6 2EditorialAnálise de conteúdo: da teoria à prática em pesquisas sociais aplicadas às organizações 
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Gerais : Revista Interinstitucional de Psicologia

 ISSN 1983-8220

Gerais, Rev. Interinst. Psicol. vol.6 no.2 Belo Horizonte jul. 2013

 

ARTIGOS

 

A pesquisa teórica em psicanálise: das suas condições e possibilidades

 

Theoretical research in psychoanalysis: conditions and possibilities

 

 

Leandro Anselmo Todesqui Tavares1; Francisco Hashimoto

Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Assis, Brasil

 

 


RESUMO

O presente artigo representa parte metodológica de um percurso de investigação teórica, desenvolvida a partir de reflexões sobre um trabalho de pesquisa em Psicanálise. A pesquisa em Psicanálise, dada suas particularidades, suscita questionamentos e dúvidas de outra ordem que extrapolam por si mesma as concepções de ciência positivista, em suma, os modos dominantes de produção de saber na atualidade. Sendo a Psicanálise efeito, propriamente dito, do ato psicanalítico, inclusive ao considerarmos o seu próprio avanço teórico-científico que deve constituir-se a partir de seu método particular, questionamos: quais as possibilidades de uma pesquisa em Psicanálise, em especial, as pesquisas teóricas em Psicanálise? O artigo propõe-se a articular discussões relevantes inerentes ao campo da Psicanálise e seu desenvolvimento atrelado à pesquisa. Por fim, considera de modo privilegiado uma discussão acerca da implicação do pesquisador, condição necessária e característica de qualquer pesquisa teórica em Psicanálise.

Palavras chave: Psicanálise, Pesquisa psicanalítica, Implicação.


ABSTRACT

This article is part of the methodological approach concerning theoretical investigation aspects, developed from the analysis of research in Psychoanalysis. Due to its peculiarities, research in Psychoanalysis raises issues and questions which advance far beyond the positivist conceptions which underline the dominant paradigm of our present day production of knowledge. Considering Psychoanalysis as the effect of the psychoanalitic act in itself, mainly when considering its theoretical scientific approach which must be part of a specific method, the following question is raised: what are the real possibilities of research in Psychoanalysis, specifically theoretical research in Psychoanalysis? The article aims at articulating relevant issues concerning the field of Psychoanalysis and their relevant development for research in this field. To sum up, the article highlights issues concerning the role of the researcher as a necessary and decisive condition for any theoretical research in the field of Psychoanalysis.

Keywords: Psychoanalysis, Psychoanalytic research, Implications.


 

 

Falar de pesquisa em Psicanálise suscita questionamentos e controvérsias acerca de suas possibilidades enquanto método investigativo. Isto se deve, entre outras coisas, a ainda persistente ideia positivista de ciência, a qual é extrapolada por Freud ao construir e desenvolver a própria Psicanálise, ainda que este tivesse como ambição poder "elevá-la" ao status de uma prática reconhecida cientificamente. A fim de contextualizarmos a temática aqui desenvolvida, é necessário inicialmente, compreendermos o campo do conhecimento científico e seu desenvolvimento histórico como constituinte das produções de Saber, de forma que é pertinente destacarmos a passagem da ciência clássica para a ciência moderna, uma vez que tal evolução nos aponta para mudanças paradigmáticas importantes do ponto de vista epistemológico.

 

Do natural às produções de sentido

Primeiramente é prudente lembrarmo-nos conforme apontam alguns autores, como Prigogine (1997), por exemplo, que a passagem da ciência clássica para a ciência moderna marca um rompimento com a racionalidade essencialmente naturalista, inaugurando-se outra ordem representada por uma racionalidade distinta, de maneira que a partir daí constitui-se, segundo o próprio autor, uma "nova aliança" entre o homem e a natureza. A concepção de natural implícito na racionalidade clássica compreende o homem como sendo distinto desta natureza que o circunda, e não apenas isso, mas principalmente, considera o mundo como algo naturalmente passível de ser decifrado pelos seus métodos (naturalistas). Em suma, pressupõe-se, na ciência clássica, que o mundo seria organizado por leis imutáveis que o estruturam, e que caberia à prática científica desvendar sua organização e funcionamento. Neste sentido, todo o naturalismo na busca por decifração destas leis imutáveis e deterministas necessariamente acaba por excluir o humano de seu vínculo com o mundo, de maneira que a subjetividade não encontra aí espaço e é mesmo segregada dos métodos experimentais e empiristas a partir de um esforço e "refinamento" que almeje a objetividade dos dados.

