Pesquisas e Práticas Psicossociais
ISSN 1809-8908
Pesqui. prát. psicossociais vol.13 no.3 São João del-Rei jul./set. 2018
Oficinas com adolescentes do MST: sexualidade, diversidade sexual e gênero
Workshops with MST teenagers: sexuality, sexual diversity and gender
Talleres con adolescentes DEL MST: sexualidad, diversidad sexual y género
Eliane DominguesI; Maria Therezinha Loddi LibonniII; Ana Flávia Cicero CondeIII; Aline ToporowisczIV; Débora de Nez de MeloV; Deborah Sartório BazzotiVI; Elaine dos Santos BergamaschiVII; Georgia Lara dos SantosVIII
IMestre e doutora em Psicologia Social pela PUC-SP. Professora do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UEM
IIMestre em Administração de Empresas pela UEM. Doutora em Educação pela Unicamp. Professora do Departamento de Psicologia da UEM
IIIPsicóloga e mestre em Psicologia pela UEM. Professora do Curso de Psicologia da Unifamma. Bolsista Extensão UEM na graduação
IVPsicóloga. Bolsista Extensão UEM na graduação
VPsicóloga. Bolsista Extensão UEM na graduação
VIPsicóloga
VIIPsicóloga. Bolsista Extensão Fundação Araucária na graduação
VIIIAcadêmica do Curso de Psicologia da UEM
RESUMO
O objetivo do presente artigo é apresentar as oficinas sobre sexualidade, diversidade sexual e gênero, realizadas em uma escola de agroeocologia do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Participaram 36 adolescentes e jovens, com idade entre 15 e 24 anos, da mesma turma do curso de agroecologia. A demanda que nos foi endereçada, tanto pelos educandos como pela coordenação da escola, foi trabalhar com o tema sexualidade. Realizamos 15 encontros semanais no ano de 2015, com 2 horas de duração, com os seguintes temas geradores: gênero e relacionamentos abusivos, diversidade sexual, infecções sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos. As técnicas utilizadas foram variadas: dinâmicas de grupo, mitos e verdades, exibição e discussão de filmes (curtas e longas). Nas oficinas, trabalhamos de uma forma dinâmica, esclarecendo dúvidas, proporcionando experiências e situações que estimulassem a reflexão e a expressão de vivências, para superar o enfoque do binômio saúde-doença.
Palavras-chave: Adolescência. Sexualidade. Oficinas. MST.
ABSTRACT
The aim of this article is to present the workshops about sexuality, sexual diversity and gender, performed in an agroecology school of the Landless Workers' Movement (MST). The participants were 36 adolescents and young, aged 15 to 24 years, from the same class of the agroecology course. The demand addressed to us, both by the students and by the coordination of the school, was approaching the sexuality theme. We performed 15 weekly meetings during the year 2015, with the duration of 2 hours each, about the following generating themes: gender and abusive relationships, sexual diversity, sexually transmitted diseases and contraceptive methods. Different techniques were used, such as: group dynamics, myths and truths, exhibition and discussion of short and long films. In the workshops, we pursued a dynamical working method, clarifying doubts, providing experiences and situations that stimulate reflection and sharing of experiences, in order to overcome the health-disease binomial approach.
Keywords: Adolescence. Sexuality. Workshops. MST.
RESUMEN
El objetivo del presente artículo es presentar los talleres sobre sexualidad, diversidad sexual y género, realizados en una escuela de agroecología del Movimiento de los Trabajadores Rurales Sin Tierra (MST). Los participantes fueron 36 adolescentes y jóvenes, con edades entre 15 a 24 años, de la misma clase del curso de agroecología. La demanda que nos ha sido dirigida, tanto por los alumnos como por la coordinación de la escuela, fue trabajar con el tema sexualidad. Realizamos 15 encuentros semanales en el año 2015, con 2 horas de duración, con los siguientes temas generadores: género y relación abusiva, diversidad sexual, enfermedades sexualmente transmisibles y métodos anticonceptivos. Las técnicas utilizadas fueron variadas: dinámica de grupo, mitos y verdades, exhibición y discusión de películas (corto y largometraje). En los talleres, propusimos trabajar de un modo dinámico, aclarando dudas, proporcionando vivencias y situaciones para fomentar la reflexión y la expresión de experiencias, buscando superar el enfoque del binomio salud-enfermedad.
Palabras clave: Adolescencia. Sexualidad. Talleres. MST.
Introdução
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, a adolescência corresponde à faixa etária dos 12 aos 18 anos (2012). Já o Estatuto da Juventude (2013) propõe que a juventude corresponde à faixa etária dos 15 aos 29 anos. Considerando os dois estatutos, por um lado, podemos dizer que a adolescência antecede a juventude e, por outro, que a adolescência e a juventude se confundem, já que a faixa etária dos 15 aos 18 anos corresponde a ambas as idades. Encontramos nos estatutos o que Matheus (2010) identifica na Sociologia: a ausência de clareza e distinção entre os termos adolescência e juventude.
Diante da falta de clareza na distinção entre esses termos, Matheus (2010) classifica duas correntes que buscam diferenciá-los. A primeira que entende a juventude como um período posterior à adolescência e uma segunda que vê a juventude como sendo campo de estudo da Sociologia, enquanto a adolescência o campo da Psicologia. Nos dois casos, o período de vida (adolescência e juventude) é entendido como momento de passagem da infância para a vida adulta.
