61 1Partisan publics: communication and contention across Brazilian youth activist networksArquivos Brasileiros de Psicotécnica: ano 1. Número 1, setembro de 1949 
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Arquivos Brasileiros de Psicologia

 ISSN 1809-5267

Arq. bras. psicol. v.61 n.1 Rio de Janeiro abr. 2009

 

SEÇÃO ABERTA

 

ABP: um pouco de história

 

 

Francisco Teixeira Portugal

Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ); Co-editor

 

 

Em setembro de 1949 foi lançado o primeiro número dos Arquivos Brasileiros de Psicotécnica. No ano do sexagenário, lançamos o volume 61 comemorando esta longa existência. Reproduzimos neste número a apresentação publicada no volume 1, número 1, de autoria do então presidente da Fundação Getulio Vargas.

A leitura deste documento demanda uma reflexão sobre o lugar e o papel dos Arquivos Brasileiros de Psicologia no cenário acadêmico contemporâneo bem como de sua história.

Uma das instituições que ajudou a difundir a Psicologia no Brasil na década de 1940 foi, sem sombra de dúvida, o Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP), da Fundação Getulio Vargas.

Pretendendo, inicialmente, atender às novas demandas relativas ao trabalho concomitantes à industrialização por que passava o país, o ISOP foi criado, como órgão do Estado, em 1947 para instrumentar, pela legitimação e poderes conferidos pela ciência, uma nova forma de gestão do trabalho. A psicotécnica foi então amplamente difundida e constitui marca na consolidação dos saberes psicológicos no Brasil. O sucesso da aplicação do conhecimento psicológico ao mundo do trabalho, conjugado com a produção de conhecimentos e técnicas, produção de testes, de textos, de livros, idas a congressos e outras práticas comuns ao mundo universitário, motivou a criação de um periódico que pudesse contribuir para a sedimentação da psicotécnica no país.

Foi com esse propósito que surgiu o periódico Arquivos Brasileiros de Psicotécnica, publicando trabalhos que diziam respeito ao mundo do trabalho e aos meios de fazer do trabalho ''a alegria da Vida'', sem esquecer, todavia, da necessidade de elevar os níveis de produção, de colocar o homem certo no lugar certo (do ponto de vista do empregador e do Estado). De 1949 a 1964 foi editor dos Arquivos Brasileiros de Psicotécnica Emilio Mira y Lopez. Durante esse período, os propósitos da publicação foram consistentes com a realidade do trabalho e de uma ação otimizadora que o conhecimento psicológico poderia fornecer. Com a morte de seu primeiro editor, o periódico passou a ser conduzido por Lourenço Filho. Na década de 1960, tanto o ISOP enfrenta mudanças significativas como a Psicologia no Brasil inicia seu processo mais intensivo de institucionalização. Em 1962 é reconhecida a profissão psicologia pelo Estado e, ao longo desses anos, há a consolidação dos cursos de Psicologia nas universidades públicas no Rio de Janeiro.

As mudanças do ISOP incluíram o declínio de sua atuação técnica no campo do trabalho e a ênfase em cursos e em pesquisa. O nome do periódico sofre também mudança para Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada, uma designação mais ampla do que o nome anterior. A criação de curso de pós-graduação na década de 1970 modificou mais uma vez o perfil da publicação que se torna veículo de publicação das mais variadas pesquisas em Psicologia então em curso. Houve nova mudança no nome do periódico que se mantém até os dias de hoje, Arquivos Brasileiros de Psicologia (ABP).

Com o fechamento do ISOP em 1990, a publicação e o curso de pós-graduação foram transferidos, em 1992, para o Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ainda sob a coordenação de Franco Lo Presti Seminério. Ocorre um enorme crescimento de cursos de graduação, pós-graduação nas décadas de 1980 e 1990. Nesse período há a consolidação da pós-graduação em Psicologia no Brasil e o aparecimento de grande número de periódicos que, em função de sua curta história, atendem a uma nova forma de produção. São periódicos restritos aos novos campos que a Psicologia reconhece na atualidade, que seguem critérios de qualificação que parte da comunidade, essencialmente ligada ao Estado e a seus órgãos gestores, estabeleceu.

Com o falecimento de seu terceiro editor, que esteve à frente da publicação por 33 anos, a ABP, após um breve período de reconfiguração, caminhou para um novo formato, mantendo sua tradição de abrigar a diversidade das produções em Psicologia e áreas afins. Desde 2005 a publicação tornou-se eletrônica e de acesso livre.

Todos sabemos das dificuldades de manter um projeto institucional como um periódico durante esse período no Brasil. Neste momento histórico, queremos destacar a contribuição da comunidade para esse feito e assinalar o papel formador e expressivo que o periódico, como instituição, teve e tem para produção da Psicologia no Brasil.

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