A relação mãe-bebê tem início antes de o bebê nascer dado que começa no período pré-natal e serve de introdução para a relação diádica que se estabelece depois do nascimento. Essas interações iniciais possuem um importante papel para o desenvolvimento infantil, pois possibilitam a compreensão sobre a qualidade dos cuidados e as possíveis influências destes no desenvolvimento da criança, bem como permitem abrir novos caminhos para analisar a cultura e o desenvolvimento humano (Brazelton, 1994/2002; Harkness & Super, 2006; Tomasello, 2019). Relacionado direta ou indiretamente às construções das primeiras interações, estão as concepções e expectativas maternas sobre o desenvolvimento dos seus filhos. Isto porque o que as mães conhecem sobre os processos de desenvolvimento e o modo como elas os concebem, bem como o que elas esperam em relação aos avanços nas diferentes etapas da vida dos bebês, são fatores que influenciam as práticas parentais (Harkness & Super, 2006; Nunes & Aquino, 2014; Nunes et al., 2019).
Conforme Rossi e Batista (2006), as concepções são uma forma específica de perceber, apreender e entender algo e, sendo assim, uma construção de cada indivíduo sobre um determinado fenômeno, considerando aspectos culturais, suas sensações e experiências sociais prévias. Especificamente, sobre as concepções de mães acerca do desenvolvimento dos seus filhos, entende-se que elas podem ser continuamente mobilizadas para guiar decisões cotidianas a respeito de como conduzir a criação deles e da própria maternidade.
A vivência da maternidade pressupõe transformações individuais, familiares e sociais (Beltrame & Donelli, 2012; Schmidt et al., 2019). Com ela, surgem novas funções e tarefas que obrigam a existência de reorganizações relacionais intra e interfamiliares, ainda mais desafiadoras diante do nascimento de gêmeos (Barbetta et al., 2008; Passos et al., 2013; Taubman-Ben-Ari et al., 2008). Refletir sobre a temática da gemelaridade é uma tarefa que deve ser encarada por profissionais e pesquisadores de diversas áreas que buscam compreender aspectos do desenvolvimento humano e, nesse caso particular, aspectos da maternidade.
Ademais, ao se tratar de estudos com gêmeos e suas famílias, deve ser pontuado que, apesar de a literatura com essa população não ser recente e por mais que se trate de um campo de conhecimento vasto, há uma lacuna na literatura especializada (Vieira, 2011). Em estudos recentes, Cangueiro (2019) reconhece que há poucas pesquisas na Psicologia sobre a relação mãe-gêmeos ou mesmo da relação intrapar e Nunes (2019) afirma a escassez de relatos científicos sobre a experiência de tornar-se mãe de gêmeos. Os estudos existentes tendem a priorizar aspectos biológicos ou psicopatológicos.
Em um estudo clássico sobre o tema, Spinner (1983) buscou esclarecer o impacto do nascimento e dos três primeiros anos de vida de bebês gemelares na vida dos pais, enfatizando os fatores psicológicos e as habilidades parentais para lidar com as transições necessárias. Ele verificou que, nos primeiros meses, os pais precisam encontrar mecanismos de enfrentamento para lidar com o desafio de cuidar de dois bebês ao mesmo tempo, garantindo que se sintam “únicos”.
Beck (2002), por sua vez, investigou os problemas psicológicos que as mães de múltiplos nascimentos encontram durante o primeiro ano após o parto e suas estratégias para lidar com os filhos gêmeos. Nesse estudo, as mães relataram a impossibilidade de responder simultaneamente às exigências de ambos os gêmeos. O fato de ter que se relacionar individualmente com cada filho produziu nelas um sentimento de obrigação no sentido de realizar sempre a mesma atividade com os filhos.
Em uma série de estudos, Vieira e Branco (2010a; 2010b) e Vieira (2011) propuseram analisar os processos de socialização orientadores para as similaridades ou diferenciações de crianças gêmeas. Foram consideradas também as relações entre crenças, expectativas sociais e práticas educativas de pais e educadores em relação ao desenvolvimento das crianças. Os resultados indicaram que há contrastes de objetivos e dos sistemas de crenças entre o contexto da família, da escola e seus atores em relação às expectativas para o comportamento, desempenho e relacionamentos de crianças gêmeas, o que permite trajetórias flexíveis de desenvolvimento das crianças.
Candeias (2013) afirma que o mais importante no processo de ligação materna com nascimentos múltiplos é a capacidade de a mãe identificar características únicas e distintas de cada um dos seus filhos, o que parece promover o estabelecimento de uma apropriada e positiva ligação materna com cada um dos gêmeos. A autora reforça a noção de que os comportamentos de pais de gêmeos dependem das concepções deles sobre aspectos do desenvolvimento demonstrados individualmente pelas crianças. Deste modo, características específicas de cada bebê e seus traços individuais são essenciais para o processo de vinculação materna por ajudarem a mãe a distinguir os gêmeos.