Para Marty e Cardoso (2008, p. 11), a adolescência não é somente um período de transição da infância para a vida adulta, "[...] é um processo psíquico que organiza a vida do sujeito retroativamente dando sentido à sexualidade infantil". Segundo Freud (1940/2007), a sexualidade está presente desde o nascimento e tem como uma de suas funções a busca de prazer a partir de zonas do próprio corpo e inclui atividades que nada tem a ver com os genitais. A sexualidade infantil passa por fases (oral, anal e fálica) que não são estanques, podem agregar-se uma na outra, sobrepor-se e coexistir (Freud, 1940/2007). Após um período de desenvolvimento na infância, a sexualidade passa por um período de amortecimento (latência), em que se fixam os diques que servem para contê-la e colocá-la no rumo da normalidade.
Com a chegada da puberdade, a sexualidade deve assumir sua configuração genital adulta e adquire uma nova função: a reprodução. No entanto, as funções "busca de prazer" e "reprodução" nem sempre se sobrepõem, assim como nem sempre o sujeito atinge uma organização genital plena. A nova função adquirida com a puberdade vem acompanhada da transformação de si, do próprio corpo e do desafio de adaptar-se às mudanças, sem tornar-se estrangeiro a si mesmo (Marty & Cardoso, 2008).
Essas transformações impelem o sujeito em direção a novos objetos e a interesses diversos. Põem em jogo remanejamentos identificatórios e a integração das pulsões parciais à sexualidade genital, culminando na instauração de uma identidade sexual estável. Em seu término essa evolução deve permitir que o jovem se inscreva, de maneira autônoma - a partir de um trabalho de separação quanto aos objetos parentais -, numa atividade investida por ele próprio, e na escolha de um objeto de amor. (Emmanueli, 2008, p. 17)
As profundas transformações do sujeito na adolescência fazem com que esse seja um tempo de desequilíbrio, de excessos e também das oscilações. Justamente por se tratar de um período de transformações, a adolescência é uma fase que demanda do sujeito trabalho psíquico em que a abertura para mudanças é ampla, o que faz da adolescência um momento importante para intervenções (Emmanuelli, 2008).
A adolescência é também o momento dos grupos, das fratrias, como nos diz Kelh (2000). A participação nos grupos possibilita ao adolescente novos modelos identificatórios, para além do universo familiar. Besset, Coutinho e Cohen (2008, p. 99) destacam que "[...] o processo identificatório nos indica como nós fomos olhados, falados, acolhidos por nossa família e pelo mundo". Assim, a imagem de si mesmo que nós construímos depende dos olhos dos outros, sendo que na adolescência, momento de desinvestimento e separação das figuras parentais, pertencer a um grupo e ser reconhecido por ele assume papel fundamental na construção da imagem de si mesmo.
Portanto, é recomendado o trabalho com grupos como estratégia de intervenção nesse período da vida. A situação grupal favorece as identificações horizontais e o reconhecimento, principalmente entre aqueles que participam da mesma condição social. No grupo, a palavra de um mobiliza a palavra dos outros e as falas "podem ser confrontadas, reforçadas ou reformuladas" (Matheus, 2002, p. 186), o que pode auxiliar na elaboração do vivido e na construção de novos sentidos.
O trabalho em grupo também é metodologia recomendada pelo Ministério da Saúde como estratégia para o trabalho de prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)1 e Aids com adolescentes (Souza, Brunini, Almeida, & Munari, 2007). Entre as diferentes possibilidades de trabalho em grupo, as oficinas foram escolhidas como estratégia para abordar o tema "sexualidade, diversidade sexual e gênero" em uma escola de agroecologia do MST que recebe adolescentes e jovens oriundos de assentamentos e acampamentos do movimento. O objetivo do presente artigo é relatar essa experiência que foi realizada como parte das atividades do projeto de extensão intitulado "Juventude do campo: oficinas de formação humana, trabalho e cultura". O projeto de extensão teve início em 2014 e foi coordenado por duas professoras, com a participação de seis acadêmicas do curso de psicologia.
Abordar temas que envolvam a sexualidade em ambiente escolar não é prática nova. Gava e Villela (2016) apontam que desde a década de 1960 já existiam propostas governamentais que versavam sobre o tema, restritos a aspectos biológicos, morais e religiosos. Ainda segundo as autoras, a partir da década de 1990 o tema ganha força com a adesão do país a documentos internacionais de direitos das mulheres e jovens, com a Constituição Federal de 1988, com o Estatuto da Criança e do Adolescente em 1996 e com as campanhas para prevenção de HIV/Aids. Em 1997 são publicados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que propõem a inclusão do termo "orientação sexual" como tema transversal, e corpo, relações de gênero e prevenção às IST/Aids como eixos conceituais.
Em 2010 as Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) publicam a "Orientação Técnica Internacional sobre Educação em Sexualidade", e a Unesco Brasil em 2015 publica as "Orientações Técnicas de Educação em Sexualidade para o Cenário Brasileiro". Na publicação de 2010,
define-se educação em sexualidade como uma abordagem apropriada para a idade e culturalmente relevante ao ensino sobre sexo e relacionamentos, fornecendo informações cientificamente corretas, realistas, e sem pré-julgamento. A educação em sexualidade fornece oportunidades para explorar os próprios valores e atitudes e para desenvolver habilidades de tomada de decisão, comunicação e redução de riscos em relação a muitos aspectos da sexualidade. (Unesco, 2010, p. 2)
O termo "educação em sexualidade" adotado pela Unesco pretende ampliar o escopo para além de aspectos reprodutivos, envolvendo também questões sociais, culturais e econômicas, substituindo termos como "educação sexual", "orientação sexual". A partir dessa concepção que realizamos as oficinas aqui apresentadas.
