Estudos e Pesquisas em Psicologia
ISSN 1808-4281
Estud. pesqui. psicol. vol.21 no.spe Rio de Janeiro 2021
https://doi.org/10.12957/epp.2021.63945
Estudos e Pesquisas em Psicologia
2021, Vol. spe. doi:10.12957/epp.2021.63945
ISSN 1808-4281 (online version)
PSICOLOGIA SOCIAL
Compreensão de Trabalho Decente entre Jovens com Baixa Qualificação
Marcelo Afonso Ribeiro*; Bruno Bones Valdo da Costa**; Iramaia de Almeida Gonçalves***
Universidade de São Paulo - USP, São Paulo, SP, Brasil
Endereço para correspondência
RESUMO
Trabalho decente é um conceito proposto pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) com base nos contextos de trabalho dos países desenvolvidos e em fatores socioeconômicos. A psicologia e os países do Sul global podem contribuir na ampliação do conceito. Assim, fundamentados na pesquisa qualitativa consensual e por meio de entrevistas semiestruturadas em profundidade, visamos compreender as concepções de trabalho decente de 20 jovens brasileiros/as com baixa qualificação a partir de uma leitura psicossocial com base na teoria da psicologia do trabalhar (PWT). Os principais resultados indicaram a compreensão de que o trabalho realizado pelos/as participantes não era um trabalho decente, não seria estruturante da vida, e que atenderia às necessidades de sobrevivência, mas impediria a autodeterminação. As implicações do estudo apontaram, em termos conceituais e políticos, para a necessidade de contextualizar a concepção de trabalho decente, agregando a ideia de versões distintas do trabalho decente, variando em função de contextos distintos, e reconstruir as práticas de orientação profissional, de carreira e de gestão de pessoas, de acordo com as características socioculturais do público-alvo, visando sua ampliação e diversificação.
Palavras-chave: trabalho informal, condições de trabalho, identidade, autodeterminação, projeto de vida.
Sense of Decent Work among Low-Skilled Youth
ABSTRACT
Decent work is a concept proposed by the International Labour Organization (ILO) based on working contexts from developed nations and on socioeconomic factors. Psychology and the global South countries may contribute to broaden the concept. Thus, grounded in the Consensual Qualitative Research and by means of in-depth interviews, this study sought to understand senses of decent work among 20 low-skilled youths in Brazil from a psychosocial reading based on the Psychology of Working Theory (PWT). Findings showed the sense that participants' working was not a decent work, not structuring life, and it met survival needs, however, prevented self-determination. In a conceptual and political way, study implications pointed out the need to contextualize the concept of decent work, aggregating the idea of different versions of decent work, varying according to different contexts. Moreover, practical implications highlighted the need to reconstruct career guidance and counseling practices and personnel management according to the socio-cultural characteristics of the target audience, aiming at expanding and diversifying them.
Keywords: informal work, working conditions, identity, self-determination, life project.
Sentidos de Trabajo Decente entre Jóvenes Poco Calificados
RESUMEN
El trabajo decente es un concepto propuesto por la Organización Internacional del Trabajo (OIT) basado en contextos de trabajo de países desarrollados y en factores socioeconómicos. La psicología y los países del Sur global pueden contribuir a ampliar el concepto. Por lo tanto, basado en la investigación cualitativa consensuada y mediante entrevistas en profundidad, este estudio buscó comprender los sentidos del trabajo decente entre 20 jóvenes poco calificados en Brasil a partir de una lectura psicosocial basada en la teoría de la psicología del trabajar (PWT). Los resultados mostraron que el trabajo de los participantes no era un trabajo decente, no estructuraba la vida, y satisfacía las necesidades de supervivencia, sin embargo, impedía la autodeterminación. De manera conceptual y política, las implicaciones del estudio señalaron la necesidad de contextualizar el concepto de trabajo decente, agregando la idea de diferentes versiones de trabajo decente, variando según los diferentes contextos. Además, las implicaciones prácticas destacaron la necesidad de reconstruir las prácticas asesoramiento profesional y gestión de personas de acuerdo con las características socioculturales del público objetivo, con el objetivo de ampliarlas y diversificarlas.
Palabras clave: trabajo informal, condiciones de trabajo, identidad, autodeterminación, proyecto de vida.
A atividade de trabalho ou trabalhar ainda é um dos pilares da vida humana na sociedade contemporânea, pois é responsável pela segurança ontológica e pela proteção social no capitalismo (Antunes, 2012; Blustein, 2013; Castel, 2009), criando condições para atender "a três necessidades humanas fundamentais - a necessidade de sobrevivência e poder, a necessidade de conexão social, e a necessidade de autodeterminação" (Blustein, 2013, p. 8). Para Duffy, Blustein, Diemer e Autin (2016), a necessidade de sobrevivência e poder tem relação com o acesso a recursos como moradia, alimentação e capital social; a necessidade de conexão social, que possibilita a produção do sentido de vida e de pertencimento social; e a necessidade de autodeterminação, que visa garantir controle, escolha e planejamento da vida por meio das relações estabelecidas com os/as outros/as e dos limites e potencialidades psicossociais. Psicossociais, porque são construídos na teia de relações indissociáveis entre pessoas e contextos (Blustein, 2011). Adotamos a concepção de Blustein (2011) de trabalhar ao invés de trabalho, pois trabalhar é um verbo que descreve uma ação representada por atividades em um contexto sócio-histórico específico, que dá vida ao conceito abstrato de trabalho.