Assim, podemos compreender conforme nos afirmam Prigogine (2002), e da mesma forma Wine (1992), que uma "nova aliança" entre homem e natureza surge de novos pressupostos inerentes ao advento da chamada ciência moderna. A partir deste novo modelo científico aponta-se para uma concepção de natureza em que o próprio homem está situado no interior deste mundo que ele mesmo tenta compreender, de maneira que não se trata mais de um mundo cuja natureza está pré-determinada para sempre e onde a função dos homens seria apenas revelá-la. No cerne desta passagem trata-se de uma metamorfose paradigmática no campo científico, da qual sua própria prática não se encontrará mais necessariamente dissociada da cultura de uma forma geral:

A metamorfose [...] renova as concepções das relações dos homens com a natureza e, conseqüentemente, possibilita apreender a ciência como prática cultural, e não mais como prática dissociada da cultura, ou até mesmo como uma prática que ameaça a cultura (Wine, 1992, p. 18-19).

Neste ponto situaríamos de bom grado a situação da Psicanálise (entre outros saberes) como uma modalidade de fazer científico, que dada sua particularidade, apresenta-se como similar a esta nova aliança constituída pelo advento da ciência moderna. A partir de tais transformações paradigmáticas, a tão sonhada "neutralidade" do pesquisador para com seu objeto se torna uma ilusão que definitivamente se desnuda diante de nossos olhos. Podemos então compreender que até mesmo nas ciências exatas (a física seria um bom exemplo disso) a subjetividade do cientista lhe induz a forjar um determinado objeto, apreendê-lo sob determinada ótica específica, o que em última instância implica em resultados que já foram impregnados de aspectos subjetivos em seu trajeto de averiguação. O que pensarmos então a respeito das ditas "ciências humanas"? Diante do campo humano, considerando este como passível de investigação, a conexão entre sujeito - objeto se torna ainda mais clara e irrefutável, uma vez que nesse caso o próprio objeto de pesquisa refere-se ao sujeito ou suas produções (culturas, comportamentos, desejos, etc.). Assim, o que nos interessa nesta breve reflexão proposta é situarmos as condições possíveis de uma pesquisa em Psicanálise, de maneira que não comentaremos em detalhes as demais pesquisas em ciências humanas.

 

As ciências e a Cultura

De início basta-nos situarmos que, como nos lembra Prigogine (1997), a ciência sofre e também é produtora, ao mesmo tempo, das variadas oscilações características da contemporaneidade. Onde num primeiro momento o racionalismo científico pautava-se por certezas, métodos lógico-deterministas, podemos identificar a passagem para uma flutuação e relativização de todas as descobertas humanas. O que o autor refere-se como sendo o fim da certeza pontua o que nos interessa enfatizar com relação aos modos de produção de desenvolvimento científico nas suas diversas áreas. Ou seja, especificamente o fato de que uma determinada descoberta passa a revelar-se então não como Verdade, mas sim como uma dentre as várias verdades possíveis. Não obstante, qualquer determinada descoberta é apenas uma entre todas as possíveis, e é prudente compreendermos que tais possibilidades estão necessariamente articuladas ao modo como apreendemos nosso objeto: estamos nos referindo então à questão do método. Neste sentido, observamos que a partir da relação inextricável, entre sujeito-objeto, determinado método empregado revelará tão somente aquilo que lhe é possível dentro de seus pressupostos investigativos. Com relação ao "fim das certezas" no campo do fazer científico, é importante resgatarmos ao caracterizá-lo que, enquanto pautada pela racionalidade positivista a ciência baseia-se na repetição. E baseia-se na repetição, ou seja, na validação de hipóteses a partir de uma reprodução que seja capaz de conduzir aos mesmos resultados, uma vez que se parte do pressuposto de que seu objeto é constituído de uma ordem dada à priori natural e eterna, de maneira que: "A natureza seria aquilo que excluí, de um lado, o acaso da matéria e, de outro, o artifício do homem: é, portanto, o lugar da ordem, da necessidade e da universalidade". (Wine, 1992, p. 14)

Na mesma linha de raciocínio, restabelecendo os pilares da crítica ao saber e à razão Iluminista, e partindo de Adorno e Horkheimer no que se refere ao estatuto do conhecimento, Rouanet (1989) considerando a eterna repetição do sempre-igual inerente ao positivismo, pontua:

Mas se a verdade, entendida como "um momento da práxis correta", é um encontro, não com o real, mas com o virtual, não com o que é, mas o que não é ainda, segue-se que essa razão, que excluí o novo, é de fato irracional, e que a consciência que dela deriva é, no sentido rigoroso, falsa consciência (p. 357).