Destacamos que após um período de avanços, no que diz respeito à educação em sexualidade, vivemos um momento histórico de retrocessos, em que o Congresso Nacional retirou as palavras "gênero", "orientação sexual" e "sexualidade" do PCN (Lei nº 13.005/2014). E que tramita no Congresso o Projeto de Lei nº 7.180/2014 da "Escola sem Partido," que em seu artigo 5º, parágrafo único do inciso XIV decreta: "a educação não desenvolverá políticas de ensino, nem adotará currículo escolar, disciplinas obrigatórias, nem mesmo de forma complementar ou facultativa, que tendam a aplicar a ideologia de gênero, o termo 'gênero' ou 'orientação sexual'" (PL 7.180/2016, p. 25).
Método
A Escola
A escola onde foram realizadas as oficinas não está integrada à rede pública de ensino, ela tem como objetivo geral elevar o nível de formação política, cultural e educacional de jovens e adultos do campo, além de promover a capacitação desse público. Entre os cursos que a escola oferece está o curso técnico integrado em agroecologia (formação técnica em agroecologia e ensino médio), realizado em parceria com o Instituto Federal do Paraná (IFPR). A escola adota a pedagogia da alternância, o que implica que os educandos passam cerca de dois meses na escola em regime de internato (tempo escola) e dois meses em suas comunidades de origem (tempo comunidade), alternando os períodos na escola e comunidade.
Os Participantes
Participaram das oficinas 36 educandos (com idades que variam entre 15 e 24 anos), oriundos de acampamentos e assentamentos da reforma agrária, especialmente das regiões norte, nordeste e centro-oeste do Paraná. Todos estão na mesma turma do curso técnico integrado em agroecologia.
A Demanda
No ano de 2014, foram realizados dois encontros com os participantes, o primeiro com o objetivo de apresentações mútuas e apresentação do projeto; no segundo, trabalhamos a questão da convivência coletiva no novo espaço e solicitamos que no fim do encontro cada educando escrevesse o que gostaria de trabalhar nas oficinas e colocasse em uma caixinha. Entre os diversos temas demandados, o mais solicitado foi sexualidade, diversidade sexual e gênero, o mesmo tema também foi demanda do coletivo de acompanhamento político-pedagógico da escola.
As Oficinas
Para elaboração das oficinas, nos orientamos pelo livro "Oficinas em dinâmica de grupo na área da saúde", de Afonso (2003). A autora define a oficina como um trabalho estruturado com um grupo ao redor de uma questão central, um tema que o grupo se propõe a elaborar. A proposta de oficina, tal como concebida por Afonso (2003), para além de aspectos racionais, considera os sujeitos de forma integral, suas formas de pensar, sentir e agir envolvendo os significados afetivos e vivências relacionadas aos temas.
Após definido o tema geral, o próximo passo foi a definição dos temas geradores. Na metodologia das oficinas, a elaboração dos temas geradores, a partir do tema central, teve como base a proposta de Paulo Freire. Segundo Afonso (2003, p. 85), "os temas-geradores, a exemplo das palavras-geradoras de Paulo Freire, são temas que mobilizam o grupo porque se relacionam à sua experiência, tocam em suas necessidades, medos, alegrias, conflitos e possibilidades, aguçam o desejo de participação e troca".
Com o tema geral "sexualidade, diversidade sexual e gênero", foi realizada uma primeira oficina em 2015 para apresentar o tema e novamente solicitar o que os educandos gostariam de trabalhar a partir do tema escolhido. Os temas geradores definidos foram: gênero e relacionamentos abusivos, diversidade sexual, infecções sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos.
Os temas foram trabalhados em 15 encontros semanais (abrangendo o tempo escola) no ano de 2015, com 2 horas de duração, na própria sala de aula da turma. As técnicas utilizadas foram variadas: dinâmicas de grupo, mitos e verdades, exibição e discussão de filmes (curtas e longas). Em diversas ocasiões, o grupo de 36 educandos foi dividido em seis subgrupos, cada um coordenado por uma acadêmica do curso de Psicologia para facilitar as discussões.
As oficinas foram registradas em diários de campo, com objetivo do acompanhamento sistemático das atividades realizadas, da avaliação, do planejamento e do levantamento de novas demandas para as próximas oficinas.
Resultados e discussão
Para a exposição dos resultados, as oficinas com temas geradores mais próximos serão apresentadas em conjunto. Destacamos apenas aquelas oficinas ou atividades que foram mais efetivas em produzir discussões e reflexões, não seguindo necessariamente a ordem em que ocorreram.
Salientamos a importância de ter sido realizado um levantamento acerca do que os educandos conheciam sobre o tema, pois essa foi a base na qual se iniciaram as atividades propostas pelas oficinas. Nesse levantamento inicial, destacamos dois pontos: primeiro, quando perguntados se já tinha sido abordado o tema sexualidade nas escolas, os adolescentes responderam afirmativamente, alegando que já tinham visto basicamente sobre infecções sexualmente transmissíveis (IST). Em seguida, os adolescentes, ao serem perguntados sobre o que entendiam por sexualidade, assinalaram que a entendiam como sinônimo de sexo, mas especificamente como ato sexual. Essa visão é corroborada por Freitas e Dias (2010), que ao realizarem pesquisa sobre a percepção do adolescente sobre sexualidade se depararam com o mesmo achado, relacionando-a com a reprodução da espécie e ao aspecto biológico dos corpos.
Gênero e Relacionamentos Abusivos
Conforme relatado no método, a primeira oficina teve por objetivo levantar temas geradores a partir do tema geral. Para contemplar esse objetivo, foi exibido o curta-metragem "Era uma vez outra Maria" (Bianco, 2004) a fim de servir de base para as discussões e levantamento de temas geradores. O curta-metragem conta a história de uma menina que questiona as expectativas impostas pela sociedade sobre o que uma mulher pode ou não pode fazer ou ser; aborda temas como sexualidade, gravidez, maternidade, trabalho, violência e gênero.
