à experiência familiar coerciva, sendo entendida pelo aluno como natural, acarretando uma não revelação (Duncan, 1999).

Por outro lado, crianças monitoradas de perto pelos pais teriam chances maiores de relatar o bullying, porque se considera que os pais perguntariam mais sobre as experiências da criança e essa estaria mais àvontade para compartilhar suas preocupações (Unnervere Cornell, 2004).

Apesar de o número ser menor, alunos relataram que alguns professores são inefetivos em suas ações. Novamente no estudo de Smith e Shu (2000), 9% dos alunos que revelaram o bullying ao professor afirmaram que esse não fez nada. Os alunos de Oliver e Candappa (2007) consideraram como fato inibidor a possibilidade de o professor não acreditar nos alunos, assim como repreendê-los.

O medo de retaliação, em caso do autor do bullying descobrir que foi reportada a violência, demonstra ser mais um dos possíveis motivos que inibem as vítimas de revelarem. A revelação ao professor, que poderia quebrar a confidencialidade do relato ao repassá-lo a outro professor, tornando-se uma espécie de fofoca, possibilita que outros alunos se tornem cientes do ocorrido, inclusive o autor da violência, que poderia retaliar ou tornar o bullying mais severo (Oliver eCandappa, 2007).

Esses exemplos demonstram como experiências prévias negativas podem interferir na busca de ajuda, pelos alunos, em eventos futuros. Dessa maneira, pais e professores podem contribuir para que os alunos não revelem o bullying e mantenham, com isso, o ciclo da violência escolar.

A revelação do bullying depende também do tipo de intimidação sofrida, uma vez que estudantes têm maior probabilidade de revelarem a violência sofrida quando essa engloba agressões físicas, visto que esse tipo de violência é popularmente considerado mais sério (além de ser mais visível, deixar marcas, ter como provar) e também por ser claramente contra as regras da escola aceitar tal tipo de comportamento.

Com relação à cronicidade, ao que parece, vítimas crônicas de bullying também têm maior chance de revelar a alguém. Estudantes não estão dispostos a revelar a alguém quando o episódio de violência escolar acontece uma ou duas vezes, mas ao tornar-se crônico, nota-se que os alunos ficam mais propensos a procurarem ajuda (Unnervere Cornell, 2004).

O clima escolar também interfere na revelação, à medida que os alunos percebem o ambiente escolar como positivo, no qual atos violentos não são tolerados e os professores se engajam em pará-los, esses alunos estão mais propensosa revelarem (Unnervere Cornell, 2004). Infelizmente, em algumas escolas a revelação do bullying é prejudicada porque o mesmo é visto como característico do ambiente escolar, de modo que se entende que não há o que possa ser feito para impedi-lo (Unnevere Cornell, 2004).

O objetivo geral foi caracterizar a revelação da violência sofrida em vítimas de bullying, sendo os objetivos específicos: identificar se as vítimas de bullying revelam essa forma de violência; para quem as vítimas revelam; quais os motivos de os alunos vítimas não revelarem; qual tipo de violência sofrem os alunos que revelam; e quais modificações no ambiente escolar facilitariam a revelação, de acordo os alunos.

 

MÉTODO

Participantes. Alunos do Ensino Fundamental de uma escola particular do interior do Estado de São Paulo, com idade entre 10 e 12 anos, cursando do 5º ao 7º ano.

Local. Os questionários foram entregues aos alunos, que responderam os mesmos no local e momento de sua preferência (casa, escola ou outro, etc.) e devolveram no dia combinado com a pesquisadora.

Instrumentos de coleta de dados

Questionário de envolvimento em bullying. Adaptação do questionário utilizado no estudo de Pinheiro (2006). O roteiro original contém 26 itens dos quais 13 avaliam o envolvimento do aluno como vítima de bullying e os outros 13 avaliam se o aluno se enquadra como agressor. Foram utilizados somente os itens que identificavam as vítimas. Esse primeiro instrumento foi utilizado para identificar vítimas de bullying, objetivando selecionar os sujeitos classificados como "envolvidos" para a aplicação de um segundo instrumento, que foi desenvolvido pelas autoras do presente estudo.

Levantamento de informações referentes à revelação do bullying. O segundo instrumento foi elaborado pelas autoras, com questões abertas e fechadas que investigaram se o aluno vítima de bullying relatou, pretendia relatar ou se não relataria sobre as intimidações. Além disso, pretendeu-se investigar os motivos dos alunos ao fazerem o relato, ou por que fariam e por que não o fariam. Também foram feitas perguntas para investigar se algumas alterações no ambiente escolar facilitariam a revelação.

