Psicologia: ciência e profissão
ISSN 1414-9893
Psicol. cienc. prof. v.6 n.2 Brasília 1986
EDITORIAL
Você tem em suas mãos o número 2/86 da Revista Psicologia, Ciência e Profissão e estamos contentes por cumprir mais esta meta. Ainda estamos com dificuldades para garantir que você receba a revista em datas regulares. Porém, acreditamos que neste ano que passou nos aproximamos mais deste objetivo. Nossa expectativa é que num futuro próximo você possa saber exatamente em que meses do ano você estará recebendo a sua Revista.
No ano de 87, vamos editar três números, em vez de dois como vínhamos fazendo até agora. E, em 88, chegaremos a 4 números. Nossa responsabilidade cresce, mas cresce também a certeza de que estamos trabalhando para que Psicologia, Ciência e Profissão seja um canal de efetiva comunicação entre os colegas. Pretendemos que os colegas continuem se informando sobre a produção teórica e prática de Psicologia, bem como do debate de temas importantes do cotidiano de nossa profissão.
A fim de acompanhar o ritmo de nosso crescimento e para possibilitar nossa presença a nível nacional, estamos, a partir deste número, já contando com colaboradores. São colegas que se identificam com nossa linha editorial e que se dispõem a divulgar pessoalmente os objetivos da Revista assim como captar artigos e outras matérias. Seus nomes: Ana Cecília Sousa Bastos, Ítalo Francisco Campos e Maria Luísa Schmidt.
Nas páginas desta edição, você vai encontrar na seção Psicologia Em Debate uma discussão sobre a Psicologia do Trânsito. Acreditamos que este tema esteja na ordem do dia, pois aos poucos a sociedade toma consciência do grande problema que os acidentes fatais no trânsito representam. Estes podem ser considerados como uma questão epidemiológica pela proporção com que vitima a população. Diante desta realidade, os especialistas têm procurado pensar sobre o problema existente e indicar perspectivas de trabalho com as quais os psicólogos podem colaborar, revendo, inclusive, as práticas atuais nesse campo. Tal tema é tratado pelos colegas: Reinier J.A. Rozestraten e Maya Hantower, e pelo engenheiro Eduardo Daros, um dos fundadores da Associação Brasileira de Pedestres. O CFP, representado pelo Conselheiro José Sollero Neto, também expressa sua posição.
Oficina de Saúde é o nome da proposta de um trabalho com a saúde da mulher, desenvolvido pelo Serviço de Orientação à Família (SOF). A psicóloga Cecília Elena Fuentes Guedes, da equipe do SOF, conta o que se pretende alcançar com este trabalho e como está sendo colocado em prática.
Dentre os artigos, a área de Psicologia Organizacional se vê contemplada com o bem-fundamentado artigo sobre treinamento. Neste, Jairo Eduardo Borges-Andrade tece criticas severas à tecnologia vigente e apresenta como alternativa a tecnologia instrucional associada a alguns princípios de Psicologia Social das organizações. Ao definir um quadro referencial teórico e explicitar os diferentes usos da tecnologia, o papel do profissional de treinamento será decisivo nesse contexto. Nas palavras do autor, defendemos a tese de que será esse papel que poderá determinar a competência política deste profissional, que precisa também ter consciência dos usos que se podem fazer da tecnologia instrucional.
Um outro artigo é o da colega Heloísa Szymanski Ribeiro Gomes, Terapia de Família, onde discute as concepçês desta abordagem, baseadas no seguinte argumento: A razão de se incluir toda a família no tratamento de problemas de ajustamento baseia-se no fato de que o que ocorre num indivíduo que vive numa família não decorre apenas de condições internas a ele, mas de um intenso intercâmbio com o contexto mais amplo no qual está inserido. Ele não só recebe o impacto desse ambiente como atua sobre ele, influenciando-o. A autora deste artigo refere-se, também, às dificuldades deste campo ainda recente entre nós e aos caminhos a serem percorridos para sua expansão.
A seção Informe-se dá continuidade à matéria publicada na edição anterior sobre um assunto que acreditamos ser de interesse geral: As bolsas de estudo para o Exterior. Nela, podemos constatar que a área de Ciências Humanas, onde se insere a Psicologia, não é das mais aquinhoadas pela política atual do governo brasileiro quanto à concessão de recursos financeiros.
E assim, juntamente com as demais seções - Cartas, Leitura e Periódicos - fecha-se este número. Fecha-se também o ano de 86 e abre-se o de 87, ano da Constituinte, quando nos colocamos juntamente com o povo brasileiro na expectativa de ver garantidos nossos anseios por um Brasil democrático.