Dada a importância do trabalhar para a vida humana e considerando que os contextos do trabalhar são diversos e desiguais - e que as boas condições para trabalhar e o acesso a trabalhos qualificados e bem remunerados estão restritos a uma parcela pequena da população no mundo -, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) propôs a concepção de trabalho decente como marco regulatório para fundamentar ações dos Estados, visando assegurar segurança, condições dignas de trabalho, proteção social e direitos garantidos para todos/as (International Labour Organization [ILO], 1999). Concepção esta baseada na lógica do emprego (trabalho assalariado) realizado em nações desenvolvidas (Santos, 2019).
Para estudiosos/as do tema, a concepção de trabalho decente apresenta problemas, entre eles, a utilização do emprego formal como modelo para um trabalho decente (Santos, 2019); a necessidade de eliminar a informalidade para o trabalho decente (Spink, 2007); e o alcance e a universalidade da noção de trabalho decente, principalmente baseada em fatores econômicos e sociais (Di Ruggiero, Cohen, Cole, & Forman, 2015; Santos, 2019). Este último ponto coloca em questão a existência de um modelo de trabalho decente e/ou a existência de versões distintas de trabalho decente, variando em função de contextos diversos, pois as concepções de dignidade e decência não são as mesmas em todas as culturas (Santos, 2019). Além disso, este não é um conceito científico, mas sim um conceito estratégico e político forjado por uma instituição internacional (OIT) para forçar os Estados ao redor do mundo a garantir condições mínimas de trabalho, o que dificulta sua investigação por parte da ciência (Picanço, 2015). Assim, a OIT vem repensando a concepção por ela proposta e tem convidado os diversos campos do saber das distintas regiões do mundo para ajudar neste processo, entre eles a psicologia, principalmente produzida no Sul global, onde há altas taxas de desemprego e de informalidade, baixa remuneração e qualidade dos trabalhos, geradoras de falta de proteção social e de condições de trabalhar (Antunes, 2012).
A psicologia do Norte global tem proposto pensar o trabalho decente de forma psicossocial, postulando que há diversas formas e condições de trabalhar, por isso deveríamos concebê-lo construído de forma contextualizada na relação entre pessoas e suas realidades sociais (Blustein, Masdonati, & Rossier, 2017; Duffy et al., 2016; Pouyaud, 2016). Este movimento é importante, entretanto, por ocorrer com base em contextos para trabalhar de países desenvolvidos, o que inclui a questão da contextualização como fator fundamental para pensar o trabalho decente, não consegue incluir condições e vínculos de trabalhar diferenciados, como, por exemplo, a situação da informalidade (Spink, 2009).
Segundo dados da ILO (2020), os/as jovens constituem um dos grupos com maior vulnerabilidade no mundo do trabalho, principalmente os de baixa qualificação. Vivem a experiência de se tornarem adultos/as de forma precoce e com mais dificuldade, estão mais sujeitos/as a condições precárias de trabalho, informalidade e desemprego e constroem suas trajetórias de forma descontínua, informal e pouco pautadas em trabalhos decentes. A vulnerabilidade caracteriza-se pela dificuldade de acesso a dimensões sociais significativas, como o trabalhar (Castel, 2009). A baixa qualificação é um fator de aumento da vulnerabilidade e, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD, 2016), os/as trabalhadores/as com baixa qualificação seriam aqueles/as que têm poucas habilidades para oferecer no desempenho do trabalho, não são especializados/as e agregam pouco valor aos resultados de seu trabalho, em geral, com ensino médio incompleto.
No Brasil, segundo a ILO (2020), as condições de trabalho para jovens entre 18 e 25 anos (que inclui a faixa etária do presente estudo) são marcadas por uma taxa de ocupação formal de 50,4% e de desocupação de 25,3%, que é quase o dobro da taxa geral (13,1%), por situações recorrentes de nem trabalhar, nem estudar (21,7%), e alta taxa de informalidade (45%), caracterizando situações de vulnerabilidade com baixas condições materiais de vida. O trabalhar tem duplo sentido para jovens com baixa qualificação no Brasil: possibilidade de mudar sua realidade socioeconômica, gerando um futuro melhor (Dutra-Thomé & Koller, 2014), ou um meio de conseguir a subsistência cotidiana, sem projeção de futuro (Paulino & Bendassolli, 2018). Os/as jovens tendem a naturalizar baixos salários, empregos inseguros e períodos de desemprego, o que fundamenta suas narrativas de vida e suas identidades e os faz viver sem acesso a trabalhos decentes (MacDonald, Shildrick, Webster, & Simpson, 2005). Acreditam que a ascensão social e de trabalho somente vem com o acesso ao ensino superior.