Interessante e contundente a compreensão do autor evocando a temática da falsa consciência e/ou as ilusões da mesma com relação às possibilidades de construção do conhecimento. Fica-nos evidenciada assim a magnitude dos limites cerceados pelo próprio método em questão, na medida em que este seria incapaz de considerar os desvios e imprevistos como dignos de valor.

Já em nossa atualidade, cujas estabilidades deixam de se configurar dando lugar à natureza do instável e das incertezas (Bauman, 1998), nos mais variados contextos e sentidos, podemos presumir que também o fazer cientifico obriga-se a apreender esta organização aparentemente e superficialmente caótica se quiser levar adiante suas tarefas investigativas. A abertura ao novo e ao inesperado, a surpresa de determinados resultados e descaminhos no transcorrer do emprego de uma determinada metodologia, em suma, isto não necessariamente enfraquece o valor de um processo investigativo, mas ao contrário, o possibilita estar em condições de considerar as possibilidades que se insinuam por entre a busca cega pelas certezas frias. Em outras palavras, em contraposição à repetição característica do racionalismo científico, vemos emergir a necessidade de metodologias que considerem também como parte imprescindível de seu processo uma criatividade por parte do pesquisador, aquilo que o universo das artes já explora tão bem desde seu nascimento. Compreendemos então, que uma produção de conhecimento que não excluí a subjetividade, mas antes a considera como constitutiva de todo e qualquer discurso possível, inclusive o científico, nos aponta para o fato de que toda e qualquer ordem estabelecida no universo é sempre da ordem do artifício. Assim: "toda ordem acaba se revelando local, temporal, contingente e relativa" (Wine, 1992, p. 15). É neste ponto que nos toca em específico o lugar da Pesquisa em Psicanálise.

 

A(s) Pesquisa(s) Psicanalítica(s)

Poderíamos, de antemão, situar que quando falamos de Pesquisa em Psicanálise geralmente a associamos diretamente ao método clínico, o qual se refere então à pesquisa realizada a partir de estudos de caso. Porém, para além desta modalidade, teríamos o que alguns autores como Herrmann (2004) consideram como "clínica extensa" ou "clínica em extensão", que se referem então as pesquisas que tem como seu objeto a cultura, a sociedade, o trabalho, instituições, enfim, os múltiplos campos em que habita o humano e que então se faz possível uma compreensão psicanalítica, mas demarcamos aqui, para a nossa reflexão, a existência nestes casos de um campo a ser investigado. Por fim, teríamos a Pesquisa Teórica Psicanalítica. Nossa intenção é refletirmos aqui sobre as condições de uma pesquisa teórica psicanalítica, de forma que, apenas a guisa de comparação, mencionaremos as demais modalidades de pesquisa citadas anteriormente. De acordo com nossa investigação acerca de publicações sobre a pesquisa teórica em Psicanálise, pudemos perceber num primeiro momento o que é de uso comum enquanto prática metodológica, ou seja, aquilo que existe de comum entre as pesquisas clínicas, clínicas em extensão e teóricas. Constatamos através de alguns autores, como Nogueira (2004), por exemplo, (retomando as proposições originais de Freud) a concepção de que não se separa pesquisa psicanalítica de pesquisa clínica, ao compreender que o que funda a Psicanálise é a prática clínica, enquanto práxis mesmo, no sentido da produção de um saber que é constituído entrelaçadamente no seu próprio fazer. Por outro lado, não devemos esquecer que ainda que a Psicanálise seja fruto de uma práxis propriamente dita, Freud dedicou-se exaustivamente na elaboração de sua chamada metapsicologia, ou seja, a construção de um arcabouço teórico que fosse capaz de dar sustentação e base para as ocorrências passíveis de serem vivenciadas na clínica. A metapsicologia freudiana situa-se num para-além de toda e qualquer observação possível, tratando-se então necessariamente de um arcabouço teórico que versa como uma "produção de sentido", de forma que sua função seja a de subsidiar a sustentação e reflexão acerca dela mesma (a própria teoria). Percebemos então, nestes casos, que estamos adentrando num campo onde a investigação psicanalítica necessariamente se forja de maneira outra que as pesquisas clínicas (estudos de casos), ainda que tenha em seu pressuposto o saber fundamentalmente clínico.