Procedimento

Primeiramente foi realizado contato com a escola participante a fim de obter a devida autorização de sua participação nesse projeto. A seguir, o projeto foi submetidoao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos e desenvolvido somente após sua aprovação. Foi então realizado um contato com os alunos e entregues a estes participantes do estudo, dois Termos de Consentimento Livres e Esclarecidos (TCLE), no qual estavam expostos os objetivos da pesquisa, destacando o caráter voluntário de sua participação, assim como a garantia de anonimato e possibilidade de desligamento da mesma sem qualquer dano ao indivíduo. Um TCLE foi assinado pelo aluno, e o outro por um responsável pelo aluno, autorizando ou não sua participação no estudo. Os 190 alunos foram reunidos em uma sala da escola para que a pesquisadora pudesse explicar os objetivos da pesquisa, sua importância e seu procedimento. Cada aluno recebeu um envelope lacrado, contendo os dois TCLE e os dois questionários. Os alunos receberam a instrução de que se qualquer afirmação do questionário 1 fosse assinalada como "1 ou 2 vezes nos últimos três meses", independentemente do que foi assinalado nas outras afirmações, o aluno deveria responder o questionário 2. Foi também explicado que, no Questionário 2, os alunos poderiam escolher vários itens concomitantemente.

Foram distribuídos aproximadamente 190 envelopes contendo os dois questionários e os dois TCLEs. Foram devolvidos para a pesquisadora 145 envelopes. Dentre esses, 115 participantes responderam somente o Questionário 1, e 30 questionários não foram preenchidos. Desses 115 alunos, 64 pessoas responderam o Questionário 2. De acordo com o critério de análise de dados do Questionário 1, dos 64 alunos, 38 se enquadravam nos critérios de vítimas de bullying devido à frequência das ocorrências das vitimizações. Desses 38 alunos considerados vítimas de bullying, 35 responderam o Questionário 2.

 

RESULTADOS

Em relação ao sexo dos 38 alunos vítimas de bullying, 26 eram meninas e 12 meninos. Em relação às idades desses 38 alunos, a maioria dos alunos, totalizando 19, tinha 11 anos.

Os dados analisados a respeito da revelação referem-se aos 35 alunos que responderam o questionário 2. Desses 35 alunos, 25 eram meninas e 10 eram meninos. Houve alunos que indicaram ser vítimas no instrumento 1, mas não seguiram a instrução dada pelos autores, ou seja, não responderam o Questionário 2.

A Tabela 1 apresenta uma compilação das respostas dos alunos e a frequência delas de acordo com o sexo da vítima, no que diz respeito a intimidações que mais ocorreram com os alunos.

Pode-se notar que as intimidações mais frequentes foram: ser chamado por apelidos que não gosta (45,7%), ser alvo de fofocas (42,85%) e ser excluído das brincadeiras de propósito (31,4%), Quase todos os itens foram assinalados por alunos de ambos os sexos, porém, em sua maioria, a frequência feminina foi maior que a masculina.

Dentre os alunos que responderam o segundo questionário, 17,15% disseram que não revelaram sobre as intimidações a ninguém. Dentre os motivos para a não revelação, citaram que as intimidações não são importantes; que não revelaram por medo ou por vergonha. Por outro lado, 82,85% (29) alunos responderam ter revelado as intimidações para alguma pessoa.

Na Tabela 2, é possível notar para quem as revelações foram feitas.

A revelação feita pelas meninas em sua maioria foi para uma amiga (20%), seguida para sua mãe (17,5). A maioria dos meninos revelou para a mãe (50%), mas uma quantidade igual dos meninos restantes revelou para diferentes pessoas, como pais (8,6%), um amigo (5,7%) e um parente (2,85%).

Na Tabela 3, encontra-se o momento em que os alunos revelaram a alguém que determinadas intimidações aconteciam com eles.

A maioria dos alunos (31,40%) respondeu que revelou a alguém logo que as intimidações começaram. Outros momentos para a revelação foram quando as intimidações começaram a ficar mais frequentes (20%) e quando foram perguntados sobre o que estava acontecendo (17,42%).

A Tabela 4 caracteriza as intimidações sofridas pelos alunos que as revelaram a alguém logo que essas começaram. Os alunos que revelaram a alguém logo que as intimidações começaram poderiam indicar mais de uma forma de intimidação, assinalando mais de um item do questionário.