Diante disso, a questão de pesquisa é: como jovens com baixa qualificação compreendem seu trabalho e seu futuro? O objetivo geral é compreender as concepções de trabalho decente entre jovens com baixa qualificação em um contexto de trabalho do Sul global, a partir de uma leitura psicossocial. A relevância da presente pesquisa reside no fato de que ela foi realizada com jovens (grupo vulnerabilizado no mundo inteiro), com baixa qualificação (fator que diminui as chances de conseguir trabalhar de maneira decente), de um contexto para trabalhar marcado pela desigualdade social e pela informalidade, a partir de uma leitura psicossocial.
A Pesquisa do Trabalho Decente na Psicologia
Fizemos uma consulta às principais bases de dados científicos nacionais e internacionais no interior das quais pudemos encontrar a produção científica da área da psicologia. Na realidade brasileira, consultamos Pepsic, Scielo e Banco de Teses CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), utilizando como descritores trabalho decente e psicologia. No contexto internacional, consultamos Scopus, PsycINFO, Proquest, Web of Science e B-On and EBESCO host utilizando, primeiramente, como descritores decent work e psychology e depois decent work e psychology e Brazil, para identificarmos publicações internacionais com amostras e grupo de participantes do Brasil. Em síntese, destacamos alguns pontos da revisão de literatura realizada.
O primeiro estudo com foco no trabalho decente baseado na psicologia foi publicado em 2004 e a grande maioria das publicações é de 2015 em diante, o que configura um campo de pesquisa recente e incipiente (Blustein et al., 2017; Maculan, Junges, & Pozzer, 2019; Pereira, Santos, & Pais, 2019). Em média, a psicologia representa 1/10 das publicações da temática do trabalho decente, sendo metade dos estudos oriundos da administração e da economia. Foram encontradas 105 publicações desde 2004, com seis publicações de autores/as e/ou amostras e grupo de participantes do Brasil (Ribeiro, Silva, & Figueiredo, 2016; Ribeiro, Teixeira, & Ambiel, 2019; Ferraro, Moreira, Santos, Pais, & Sedmak, 2018; Ferraro, Pais, Moreira, & Santos, 2018; Ferraro, Santos, Pais, & Moreira, 2017; Spink, 2011) publicadas em língua inglesa e apenas dois ensaios teóricos nas bases nacionais (Colcerniani, D'Ávila Neto, & Cavas, 2015; Spink, 2009).
Trabalho decente tem sido estudado associado a bem-estar e trabalho significativo, conceitos mais tradicionais da psicologia, basicamente pelos campos da orientação profissional e de carreira (OPC) e da psicologia organizacional e do trabalho (POT). A psychology of working theory - PWT (teoria da psicologia do trabalhar) proposta por Blustein (2013) e Duffy et al. (2016) do campo da OPC foi responsável por 1/3 das publicações, sendo uma liderança importante nesta temática de estudo, assim como a humanitarian work psychology (psicologia humanitária do trabalho) apresentada por Carr, MacLachlan e Furnham (2012). A maioria dos estudos foi realizado com adultos/as, sendo seis com jovens. Apenas 20 estudos eram do Sul global e salientavam a importância de um discurso normativo, como o do trabalho decente da OIT, mas que precisa ser reconstruído em função de contextos distintos para trabalhar.
Blustein et al. (2017) analisaram as potenciais contribuições da psicologia para repensar o conceito de trabalho decente e concluíram que: "uma perspectiva psicológica permite uma melhor compreensão da relação entre o contexto socioeconômico, as diversas condições de trabalho e vida, e o nível geral de saúde e bem-estar das pessoas e a estabilidade das comunidades" (p. 3), destacando identidade e bem-estar como conceitos científicos passíveis de serem utilizados para explicar o trabalho decente. Assim, concluímos, com base na revisão de literatura, que a iniciativa da OIT propondo o conceito de trabalho decente foi importante. Contudo, a inclusão da dimensão psicossocial para compreensão deste conceito a partir da psicologia e o incremento de investigações em contextos mais vulnerabilizados do Sul global, como o Brasil, auxiliariam a repensar sua conceituação, de forma a torná-la mais abrangente.
Psychology of Working Theory (PWT): Uma Compreensão Psicossocial do Trabalho Decente
Inspirado na ontologia relacional do construcionismo social, Blustein (2011, 2013) postulou uma visão relacional do trabalhar, que deve ser analisado por meio das relações indissociáveis entre pessoas (dimensão psicológica) e contextos (dimensão socioeconômica e cultural), ou seja, as práticas são sempre construídas em relação a um dado contexto (psicossociais), por isso a utilização de trabalhar ao invés de trabalho. As narrativas das pessoas constituídas em relação aos discursos sociais normativos constroem sentidos para suas práticas e definem o que é o trabalhar para cada um/a, apontando para uma universalidade contextualizada do trabalhar. Por conta disso, os conceitos de identidade e narrativa são centrais para a teoria.