Segundo Herrmann (2004), em pesquisas psicanalíticas, sejam clínicas, em extensão e/ou teóricas, todas teriam em comum o método interpretativo e a ruptura de campo, salvo suas particularidades específicas. Ainda segundo o autor, a Psicanálise seria o próprio método interpretativo em ação e não uma teoria. Do nosso ponto de vista obviamente que hesitaríamos em reconhecer que a Psicanálise não é uma teoria, ainda mais que se trata de uma práxis, compreendendo que sua prática contém em si um saber. Contudo, entendemos que o autor visa enfatizar que Freud ao inaugurar a Psicanálise estava principalmente desenvolvendo um método possível de cura para as neuroses de seus pacientes. Método que, diga-se de passagem, subverte a racionalidade costumeira e abre espaço para o advento do sujeito:

[...] ao criar a situação analítica, Freud estava a introduzir um método novo na arte de curar, um novo caminho que precisamente a arte havia melhor explorado, fato que não lhe escapou, evidentemente (Herrmann, 2004, p. 52).

Em suma, ao empregar o método da associação livre Freud rompe com o determinismo lógico da racionalidade científica de sua época, abrindo as portas da subjetividade e da implicação do próprio sujeito no possível desvelamento de suas causas psíquicas. Interessante notarmos que, primeiramente pensando na prática clínica desenvolvida por Freud, esta se caracteriza metodologicamente numa aposta acerca de uma suposta criatividade implícita no processo da livre associação, de maneira que esta é necessariamente singular e específica a cada sujeito, demonstrando então que os sentidos latentes a serem revelados pela análise pressupõem caminhos discursivos singulares no desdobramento da fala do Sujeito. Aqui observamos então que a Psicanálise, enquanto método, já aposta numa implicação direta do sujeito, ao contrário da exclusão do mesmo - característica da racionalidade científica em sua busca por neutralidade e imparcialidade. Segundo Rouanet (1989):

É possível criticar, a contrario, a epistemologia positivista, partindo das características do modelo freudiano, cujos critérios de validação e falsificação são qualitativamente outros: nele, a validade das proposições supõe, não a exterioridade do sujeito da investigação com relação a seu objeto, mas a intersubjetividade da relação terapêutica, não a correspondência com a realidade, mas com a virtualidade de um estado de coisas antecipado, não uma vinculação imediata com seu domínio de objetos, mas a mediação expressamente assumida de um a priori, que condiciona a objetividade dos seus enunciados (p. 359).

Interessante ainda constatarmos que, enquanto a racionalidade clássica pressupõe um fechamento em torno dela mesmo, na medida em que a subjetividade é excluída, a Psicanálise por sua vez inclui a noção de vazio (Lacan, [1959-1960]/2008) como constitutivo do todo, se quisermos e pudermos ainda pensar em algo que seja considerado completo. O fato é que a Psicanálise, sobretudo a partir do retorno a Freud efetuado por J. Lacan (1901-1981) considera definitivamente este vazio como constitutivo do sujeito psíquico, o que em termos teóricos se refere ao núcleo do registro do Real (Lacan, [1959-1960]/2008) e ao pulsional em si incognoscível (Freud, [1915]/1996); em suma, aquilo que está para além da simbolização, mas que atua como uma falta que insiste em não se inscrever (Lacan, [1959-1960]/2008) evidenciando a presença de sua ausência. É por este viés de entendimento que é possível considerar toda produção de sentido como sendo da ordem do artifício, como uma possibilidade de produzir sentido acerca daquilo que está sempre num para-além, uma vez que com a Psicanálise compreendemos que a verdade é sempre não-toda(Lacan, [1959-1960]/2008). Articulando tais considerações com a implicação do sujeito nas produções de sentido realizadas por meio do método psicanalítico (Psicanálise em Intensão2) gostaríamos de apontar a partir de agora algumas especificidades de uma Pesquisa Teórica em Psicanálise.