Fonsêca et al. (2013) realizaram um estudo com 10 mães e cinco pais para investigar os prazeres, necessidades e desafios de ser pais de gemelares. Os resultados ressaltam a importância da presença ativa da família extensa, pois os participantes que puderam contar com essa ajuda, principalmente nos primeiros meses de vida dos bebês, demonstraram menos angústias. Os autores destacaram que o maior desafio para os pais é estabelecer desde cedo uma diferença entre os filhos. Para eles, era fundamental que os pais e mães identificassem as características peculiares de cada criança, estabelecendo uma vinculação apropriada com cada uma. Barbetta e Panhoca (2019) afirmam a importância de respeitar a individualidade e o processo de constituição da identidade de cada membro do par e que a família, além de ser o principal grupo do qual a criança faz parte, incontestavelmente, também contribui de maneira incisiva com a sua formação social.
Por meio de uma revisão integrativa acerca da individualização de gêmeos, Gallo et al. (2020) verificaram que os pais devem proporcionar tratamento diferenciado aos bebês, reconhecendo que cada um tem sua própria demanda. Os estudos dessa mesma revisão apontaram ser fundamental que os pais ajudem os bebês “a identificar e nomear emoções, contribuindo igualmente para a formação de suas identidades e na diferenciação de um em relação ao outro, aprimorando seus relacionamentos” (Gallo et al., 2020, p. 2). Relacionado a isto, entende-se que as práticas parentais e as interações estabelecidas com seus filhos gêmeos são influenciadas pelas suas concepções acerca dos bebês e das características infantis.
Diante do exposto, o presente artigo tem como objetivo conhecer as emoções das mães acerca da gravidez gemelar e analisar as suas concepções e expectativas sobre o desenvolvimento dos bebês gêmeos nos primeiros 24 meses de vida. Cabe ainda pontuar que este estudo é fruto de uma dissertação de mestrado, que teve como principal objetivo compreender, a partir de relatos maternos, as habilidades sociocomunicativas e linguísticas de bebês gêmeos. Para tanto, foram identificados diferentes aspectos afetivos e cognitivos maternos, entre eles, o conjunto de análises aqui apresentado.
Método
Participantes
Nove mães de gêmeos entre sete e 23 meses. Como critérios de inclusão, foi definido que as gestações deveriam ter sido gemelares espontâneas, as mães tivessem acima de 18 anos e residissem na cidade de João Pessoa e região metropolitana. As participantes apresentaram níveis socioeconômico e instrucional diferenciados, com média de idade de 27 anos (DP = 4.24). No que se refere à ocupação, três mães estavam trabalhando fora do ambiente familiar durante a realização da pesquisa. Outros dados sobre as participantes são apresentados na Tabela 1.
ID | Idade | Nível Instrucional | Ocupação | Ordem da gestação | Zigosidade | Idades dos bebês | Sexo dos bebês |
---|---|---|---|---|---|---|---|
Ml | 32 | Sup. Inc. | Desempregada | Secundipara | Dizigóticos | 7m | ET |
M2 | 25 | Méd. Comp. | Desempregada | Secundipara | Monozigóticos | 9m | F/F |
M3 | 21 | Méd. Comp. | Desempregada | Primípara | Dizigóticos | l0m | ET |
M4 | 22 | Méd Comp. | Exp. de toalhas | Primípara | Dizigóticos | 16 m | F/M |
M5 | 31 | Sup. Comp. | Enfermeira | Primípara | Monozigóticos | 16 m | ET |
M6 | 23 | Fund. Comp. | Oper. de máquina | Secundipara | Dizigóticos | 16 m | M/M |
M7 | 27 | Fund. Comp. | Desempregada | Multipara | Monozigóticos | 21 m | ET |
MS | 29 | Méd. Comp. | Desempregada | Primípara | Dizigóticos | 22 m | ET |
MS | 33 | Méd. Comp. | Desempregada | Primípara | Monozigóticos | 23 m | M/M |
Nota. Sup. Comp. = Ensino Superior Completo; Sup. Inc. = Ensino Superior Incompleto; Méd. Comp. = Ensino Superior Completo; Fund. Comp. = Ensino Fundamental Completo; Exp. de toalhas = expedidora de toalhas; Oper. De máquina = Operadora de máquinas.
Instrumentos
Para coleta de dados foram utilizados um questionário sociodemográfico e um roteiro de entrevista semiestruturada. Especificamente, para o presente estudo foram utilizadas as questões relativas às emoções maternas acerca da gravidez gemelar e às concepções e expectativas sobre o desenvolvimento dos bebês gêmeos. O roteiro continha perguntas a exemplo de: como a senhora acha que está o desenvolvimento de seus filhos?