Observamos que apesar de o curta-metragem mostrar claramente uma situação de relacionamento abusivo, os educandos não conseguiam percebê-la como tal, sendo esse o primeiro indicador da necessidade de inclusão desse assunto nas oficinas. Outro tema levantado a partir das discussões sobre o curta-metragem foram questões de gênero, pois ficou claro que muitos deles têm a visão de que existem atividades/papéis que devem ser destinados exclusivamente às mulheres e outros aos homens. Um exemplo pode ser verificado quando um dos educandos disse: "ela quer fazer coisas de piá", referindo-se ao fato de a personagem Maria querer fazer atividades não identificadas usualmente como "coisas de menina", como jogar bola.
Na oficina destinada ao tema relações de gênero, exibimos o filme "Acorda, Raimundo... Acorda!" (Alves, 1990), solicitando para que anotassem a cena que mais chamasse a atenção. O filme mostra uma relação na qual a mulher sai para trabalhar e o homem é o responsável por cuidar da casa e das crianças, ocorrendo uma inversão de papéis socialmente determinados. As anotações dos educandos indicaram as cenas em que o homem aparece grávido e quando o personagem acorda aliviado ao constatar que se tratava de um sonho. Na discussão, a coordenadora da oficina abordou as desigualdades de direitos entre homens e mulheres, tema discutido pelo MST desde sua origem.
A luta pela igualdade de gênero faz parte da história do MST. Santo (2016) relata que dois anos após sua fundação, o movimento publicou um material sobre a participação política das mulheres, culminando com a criação de setor específico para o tema - Setor Nacional de Gênero do MST. Na oficina relações de gênero, percebemos que os educandos repetem o discurso aprendido, referindo-se à desigualdade entre homens e mulheres como construção histórica, porém, no desenrolar das discussões e atividades desenvolvidas, mostram como essas desigualdades de gênero se encontram naturalizadas, reproduzindo falas nas quais estas ficam evidentes.
Também foi encontrado por Silva (2004), em pesquisa sobre relações de gênero e subjetividade no MST, esse aparente conflito entre o discurso preconizado pelo movimento e as falas dos educandos, demonstrando a manutenção de papéis sociais definidos a cada sexo. A autora expõe que, com o gravador desligado em conversas informais, os militantes do movimento expunham ideias e julgamentos sobre comportamentos e modos de ser dos demais, ligados a papéis normativos de gênero. Sobre essa dicotomia a autora diz: "Uma coisa é discorrer sobre a valorização das mulheres e as mudanças que ocorreram em suas vidas; outra é dia-a-dia em casa, na roça, nas reuniões de núcleo, na Cooperativa, no relacionamento entre marido e mulher, entre vizinhos, entre lideranças e demais integrantes" (Silva, 2004, p. 274).
Leite e Dimenstein (2012) também contribuem para o entendimento desse cenário ao exporem o que denominaram de dois registros de regimes que compõem o movimento na questão de gênero - um extensivo e outro intensivo. O extensivo diz respeito a uma valorização do modelo tradicional de família, ou seja, composta por casal heterossexual e filhos, que ainda faria parte do ideário dos participantes. Em contrapartida existe o regime intensivo, marcado pelo surgimento de forças heterogêneas que confrontam e corroem esse modelo tradicional de família. Esse embate abre caminhos para a vivência de outras formas de papéis de gênero, além dos tradicionalmente determinados, porém esse é um confronto diário.
Na oficina destinada ao tema relacionamentos abusivos, foi exibido o curta-metragem "Tea Consent" (May, 2015) − que se utiliza da metáfora de oferecer uma xícara de chá a uma visita para explicar o significado do consentimento nas relações sexuais − e o vídeo "Não tira o batom vermelho" (Tolezano, 2015), que exemplifica situações de relacionamentos abusivos.
As discussões foram realizadas primeiramente no grande grupo e posteriormente nos pequenos grupos. Como na primeira ocasião em que o tema foi abordado, novamente houve dificuldade para entenderem o que caracteriza um relacionamento abusivo. Isso pode ser notado pelas situações como descreviam o que na concepção deles marcava esse tipo de relacionamento. Eram dados exemplos como ter recebido vassouradas de uma mulher por não ter feito o que ela queria ou a mãe obrigar a fazer faxina.
A naturalização da prevalência da vontade e/ou controle de um dos parceiros foi notada em situações nas quais consideravam natural um parceiro ceder à vontade do outro, como demonstração de amor ou de ciúme. Exemplos dados discorriam acerca do controle do celular do parceiro ou o monitoramento sobre o tipo de roupa da namorada, vistos como naturais em uma relação de namoro. Apenas era identificado como violência quando causava algum dano físico, essa situação tomou maior visibilidade quando as discussões foram encaminhadas nos pequenos grupos. Nesse espaço apareceram relatos de situações de violência física sofridas por mães, irmãs ou conhecidas. Com o desenrolar das discussões, houve melhor entendimento do que seria um relacionamento abusivo, com a identificação de situações vividas que poderiam ser assim classificadas.
A dificuldade de reconhecer situações nas quais a violência não é física é corroborada por Nascimento e Cordeiro (2011). Pesquisando sobre violência em namoros de jovens, essas autoras dizem que para alguns dos entrevistados essa é somente identificada quando versa sobre violência física. Embora para os demais entrevistados outras formas de violência sejam reconhecidas, tais como verbal, psicológica, ideológica, moral e sexual, ainda é difícil reconhecê-las nos seus relacionamentos amorosos. Nas palavras das autoras (p. 524),
Assim, não reconhecem como violência proibições em relação a: sair de casa para atividades de lazer e diversão; ter amizade com pessoas do sexo oposto; usar certas roupas. Eles também não reconhecem como tal as ligações feitas só para saber onde os/as namorados(as) estão, olhar no celular para verificar as últimas mensagens e chamadas realizadas e recebidas e a troca de xingamentos e tapas (que é encarada como brincadeira).