 

As particularidades da Pesquisa Teórica Psicanalítica: Implicação do pesquisador

Tal como na pesquisa clínica, em que o sujeito está implicado não menos que o próprio pesquisador, o mesmo ocorre em uma pesquisa teórica, contudo, apontamos e ressaltamos aqui a implicação do pesquisador frente a determinado objeto de estudo, bem como sua determinação, como sujeito, na construção de uma análise. Ao investigarmos e compararmos as possibilidades de pesquisa clínica e teórica em Psicanálise, observamos que Iribarry (2003) pontua a questão da transferência em ambas as situações. Num primeiro momento percebemos e reconhecemos com facilidade a questão transferencial na prática clínica, já em uma pesquisa teórica como isso se constituiria? Numa modalidade de pesquisa cujo objeto é abstrato que tipo de transferência poderia existir a partir do contato do pesquisador com seu campo e/ou tema de estudo?

Iribarry (2003) nos chama a atenção para o fato de que mesmo numa pesquisa teórica existe transferência. Ou seja, ao debruçar-se sobre um arcabouço teórico em que estuda e pretende-se avançar, o pesquisador estabelece uma relação transferencial com o próprio conteúdo investigado na medida em que estas leituras o tocam de determinada forma para além da racionalidade empregada na própria leitura de um texto em particular. No momento em que lemos, estudamos e nos esforçamos para compreender qualquer que seja articulação teórica, não só a nossa racionalidade está ativa como também processos inconscientes e intuitivos ocorrem disparados pela estranheza de nosso objeto e campo de investigação, a saber, a própria teoria. Consideramos ainda neste caso que tal caráter de estranhamento disparado pelos textos não diz respeito ao mesmo estranhamento vivenciado pelo leigo. O estranhamento vivenciado neste caso pelo pesquisador psicanalítico é de outra ordem, de forma que para além de um não-senso meramente compreensivo subsiste um possível remanejamento de seu lugar como sujeito a partir de sua experiência clinica (como analista e como paciente). Isto por fim diferencia definitivamente o que poderíamos considerar como uma pesquisa teórica sobre Psicanálise e uma Pesquisa em Psicanálise. Em suma, a partir de tal articulação compreendemos que pesquisa teórica sobre psicanálise qualquer um que não seja analista é capaz de realizá-la. Já uma pesquisa em Psicanálise pressupõe um desenvolvimento teórico atravessado diretamente pelas experiências do pesquisador enquanto analista e/ou paciente, mesmo naquelas de cunho e desenvolvimento essencialmente teóricos.

Com relação então a questão da transferência na pesquisa psicanalítica, convém distinguirmos seus destinos distintos na pesquisa clínica e teórica, seguindo o pensamento de Iribarry (2003). Segundo o autor, enquanto na situação da prática clínica a transferência é dissolvida (no sentido de ser interpretada), na situação de pesquisa psicanalítica a mesma deve ser então instrumentalizada para se tornar um texto metapsicológico. Notemos que o autor refere-se a uma instrumentalização no sentido de uma sistematização acerca daquilo que o pesquisador transfere inconscientemente com relação às teorias que estuda e que lhe deslocam de lugar. Isso porque o processo de investigação teórico em Psicanálise não se desenvolve somente a partir de leituras rigorosas e ávidas por montar os quebra-cabeças das lacunas do pensamento freudiano, mas também pela intuição disparada no pesquisador ao ter contato com a natureza peculiar da própria Psicanálise, uma vez que esta versa sobre o próprio sujeito e sua própria constituição. Em suma, ao ter contato com a obra psicanalítica como leitor, e ainda mais como investigador do próprio arcabouço teórico, o pesquisador já está implicado de antemão na medida em que o que ele estuda e se lança a compreender diz respeito a ele mesmo: "Na ciência moderna, a subjetividade não fica relegada ao domínio do falso, mas, ao contrário, pode ser índice de uma nova verdade prestes a irromper no campo da racionalidade". (Wine, 1992, p. 23)