Procedimentos
Inicialmente, a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), obtendo aprovação através do protocolo de número 0628/13. CAAE: 24138913.2.0000.5188, sendo respeitados todos os procedimentos éticos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Saúde. A amostra foi definida por conveniência, as participantes foram indicadas por pessoas que conheciam mães e bebês que se adequavam aos critérios de inclusão. As entrevistas foram realizadas em um Centro de Referência em Educação Infantil - CREI, nas residências das mães e em ambientes de trabalho das participantes, sempre em locais reservados para evitar possíveis interferências.
Análise de Dados
A análise dos dados foi realizada a partir da técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (1977/2016), após as entrevistas serem transcritas na íntegra e de forma literal. A partir da estrutura do roteiro utilizado, da análise dos relatos maternos e da literatura, foram definidas as categorias: a) Descoberta sobre a gemelaridade; b) Dimensões do desenvolvimento; c) Fatores que auxiliam o desenvolvimento; d) Diferenças entre os gêmeos; e e) Expectativas maternas sobre o desenvolvimento dos filhos. A primeira categoria refere-se a aspectos emocionais maternos ligados à gestação gemelar; as três seguintes são referentes às concepções maternas sobre a gestação e o desenvolvimento dos filhos gêmeos, e a quinta categoria versa sobre as expectativas maternas. As categorias são não excludentes, assim como as subcategorias que compõem cada uma delas.
Resultados e Discussão
Na busca por compreender como as mães percebiam o desenvolvimento de seus filhos, considerou-se pertinente identificar como foi para elas a descoberta sobre a gemelaridade durante o período gestacional. Cabe mencionar que essas informações foram apresentadas de forma retrospectiva, tendo em vista que a entrevista foi realizada meses após os nascimentos dos bebês. As respostas maternas sobre o tema se concentraram na descrição das emoções ao descobrirem a gravidez múltipla e no tempo necessário para aceitação/adaptação à notícia.
Descoberta das Mães sobre a Gemelaridade
Sobre as emoções ao descobrirem a gravidez múltipla, as emoções negativas, representadas principalmente por medo, angústia e insegurança, foram predominantes nos discursos; seguidas dos relatos sobre felicidade associada à descoberta. As falas seguintes refletem emoções negativas sentidas e mencionadas por sete participantes: “Fiquei fora de mim, agoniada, estressada, perturbada. Eu pensava: o que eu vou fazer da minha vida?” (M2); “Fiquei sem saber o que fazer”; “Desesperador, comecei a chorar” [...] “Morria de medo” (M5). Sobre as emoções positivas, relatadas por três participantes, como na fala: “Surpresa muito boa” (M7). Esses dados corroboram os resultados apresentados por Fonsêca et al. (2013), que afirmam que a gravidez gemelar habitualmente surpreende os pais, que experimentam sentimentos de ambivalência, como incredulidade, perplexidade, medo, ansiedade, alegria, orgulho e satisfação.
As falas referentes ao tempo de aceitação/adaptação refletem que, por vezes, as mães demoraram para se adaptar à ideia de uma gestação gemelar: “Como as meninas já estavam com 12 semanas, já praticamente formadas, ali eu já comecei a curtir um pouquinho, apesar de que a ficha demora um pouquinho a cair (M5); “Demorei a me acostumar” (M4). Percebese que, assim como no estudo de Fonsêca et al. (2013), quando indagadas acerca de suas reações ao saberem da gestação gemelar, a maioria das entrevistadas ficou impactada com a notícia. Para Taubman-Ben-Ari et al. (2008), a gestação e o nascimento de gêmeos são percebidos simultaneamente como uma dupla bênção e eventos estressantes. Percebe-se que os resultados encontrados no presente estudo corroboram essa perspectiva. Essa dualidade de sentimentos pode levar a família a questionar o seu futuro, o que pode influenciar o meio no qual os bebês serão recebidos.
O nascimento de dois bebês semelhantes pode abalar e desafiar os conhecimentos e as interações da família, alterando, assim, a dinâmica familiar (Barbetta et al., 2008; Nunes, 2019). Essas mudanças exigem novos papéis ou uma reavaliação dos exercícios de cada membro dessa família. Cuidar de um recém-nascido é desafiante e, tratando-se de dois bebês gêmeos, a tarefa é ainda maior. A nova situação familiar modifica a noção do que é afetivo, interacional e relacional para a família, pois essa nova situação representa circunstâncias diferentes e mais estressantes do que aquelas experimentadas por mães de não gemelares.
A combinação de sentimentos experimentada pela maioria das mães sobre a confirmação de sua gravidez múltipla inclui ainda conflitos relacionados à situação financeira, aos cuidados com a saúde, dentre outras preocupações. Essa ambivalência de sentimentos nas mães de gêmeos pode levar a uma gravidez física e emocionalmente mais estressante do que de um único filho. Contudo, os autores acima citados destacam que essas mães demonstram um sentimento de orgulho por se sentirem “excepcionais”.