Diversidade Sexual
Na primeira oficina sobre diversidade sexual, as participantes de um grupo de pesquisa sobre o tema foram convidadas para organizar e coordenar o encontro. A oficina foi iniciada com uma dinâmica de aquecimento, seguida da apresentação de uma série de frases sobre diversidade sexual, diante das quais os educandos deveriam se posicionar, sinalizando se concordavam, discordavam ou se tinham dúvidas a respeito de cada uma delas. Como exemplo, citamos as frases: "eu sei o que é identidade de gênero", "já tive dúvidas em relação à sexualidade", "eu sei o que é homofobia", "acredito que alguém já se sentiu ofendido(a) com algo que eu disse a respeito de sua sexualidade".
Após essa dinâmica, as coordenadoras apresentaram os conceitos de identidade de gênero, orientação sexual e homofobia, partindo do que os educandos disseram saber sobre esses temas e da apresentação do vídeo "E se fosse com você?" (Sheep, Abe, & Marinho, sem data), que traz depoimentos de pessoas que sofreram homofobia. Outra atividade realizada foi a discussão de duas histórias, uma de um adolescente homossexual que sofre com o medo de ser descoberto pela família e os decepcionar; outra sobre uma menina que sofre com boatos sobre sua sexualidade.
A participação dos educandos nessa oficina foi bastante ativa, oportunidade que refletiram sobre seus próprios preconceitos, apresentando questionamentos sobre como eles agiriam caso tivessem filhos homossexuais, sobre a idealização que os pais criam para os filhos e o que acontece quando não corresponde à realidade. Também compararam a luta contra a violência e homofobia à luta pela terra do MST.
Nos encontros seguintes, foram exibidos dois filmes, "Hoje eu quero voltar sozinho" (Ribeiro, 2014), sobre um adolescente cego e a descoberta da sexualidade, e "Yes or no" (Wongsompetch, 2010), sobre relação homossexual entre duas meninas, e o curta-metragem "Medo de quê?" (Bianco, 2005), sobre um garoto que se descobre homossexual e apresenta as angústias, expectativas, dúvidas, medos e situações de homofobia vividas por ele.
Os filmes foram discutidos em pequenos grupos a partir de questões norteadoras, tais como, "comente a cena que mais gostou em cada filme e justifique", "se um(a) amigo(a) contasse a você que sente atração por pessoas do mesmo sexo, o que você faria?", "que tipo de preconceito existe em ralação a quem gosta de pessoas do mesmo sexo ou em relação aos transexuais?". As discussões possibilitaram reflexões sobre os próprios preconceitos, e o fato de pertencer ao MST foi apontado como tendo proporcionado a convivência com pessoas que têm diferentes orientações sexuais.
O impacto da presença de militantes homossexuais no movimento é abordado por Leite e Dimenstein (2012). Para os autores, essa presença tem criado uma tensão e forçado o movimento a rever o modelo de militância viril e masculinizada, que comporia o imaginário social da identidade do militante. Leite e Dimenstein também questionam o modo conservador como o tema sexualidade vem sendo abordado, denunciando práticas discriminatórias que os militantes homossexuais podem sofrer dentro do próprio movimento. Sobre essa tensão criada os autores apontam (p. 201):
Ao se apropriarem das ideias políticas e revolucionárias do movimento, como igualdade de direitos, combate à exclusão social, vivências de natureza coletiva e respeito ao próximo, os militantes gays obrigam o próprio MST a responder até onde vão suas proposições. Percebemos que a ampliação dessas proposições para o campo da diversidade sexual vem se dando de modo não linear, conflituoso, mas não negado, não impedido em sua totalidade, já que muitos desses militantes ocupam espaços e neles lançam questões, propõem desafios e vencem o silêncio.
Métodos Contraceptivos e Infecções Sexualmente Transmissíveis
Os adolescentes relataram já terem recebido nas escolas, vinculadas ou não ao MST, informações sobre métodos contraceptivos e infecções sexualmente transmissíveis, mesmo assim, esses temas nos foram demandados. Segundo Abramovay, Castro e Silva (2004), as informações sobre prevenção nas escolas estão centradas no modelo biomédico, estão distantes das vivências dos estudantes e não têm sido apropriadas por eles a contento. No mesmo sentido, Zanatta, Moraes e Freitas (2016, p. 450), em pesquisa realizada em uma escola itinerante do MST, perceberam que a sexualidade é tratada "como um tema de domínio único da biologia e, sobretudo, voltada a questões do binômio saúde-doença [...] sem observar as dimensões sociais políticas e afetivas dos sujeitos", o que não condiz com a metodologia da escola, orientada pela pedagogia de Paulo Freire.
Nas oficinas, dedicamos os últimos quatro encontros para o trabalho com os temas IST e Aids, métodos contraceptivos, uso da camisinha masculina/feminina e negociação do uso da camisinha. Procuramos trabalhar em uma forma dinâmica, esclarecendo dúvidas, proporcionando vivências e situações para estimular a reflexão, para superar o enfoque do binômio saúde-doença.
