4O círculo da vidaCírculo Psicanalítico da Bahia - trinta anos: marco da psicanálise na Bahia 
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Cógito

 ISSN 1519-9479

Cogito v.4  Salvador  2002

 

EDITORIAL

 

Este número tem uma significação especial dentro da seqüência editorial da cógito, pois traz os trabalhos apresentados na XIII Jornada que foi uma jornada especial em vários sentidos.

Comemoramos então os 30 anos de existência do Círculo Psicanalítico da Bahia expondo durante a jornada a criação artística de nossos colegas, Gildete Lino de Carvalho e Luiz Fernando Pinto, homenageando seus fundadores – Carlos Pinto Corrêa, Eny Iglesias e Luiz Fernando Pinto – e, ainda, fazendo uma retrospectiva do percurso histórico do Círculo através de um painel fotográfico criado por Gildete, que evocou a lembrança de muitos colegas que por aqui passaram, mostrando inclusive, os efeitos do tempo no percurso da Instituição e de seus membros.

Nesta jornada tivemos presentes várias instituições psicanalíticas bahianas, através de representantes que trouxeram contribuições, não apenas teóricas, profissionais, mas também as afetivas, pessoais, fazendo daquele momento uma verdadeira comemoração, uma confraternização que certamente trouxe àqueles que participaram, uma emoção especial.

A revista, tendo em vista seus limites, não poderia veicular todas estas significativas e importantes contribuições e optamos por mantê-las reunidas numa edição em separado na forma de CD room. Destacamos então, para a revista, apenas os trabalhos apresentados por membros e associados do Círculo fazendo exceção para dois trabalhos: “A cabeça de João Batista” de Lúcia Azevedo e “Culpa e angústia em Heidegger” de Acylene Ferreira.

O primeiro tem a função, não apenas de contribuir ao tema, mas também de homenagear a mentora intelectual desta revista, já que estamos neste circuito de homenagens. O segundo, foi requisitado da autora por sua clareza e pertinência ao tema, na medida em que trata pelo viés filosófico de questões que se aproximam e esclarecem o que aqui tratamos, propiciando releituras do problema do gozo articulado à culpa e à angústia.

O tema da revista – Gozo e Sexualidade – nós o tomamos ressaltando a distância conceitual entre estes dois termos, - reunidos numa significação sinonímica no senso comum - para tirar desta distância todas as possíveis conseqüências teóricas e práticas, fundamentais ao trabalho analítico dirigido à cura.

Quando Lacan, retomando o paradoxo freudiano da pulsão de morte, propõe um desejo de morte em oposição ao desejo de objeto, no circuito do prazer e da pulsão de vida, ele aponta uma vertente de gozo estranha ao gozo sexual.

A partir daí podemos seguir as pegadas de um caminho teórico que alcança uma formulação sobre um outro gozo que implica como cerne a “satisfação”, se assim se pode dizer, da pulsão de morte. Os trabalhos aqui reunidos pretendem retomar a reflexão sobre estas questões.

A escolha das imagens que ilustram a revista não poderia ser aleatória, pois diante da obra de Vigeland, não se pode ser neutro. Fica então a intenção de provocar no leitor o confronto com as formas do gozo que o saber do artista propõe e que, em sendo colocado na arte, se faz representar dando forma àquilo que as palavras não recobrem.

A Comissão Editorial da revista agradece aos colaboradores que investiram na realização deste empreendimento, alimentando o desejo de que este trabalho produza novos efeitos mais além.

Cibele Prado Barbieri

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