De acordo com a Tabela 4, ser forçada a fazer coisas contra a sua vontade foi indicada 14,3%, e ser chamado por apelidos que não gostam 11,4% e ser alvo de fofoca, 8,6%.

A Tabela 5 caracteriza, de acordo com o sexo, quais atitudes sofreram os alunos que revelaram a alguém quando as ocorrências se tornarammais frequentes. Semelhante a Tabela 4, os alunos que revelaram a alguém quando as ocorrências se tornaram mais frequentes poderiam indicar mais de uma forma de intimidação, assinalando mais de um item do questionário.

De acordo com a Tabela 5, revelar a alguém ser alvo de fofocas quando essa atitude se tornou mais frequente foi indicado por 17,15%, seguido de 11,4% no que se refere a ser chamados por apelidos que não gostam.

Quanto aos motivos que levaram alunos a contarem para pessoas da sua idade ou para amigos, deve-se citar que 20% responderam que essa pessoa também passa pela mesma situação que o aluno; 20% responderam que essa pessoa foi até o aluno perguntar o que estava acontecendo; 20% revelaram a essa pessoa porque estavam triste, com medo, e precisavam contar a alguém; 17,15% pensaram que essa pessoa poderia ajudá-los a sair dessa situação de vitimização; 2,85% contaram a essa pessoa porque ela sabe lidar melhor com esse tipo de situação que o aluno.

Quanto aos motivos que fizeram o aluno revelar a um adulto, deve-se indicar que 22,85% dos alunos disseram que gostariam que o adulto resolvesse a situação; 22,85% disseram que revelaram porque o adulto foi perguntar o que estava acontecendo; 20% contaram porque estavam tristes; e 2,85% contaram porque a direção da escola foi envolvida.

Ao revelar para alguém sobre as intimidações o problema; 11,4% esperavam ser ensinados a resolver ocorridas, alguns esperavam que essa pessoa fizesse sozinhos os problemas; e 11,4% dos alunos disseram alguma coisa. Na Tabela 6, encontram-se as respostas que não esperavam nenhuma atitude do ouvinte. dos alunos por categoria e sexo dos mesmos.

A maioria dos alunos, 48,6%, esperavam que o sexo, sobre o que facilitaria a revelação a alguém. adulto ou o amigo/colega de classeos ajudasse a resolver o problema; 11,4% esperavam ser ensinados a resolver sozinhos os problemas; e 11,4% dos alunos disseram que não esperavam nenhuma atitude do ouvinte.

A Tabela 7 contém as respostas dos alunos, por sexo, sobre o que facilitaria a revelação a alguém.

Para 57,15% dos alunos, poder fazer a revelação em uma caixinha instalada na escola, sem se identificarem, seria uma alternativa que ajudaria alunos a revelaram com mais facilidade; 51,4% responderam que ter alguém na escola disponível para receber esse tipo de revelação também facilitaria para que alunos compartilhassem as vitimizações que sofrem, enquanto 34,3% consideram que pais e professores deveriam prestar mais atenção ao acontece com o aluno e devem estar disponíveis para ouvir suas revelações.

As reações que os alunos esperavam de um professor ao revelarem a ele sobre uma vitimização estão compiladas na Tabela 8.

De acordo com a Tabela 8, 62,85% dos alunos gostariam que o professor para quem foi feita a revelação conversasse com o agressor, seguido de (57,15%) alunos que esperam que o professor ouça o que têm a dizer a respeito das vitimizações. Outros 60% dos alunos gostariam que o professor oferecesse dicas sobre como o aluno pode se proteger ou ter atitudes que acabem com as vitimizações.

 

DISCUSSÃO

Participaram do presente estudo alunos com idade entre 10 e 12 anos, cujas séries foram indicadas pela direção da escola, escolha justificada devido aos muitos casos de vitimização entre pares, o que vai ao encontro da faixa etária (de 10 a 16 anos) que apresentou maior incidência de casos de bullying nos estudos internacionais (Glover et al. 2000; Smith eShu, 2000).

Em relação à prática de bullying diminuir com a idade, como apresentado no estudo de Smith e Shu (2000), os alunos brasileiros investigados apresentaram um aumento da prática de bullying de 10 para 11 anos, enquanto houve um decréscimo de vitimizações entre alunos de 11 para 12 anos. Apesar de ser uma informação diferente daquela encontrada na literatura, esse dado poderia indicar uma particularidade da escola, uma vez que a maioria dos alunos de 11 anos está na mesma série (não necessariamente na mesma classe).

