5 1Corps contemporains. Création et faits de culture: Le corps extrême: corps inhumain, corps posthumain ou corps trop humain? 
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Latin American Journal of Fundamental Psychopathology On Line

 ISSN 1677-0358

Lat. Am. j. fundam. psychopathol. on line v.5 n.1 São Paulo maio 2008

 

EDITORIAL

 

Corpo e sensações nos caminhos da psicopatologia fundamental

 

O leitor do LAJFP encontrará neste número a predominância de trabalhos voltados para o campo do corpo e das diversas formas de representá-lo, a partir da posição do sujeito frente ao sofrimento psíquico.

Com isso, a importância que estas duas referências guardam para a psicanálise e para o campo da psicopatologia, reside na tarefa de um refinamento da escuta clínica e nas formas como o corpo é intercalado no espaço da representação, nos mais variados impasses registrados entre a carne e a palavra.

Na seção de artigos produzidos por colaboradores de outros países, o corpo é apresentado através da clínica e da estética, para ser, finalmente, interrogado entre duas posições subjetivas: a do sintoma e a da criação. Sintomas que podem passar por um dispositivo de recriação nostálgico, em que o corpo envelhecido é convocado pela mídia a ocupar uma posição de onipresença no discurso cultural e social. Discursos que lançam\o sujeito em um lugar suportado por uma analítica, vista pela lente das dimensões históricas e culturais do preconceito e o lugar de irreverência com que o inconsciente expõe o sujeito às cenas de constrangimento, vergonha e culpabilidade.

Na seção de trabalhos produzidos por colaboradores do Brasil, ampliamos este diálogo do pathos com o corpo envolto em envelopes sensoriais, como uma forma inquestionável de que os desafios da clínica, vistos desde a psicopatologia fundamental, podem redescobrir no trabalho com crianças autistas, uma atualização da escuta, dispensando a rigidez de uma imprescindível interpretação clássica.

Da clínica para o autista, passamos ao campo da alteridade constituída nos caminhos da psicopatologia fundamental.

Inauguramos este percurso com uma articulação entre o corpo e umas das formas bem conhecida de representação: os desfiladeiros pulsionais do corpo na fobia, a partir do traço irracional e persistente do medo. Avançamos, com a mediação promulgada pelas imagens cinematográficas interpostas na produção da fala de sujeitos psicóticos. Nesta forma de produção, é de grande valia o sentido que se constitui para o corpo e para o sujeito, em função da resultante derivada da relação entre imagem e identificações imaginárias. São estas algumas formas de representação do sofrimento psíquico. Representação psíquica tomada por uma perspectiva winnicottiana na incidência sobre o desenvolvimento psíquico infantil, privilegiando à de-privação que suscita os atos anti-sociais.

Atos anti-sociais sempre sentidos e angustiadamente trabalhado pelo sujeito como uma possibilidade desesperada de re-significação, quando é destituído do espaço familiar e constituído no movimento migratório em direção a sua condição inconsciente de estrangeiro.

Afinal, tantas indagações organizam uma pergunta: alcançamos os corpos subjetivados em função de um ato de "sobrevivência ou de resistência"? É esta inquietação que se traduz em função da lógica dos corpos submetidos à dominação e à violência. Há um clamor incessante pela possibilidade de um sentido.

O campo da epistemologia fecha esta seção com uma discussão sobre a psicanálise no contexto interdisciplinar da psicopatologia fundamental, privilegiando os conceitos de tensão e conflito de posições.

Concluímos este número, com duas seções criadas para consolidar a linha editorial do LAJFP. Uma seção de resenhas de obras importantes para o campo da psicopatologia fundamental e a inauguração de um espaço voltado para a divulgação das dissertações e teses doutorais produzidas nos laboratórios e programas com representantes associados da AUPPF.

Henrique Figueiredo Carneiro

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