Dimensões do Desenvolvimento Infantil
Outra categoria resultante da análise dos relatos das mães refere-se às concepções maternas sobre as dimensões do desenvolvimento dos seus filhos gêmeos. Sobre esse tema, as principais dimensões mencionadas pelas participantes, de acordo com a frequência, foram as dimensões sociocomunicativa, motora e cognitiva.
A dimensão sociocomunicativa foi o principal indicador presente no discurso materno de sete participantes quando questionadas sobre o desenvolvimento das crianças. Duas mães de bebês no primeiro ano de vida focalizaram a linguagem de seus filhos, referindo que as crianças balbuciam e choram: “Ah, minha filha, oh, é ‘tá, tá, tá, tá’” (M1); “Já a outra só sabe arengar e chorar” (M2). Mães de bebês no segundo ano de vida destacaram que “(...) na questão da linguagem, elas são super desenvolvidas, elas falam, cantam, assim, eu acho elas mais desenvolvidas até do que as outras na mesma faixa (...), a linguagem é perfeita pra mim, se comunicam muito bem” (M5); “elas falam quase tudo, só que do jeito delas, elas entendem o que a gente diz” (M7).
Os relatos contidos nessa subcategoria apresentaram concepções maternas sobre a linguagem dos filhos, o que permitiu verificar que suas concepções sobre o desenvolvimento linguístico deles parece estar de acordo com a literatura. Tomasello (2019) propôs que os bebês interagem comunicativamente de forma diádica (mãe-bebê), por meio de olhares e gestos. Brazelton (2002) afirma que, inicialmente, os bebês fazem vocalizações, mas sem vincular a pessoas específicas. Por volta de um ano, o bebê continua a falar de modo inarticulado e incoerente, mas já direciona as vocalizações à pessoa certa. Com avanços nesse processo, aos dois anos, começa a combinar palavras, entender sugestões, perguntas e advertências, mostrando que o desenvolvimento está em curso.
A dimensão motora foi evidenciada nas falas de seis mães dos bebês nas diferentes idades, como exemplificado: “A outra já tá ficando em pé, eu tenho que ficar de olho direto, já estão ficando de quatro, mas se arrastando” (M1); “O menino tá se desenvolvendo muito bem, aprendeu a andar rápido, não chegou nem a engatinhar e andou.” (M4). Ressaltam-se as falas maternas acerca das habilidades relacionadas ao aspecto motor do desenvolvimento, considerando que o aprendizado motor é intrínseco ao desenvolvimento cognitivo e tem repercussões diretas no desenvolvimento das habilidades sociais infantis (Brazelton, 2002).
É também a partir da exploração do mundo externo que as crianças conhecem seu mundo social. Em uma fala de uma das participantes do presente estudo, ela relaciona as habilidades motoras das suas filhas com a sua dinâmica diária com as crianças:
(...) eu achei que dificultou um pouquinho a questão motora, mas eu acho assim, que não é nem tanto pela questão da prematuridade. Pelo fato de você estar com dois, a tendência é você botar muito os dois sentados; e você dominar naquela situação, você não tem como estimular muito, assim, soltar muito, só pra engatinhar, ou colocar em cima da cama pra você tentar uma brincadeira que estimule a parte motora, porque você geralmente está sozinha pra olhar dois... (M5).
Sobre a fala materna apresentada, percebe-se, como afirmou Spinner (1983), que os pais de gêmeos precisam encontrar mecanismos de enfrentamento para lidar com as dificuldades e os desafios de cuidar de dois ao mesmo tempo, fazendo com que cada um dos filhos se sinta único, bem como para auxiliá-los na estimulação dos bebês, que demandam uma dinâmica diferenciada.
A respeito da dimensão cognitiva, mencionada por quatro mães, verificou-se uma variação no tipo de respostas maternas, o que pode ser influenciado pelo período de desenvolvimento das crianças na ocasião da entrevista. As mães cujos bebês ainda estavam no primeiro ano de vida mencionaram: “Elas são bem sabidinhas (...)”; “(...) a que é mais desenvolvida (...) é bem assim esperta” (M3). Já as mães dos bebês no segundo ano de vida apresentaram falas do tipo: “Elas entendem o que a gente diz, tudo o que eu digo, qualquer ordem que eu dou a elas, elas conseguem executar” (M7).
Sobre esses resultados, verifica-se que as concepções maternas se modificam de acordo com as habilidades que as crianças vão adquirindo ao longo do desenvolvimento. Entende-se que essas concepções são influenciadas diretamente pelos conhecimentos adquiridos pelas mães, bem como suas crenças, valores e expectativas quanto ao desenvolvimento dos filhos.
