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Latin American Journal of Fundamental Psychopathology On Line
versão On-line ISSN 1677-0358
Lat. Am. j. fundam. psychopathol. on line v.5 n.1 São Paulo maio 2008
ARTIGOS
Os corpos da vida nua: sobreviventes ou resistentes?
The bodies of naked life: survivors or resistents?
Maria Helena Zamora*
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
RESUMO
O objetivo deste ensaio é explorar o conceito de Foucault de biopoder e suas muitas formas de fixação, colonizando os vários domínios da Vida. Aqui tem-se como fio condutor os escritos mais recentes de Agambem, Fuganti, Pelbart e Costa, entre outros, quando refletem sobre as formas capitalísticas atuais de produzir dominação e violência. Enfatiza-se para isso o conceito de Agambem de "vida nua" _ a vida natural não politizada. Procura-se também pensar que formas de resistência hoje podem ser produzidas. Utilizamos imagens para dar novos significados ao que se "percebe" no cotidiano: propagandas, manchetes de jornais, quadrinhos, bem como fotografias de autores consagrados para compor com o texto um arranjo singular, para fazer pensar.
Palavras-chave: Migração, Psiquismo, Psicopatologia Fundamental, Analista, Estrangeiro.
ABSTRACT
The aim of this essay is to explore Michel Foucault´s concept of biopower and its many forms of fixation that colonizes the several fields of Life. We use recent essays by Agambem, Fuganti, Pelbart, Costa and others; and their reflections on the capitalistic ways of producing domination and violence. We emphasize Agambem´s concept of naked life - natural, non-politic life. We also consider which forms of resistence can be produced today. We use images as a way to give new meanings to what is perceived in everyday life: advertizing, newspaper headlines, comics and famous photography.
Keywords: Biopower, Naked Life, Production of Subjectivity, Violence.
RESUMÉ
Le but de cet essai c'est d'aproffondir ou d'élargir le concept de Foucault de biopouvoir et leur plusieurs formes de fixation qui colonise la vie. Cet article a en tant que fil conducteur la recent production de Agambem, Fuganti e Costa, parmi d'autres, au moment où ils réflessisent à propos des formes actuelles encadrées par la pensée capitaliste, de produire domination et violence. Tout en suivant cette ligne de pensée, nous mettons l'accent dans le concept de Agambem de _ "La vie nue"- cet à dire, la vie naturelle, la vie pas politisé. Nous cherchons aussi réflechir à propos des formes de résistence qui peuvent être produites. Pour atteindre ce but nous utilisons des images qui puissent donner des nouveaux senses à tout que nous pouvons "percevoir" dans le cotidien: de la publicité, les unes des journaux, des bandes dessinées, aussi bien que de photos d'auteurs consacrés, pour que tout celá fasse une composition avec le texte un arrangement singulier, qui puisse "faire penser".
Mots clés: Bio-pouvoir, Vie Nue, Production de Subjectivité, Violence.
RESUMEN
El objetivo de este ensayo es profundizar el concepto de biopoder de Foucault y sus múltiples formas de fijación, colonizando los vários domínios de la Vida. Aqui tenemos como conductor los escritos más recientes de Agambem, Fuganti, Pelbart y Costa, entre otros, cuando hablan de las formas capitalísticas atuales de producir dominación y violencia. Enfatizamos el concepto de Agambem de "vida desnuda" _ la vida natural sin la dimensión política. Procuramos también pensar que formas de resistencia hoy pueden ser producidas. Utilizamos imagenes para dar nuevos significados a lo que se "percebe" en el cotidiano: propaganda, artículos em periódicos, "comics" y también fotografías de autores renomados, para hacer con el texto una composicón singular, que pueda "hacer piensar".
Palabras clave: Biopoder, Vida Desnuda, Produción de Subjetividad, Violencia.
Vida: o inaudito, imprevisível, cruel, incontrolável, a festa dionisíaca, a pulsação, o devir, o desejo, o movimento, os corpos, as almas, os cheiros. Mas também vida capturada, fabricada, modelizada, serializada, controlada, previsível, individualizada, identitária.