A maioria dos alunos do presente estudo é chamada por apelidos que não gosta. Essa categoria foi a mais assinalada pelos meninos, seguida de ser excluído de brincadeiras de propósito. Os itens mais assinalados por meninas foram também serem chamadas por apelidos que não gostam e serem alvos de fofocas. A maior frequência de meninas alvos de rumores confirma estudos prévios de que meninas se envolvem em relações indiretas de bullying e são mais vítimas de bullying verbal direto que meninos, enquanto esses estão mais envolvidos em agressões físicas (Pinheiro, 2006).

É interessante notar a discrepância quanto ao número de meninas, em relação aos meninos, que são forçadas a fazerem coisas que não desejam. Essa diferença poderia se dar por questões individuais como déficit em habilidades sociais, que está fortemente relacionado ao estilo parental ao qual o indivíduo está exposto (Pacheco, Teixeira e Gomes, 1999); poderia, igualmente, ser resultado da diferença cultural, em que meninas são geralmente educadas para aceitarem pedidos, enquanto recusas e reações agressivas por parte de meninos são mais aceitas socialmente.

Quanto ao momento da revelação, a maioria dos alunos revelou a alguém logo que as agressões começaram, porém essa é uma parcela pequena se levado em conta que estudantes têm maior probabilidade de revelarem a violência sofrida quando essa engloba violência física, enquanto xingamento e exclusões parecem ser menos sérios (LaddeLadd, 2002). Dos alunos que relataram ser vítimas de agressões físicas, um número muito pequeno deles indicou revelar logo que as intimidações começaram.

Algumas hipóteses explicativas para que menos da metade dos alunos vítimas de agressões físicas tenha revelado pode ser o tipo de agressão sofrida. Os questionários aplicados não investigam exatamente a topografia da violência física recebida, nem o sexo dos autores da agressão e alguns alunos podem não ter dado importância para a revelação porque o tipo de violência recebido foi simples, uma vez que não deixou marcas no corpo, ou não provocou dor.

Outra hipótese para a baixa revelação pode ser a de que os alunos vítimas de violência são colegas do agressor e se sujeitam a agressão para serem aceitos no grupo. Alunos oriundos de ambientes coercitivos, onde o estilo parental é autoritário, por exemplo, onde pais utilizam de agressões e ameaças a seus filhos, podem entender as agressões e ameaças feitas por pares como algo normal e não agir diante de vitimizações. O estilo parental exerce influência sobre o desenvolvimento de habilidades sociais dos filhos. Pais com estilo parental autoritário tendem a moldar e controlar o comportamento do filho de acordo com um padrão determinado; costumam enfatizar obediência; respeito pela autoridade e ordem; podem não estimular diálogos com seus filhos; e esperam que regras sejam seguidas (Pacheco et al, 1999).

Indivíduos com baixa autoestima muitas vezes se engajam em comportamentos degradantes em busca de reconhecimento social (Guilhardi, 2002) e com isso podem se manter em relações degradantes porque nela há condições que promovem esse reconhecimento. A revelação poderia, portanto, interferir na amizade e na perda de apoio social. Pode-se considerar que, no caso em que vítimas e autores de bullying são colegas, há uma alta probabilidade de as agressões serem intermitentes, ou seja, acontecerem intercaladas entre momentos agradáveis proporcionados por uma amizade (Martin e Pear, 2009). Por se tratar de episódios intermitentes, isso pode fortalecer os laços entre os alunos, porque o aluno vítima pode ser agredido, mas considerar que não vale a pena revelar devido ao lado positivo que a amizade proporciona, exercendo a função de reforçador social.

O fato de a maioria dos alunos que revelaram prontamente ter sido forçada a fazer coisas contra sua vontade pode indicar uma diferença cultural entre o presente estudo e os demais. Outra hipótese é que não foram investigados os tipos de ações que eram obrigados a fazer, o que pode incluir ações consideradas humilhantes e feitas em público, que provavelmente são ações que motivam o aluno a querer interrompê-las. Provavelmente os alunos que se recusassem a agir da maneira pedida recebiam ameaças, que apesar de não terem sido investigadas, poderiam envolver humilhações em público, agressões físicas, espalhar algum boato sobre o aluno ou inclusive contar algum segredo dele. Esse tipo de vitimização não foi encontrado como uma categoria de vitimização nos estudos internacionais investigados, mas se supõe que essa categoria não seja exclusiva do Brasil e que pode ser que esteja contida na categoria 'ser ameaçado', que também foi indicada como um tipo de vitimização sofrida pelos alunos brasileiros.