Em relação ao último relato apresentado, retomam-se considerações de pesquisadores como Tomasello (2019) que referem que, após o final do primeiro ano de vida, as crianças demonstram a habilidade de interpretar a intenção comunicativa dos adultos, um dos principais preditores da cognição social infantil e da linguagem. Em um estudo acerca das habilidades de comunicação intencional de bebês no primeiro ano de vida, Nunes e Aquino (2014) destacam o papel do adulto sobre o ato comunicativo percebido pelas mães, o qual atribui significado aos comportamentos infantis durante as interações com o bebê, antes mesmo do aparecimento da linguagem oral. Nas interações iniciais, a atribuição de significado tem um papel fundamental no desenvolvimento infantil, já que é a partir dela que o bebê internaliza, gradativamente, os significados de vários comportamentos comunicativos e vai se tornando capaz de fornecer respostas adequadas ao comportamento do adulto.
Fatores que Auxiliam o Desenvolvimento dos Filhos
Outra categoria componente da análise foi sobre as concepções maternas acerca dos fatores que auxiliam o desenvolvimento dos seus filhos. Entre esses fatores indicados estão: rede de apoio, sociabilidade, afetividade dos pais, estimulação dos pais, e dedicação materna.
O primeiro fator que pode auxiliar no desenvolvimento dos filhos, indicado pelas participantes, refere-se à rede de apoio, mencionada por quatro mães. O relato a seguir, de uma mãe de bebês no primeiro ano de vida, refere-se à necessidade do envolvimento do pai na ajuda com as crianças:
O que pode ajudar? O pai delas me ajudar. Ele não ajuda em nada, ele só me estressa; se ele fosse mais calmo, eu acho que eu seria mais calma e passava a calma pra elas. (…) As meninas não podem chorar que ele faz: “Oh, as meninas estão chorando”, “Pegue você”. Ele me estressa, ao invés de me ajudar, ele me atrapalha. (M2).
Essa fala ilustra a ideia de Spinner (1983) segundo a qual a participação paterna na divisão da carga de trabalho na família de gêmeos é uma estratégia de enfrentamento para amenizar as dificuldades vivenciadas pela mãe por causa da dupla demanda. Quando essa participação é inexistente ou negativa, ela pode ser mais um fator de estresse materno. Ainda sobre a ajuda no cuidado das crianças, as mães mencionaram:
“Pra mim, crucial seria ter mais de uma pessoa pra cuidar comigo, por que, tipo quando uma pede pra ir pro braço, a outra pede também (...), no fim do dia a pessoa tá morta de cansada, é estressante.” (M5); “(...) porque minha irmã ficava com eles, ela é uma mãezona mesmo, eles chamam ela de mãe, cuida muito mesmo deles e corrige, como uma mãe mesmo” (M9).
Segundo Beltrame e Donelli (2012), as mães que têm e conseguem lidar melhor com uma rede de apoio, provavelmente, aliviam sua sobrecarga e beneficiam o bebê, que terá mais contato afetivo com outras pessoas e com a própria mãe. Esse tipo de apoio pode ser acessado junto às escolas, creches, babás, vizinhos, avós, até mesmo crianças mais velhas, variando de acordo com o contexto em que cada família está inserida. Vale ressaltar que poucos estudos sobre este tema foram realizados com a tríade mãe-gêmeos, o que permite sugerir futuros estudos que envolvam a discussão específica e a importância da rede de apoio para mães de gêmeos, conforme indicado também por Cangueiro (2019) e Fonsêca et al. (2013).
Sobre os relatos analisados, três participantes citaram o fator sociabilidade destacando a importância do convívio dos bebês com outras pessoas, especialmente outras crianças: “Eu acho que o convívio com outras crianças faz toda a diferença” (M7); “(...) elas passeiam, eu passo mais tempo com elas (...). E tem uma coisa, que elas estão sempre vendo pessoas, eu sempre saio com elas” (M2).
Os relatos seguintes enfatizaram a importância da afetividade dos pais mencionada por três participantes, como no exemplo: “Eu acho assim, que eu tenho que passar... dar amor, carinho, a paciência da mãe e do pai, eu acho que é o essencial para a criança crescer bem, saudável” (M4). Relacionado a isso, duas participantes ressaltaram também a importância da estimulação dos pais: “A gente estimular eles com brinquedos educativos, até programação educativa pra eles, eu sempre gosto de botar Discovery Kids (...). E sempre estar estimulando eles, quando eles fazem uma coisinha, eu faço: parabéns, bebê!” (M1).
Taubman-Ben-Ari et al. (2008) ressaltam a importância de os pais terem recursos estáveis, como o estilo de apego e apoio materno, visto que esses recursos são mais fortes do que as circunstâncias adversas que são enfrentadas tanto no nascimento de um único filho como no de gêmeos. Esses aspectos estão diretamente relacionados com a qualidade das interações estabelecidas, que, por sua vez, são afetadas pelas concepções e afetos dos pais em relação aos seus filhos.
É importante destacar a seguinte fala de uma das mães:
(...) e eu sempre tô lendo na internet o que fazer, o que não deve. Porque, quando eu tive o meu mais velho, assim, por eu ser mais nova, eu não tive maturidade, mas com eles não, com eles eu sempre tô lendo, procurando saber alguma coisa, o desenvolvimento deles.” (M1).