Nunca se falou tanto da necessidade de preservar a vida, garanti-la, libertá-la. O discurso de defesa da vida unifica as práticas mais diversas. A defesa da vida é a palavra de ordem comum a líderes espirituais, pensadores, cientistas, governos, mídia, políticos, exércitos. Cria e vende técnicos, especialismos, agências e escritórios, pesquisas, consultores e experts; cria e vende tecnologia de saúde, medicamentos, dispositivos de segurança, prisões, armas...
FOTO 1 - Estudo artístico a partir de ultrassonografia de gestação.
Fonte: Propaganda de plano de saúde.
Trata-se da hegemonia de um tipo de poder-capital que pretende controlar a vida, mas que já não quer propriamente matar - ainda que a guerra e o crime sigam sempre lucrativos. Não se interessa por supliciar, ainda que a tortura continue vigente e se procure institucionalizá-la nos insterstícios da Lei. Quer antes se ocupar da vida, fazer dela seu objeto de gestão e regulação.
Tratamos aqui do conceito de biopoder, colocado por Michel Foucault em seu curso Il fault défendre la societê, no Collège de France, em março de 1976; questão que vem a ser retomada pelo autor em A vontade de saber. O autor delimitava uma nova tecnologia do poder e a emergência de uma sociedade, que é menos marcada pelo confinamento das prisões disciplinares do que pelo controle. Nesses trabalhos Foucault (1993; 2000) mostrou que o poder no regime de soberania se exercia fazendo morrer e deixando viver. Ou seja, cabia ao soberano a prerrogativa de matar, exemplarmente, os que ameaçassem seu poder e deixar viverem os demais. Com o biopoder cabe, sobretudo, fazer viver, isto é, cuidar da população, dos processos biológicos, da saúde da população - e a certos grupos, deixar morrer. É o biopoder que explora, faz trabalhar, dirige os sonhos, cria novos ricos e novos pobres, novos delitos, novos cárceres, numa incessante vampirização da vida.
O objetivo deste pequeno ensaio é explorar o conceito de biopoder - e suas muitas formas de fixação em todos os domínios, atravessando e colonizando a vida - tendo como fio condutor a produção de Foucault, Arendt, Deleuze, Guattari e a mais recente de Pelbart, Fuganti, Costa, entre outros autores, enfatizando o conceito de "vida nua", de Agambem. Reconhecendo a potência indomável da vida, queremos também pensar que formas de resistência podem ser produzidas hoje.
1. Subjetividade Capitalística e Biopoder
FOTO 2 - Fonte: Propaganda de refrigerante.
Uma criança de dois anos balbucia "Totóia" e estende a mão. O avô passa para ela uma mamadeira de leite. Pergunto o que isso tudo quer dizer e ouço: "Ela quer Coca-Cola". "E ela já toma Coca?" - eu me admiro – "Por que então você deu leite?" A resposta fica em minha lembrança: "Ela toma. E para ela, tudo o que ela gosta, ela chama de `totóia'!"
Todos os terrenos antes pensados como "selvagens", invioláveis – corpo, natureza e inclusive o inconsciente, no dizer de Jameson (1996) e o tempo "humano", para Virilio (1983) – encontram-se colonizados pelos poderes do capital. Tais poderes, sem explicações mais extensas, são "as ciências, o capital, o Estado, a mídia" (Pelbart, 2006).
O capitalismo é feito da conjunção de fluxos "de propriedades que se vendem, de dinheiro que escorre, de produção e de meios de produção que se preparam na sombra, fluxo de trabalhadores que se desterritorializam" (Deleuze e Guattari, 1976, p. 283) e da reação de uns sobre os outros, de possibilidades plásticas infinitas. Ele necessita da subjetividade como sua principal matéria-prima e seu maior produto (Guattari e Rolnik, 1999). É precisamente esta circularidade da sub jetividade que permite ao capitalismo sua existência, afirmação e reprodução.
FOTO 3
No seu estudo para o retrato do Papa Inocêncio X, de Velazquez, Francis Bacon não detalha o olhar imperioso do homem, como o fez o autor da pintura original, em 1650. Trezentos anos depois, o comentário do papa sobre a obra detalhista de Velazquez: "Muito vivo!" não teria sentido para a obra de Bacon: como em tantos dos seus trabalhos, a face está deformada e precisa se expressar, uma figura tensa e atormentada, longe de repousar seguro em seu trono como o papa verdadeiro. Com Bacon, linhas esparsas diluem e espalham sua figura, ao mesmo tempo em que se demarca seu lugar.