A periodicidade das vitimizações e sua relação com a revelação também foram encontradas no presente estudo, confirmando os dados de Unnerver e Cornell (2004). A maioria dos alunos que revelaram conforme as intimidações ficaram mais frequentes era alvo de fofocas. Pode-se hipotetizar que esses alunos procuraram ajuda quando os boatos foram disseminados para um maior número de pessoas ou quando outras informações (verdadeiras ou não) passaram a ser comentadas sobre o aluno. Também há a possibilidade de, por meio de fofocas, alunos criarem apelidos para as vítimas (de boatos), o que poderia ser interpretado pelas vítimas como uma gravidade nas intimidações recebidas.

Glover et al. (2000), em sua pesquisa com alunos ingleses de 11 a 16 anos, identificaram que alunos mais novos estão mais propensos a procurarem ajuda, e meninas procuram mais ajuda que meninos, corroborando os achados do presente estudo. Borg (1998) identificou que meninas procuraram mais a ajuda de amigos e pais, enquanto meninos estavam mais propensos a procurarem a ajuda de um amigo ou professor.

Considerando os motivos que fizeram os alunos revelarem para alguém da sua idade, é importante pensar em como os pares têm papel importante nas situações de bullying. O bullying não afeta apenas o aluno vítima, mas também o aluno a quem é pedido ajuda. Porém, em relação ao amigo a quem se revelou também ser vítima de bullying pode ser um indicativo de que vítimas de bullying podem exercer empatia aos outros colegas na mesma situação e isso pode facilitar a revelação.

A maioria dos alunos que contaram sobre a violência sofrida disse que esperava do ouvinte que esse o ajudasse a resolver a situação. Não foi investigado de que maneira o aluno gostaria que isso fosse feito, mas pode-se levantar hipóteses de que, mesmo o aluno que revela para um outro aluno vítima, o primeiro tem o anseio de cessar as intimidações. Porém, fazer a revelação a um colega não é suficiente para que medidas sejam tomadas por agentes escolares. Se as intimidações não foram identificadas por funcionários da escola é importante que o aluno ouvinte reporte essas intimidações a um desses funcionários. Para que a intimidação seja reportada, é importante que o aluno esteja consciente do que é o bullying e suas consequências negativas para os envolvidos a fim de que ele identifique a importância de se fazer a revelação.

O número de alunos que revelou a alguém foi alto e uma hipótese para isso pode ser devido as palestras sobre bullying oferecidas na escola aos alunos, pais e professores. Mas nota-se que apenas a revelação não é o suficiente para cessar as intimidações. Apesar de o Questionário 2 contemplar um período curto, três meses antes da aplicação do instrumento, as turmas de alunos investigadas foram sugeridas pela própria escola devido às constantes reclamações dos alunos, pais e professores quanto às intimidações entre os primeiros, o que sugere que as intimidações continuaram para alunos que revelaram, e/ou novas intimidações se iniciaram no momento em que foi feito o contato com a escola. Supõe-se que as estratégias aplicadas pela escola e pelos pais não foram efetivas ou talvez os mesmos achem que apenas ter o conhecimento sobre o bullying por meio de palestras é o suficiente para que se combata o problema.

Ter conhecimento sobre o que é bullying e suas consequências e saber identificar se o aluno é vítima também são habilidades necessárias para outros ouvintes que não estão presentes diretamente com o aluno durante as intimidações, como pais e outros familiares, assim como alguns membros da comunidade escolar, como coordenadores e diretores. O fato de a maioria dos alunos ter contado para uma pessoa de sua idade pode indicar tanto empatia por essa presenciar as intimidações sofridas pelo aluno, assim como ela também ser vítima de bullying, mas talvez por ter conhecimento que intimidações ocorrem com alunos. Nesse sentido, alguns pais e familiares podem ser inefetivos na resolução do problema por não acreditarem nas revelações e até mesmo culparem o aluno pelo ocorrido (Oliver e Candappa, 2007), assim como não fazerem nada (Smith e Shu, 2000). Considerando que a maioria dos alunos investigados gostaria que o ouvinte resolvesse o problema das intimidações, presume-se que, ao relevar aos pais e familiares,os alunos esperassem que os mesmos fossem efetivos na resolução ou ao menos acreditassem no filho.