Na oficina sobre IST e Aids, utilizamos duas dinâmicas. Na primeira, "cadeia de transmissão" (Lopes, Luz, Azevedo, & Moraes, 2006), cada adolescente recebeu um cartão com um símbolo, distribuídos da seguinte forma: um triângulo (para uma pessoa somente), um círculo (metade dos participantes) e uma estrela (metade dos participantes). Os integrantes foram convidados a dançar e circular pela sala ao som de uma música, quando a música parava, eles deveriam parar e copiar no cartão o desenho da pessoa ao lado, repetiu-se essa atividade algumas vezes. No fim, foi revelado o significado dos símbolos, o triângulo representava uma pessoa que tem Aids, o círculo representava que a pessoa fez uso do preservativo na relação sexual e a estrela quem não fez uso do preservativo. Explicamos que os momentos em que a música parava representavam uma relação sexual. Solicitamos aos adolescentes que olhassem para os seus cartões e refletissem sobre com qual símbolo começaram e com quais terminaram, assim como sobre o significado disto: uma possível contaminação para aqueles que tinham a estrela, visto que esta significava relações sexuais sem o uso de preservativo.
A segunda dinâmica foi verdadeiro e falso sobre IST e Aids, em que após a apresentação de uma afirmação eles deveriam dizer se esta era verdadeira ou falsa. As afirmações discorriam sobre formas de contágio e prevenção, sintomas e mitos relacionados às doenças. As duas dinâmicas se mostraram adequadas para sensibilização ao uso da camisinha e esclarecimento de dúvidas sobre IST e Aids. No dia da oficina, os participantes comentaram que esta foi muito esclarecedora. Eles ficaram surpresos pelo fato de trabalharmos o assunto não somente na dimensão biológica, mostrando imagens com sintomas, mas por meio de atividades que simulavam situações e decisões a serem tomadas pensando no próprio bem-estar e no do parceiro.
Na oficina sobre métodos contraceptivos, perguntamos inicialmente quais eles conheciam, como deveriam ser usados, vantagens e desvantagens desses métodos. Após essa conversa inicial, em pequenos grupos, eles deveriam montar uma tabela com informações sobre os métodos contraceptivos, tais como usar, eficiência, se previne ou não IST e Aids. No fim, trabalhamos com a dinâmica do verdadeiro e falso sobre métodos contraceptivos. A atividade da tabela foi apontada na avaliação final como uma das poucas que eles não gostaram, por ter muitas informações, enquanto a dinâmica do verdadeiro ou falso sempre despertou muita participação.
Para realização da oficina sobre uso da camisinha masculina e feminina, utilizamos vários materiais, tais como a camisinha gigante, a vagina de silicone, o pênis de borracha, o órgão reprodutor feminino em acrílico, as camisinhas masculinas e femininas. Iniciamos a oficina com a dinâmica "vestido para festa" (Lopes et al., 2006). Colocamos os participantes em duas fileiras, cada dupla recebeu uma cenoura e uma camisinha masculina, enquanto um segurava a cenoura o outro teria que colocar a camisinha o mais rápido possível. Depois, deveriam fazer a mesma atividade sem pressa. Conversamos sobre as diferenças de colocar a camisinha com pressa ou sem pressa, o jeito correto de colocá-la, erros e cuidados em sua colocação. Outra parte da dinâmica "vestido para festa" consistiu em soprar e encher as camisinhas e esfregar no preservativo lubrificante à base de água ou óleo e descobrir as consequências: o lubrificante à base de óleo fez com que as camisinhas estourassem e à base de água não.
Após a atividade com a camisinha masculina, apresentamos a camisinha feminina e um vídeo educativo sobre como colocá-la corretamente. Os participantes também puderam colocar a camisinha feminina em um modelo do órgão reprodutor feminino em acrílico. Nessa última atividade, chamou-nos a atenção o fato de as meninas, quando convidadas a participar, inicialmente se recusarem, enquanto os meninos prontamente se dispuseram a colocar a camisinha feminina no modelo - somente após nosso encorajamento uma menina se dispôs a colocá-la no modelo. Os adolescentes demonstraram curiosidade e participaram ativamente da oficina, embora alguns demonstrassem um pouco de vergonha no início.
Avaliação
Ao fim das oficinas, realizamos uma avaliação com questões tais como: "O que você aprendeu?" "O que mais gostou e menos gostou?" "Por quê?" Os educandos responderam por escrito. Na resposta à questão sobre o que aprenderam nas oficinas, apareceram as seguintes respostas: a forma de se proteger sexualmente/sobre infecções sexualmente transmissíveis, como colocar camisinha (masculina ou feminina), não devemos transar sem camisinha, sobre a pílula do dia seguinte e como escolher o lubrificante correto. Em uma das avaliações, um dos estudantes escreveu: "achei bem interessante não querer privar os jovens de fazer sexo, e sim aconselhar para que seja prazeroso e com cuidados, incluindo a parte de como colocar a camisinha".
Outras respostas foram sobre aprender a ser menos preconceituoso e respeitar os demais modos de vivenciar a sexualidade. Sobre isso um dos educandos citou "[...] sabemos que muitas pessoas são preconceituosas, homofóbicas, eu era um pouco, e a partir das oficinas mudei minha forma de pensar e minha opinião referente a isso".
Para além da avaliação formal realizada ao fim das oficinas, os resultados puderam ser qualificados também em momentos presenciados em etapas posteriores. Em uma das atividades, realizada um ano após as oficinas apresentadas, solicitados a escrever os mandamentos que devem reger a convivência coletiva, determinaram a obrigação do uso do preservativo nas relações sexuais como um desses mandamentos. Em outra, foi demandado que elaborassem cenas que versassem sobre o cotidiano da escola. O tema preconceito em relação à orientação sexual foi abordado por dois grupos, que demonstraram visões opostas sobre a existência desse tipo de preconceito entre eles. Um grupo dramatizou uma situação de acolhimento à homossexualidade e ou de discriminação, retratando o que acontece no cotidiano da escola. Essas visões divergentes geraram debates entre os participantes e mostram uma realidade ainda contraditória, que permite diferentes percepções sobre ela, mas que mostra que o preconceito ainda é um tema que necessita ser objeto de reflexão.