Gostaríamos de tomar esse esmaecimento da figura central de poder – de um papa político, poderoso e influente em sua época até o grito de outro a quem não distinguimos a face – como a descentralização do poder capital. Não há um rei a quem servir ou decapitar, há a plasticidade da ação de infinitos rizomas.
O capitalismo mundial – bem como a subjetividade e o biopoder que engendra – opera através do que poderíamos chamar de "hiperconexões", de redes frias de exploração, violência e cinismo (Passos, 2000). Assim, atua de múltiplas formas anônimas, flexíveis, sem país central, sem cara – mal podemos localizá-las. Opera fabricando individualidades, quando nada mais faz que propor modos de ser em série, subjetividade indiferenciada.
O controle da vida atinge todos nós. "Ao reduzir a existência ao seu mínimo biológico, o biopoder contemporâneo nos transforma em meros sobreviventes", afirma Pelbart (2006). O autor retoma o percurso de Agambem (2004), que mostra a vida reduzida à dimensão zoe, ou seja, a corpos "matáveis", sem que tais mortes se constituíssem assassinatos, porque distantes da importância política.
Agambem recorda o "muçulmano" dos campos de concentração nazistas, trazido pela testemunha Primo Levi (1988). A morte em Auschwitz era trivial, burocrática, cotidiana, sem motivo, sem um porquê. O "muçulmano", no jargão do campo, era o prisioneiro que a dor, a humilhação, a fome, haviam tirado toda possibilidade de expressão e reação: "Tudo já lhe é tão indiferente, que não tenta fugir ao trabalho e às pancadas, nem procurar comida. Executa todas as ordens que recebe; é provável que, quando for enviado à morte, ele vá com essa mesma absoluta indiferença" (p. 42).
Incomunicável, "interiormente oco" (p. 41), sem reações – o prisioneiro não duraria mais que uns poucos meses. Eram as VPs (Versuchenpersonem), as cobaias humanas dos experimentos médicos reais (Agambem, 2004, p.161), nos campos, que eram por sua vez os grandes "laboratórios para a experimentação do domínio total" (Arendt apud Agambem, 2004, p. 126).
"Figuras", ou seja, silhuetas humanas, eram os nomes dados aos prisioneiros nos campos na expressão da soberania da morte nazista. Bonecos, manequins, meros fantoches. No Nordeste do Brasil existe uma expressão que dá conta do ser que deambula em sua mera "figura de gente", semimorto de fome, de sede, abúlico em sua miséria – diz-se que ele está "só vivo dentro da roupa".
FOTO 4 Campo de concentração britânico na Alemanha entre 1945-47.
Fonte: The Guardian, http://image.guardian.co.uk/sysimages/Guardian/Pix/pictures /2006/04/02/ prisoners372ready.jpg
O biopoder contemporâneo, conclui Agamben, reduz a vida à sobrevida biológica. "De Guantánamo à África, isso se confirma a cada dia" (Pelbart, 2006). A ambição suprema do biopoder "é realizar no corpo humano a separação absoluta do zoé e do biós, do muçulmano e da testemunha, do vivente e do falante. (...) Pois não é mais a vida, não é mais a morte, é a produção de uma sobrevida modulável e virtualmente infinita que constitui a prestação decisiva do biopoder de nosso tempo". (Agamben apud Pelbart, 2006).
FOTO 5 - Foto de Kevin Carter , Prêmio Pulitzer de 1994
Os sobreviventes são existências marcadas pela extrema instabilidade e violência. Podem ter casa e podem perdê-la na enchente ou no fogo; podem ter trabalho e podem ser demitidos; podem estar vivos e logo levar um tiro; podem estar livres e ser presos, não importando a conduta; podem ser suspeitos e ter que fugir. Como em Auschwitz, no lugar que ocupam os sobreviventes, não tem porquê (Levi, 1988, p. 27).