Dos alunos investigados nenhum revelou a um professor da escola. Algumas revelações foram feitas à coordenadora do Ensino Fundamental, o que pode indicar que os alunos são instruídos a falar com ela sobre relações entre pares. Por outro lado, esse dado também poderia identificar que professores foram inefetivos diante de revelações feitas pelos alunos (Smith e Shu, 2000). Apesar de não terem sido investigados os locais onde mais ocorrem as intimidações, sabe-se que muitas intimidações ocorrem em sala de aula (Smith e Shu, 2000). Por passarem grande parte do dia com o aluno, professores deveriam estar capacitados para identificarem transtornos e situações prejudiciais às quais o aluno pode estar exposto. Brino e Williams (2009) identificaram que profissionais da escola, no Brasil, não estão capacitados para tais ações.

Considerando a importância do professor na identificação desses casos, o presente estudo investigou o que os alunos gostariam que o professor fizesse se esse fosse procurado para fazerem uma revelação. Os alunos, em sua maioria, gostariam que o professor ouvisse a revelação, o que pode ser uma forma de reconhecimento dos problemas pelos quais o aluno está enfrentando, ainda mais se ele já procurou outros indivíduos e esses foram inefetivos na resolução do problema por não acreditarem ou não darem importância às intimidações. O fato de desejarem que o professor converse com o agressor pode ser interpretado como uma forma rápida de interromper as intimidações, uma vez que o pedido é feito a alguém com autoridade em sala de aula e espera-se que os outros alunos, incluindo o autor de bullying, o respeitem. Por considerarem que os professores também podem dar dicas sobre como se protegerem ou acabarem com as intimidações, o aluno pode compreender o professor como uma pessoa capacitada para solucionar situações de bullying. Porém, se nenhum aluno deste estudo revelou a um professor, pode-se pensar que os professores da escola não são vistos pelos alunos como preparados.

Por meio dos dados encontrados, pode-se verificar que muitos alunos temem que sua revelação seja transmitida a outras pessoas, talvez por medo de retaliação por parte do autor de bullying. Isso pode ser identificado quando alunos que revelaram pediram para o ouvinte não contar a alguém, assim como o professor não comentasse com outros professores talvez por medo de esses comentarem o caso relatado em classe ou para outras turmas de alunos. O medo da retaliação poderia ser uma hipótese do porquê alguns dos alunos vítimas de bullying não terem relatado a alguém.

Fazer a revelação por meio de uma caixa/urna localizada no ambiente escolar pode ter sido interpretado por muitos alunos como uma forma de não precisar se expor para algum professor e estar sujeito à exposição de sua revelação em classe ou a outros professores, assim como não correr o risco de o autor ver o aluno comentando com alguém da escola sobre as intimidações. Além disso, alunos poderiam reportar intimidações sofridas por outros alunos. Ter uma pessoa responsável pelas revelações na escola também foi uma estratégia bem avaliada, e ela se assemelha ao que ocorre na escola onde se realizou a pesquisa, na qual a coordenadora do Ensino Fundamental é buscada pelos alunos para resolver conflitos.

A escola pode também não possuir regras claras e consistentes em relação à violência dentro do ambiente escolar (Stelko-Pereira e Williams, 2010). Eliot, Cornell, Gregory e Fan (2010), identificaram que alunos buscam suporte e ajuda de funcionários da escola quando estes são percebidos como receptivos e acessíveis, porém, o funcionário precisa propor soluções eficientes para a resolução do problema.

Para qualquer uma dessas intervenções, professores e agentes escolares precisam ser orientados sobre como reagir diante de situações de bullying. Encontrar condições para ensinar alunos, pais, professores e funcionários sobre o que é bullying equais suas consequências, oferecer instruções para quepais e funcionários possam identificar sinais de que o filho ou aluno sofre violência são fatores de grande importância na resolução dos conflitos. Porém, depositar a responsabilidade da redução de violência na escola em atividades meramente informativas e pontuais, como palestras, não é o meio mais efetivo para a prevenção (Stelko-Pereira e Dittrich, 2007) e possivelmente para a redução do bullying, uma vez que não diminuem variados fatores de risco e não aumentam fatores de proteção. Nessa direção, a revelação, somente, não auxiliaria na diminuição da violência a menos que sejam feitas intervenções efetivas. No entanto, encontrar meios e condições que promovam a revelação são essenciais para que se apliquem intervenções e sejam criados meios para cessar o problema.

 

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