Com base neste relato, concorda-se que aprender mais sobre o desenvolvimento da criança, adquirindo informações através de várias fontes, pode afetar a concepção materna acerca da intencionalidade infantil. Assim, a experiência anterior com outros filhos ou experiência profissional com crianças pode sensibilizar a concepção dos pais para os tipos de comportamentos intencionais que as crianças podem produzir (Nunes & Aquino, 2014).
Duas mães de bebês que já estavam no segundo ano de vida mencionaram também a dedicação materna como fator positivo para o desenvolvimento dos filhos. Destaca-se a seguinte fala da mãe: “Eu tomei uma decisão que foi sair do trabalho pra cuidar deles, já pra ajudar nisso mesmo, (...), porque uma só pessoa pra cuidar de dois não dá certo de jeito nenhum, é muito difícil” (M9).
Brazelton (2002) evidencia que o momento de a mãe retornar ao trabalho traz questões muito importantes, tais como: se ela está pensando em deixar o bebê com uma babá ou em uma creche, os seus sentimentos acerca da separação, a assistência que o bebê vai receber, se o pai vai participar dos cuidados, o que o casal pensa acerca dessa nova organização. O autor reitera a importância das licenças maternidade e paternidade, afirmando que essa oportunidade é quase tão importante para os pais quanto para o desenvolvimento do bebê.
É necessário destacar que a realidade do nosso país, em que as mães têm apenas entre quatro e seis meses de licença maternidade não colabora com a dedicação de que o bebê precisa. Schmidt et al. (2019) afirmam que há uma sobrecarga feminina após a licença maternidade, o que pode prejudicar a capacidade da mãe de associar suas demandas de trabalho com as ligadas à parentalidade. Para os autores, pais e mães passam por dificuldades ao compartilhar cuidados e responsabilidades sobre o filho, o que pode impactar a relação coparental e o desenvolvimento da criança. Brazelton (2002), por sua vez, destaca que os pais podem se sentir culpados quando avaliam o tempo que se dedicam aos seus filhos, considerando os conflitos de demandas entre trabalho e família.
Nesse contexto, é importante considerar que os pais que planejam ficar em casa por um determinado tempo devem respeitar suas necessidades de ter um tempo para eles mesmos. Após as enormes transformações que tiveram com os nascimentos dos bebês, é necessário que voltem a dedicar algum tempo para o seu próprio relacionamento. Para os pais, a dificuldade de se separar do bebê pode ser o maior obstáculo à realização desse projeto. Para Beck (2002), o principal problema psicológico da maternidade de gêmeos é que as mães deixam sua vida de lado, desde que os gêmeos nascem até cerca de um ano após.
Diferença entre os Filhos
Especificamente sobre os gêmeos, dado que os estudos sobre a gemelaridade referem que há uma tendência da família em tratar os gêmeos como sujeitos idênticos, muitas vezes se esquecendo das suas peculiaridades, buscou-se verificar se e como as mães concebiam diferenças entre os bebês, o que resultou na categoria diferenças entre os filhos. Ao analisar as respostas de todas as entrevistadas, verificou-se que a maioria das mães referiu diferenças de temperamento (oito mães) e diferenças no ritmo de desenvolvimento (seis mães) entre os seus filhos gêmeos.
Alguns relatos sobre diferenças de temperamento entre os gêmeos são: “a primeira que nasceu é a mais calma e a segunda é a mais danada” (M2). “A menina é mais calma, o menino já é bastante agitado, é arengueiro. E ela não, é bem calminha, carinhosa” (M4). “(...) a primeira eu acho que ela é, assim, mais carinhosa, mais afetuosa, ela tem jeito de ser mais ligada, mais dependente. Já L., que é a segunda, eu acho ela mais independente, ela já tenta comer sozinha, eu noto que ela vai ter esse perfil mais independente. (...)” (M5); “(...) ela é mais especial, assim, a maneira de ser mais sensível, eu percebo que ela chora mais; às vezes, chora quando realmente é para chorar, mas, às vezes, ela chora sem ter motivo. A outra, ela chora menos, não vou dizer que ela não chora. Ela chora, mas, assim, ela chora menos, eu acho ela mais calma no momento do choro.” (M8)
Nos relatos maternos também ficaram evidentes diferenças no ritmo de desenvolvimento dos bebês, que remetem à variação no tempo de aquisição de habilidades, o que foi claramente ilustrado nas seguintes falas: “Essa aqui, M. é a que nasceu primeiro, em tudo ela é sempre a primeira, ela fala primeiro, ela falou um pouquinho mais, ela andou primeiro, assim, ela é fisicamente, você ver que ela é maior, ela tem o jeito de mais velha.” (M5); “Sempre tem um que aprende mais rápido do que o outro. Sempre tem um que ele pega mais rápido.” (M6)
Especificamente no caso de gêmeos, Viotto (1993) destaca que, embora sejam semelhantes, convivam nos mesmos ambientes sociais e na mesma família, as estruturas cognitivas dos gêmeos se desenvolvem em “ritmos” desiguais, de tal forma que algumas habilidades já foram estabelecidas em um sujeito enquanto em seu cogêmeo ainda não se estabeleceu ou está em fase de desenvolvimento, como ilustram as falas maternas. Portanto, deve-se considerar que o modo como cada gêmeo vivencia as situações de vida diária e a forma como percebe as situações interferem no desenvolvimento de cada sujeito, influenciando as diferentes dimensões e, consequentemente, as características individuais.