Tudo é incerto e passa com tal rapidez, que a vida não pode ser vivida senão no imediatismo do instante. O "contorno comum" de cidadão que poderia assegurar alguma consistência ao laço social, está reduzido a seus espectros na conjuntura devastadora do desamparo de Estado, da ausência de garantias, que produz devastadoras conseqüências (Bauman, 1999, 2003; Castel, 2005; Costa, 1994). Arremessadas à vida "por um triz", quando "mesmo quando tudo vinga, é no limite tênue que separa a construção do desmoronamento" (Pelbart, 2003, p. 146). Trata-se de viver para morrer, em vez de viver até morrer.
FOTOS 6 E 7 - As duas fotos seguintes são de operações policiais no Complexo do Alemão, conjunto de favelas do Rio de Janeiro, que resultaram em mais de 43 mortos e 85 feridos, inclusive crianças.
Fonte: Jornal O Globo On line
http://oglobo.globo.com/rio/mat/2007/06/27/296543721.asp
2. Onde somos capturados?
Aqui colocaremos mais uma questão que nos interessa: em que medida "todos nós" somos reduzidos a sobreviventes? Como nós, os de "boas condições" e de "bons corpos" podemos ser afetados?
Rastreando com Pelbart as pistas de outra testemunha, Bruno Bettelheim, o comandante do campo é uma espécie de "muçulmano", "bem alimentado e bem vestido" (Bettelheim, apud Pelbart, 2006). O carrasco é ele também sobrevivente, cumpridor de ordens, desprovido de sensibilidade, incapaz de pensar, como assustadoramente nos lembra Hannah Arendt em Eichmann em Jerusalém nos apresentar não a um assassino brutal, sem arrependimentos ou a um adversário malicioso e desafiador, mas a alguém difícil de odiar, porque era um homem de meia idade absolutamente comum, um "normal", um burocrata ordinário que, como milhares de outros, apenas cumpria ordens e gostava de trabalho bem feito (Arendt, 1999)!
Tal condição de sobrevivente nos diz respeito porque o efeito disseminado do biopoder contemporâneo não se restringe aos regimes totalitários, "e inclui plenamente a democracia ocidental, a sociedade de consumo, o hedonismo de massa, a medicalização da existência, em suma, a abordagem biológica da vida numa escala ampliada" (Pelbart, 2006).
"Capital não é uma entidade simplesmente abstrata (...) que se inocula por milagre no coração dos homens. Existem vidas que desejam o capital. Assim como o capital deseja um tipo de vida, em um tipo de vida" (Fuganti, 2007, s/p.). Na ansiedade de afastar a diferença inquietante, o poder vira espelho e os microfascismos se multiplicam e se disseminam no cotidiano. Já nos advertia Reich – as "massas" não foram enganadas, mas desejaram o fascismo (Rauter, 2002).
FOTO 8 - Batman: Asilo Arkham, de Grant Morrison, ilustrado por Dave McKean, SP: Ed. Abril, 1990.
"Desejos de manicômio! Desejos de subjugar, de classificar, de controlar, de oprimir" (Machado e Lavrador, 2001, p. 46). Onde nosso desejo se prende a processos de institucionalização da vida e "ajudamos a modular os sistemas de saberes-poderes que nos atravessam e a conservar as redes invisíveis de subjetivação moral, que sabotam as forças vivas da vida, a potência do novo, do desconhecido, do inusitado, da diferença"? (Dimenstein, 2006, p. 76-79).
FOTO 9 - Blind Woman, Paul Strand, New York, 1916
"Desejos de manicômio" configuram-se como uma lógica que está presente "em toda e qualquer forma de expressão que se sustente numa racionalidade carcerária, explicativa e despótica" (Machado e Lavrador, 2001, p. 46). São os "Manicômios S. A.", o paradigma do modelo institucional que propõe a submissão, que funciona sobrecodificando todos os discursos, que esmaga toda produção desejante, produzindo em lugar dela "uma subjetividade desapaixonada, descompromissada com a vida, desimplicada com o mundo" (Vega, 2000, p. 33), trocando a experimentação pelo desejo de classificar e hierarquizar.