Quanto à avaliação do método adotado, que consiste em oficinas em dinâmica de grupo, salientamos sua adequação para trabalhar o tema com adolescentes e constatamos a importância de não destacar somente os aspectos informativos, mas, indissociável a eles, os significados afetivos, vivências e relatos de vida. Esses são os elementos que permitiram aos educandos reelaborar as experiências vividas e dar-lhes novos sentidos. Esse resultado também corrobora o preconizado por Matheus (2002) sobre o trabalho em grupo com adolescentes, pois porta a possibilidade das identificações e o reconhecimento entre os participantes.
Nesse mesmo sentido, Bussanello, Silva e Oliveira (2009), tratando sobre a educação sexual dos adolescentes, advertem para a importância da troca de saberes e testemunhos de vida entre os participantes para o sucesso do processo ensino-aprendizagem.
Considerações finais
A sexualidade é sempre uma questão que interpela os sujeitos, principalmente os sujeitos adolescentes. Nesse momento particular de transformações, é fundamental a existência de espaços para que essas angústias, dúvidas e vivências relacionadas à sexualidade sejam acolhidas e possam ser objetos de reflexão e elaboração. Foi esse espaço que buscamos oferecer para os adolescentes da escola do MST. Adolescentes que nos relataram já ter tido aulas de "educação sexual", mas que ainda tinham dúvidas, até mesmo no que diz respeito às questões já trabalhadas, como prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos.
O trabalho nas oficinas foi organizado de uma forma dinâmica, esclarecendo dúvidas, proporcionando vivências e situações para estimular a reflexão e a expressão do vivido, para superar o enfoque do binômio saúde-doença. Além dos temas geradores, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos, também trabalhamos os temas gênero e diversidade sexual. A temática sobre relações de gênero é considerada pelo MST desde suas origens, o movimento lhe dedica um setor específico. Já a questão da diversidade sexual é um tema de inserção recente nas pautas do movimento. Encontramos, no local onde realizamos a intervenção, uma escola sensível a essas questões.
No que diz respeito às questões de gênero e diversidade sexual, encontramos a mesma contradição que as pesquisas citadas entre o discurso do movimento que preconiza práticas igualitárias e não excludentes e as vivências que se dão nas relações interpessoais. Entendemos que as oficinas foram um campo fértil para expressão, reflexão e elaboração dessas vivências que se dão nas relações interpessoais, sem perder de vista o contexto mais amplo histórico, político e cultural.
Referências
Abramovay, M., Castro, M. G., & Silva, L. B. (2004). Juventude e sexualidade. Brasília: Unesco Brasil. Recuperado em 12 junho, 2017, de http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001339/133977por.pdf [ Links ]
Afonso, L. (Org.). (2003). Oficinas em dinâmica de grupo na área da saúde. Belo Horizonte: Edições do Campo Social. [ Links ]
Alves, A. (1990). Acorda, Raimundo… Acorda! [Filme]. Rio de Janeiro: CETA-IBASE, Iser Vídeo. Recuperado em 23 junho, 2015, de https://www.youtube.com/watch?v=snLsvVfF9X8 [ Links ]
Besset, V. L., Coutinho, L. G., & Cohen, R. H. P. (2008). Pesquisa-intervenção com adolescentes: contribuições da psicanálise. In L. R. Castro & V. L. Besset (Orgs.). Pesquisa-intervenção na infância e juventude (pp. 94-112). Rio de Janeiro: Nau. [ Links ]
Bianco, R. (2005). Medo de quê? [Vídeo]. Rio de Janeiro: Instituto Promundo, Ecos - Comunicação em sexualidade, Instituto Papai & Salud y Genero. Recuperado em 25 julho, 2015, de http://promundo.org.br/recursos/medo-de-que/ [ Links ]
Bianco, R. (2004). Era uma outra Maria [Vídeo]. Rio de Janeiro: Instituto Promundo, Ecos - Comunicação em sexualidade, Instituto Papai & Salud y Genero. Recuperado em 25 julho, 2015, de http://promundo.org.br/recursos/era-uma-vez-outra-maria/ [ Links ]
Busanello, J., Silva, M. R. S., & Oliveira, A. M. N. (2009). Sexualidade na adolescência: realidade de uma comunidade rural. Revista Rene, 10(1), 62-71. Recuperado em 3 abril, 2017, de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=324027965007 [ Links ]
Estatuto da Juventude: atos internacionais e normas correlatas. (2013). Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas. Recuperado em 20 de junho, de 2017, de https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/509232/0010 32616.pdf?sequence=11
Emmanueli, M. (2008). A clínica adolescente. In M. R. Cardoso, M. R. & F. Marty (Orgs.). Destinos da adolescência (pp. 17-38). Rio de Janeiro:7Letras. [ Links ]
Freitas, K. R., Dias, S. M. Z. (2010). Percepções de adolescentes sobre sua sexualidade. Texto Contexto - Enfermagem, 19(2), 351-357. Recuperado em 3 abril, 2017, de http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072010000200017 [ Links ]
Freud, S. (2007). Esquema del psiconálisis. (J. L. Etcheverry, Trad.). Obras Completas (Vol. 23, pp.133-209). Buenos Aires: Amorrortu. (Originalmente Publicado em 1940). [ Links ]
Gava, T., & Villela, W. V. (2016). Educação em sexualidade: desafios políticos e práticos para a escola. Sexualidad, Salud y Sociedad (Rio de Janeiro), (24), 157-171. Recuperado de https://dx.doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2016.24.07.a [ Links ]
Kehl, M. R. (2000). Existe uma função fraterna? In M. R. Kehl (Org.). Função fraterna (pp. 31-47). Rio de Janeiro: Relume Drumará [ Links ].
Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990. (1990). Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF.
Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. (2014). Plano Nacional de Educação 2014-2024. Aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências. Brasília. 2014. Recuperado em 3 julho, 2018, de http://www.observatoriodopne.org.br/uploads/reference/file/439/documento-referencia.pdf
Leite, J. F., & Dimenstein, M. (2012). Relações de gênero e diversidade sexual na luta pela terra: a participação política de militantes mulheres e gays no MST. Revista Bagoas - Estudos gays: gênero e sexualidade, 8, 187-203. Recuperado em 4 abril, 2017, de http://www.periodicos.ufrn.br/bagoas/article/view/3372 [ Links ]
Lopes, E. B., Luz, A. M. H., Azevedo, M. P. S. M. T., & Moraes, W. T. (2006). Metodologia para o trabalho educativo com adolescentes. In Associação Brasileira de Enfermagem. Revista Adolescer - compreender, atuar e acolher (pp. 141-271). Recuperado em 22 junho, 2015 de http://www.abennacional.org.br/revista/cap6.html
Matheus, T. C. (2010). Adolescência: história e política do conceito na Psicanálise. São Paulo: Casa do Psicólogo. [ Links ]
Matheus, T. C. (2002). Ideais na adolescência: falta (d)e perspectiva na virada do século. São Paulo: Annablume/Fapesp. [ Links ]
Marty, F., & Cardoso, M. R. (2008). Adolescência: um percurso franco-brasileiro. In M. R. Cardoso & F. Marty (Orgs.). Destinos da adolescência (pp. 9-16). Rio de Janeiro: 7Letras. [ Links ]
May, E. (2015). Tea Consente [Filme]. Providence, EUA: Blue Seat Studios. Recuperado em 13 maio, 2016, de https://www.youtube.com/watch?v=oQbei5JGiT8
Nascimento, F. S., & Cordeiro, R. L. M. (2011). Violência no namoro para jovens moradores de Recife. Psicologia e Sociedade, 23(3), 516-525. Recuperado em 3 abril, 2017, de http://dx.doi.org/10.1590/S0102-71822011000300009 [ Links ]
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - Unesco. (2010). Orientação Técnica Internacional sobre Educação em Sexualidade - uma abordagem baseada em evidências para escolas, professores e educadores em saúde. Paris: Unesco. Recuperado em 4 julho, 2018, de http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001832/183281por.pdf [ Links ]
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - Unesco. (2014). Orientações técnicas de educação em sexualidade para o cenário brasileiro: tópicos e objetivos de aprendizagem. Brasília: Unesco. Recuperado em 4 julho, 2018, de http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002277/227762por.pdff [ Links ]
Projeto de lei nº 7.180, de 2014. (2014). Altera o art. 3º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. "Inclui entre os princípios do ensino o respeito às convicções do aluno, de seus pais ou responsáveis, dando precedência aos valores de ordem familiar sobre a educação escolar nos aspectos relacionados à educação moral, sexual e religiosa", e apensados. Brasília. 2014. Recuperado em 3 julho, 2018 de http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1657686 &filename=SBT+1+PL718014+%3D%3E+PL+7180/2014
Ribeiro, F. (2014). Hoje eu quero voltar sozinho [Filme]. São Paulo: Lacuna Filmes. [ Links ]
Santo, T. M. (2016). As publicações do setor de gênero do MST e as vivências de mulheres sem terra: reflexões sobre desrespeito, reconhecimento e autonomia. Dissertação de mestrado, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Recuperado em 3 abril, 2017, de http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/6691 [ Links ]
Sheep, N., & Abe, F. (Diretor) & Marinho, T. (Produtor). E se fosse você? [vídeo]. São Paulo: Põe na Roda. Recuperado em 1º novembro, 2015, de https://www.youtube.com/watch?v=KXYtmju2mkw
Silva, C. B. (2004). Relações e subjetividades no devir do MST. Estudos Feministas, 12(1), 269-287. Recuperado em 15 abril, 2017, de https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2004000100014/8698 [ Links ]
Souza, M. M., Brunini, S., Almeida, N. A. M., & Munari, D. B. (2007). Programa educativo sobre sexualidade e DST: relato de experiência com grupo de adolescentes. Revista Brasileira de Enfermagem, 60(1), 102-105. Recuperado em 11 julho, 2018, de https://dx.doi.org/10.1590/S0034-716720070001000200 [ Links ]
Tolezano, J. (2015). Não tira o batom vermelho [Vídeo]. Rio de Janeiro: Jout Jout Prazer. Recuperado em 25 agosto, 2015, de https://youtu.be/I-3ocjJTPHg [ Links ]
Wongsompetch, S. (2010). Yes or No [Filme]. Tailândia: ComeOn Sweet. [ Links ]
Zanatta, L. F., Moraes, S. P., & Freitas, M. J. D. (2016). A educação em sexualidade na escola itinerante do MST: percepções dos(as) educandos(as). Educação e Pesquisa, 42(2), 443-458. Recuperado em 18 março, 2017, de http://dx.doi.org/10.1590/S1517-9702201606144556 [ Links ]
Recebido em: 12/7/2017
Aprovado em: 28/8/2018
1 Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) é a nova denominação adotada pelo Ministério da Saúde, por meio do Decreto nº 8.901/2016, publicado no Diário Oficial da União em 11/11/2016, em substituição ao termo Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST).