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Gerais : Revista Interinstitucional de Psicologia
versão On-line ISSN 1983-8220
Gerais, Rev. Interinst. Psicol. vol.6 no.2 Belo Horizonte jul. 2013
EDITORIAL
Editorial
Ao publicarmos o segundo número do sexto volume da Gerais, a Universidade Federal de Uberlândia encerra sua gestão como Editora Geral da revista. Foi uma experiência muito produtiva, sustentada pelo apoio da Direção do Instituto de Psicologia e de seus professores atuantes na Comissão Executiva, Rodrigo Sanches Peres, Heila Magali da Silva Veiga e Paula Cristina Rezende Medeiros.
Nesse período, publicamos quatro números da revista, contando regularmente com 11 textos, nove na seção de Artigos e outros dois que se revezaram entre Revisões da literatura, Relatos de experiência e Resenhas. Totalizamos 44 artigos, com 102 diferentes autores, de todas as regiões do país, abordando temas das diversas áreas da Psicologia. Além de manter a periodicidade semestral da revista, empenhamo-nos também para que pudéssemos publicar o número logo no início do semestre. Esperamos que esses esforços de regularidade, abrangência e pontualidade facilitem a indexação da revista em novas bases de dados.
Desde o final do ano passado, conseguimos que a revista fizesse parte do PEPSIC, permitindo maior visibilidade e credibilidade para a revista. Esse será o terceiro número da revista no portal, mas, dado o contínuo apoio obtido junto à FAPEMIG, em breve, poderemos ter toda a coleção da revista no portal.
Desejamos à Universidade Federal de Juiz de Fora, que assume a gestão dos próximos quatro números, sucesso nessa nova empreitada, esperando que a experiência acumulada na Comissão Editorial facilite o desenvolvimento das atividades e permita o permanente crescimento da revista.
Apresentando um pouco dos artigos desse número, vemos que eles abarcam três grandes temas: o debate metodológico em diferentes áreas da Psicologia, os estudos no campo das organizações, e as preocupações da área de saúde, grupalidade e violência. Em relação à primeira temática, temos o artigo de Leandro Anselmo Todesqui Tavares e Francisco Hashimoto, "A pesquisa teórica em psicanálise: das suas condições e possibilidades", no qual os autores refletem sobre a constituição do discurso científico e a sua relação com a psicanálise, debatendo de forma densa o lugar do pesquisador na pesquisa psicanalítica. Focalizando o debate metodológico em sua dimensão técnica, o artigo "Análise de conteúdo: da teoria à prática em pesquisas sociais aplicadas às organizações", de Rosana Hoffman Câmara, descreve de forma clara e reflexiva os procedimentos da análise de conteúdo, e demonstra sua utilidade no campo dos estudos organizacionais. Encerrando esse primeiro tema, temos o artigo de Schwanny Roberta Costa Rambalducci Mofati Vicente, Taisa Rodrigues Smarssaro Bahiense, Simone Chabudee Pylro e Claudia Broetto Rossetti, intitulado "Representação de amizade e irmandade para filhos únicos: estudo exploratório utilizando o método clínico piagetiano". Apesar do objetivo da pesquisa estar voltado ao estudo das representações de amizade e irmandade entre filhos únicos, as autoras mostram como realizar uma pesquisa a partir da perspectiva do método clínico piagetiano, desde a construção dos instrumentos até a análise dos dados.
Em um conjunto de artigos voltados às investigações das/nas organizações, o texto "Valores organizacionais e suporte social no trabalho: a percepção dos colaboradores do setor bancário público e privado", de Taís Andrade e Vania de Fátima Barros Estivalete, analisa a influência dos valores organizacionais sobre a percepção de suporte social no trabalho, a partir do Inventário de Perfis de Valores Organizacionais e da Escala de Percepção de Suporte Social no Trabalho, e aponta a predominância de valores de Domínio e Prestígio, bem como a maior incidência de Suporte Social Informacional. No estudo sobre a "Satisfação e engajamento no trabalho: docentes temáticos e auxiliares do EAD de universidade privada brasileira", Cláudia Bomfá Caldas, Patrícia Somensari, Simone do Nascimento da Costa, Mirlene Maria Martins Siqueira e Jose Alberto Carvalho dos Santos Claro, baseando-se na Escala de Satisfação no Trabalho e na Escala de Engajamento no Trabalho, verificaram que não houve diferença significativa entre docentes temáticos e auxiliares em nenhuma das dimensões de satisfação e engajamento no trabalho investigadas, apesar de identificarem distinções entre os grupos ao analisarem índices de correlação entre as variáveis. No artigo "Estresse ocupacional e estratégias de enfrentamento entre profissionais de tecnologia da informação", Sandro Servino, Elaine Rabelo Neiva e Rodrigo Pires de Campos buscaram identificar os fatores estressores em profissionais de tecnologia da informação e suas estratégias de enfrentamento e observaram que o principal fator estressor foi a sobrecarga de trabalho e que a estratégia de enfrentamento mais utilizada foi a resolução de problemas, concluindo que pouca influência foi identificada das estratégias de enfrentamento sobre o estresse.
O terceiro tema explorado pelos artigos se refere à saúde, grupallidade e violência. No campo da saúde, por meio do artigo "Medicalização em um serviço público de saúde mental: um estudo sobre a prescrição de psicofármacos", Daniele de Andrade Ferrazza, Luiz Carlos da Rocha e Cristina Amélia Luzio discutem, a partir da identificação de que um serviço público de saúde mental mantém sob prescrição de psicofármacos quase a totalidade de seus usuários e de que as altas são raras, a inadequação dessa postura de medicalização frente às políticas públicas de saúde mental no Brasil. Em "Grupo de Crescimento Psicológico na Formação Sacerdotal: Pertinência e Possibilidades", Thais de Assis Antunes Baungart e Mauro Martins Amatuzzi refletem sobre o processo de desenvolvimento de pré-seminaristas católicos por meio do Grupo de Crescimento, discutindo as dificuldades de viver em comunidade, de atender às expectativas externas, nos estudos, de se sentir constantemente avaliado, e apontando como o Grupo de Crescimento pode contribuir com a formação desses jovens. Roberta Carvalho Romagnoli, Leila Lúcia Gusmão de Abreu e Marise Fagundes Silveira, no artigo "A violência contra a mulher em Montes Claros: análise estatística", caracterizam quantativamente a violência contra as mulheres tanto no que se refere à tipologia da violência, como ao perfil da vítima e dos agressores, destacando a gravidade do problema naquele município mineiro.
Ainda nesse mesmo tema, porém na seção de Revisão da Literatura, o artigo "Violência doméstica/intrafamiliar contra crianças e adolescentes: uma revisão bibliométrica", de Adriana Aparecida Almeida, Olivia Barbosa Miranda e Lelio Moura Lourenço, descreve as características das publicações nacionais referentes à violência doméstica contra crianças, destacando o lugar da criança como vítima, da família como agressora, e o despreparo dos profissionais de saúde para lidarem com essa questão. Finalizando os textos desse número, o relato de experiência de Fernanda Cristina Marquetti, "Uma fotonovela construída por usuários de saúde mental: estórias e cenas de crime e loucura", descreve o processo de produção de uma fotonovela por usuários de um serviço de saúde mental, e analisa a tensão promovida pelo binômio crime-loucura nas decisões do grupo, com base nas contribuições foucaultianas e psicanalíticas.
Boa leitura!
Emerson F. Rasera
Editor Geral