Esta é uma época que precisa muito de drogas, de "invólucros neurolépticos" que dessensibilizem, que despolitizem a vida, que afastem a revolta. Parece que precisamos muito de calmantes, estimulantes, de remédios para emagrecer, viagras, ritalinas e tudo que afaste as "singularidades intrusivas" da nossa "vida lisa" (Guattari, 1991).
Nesta época de embotamento nunca estamos tristes, mas no máximo depressivos. Nunca nos envolvemos, no máximo estamos informados. Não envelhecemos mais, apostamos na preservação de uma saúde feita de privações e disciplinas aprisionantes. Nossos corpos não vibram, estão silenciados, adestrados para serem belos a qualquer custo (Novaes, 2006), mas blindados e docilizados.
Será que nós, os "rivotris", não rimamos tragicamente com as vidas "por um triz" - elas ao menos perpassadas de alguma vibração, nem que seja para seu aniquilamento? Estaremos reduzidos às patologias do vazio, à despolitização do cotidiano, à desocupação de nossa cidadania, ao consumo narcotizante, à vida besta, à vida de besta?
Quais as possibilidades de resistência dos corpos abúlicos, dos corpos da vida de gado? Como deixar que outras forças do mundo nos atravessem? Como agüentar as intensidades da vida, vibrar com elas, deixar-se levar, dar lugar às experimentações sem se aniquilar, sem produzir um corpo para a morte? Como manter a alegria?
3. Como uma guerra ao biopoder?
FOTO 10 - Divulgação do documentário "Estamira", de Marcos Prado.
Não há caminho senão resistir. Mesmo o "muçulmano", em seu casulo suspenso, onde não distingue frio de pancada, grosseria de fome, está de alguma forma longe da possibilidade de ser magoado ou maltratado. Inacessível à crueldade, indiferente, é imune a seu algoz. Matá-lo não é crime, mas também não é vantagem.
Talvez só possamos traçar os planos dessa guerra, novas estratégias, se formos capazes de reconhecer que é aí mesmo onde reina a biopolítica que resiste a biopotência. Que nunca foi "tudo dominado": que ali onde o poder decretava vitória, a vida pulsava, as cinzas fumegavam, desejos se juntavam.
Exercer o pensar, ousar pensar. Ousar perguntar pelo arranjo de tudo, por Deus e pelos homens, como Estamira no meio do lixo. Espoliada embora, ela se ergue contra o "esperto ao contrário", a estupidez e o cinismo de uma "civilização" antivida. Como bem nos diz Agambem (2007), retomando os estudos de Benjamin do capitalismo como religião, este é um culto "que não tem em vista a transformação do mundo, mas a destruição do mesmo" (p. 70).
Resistir!!! Contribuir, colocando-nos em jogo, "para que `a política que vem', `o homem que vem' estejam mais perto como potência de vida, potência de ser e não-ser" (Assmann, 2007, p. 14).
FOTO 11 - Jerome Liebling, Butterfly Boy, 1949
http://www.spartacus.schoolnet.co.uk/USAPphoto.htm
Lembrar que "as forças do mundo não cabem numa só pessoa e o mundo não tem paz, ele é nervoso, finito, inventado e reinventado a todo momento" (Baptista, 1999, p. 77). É preciso também fugir do mesmo, refazer percursos, pensar e criar. Ter aliados, procurar coletivos, vontades potentes, um mundo onde caibam todos (Zamora, Tolmasquim e Vergne, 2005). o poder do lugar de onde se está.
"Desconfie do medo, a guerra também é música, dance" (Baptista, 1999, p. 77).
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Endereço para correspondência
Maria Helena Zamora
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio
Departamento de Psicologia
Edifício Cardeal Leme, sala 201
22453-900 Rio de Janeiro, RJ, Brasil
E-mail: zamoramh@oi.com.br
Recebido em janeiro de 2008
Aceito em abril de 2008
* Professora do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio; Vice-Coordenadora do LIPIS - Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção Social - da Vice-Reitoria para Assuntos Comunitários da PUC-Rio (Rio de Janeiro, RJ, Brasil); Professora convidada da Especialização em Psicologia Jurídica da Universidade do Rio de Janeiro. Foi professora da Universidade Santa Úrsula e da Universidade Federal Fluminense.