Segundo Blustein et al. (2017), construções identitárias podem ser entendidas como narrativas de vida produzidas nas relações sociais, que permitem o processo de construção de sentido sobre si mesmo/a, sobre os/as outros/as e sobre os próprios relacionamentos por ajudar a explicar quem somos e o que queremos para nossa vida (por exemplo, relações de trabalhar). As narrativas da vida podem ser definidas como maneiras pelas quais as pessoas tentam entender suas experiências através da construção de um enredo pessoal desenvolvido ao longo do tempo. O trabalhar é uma fonte de autodeterminação e reconhecimento social, que se refere ao envolvimento em atividades significativas, autorreguladas e socialmente valorizadas e este é um ponto chave para entender as construções identitárias e as narrativas de vida.
Em Duffy et al. (2016), o trabalho decente se torna o eixo central da PWT e um modelo científico é elaborado para tentar explicar o que tornaria ou impediria, parcial ou totalmente, um trabalho de ser decente. Este modelo apresenta preditores, moderadores e consequentes. Um trabalho decente deve ter como consequentes a satisfação das necessidades básicas anteriormente apontadas (sobrevivência e poder, conexão social e autodeterminação), e gerar realização no trabalho (dimensão psicossocial) e bem-estar (dimensão psicológica). Para tal, os preditores para um trabalho decente se dividem em dois grupos: os socioculturais e os psicossociais. Os socioculturais são restrições econômicas, relacionadas com o baixo acesso a recursos e oportunidades e marginalização (fatores que põem a pessoa numa posição social inferior como raça, classe, gênero); e os psicossociais são volição de trabalho (possibilidade de fazer escolhas) e adaptabilidade de carreira (competências para usar recursos pessoais e sociais na construção da carreira). Por fim, os moderadores são personalidade proativa (disposição para tomar iniciativas e lidar com contextos), consciência crítica (consciência do seu lugar nas relações sociais de poder), suporte social (nível em que uma pessoa se sente apoiada pelo social) e condições econômicas concretas. Utilizaremos esta teoria e seus conceitos-chave para a discussão dos resultados.
Método
A metodologia utilizada foi a consensual qualitative research - CQR (pesquisa qualitativa consensual) (Hill, Thompson, & Williams, 1997), método indutivo que recorre a questões abertas para explorar experiências pessoais. Baseia-se na validade da análise e não na representatividade dos eventos. Nesse sentido, segundo Denzin (1989), a fidedignidade da narrativa pessoal deve ser um acordo coletivo construído dentro de uma comunidade que compartilha discursos sociais centrais relacionados a significados e práticas comuns.
Instrumento
Utilizamos uma entrevista semiestruturada com um roteiro estabelecido, baseada em tópicos flexíveis que permitiram perguntas abertas a fim de analisar experiências e atitudes. O roteiro da entrevista explorou quatro dimensões da experiência dos/as participantes ligadas ao trabalho decente, construídas com base na literatura, especificadas em subdimensões: (1) Compreensão do trabalhar em geral (definição de trabalhar, propósitos de trabalhar, bom trabalhar, trabalhar ruim) (2) Seu próprio trabalhar atual (riscos no trabalhar, proteção social, relações no trabalhar, tempo livre fora do trabalhar, autonomia, remuneração, dificuldades no trabalhar, o que gosta no trabalhar, desenvolvimento de carreira, elementos que configuram o trabalhar atual como decente e não decente); (3) Sua narrativa de vida (percurso escolar, motivo do abandono escolar, como conseguiu o primeiro trabalho, apoio familiar, pessoas significativas); e (4) Sua identidade (coisas importantes na vida, coisas importantes nos próximos anos, tipo de pessoa que gostaria de vir a ser no futuro, como melhorar a situação atual).
Participantes
A seleção dos/as participantes da pesquisa foi intencional e ficou composta por 20 jovens trabalhadores/as, oriundos de periferia urbana de uma metrópole no Brasil, com um número equilibrado entre homens e mulheres com idade entre 20 e 25 anos que trabalhavam, não estudavam e tinham um baixo nível de qualificação (ensino médio incompleto, sendo que a OECD (2016) aponta o ensino médio completo como nível básico de qualificação para o mercado de trabalho). Metade estava em trabalhos não-regulados (informais) e metade em trabalhos formais (empregados/as, autônomos/as e microempreendedores/as), desempenhando atividades como garçom, cozinheiro, cabeleireira, ajudante geral, atendente de mercado, faxineiro, diagramadora, vendedora, designer gráfico e ajudante de frigorífico, que, com exceções, não são especializados/as e agregam pouco valor aos resultados de seu trabalho, com rendimentos, em média, de US$375 - próximo à média do Brasil de US$365 (ILO, 2020). Os/as participantes foram identificados com pseudônimos para preservar sua identidade.