Para Barbetta e Panhoca (2019), os gêmeos, especialmente os monozigóticos, à medida que vão se desenvolvendo, apresentam diferenças físicas sutis, mas tendem a ter características psicossociais bastante distintas, que são atribuídas a diferenças ambientais às quais cada indivíduo estaria exposto. Contudo, os autores ressaltam que mesmo sendo improvável que não apareçam diferenças na vida dos gemelares, a marca do “ser idêntico” ainda é rótulo na vida deles.
É interessante ressaltar que, já nos primeiros meses de vida dos bebês, as mães verbalizam características específicas de cada um deles. Refletir e discutir esse fato traz implicações para as interações que são estabelecidas entre a mãe e os bebês e, consequentemente, para o desenvolvimento infantil de forma geral (Candeias, 2013). Os resultados encontrados corroboram a pesquisa de Fonsêca et al. (2013), que constatou que alguns pais destacam as diferenças observadas em cada filho, demonstrando uma atenção maior em torno dessa questão. A partir da análise dos resultados, percebe-se, assim como proposto em Passos et al. (2013), que a mãe é o agente primário no processo de singularização de seus filhos, na medida em que consegue atender ao que cada um necessita e, assim, diferenciá-los. Ou seja, ao buscar atender as particularidades e necessidades de cada filho, propicia a eles a oportunidade de amadurecer a partir das suas próprias características, que se constituem na relação com o contexto sociocultural. Além disso, ao responder às solicitações dos seus filhos, ela assume sua posição como representante do ambiente primário de cada bebê.
Ao falar sobre as diferenças entre suas filhas, uma mãe também relata a sua preocupação em agir igualmente com as duas: “(...) elas não são assim bem iguaizinhas não, apesar de serem estimuladas da mesma forma, né, tudo eu faço sempre com as duas juntas, né, faço de tudo pra dividir. Tipo, eu tô um pouquinho com ela, daqui a pouco, se ela tá com outra pessoa, eu faço: vamos trocar um pouquinho. Sempre me cobro para me doar por igual.” (M5).
Sobre essa questão, Beck (2002) afirma a impossibilidade de as mães responderem simultaneamente às exigências de ambos os gêmeos e que o problema do desenvolvimento de relações numa base individual promoveu a necessidade de igualitarismo, trazendo um sentimento de obrigação às mães para fazerem sempre a mesma coisa com os dois gêmeos, como observado na fala destacada anteriormente. Tal relato remete ao fato de que ter dois filhos ao mesmo tempo reduz o período e pode reduzir a qualidade das atividades realizadas com eles, dificultando assim a estimulação, que passa a estar dividida para duas ou mais crianças. Esse resultado também foi encontrado por Fonsêca et al. (2013), que afirmam que o tempo para se dedicar aos filhos também foi citado como uma necessidade sentida pelos pais de gêmeos.
É necessário sublinhar que a perspectiva dos pais sobre a gemelaridade influencia diretamente os cuidados desempenhados para cada filho. O modo como a família demostra a identificação, seja no modo de falar ou de cuidar dos bebês, como um sinal afetivo, indica uma forma de investimento psíquico para os filhos (Gallo et al., 2020). Destaca-se também a necessidade de orientar os pais de gêmeos a respeito das práticas individualizadas de cuidado, o que demanda estudos aprofundados.
Expectativas Maternas sobre o Desenvolvimento dos Filhos
Além das questões já apresentadas, buscou-se apreender as expectativas maternas sobre o desenvolvimento dos filhos. A análise dessa categoria permitiu agrupar as falas maternas em subcategorias que variaram quanto à sua configuração e frequência, a saber: expectativas sobre desenvolvimento global dos filhos; expectativas sobre o desenvolvimento linguístico dos filhos; e expectativas sobre o desenvolvimento social dos filhos.
A maioria das mães (seis) revelou expectativas sobre desenvolvimento global dos filhos, demonstrando, principalmente, cuidado com a saúde em geral: “Eu espero que eles continuem se desenvolvendo direitinho, né, com saúde, que cresçam direitinho, é o que vale. Saúde é o que importa” (M6); “Como eles já têm um bom desenvolvimento, eu espero é que daqui pra frente a evolução seja cada vez melhor” (M9).
Na sequência, três mães relataram expectativas sobre o desenvolvimento linguístico dos filhos, como nos exemplos: “Eu espero que realmente continue, nessa questão da linguagem, continuem no ritmo que tá, porque, assim, elas falam muito, cantam” (M5); “Eu espero que melhorem, que elas aprendam a falar melhor, né, porque tem coisa que elas falam que a gente ainda não entende, tem que estar decifrando” (M7).
Foram apresentadas de forma mais específica por duas mães de bebês mais velhos, já no segundo ano de vida, expectativas sobre o desenvolvimento social dos filhos: “Eu acho que isso tudo vai ser complementado quando elas forem pra escola, né? Vão crescendo e vão se relacionando com outras pessoas” (M5); “Ensinar a elas para poder vir o período da escolinha (...), a gente também tá ensinando a levar elas pra igreja, participar das atividades da igreja, da salinha” (M8).
A partir das falas das mães, constatou-se que houve variabilidade nas expectativas quanto ao desenvolvimento das crianças. Sobre essa temática, Vieira (2011) destaca que as expectativas sobre si e sobre o outro compõem um sistema aberto, dinâmico, dialógico, que é alimentado por diversos fatores, tais como a história, a cultura social e pessoal, o conhecimento sobre um assunto, a trajetória de vida, as relações estabelecidas e os posicionamentos pessoais coconstruídos nas diferentes interações. Dessa maneira, argumentase que as práticas maternas são influenciadas pelas expectativas e elaboradas de acordo com aquilo que elas acreditam ser apropriado para seus filhos.
Para discutir essa questão, retoma-se o conceito de etnoteorias parentais como um dos sistemas organizados de ideias que estão implícitas na atividade do dia a dia. As etnoteorias são traduzidas em termos de ações relativas à criação de filhos que parecem exercer influência tanto na saúde quanto no desenvolvimento global das crianças (Harkness & Super, 2006). Quando as concepções e expectativas estão coerentes com as necessidades dos bebês, há um favorecimento de um envolvimento emocional com eles. É nesse processo de interação, em especial entre os cuidadores e os bebês, que as trocas afetivas e emocionais cumprem um papel essencial, organizando-se em experiências através das quais o bebê aprende sobre si mesmo e sobre as pessoas ao seu redor. Isto também representa um fator de proteção do desenvolvimento familiar e infantil (Nunes & Aquino, 2014; Schmidt et al., 2019).
Destaca-se que as semelhanças e as experiências sociais dos gêmeos também podem ser construídas e estruturadas pelas concepções e expectativas em relação a eles (Vieira & Branco, 2010a, 2010b). Conforme orienta Vieira (2011), as práticas educativas dos cuidadores (pais, familiares, professores) e sua ação mediadora podem potencializar a conscientização sobre a seriedade de se promover trajetórias e experiências distintas para cada criança gêmea, ajudando a desconstruir mitos e concepções equivocadas sobre a gemelaridade.
Considerações Finais
Este estudo propôs conhecer as emoções das mães acerca da gravidez gemelar e analisar as suas concepções e expectativas sobre o desenvolvimento dos bebês gêmeos nos primeiros 24 meses de vida dos bebês. As análises permitiram apreender aspectos sobre a descoberta de que seriam mães de gêmeos. Foram identificadas concepções acerca do desenvolvimento global infantil, que remetiam às dimensões sociocomunicativas, motoras e cognitivas.
Foi possível apreender os fatores, que segundo as mães, ajudam no desenvolvimento dos filhos, bem como suas expectativas quanto ao desenvolvimento futuro deles. Assinala-se, que as respostas das mães apresentaram, de forma recorrente, diferenciações entre seus filhos, incluindo os ritmos diferenciados do desenvolvimento de cada criança. Esse dado, em alguma medida, se contrapõe a estudos acerca da gemelaridade, os quais afirmam que pais de bebês gêmeos tendem a tratá-los como únicos ou muitas vezes como “iguais”.
Em termos de limitações, pontua-se o número restrito de participantes e suas características pessoais e contextuais específicas. Destaca-se que as mães participantes do presente estudo tiveram gestações gemelares espontâneas e faz-se necessário atentar para outras configurações possíveis, como as gestações gemelares resultantes de técnicas de reprodução assistida. Tais diferenças podem influenciar emoções, concepções e expectativas em relação à própria gestação e ao desenvolvimento dos bebês.
Sugere-se também que futuros estudos incluam os pais de gêmeos, dado o papel paterno no desenvolvimento infantil e a possibilidade de suporte afetivo e social às mães. Por fim, espera-se que este estudo possa subsidiar a atividade de profissionais de diversas áreas, em especial de psicólogos, na mediação de conhecimentos científicos que orientem os pais, educadores infantis e docentes quanto ao desenvolvimento dos bebês gemelares, pela via do discurso materno, bem como lançar indicadores para novos estudos que visem se aprofundar no desenvolvimento de crianças gêmeas nos primeiros anos de vida.