Procedimentos
Os/as participantes foram recrutados/as através de redes pessoais de contato e, no primeiro contato, foram informados/as sobre os objetivos do estudo, o processo de coleta de dados, a garantia da confidencialidade e seu direito de se retirar do estudo a qualquer momento. Aqueles/as que concordaram em participar deram consentimento informado por escrito. A pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, CAAE 86524218.1.0000.5561.
Análise de dados
Realizamos uma análise de conteúdo, baseada nos estudos de Hill et al. (1997), com a utilização de dois/uas juízes/as e um auditor ao longo do processo de análise de dados para promover múltiplas perspectivas e consensos nas interpretações feitas e nos significados atribuídos. Utilizamos categorias analíticas produzidas com base nas publicações existentes sobre a mesma temática, que foram sintetizadas nas quatro dimensões da experiência dos/as participantes ligadas ao trabalho decente e exploradas no modelo de entrevista proposto (compreensão do trabalhar em geral, próprio trabalhar atual, narrativa de vida e identidade). Destas categorias derivamos subcategorias que especificavam cada dimensão explorada da experiência dos/as participantes ligadas ao trabalho decente (Denzin, 1989).
Em primeiro lugar, fizemos uma leitura flutuante individualizada das transcrições de cada entrevista realizada por cada juiz/a e uma lista de dimensões relativas aos temas centrais de cada entrevista foram geradas por consenso. Em seguida, sintetizamos estas dimensões em palavras que reconstruíssem a ideia central de cada dimensão, sempre o mais próximo possível da significação do/a próprio/a participante, e o auditor fez a revisão do processo. Por fim, fizemos uma análise cruzada para determinar as semelhanças e diferenças entre casos. Agrupamos as ideias centrais gerando as categorias de análise construídas em consenso pela equipe de investigação. Realizamos as análises cruzadas iniciais em 18 dos 20 casos, porque dois casos escolhidos aleatoriamente foram separados para servir como uma verificação de estabilidade. Utilizamos a PWT para discutir os dados construídos pelo trabalho de campo.
Resultados
Apresentamos os resultados a partir das categorias e subcategorias construídas relativas às quatro dimensões da experiência dos/as participantes ligadas ao trabalho decente definidas pela pesquisa (vide Tabelas 1, 2, 3 e 4). Com base em Hill et al. (1997), classificamos as categorias como gerais, quando se aplicavam a 18-20 casos; típicas, quando se aplicavam a 12-17 casos; variantes, quando se aplicavam a 5-11 casos; e raras, até 4 casos, sendo que apresentamos apenas as subcategorias gerais e típicas de cada categoria definida e as indicamos, respectivamente, pelas letras G e T. Incluímos na análise algumas subcategorias raras que traziam algum dado relevante para a discussão e as representamos pela letra R.
Compreensão do Trabalhar em Geral
O trabalhar representa um esforço que impede a vida (T), como nos exemplos: "A gente não trabalha para viver. A gente vive para trabalhar" (José) e "Você trabalha muito para conseguir viver e você não vive" (Ana). Uma subcategoria R emergiu da narrativa de George trazendo uma definição particular interessante ao dizer que trabalhar "é o meio pelo qual posso realizar uma atividade na sociedade e contribuir com o sustento da minha família", marcando o trabalhar como a busca do bem-comum.
Com relação aos propósitos de trabalhar, ganhar dinheiro apareceu como o principal, como disse Arthur: "Trabalho, pra mim, é qualquer coisa que você faça, que você possa ganhar dinheiro de certa forma conseguir se sustentar com isso". Valor e reconhecimento social também apareceram como T, como apontou Arthur: "fazemos parte de um sistema", colocando um foco em questões psicossociais nas narrativas dos/as participantes.
Um bom trabalhar é associado a um bom contexto, um "espaço de produção e cooperação sem competição" (Paula), e à realização de outra profissão diferente da que tinham no momento, entre elas, educador infantil, guia turístico, professor, veterinário, biólogo e chef de cozinha. Formalização e apoio do Estado surgiram como T, como versou Arthur: "Registro, de certa forma, é a sua garantia", marcando uma reivindicação por maior formalização do trabalhar como central na realidade brasileira.
Um trabalhar ruim é associado a um contexto ruim, "não tem diálogo" (Arthur), "não existe respeito entre as pessoas" (Maria) e "falta de comunicação" (Ana); e à relações hierárquicas opressivas: "A submissão, muitas vezes, que você tem que ter em relação ao seu superior, principalmente o jovem, a limitação que você tem pela sua falta de experiência e a obrigação diária que o trabalho representa" (Paula). Em síntese, seria "aquele que você vive pra trabalhar" (Julia). Antônio apresentou uma visão singular do trabalhar ruim: "Eu não acho que exista um trabalho ruim. O ruim é não trabalhar", reduzindo o trabalho a sua dimensão de sobrevivência. As narrativas destacaram a potência do trabalhar em impedir a vida.
Trabalhar Atual
Com relação ao trabalhar atual, os/as participantes apontaram a existência de benefícios como fator de proteção social, e boas relações no trabalhar como representação significativa, conforme indicou Maria: "Bom, legal. Me dou bem com minhas colegas, com minha chefe". Parte do conjunto de participantes destacou a falta de proteção social como T: "Sem auxílio nenhum. Eu não estou registrado ainda" (Arthur). A maioria se sente ganhando mal, sem autonomia e com tempo livre fora do trabalhar escasso. Rita explicou: "Eu quase não tenho muito tempo, entendeu? Então é de casa para o serviço, do serviço para casa". A interação social emergiu como o que gostam no trabalhar, conforme exemplificou George: "Lá tem pessoas, tanto as pessoas que estão sempre lá, e viram seus amigos, quanto as pessoas que passam, que tornam cada dia diferente e interessante". As principais dificuldades no trabalhar estão relacionadas a lidar com pessoas, como diz José: "Dificuldade? Acho que lidar com as pessoas e lidar com os patrões". É importante salientar que a interação social é, ao mesmo tempo, fator de prazer e de dificuldade no trabalho. Em termos de desenvolvimento de carreira, os/as participantes apontaram o desenvolvimento educacional e profissional como T, como explicaram Maria: "Se não estudar, ficarei fazendo a mesma coisa a vida toda" e Ana: "Eu acho que pra crescer profissionalmente nisso eu pretendo estudar muito mais".
A maioria dos/as participantes somente manifestaram elementos que configuram o trabalhar atual como não decente, entre eles, ausência de participação nas decisões e falta de proteção social e formalização do trabalhar. George disse: "Não, é braçal, repetitivo, não posso decidir nada, ganho pouco e tomo muita bronca". Fica nítida que a questão da formalização do trabalhar parece definir se um trabalho é decente ou não. Por isso, nesta categoria, a principal demanda era por proteção social. Importante destacar que esta foi a única subcategoria G, ou seja, aquela em que quase todos/as narraram que meu trabalho não é trabalho decente.
Narrativas de Vida
Os/as participantes apontaram ganhar dinheiro como principal motivo para abandonar a escola, como explicou José: "Acho que a escola não oferecia muita ajuda para quem tem que trabalhar e tem que estudar". A questão da gravidez também apareceu como R na narrativa de duas participantes ao relatarem a dificuldade de cuidar de um/a filho/a e estudar: "Eu saí da escola porque engravidei. Aí não tinha como ficar indo para escola, porque não tinha alguém para ficar com ela (filha) e eu poder voltar para escola" (Marta), destacando uma questão de gênero central. Como conseguir o primeiro emprego se dava, basicamente, por meio da rede de contatos: "Aí foi quando o Rui me falou do trabalho, eu comecei a trabalhar" (Ana). O apoio familiar foi categorizado como R e família apareceu como indicação básica de pessoas significativas, como apontou Antônio: "Acho que de certa forma é uma base, né? Família".
Identidade Atual
Os/as participantes falaram da saúde como T para coisas importantes na vida, como ilustrou Marco: "Hoje em dia nós convivemos com uma coisa chamada quantidade, e a gente se esquece da qualidade." Em termos de coisas importantes nos próximos anos e como melhorar a sua situação atual, os/as participantes apontaram a educação e a formação acadêmico/profissional, "preciso voltar a estudar, se não, não vai dar" (Maria), e que precisavam de mais qualidades, "pretendo ser uma pessoa mais bem estruturada" (Antônio).
Discussão
Os resultados indicaram que, para jovens de baixa qualificação, as atividades de trabalhar têm como principal propósito ganhar dinheiro e ser valorizado/a e reconhecido/a socialmente (subcategorias da categoria propósitos de trabalhar da dimensão compreensão do trabalhar), corroborando as proposições de necessidades de sobrevivência, poder e conexão social de Blustein (2013), e marcando a importância de conceber o trabalho decente de forma psicossocial, tanto em sua dimensão objetiva (sustentação financeira), quanto na subjetiva (reconhecimento), como apontaram Blustein (2011) e Pouyaud (2016). Estes achados corroboraram a ILO (2020) ao apontar que jovens de baixa qualificação estão mais sujeitos/as a condições precárias de trabalhar, principalmente marcadas pela informalidade, e concebem o trabalhar, muitas vezes, como mero meio de se ganhar dinheiro (e.g. apontar outra profissão como qualidade para um bom trabalho parece indicar este aspecto – subcategoria da categoria bom trabalho da dimensão compreensão do trabalhar), em função de altas taxas de desocupação.
A qualidade do trabalhar depende diretamente da qualidade docontexto relacional do trabalhar (bom ou ruim), o que inclui boas relações, tempo livre fora do trabalhar, proteção social, formalização e autonomia (subcategorias dadimensão trabalhar atual). Aqui, novamente, a dupla dimensão do trabalho decente emerge e ele precisa garantir condições de segurança ontológica, como versaram Antunes (2012) e Castel (2009), tanto em sua dimensão objetiva (proteção social e formalização no trabalhar), quanto subjetiva (autonomia).
Em países do Sul global, como o Brasil, com mais precariedade e suporte restrito do Estado, há uma reivindicação pela formalização do trabalhar e uma reclamação de que o trabalhar não seria estruturante da vida. Embora se reconheça que o trabalhar possa gerar valor e reconhecimento social, isto é dificultado por situações predominantes de informalização e desemprego no país, geradoras de vulnerabilidade (Antunes, 2012; ILO, 2020; Spink, 2011).
Este achado confirmou a proposição teórica de Duffy et al. (2016), que postularam que suporte social e condições econômicas são importantes moderadores para conseguir um trabalho decente, bem como são preditores significativos para obtê-lo, ou não, as limitações econômicas e a marginalização sofrida, no presente caso, principalmente por fatores de idade (jovem como grupo vulnerabilizado no mundo do trabalho) e de classe social (pessoas de baixa qualificação, em geral, pertencem aos estratos sociais mais desfavorecidos socioeconomicamente). Apesar de existir consciência crítica da situação, outro importante moderador para conseguir um trabalho decente, exemplificadas por José e Ana, respectivamente, ao dizerem que: "A gente não trabalha para viver. A gente vive para trabalhar" e "Você trabalha muito para conseguir viver e você não vive", a satisfação das necessidades de poder, reconhecimento social e autodeterminação ficaram restringidas, dificultando colocar em ação a volição de trabalho e a adaptabilidade de carreira (preditores mais subjetivos para conseguir um trabalho decente).
Podemos, aqui, afirmar que o esforço pessoal é insuficiente para conseguir um trabalho decente e ter autonomia, sendo dependente de fatores contextuais, como condições políticas e econômicas do Estado (formalização do trabalhar e proteção social), para poder ser um trabalhar digno e decente (ILO, 1999). Assim, fatores contextuais são decisivos para que o trabalhar seja capaz de satisfazer a necessidade de autodeterminação e de reconhecimento social ao se constituir em atividades significativas, autorreguladas e socialmente valorizadas, serem base para construções identitárias e conferirem segurança ontológica às pessoas (Duffy et al., 2016). Não é caso das condições de trabalhar dos/as jovens estudados/as, definidas por baixas oportunidade de trabalhos de qualidade, alta taxa desocupação e informalidade e trajetórias descontínuas e intermitentes (Antunes, 2012; ILO, 2020).
Assim, em contextos de maior vulnerabilidade, como são caracterizados os países do Sul global, o trabalhar apresenta mais aspectos negativos do que oportunidades de realização e de reconhecimento social, como apontou Castel (2009). Em síntese, seria um esforço que impede a vida (subcategoria principal da categoria definição de trabalhar da dimensão compreensão do trabalhar), impossibilitando a produção de sentido de vida e de pertencimento social (Blustein, 2013; Spink, 2007, 2009). Confirmamos isto pelas compreensões sobre o trabalhar atual dos/as participantes, nas quais as características dadas a um trabalho decente não foram identificadas, definindo o trabalhar realizado como não decente, sendo a única subcategoria classificada como G(quando se aplicava a 18-20 casos). Isto nos permite inferir que a não conclusão do ensino médio seria fator impeditivo para um trabalho decente (ILO, 1999).
Em função dos/as participantes serem todos considerados de baixa qualificação, um elemento central é a atribuição do desenvolvimento educacional e profissional (subcategoria) como fator central para o desenvolvimento de carreira (categoria da dimensão trabalhar atual), já que baixa qualificação é um fator de aumento da vulnerabilidade, como apontaram Castel (2009) e OECD (2016). Colocaram o ingresso e a realização de um curso superior como projetos indispensáveis para qualquer possibilidade de ascensão socioeconômica (subcategoria das categorias coisas importantes nos próximos anos e o que poderia ser feito para melhorar a sua situação atual), o que é contraditório com as suas narrativas de vida, nas quais a escola não aparece como elemento importante da vida e a necessidade material se sobrepõe ao desenvolvimento educacional. Podemos hipotetizar que a educação não tem cumprido a promessa de preparar para a vida e otimizar oportunidades de trabalho, principalmente em situações de maior vulnerabilidade, como a de jovens com baixa qualificação (Dutra-Thomé & Koller, 2014; Paulino & Bendassolli, 2018). Todos/as os/as participantes não concluíram o ensino médio, sendo a necessidade financeira (necessidade de sobrevivência, Blustein, 2013) o principal motivo para o abandono escolar (categoria da dimensão narrativas de vida). Portanto, nos faz pensar que, em situações de limitação econômica e marginalização, preditores do trabalho decente (Duffy et al., 2016), estudar e trabalhar são concorrentes, não colaboradores, e que a busca na vida é por saúde (subcategoria da categoria coisas importantes na vida), ou seja, busca por sentido e condições para trabalhar.
Desta maneira, em termos identitários, os/as participantes se sentem com poucas qualidades (subcategoria da categoria que tipo de pessoa gostaria de vir a ser no futuro) e acreditam que são explorados/as no trabalhar ao demandar a saúde (subcategoria) como coisas importantes na vida (categoria da dimensão identidade atual). Vale a pena aqui retomar a compreensão de que, no Brasil, trabalhar é um esforço que impede a vida e que se vive para trabalhar para o grupo estudado. A rede de relações é o principal recurso à disposição para a manutenção de vida, o que inclui recorrer à rede informal de contatos para conseguir trabalhar e gerar renda (subcategoria da categoria como conseguiu o primeiro trabalho da dimensão narrativas de vida) e colocar a família (subcategoria) como as pessoas significativas na vida (categoria da dimensão narrativas de vida), como apontaram Blustein et al. (2017), Castel (2009) e Spink (2007). Podemos dizer que, em certa medida, o grupo de jovens brasileiros/as com baixa qualificação está sob ameaça identitária e tem problemas de autodeterminação e de reconhecimento social, como apontaram Blustein et al. (2017) e Duffy et al. (2016).
Concluindo, ganhar dinheiro, bom contexto, busca por outra profissão melhor, desenvolvimento educacional e profissional como fator central para o desenvolvimento de carreira, e família com um lugar central nas narrativas de vida dos/as participantes são subcategorias típicas do trabalhar no Brasil.
Em função da pouca formalização dos contextos para trabalhar no Brasil, há um aumento da precariedade e da vulnerabilidade das trajetórias de trabalho, principalmente de jovens com baixa qualificação. Isto aparece no grupo de participantes brasileiros/as através da compreensão de que meu trabalho não é trabalho decente, não seria estruturante da vida e que são explorados/as. Seria um esforço que impede a vida, pois se vive para trabalhar, fazendo com que estes/as jovens tendam a naturalizar a precarização e as condições ruins de trabalhar (MacDonald et al., 2005). Com base na PWT (Duffy et al., 2016), trabalhar, portanto, para jovens com baixa qualificação, atenderia, minimamente às necessidades de sobrevivência e de algum reconhecimento social, no entanto, impediria a satisfação das necessidades de autodeterminação, e não produziria sentido de vida e de pertencimento social, o que justifica a demanda de busca de bem-estar (expresso na demanda por saúde) e de estabilidade e reconhecimento social (proteção social e formalização do trabalhar).
Em suma, podemos dizer que as implicações do presente estudo se configuram de três maneiras. Em termos conceituais, reforçam a necessidade de pensar a noção de trabalho decente de forma psicossocial e contextual, como já haviam indicado Ribeiro, Silva, & Figueiredo, (2016), Blustein et al. (2017), Di Ruggiero et al. (2015) e Pouyaud (2016). Principalmente, pela proposta de pensar o trabalhar ao invés do trabalho, marcando a lógica psicossocial indicada (Blustein, 2011) ao analisar a atividade de trabalho em dado contexto em dado momento, contextualizando-a espaço-temporal, socioeconômica e culturalmente. Além disso, corroboram a importância de pensar a construção das trajetórias de trabalho na articulação entre as dimensões socioculturais e psicossociais, como propõe a PWT (Duffy et al., 2016). Em termos políticos, recomendam repensar o conceito normativo de trabalho decente de forma mais contextualizada ou agregando a ideia de versões distintas do trabalho decente, variando em função de contextos distintos (Santos, 2019). E, em termos práticos, oferecem subsídios para o campo da OPC, ao apontar a necessidade de ampliação e diversificação do público atendido, e da concepção de práticas reconstruídas de acordo com as características socioculturais de cada jovem; e para o campo da POT, ao salientar a importância da diversidade nos processos de gestão de pessoas, por exemplo, do desenho do trabalho. O tamanho do grupo de participantes é adequado à natureza exploratória do estudo; no entanto, existem duas limitações a serem observadas. As questões raciais e de gênero não foram analisadas e há falta de informação sobre o background familiar dos/as participantes.
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Endereço para correspondência
Marcelo Afonso Ribeiro
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Bruno Bones Valdo da Costa
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Recebido em: 27/02/2020
Reformulado em: 19/11/2020
Aceito em: 27/11/2020
Notas
* Psicólogo, graduado pela Universidade de São Paulo, Livre docente pela Universidade de São Paulo, professor da Universidade de São Paulo.
** Estudante de graduação da Universidade de São Paulo.
*** Estudante de graduação da Universidade de São Paulo.
Financiamento: A pesquisa relatada no manuscrito foi financiada pela bolsa de produtividade em pesquisa do primeiro autor (CNPq No. Processo 304599/2018-2) e pela bolsa de pesquisa para graduação do segundo autor e da terceira autora do Programa Unificado de Bolsas (projeto 807) da Universidade de São Paulo.
Agradecimentos: Os/as autores/as agradecem a Adriana Ricci, Guilherme Fonçatti, Maria Celeste de Almeida, Milena Sampaio Greve, Michelle Pinto de Lima, Omar Calazans e Paula Morais Figueiredo pelo apoio na coleta de dados. E Paulo Cardoso e Maria Eduarda pelo auxílio no processo de análise de dados atuando como juiz e auditora, respectivamente.
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