Ao desenvolvermos então um ensaio metapsicológico estamos abordando o desenvolvimento de uma pesquisa cuja natureza é abstrata em suas últimas consequências, de maneira que o manejo do método psicanalítico tem que necessariamente ater-se e considerar determinadas características peculiares no que tange a esta relação entre pesquisador e objeto. E lembremo-nos que Freud (1904[1903]) desenvolveu um método de investigação sobre o próprio ser humano, bem como suas produções, em que apesar de haver seus pressupostos, enfatiza que a Psicanálise deve ser re-inventada em cada caso. Tratando-se de uma pesquisa teórica em que se almejam avanços na própria teoria isto não poderia ser diferente. Assim, acerca da pesquisa psicanalítica Iribarry (2003) pontua: "Ela é sempre uma apropriação do autor que depois de pesquisar o método freudiano descobre um método seu, filiado a essa vertente e o singulariza na realização de uma pesquisa" (p. 02).

Notemos que esta singularização do método psicanalítico do qual nos fala o autor está em estrita conexão com a instrumentalização da transferência do pesquisador, a qual referimos acima. Ou seja, ao delimitarmos um objeto especifico de interesse para pesquisa, do qual desembocará numa contribuição teórico-reflexiva, estamos diante de um objeto que não fala por si só, mas principalmente fala através da boca, das intenções, do imaginário, da criatividade e dos atos do próprio pesquisador. Acerca deste aspecto, Rouanet (1985) comenta:

O imaginário, esfera ambígua que foge diante da verdade, mas onde ela se refugia e onde pode, obscuramente, ser reencontrada, é, por excelência, o reino das ´coisas ouvidas`, restos acústicos onde se encadeia o trabalho de fabulação (p. 299).

Isto nos remete a algumas condições possíveis para a elaboração de um estudo metapsicológico em Psicanálise. Sendo assim, apontamos para um entrelaçamento necessário (estratégico neste caso) da subjetividade com a objetividade para a produção de um trabalho dessa natureza. Enfatizando a questão do procedimento psicanalítico enquanto método, talvez no caso das pesquisas teóricas nos fique ainda mais claro o papel da criatividade enquanto requisito primordial para esta modalidade de produção de sentido.

De sua implicação de sujeito, o autor da experiência procura a vivência de algo concreto, mas repleto de fantasias, às quais põe em diálogo com a alteridade. De sua implicação objetiva, o autor da experiência busca uma aprendizagem com e a partir da vivência. Por isso o ensaio reúne o território da irracionalidade artística com o de uma ciência organizada para a produção do conhecimento. Assim, o ensaio implica liberdade de espírito (Iribarry, 2003, p. 09).

Percebemos então que ao nos aventurarmos numa pesquisa teórica em Psicanálise a qual terá como produto um ensaio ou texto metapsicológico, se faz necessário ao pesquisador a objetividade almejada por meio do entendimento profundo acerca das delimitações conceituais, mas também, a capacidade de fazer-se sensível e atento às próprias determinações subjetivas disparadas pelo seu contato com o objeto, ou seja, o diálogo que estabelece consigo mesmo e com o Outro de si proporcionado a partir de seu contato humano, demasiadamente humano, com o seu objeto de pesquisa. De forma análoga, considerando que as possibilidades criativas e seus correlatos diretos no campo do conhecimento, em suma, a produção de novos sentidos, dependem necessariamente dos avatares da subjetividade, Rouanet (1989) afirma:

Num certo sentido, todo conhecimento é projeção: pois ele supõe, além das impressões recebidas pelos sentidos, o trabalho de reflexão pelo qual o sujeito elabora esse material e o restitui, sob a forma de saber estruturado. Ele implica a produção do novo, pois o sujeito devolve ao real mais que o que dele recebeu (p. 357).

Ou seja, não há produção do novo sem que seja mobilizada a própria subjetividade, constituída por seus aspectos imaginários e fantasísticos, dos quais se estruturarão sentidos possíveis.

Dentro desta perspectiva podemos conceber que o caráter subjetivo na produção de um ensaio metapsicológico deve ser considerado de maneira estratégica, como condição de possibilidade mesmo para que o avanço teórico possa ser alcançado. A possibilidade de avanços teóricos, ainda que baseados em determinado campo, objeto e /ou caso clínico que os evidenciem, dependem também, se não fundamentalmente, da atividade criativa do pesquisador psicanalítico.

Não nos esqueçamos que por si só toda criatividade é e deve ser sempre transgressora, sendo este imperativo à transgressão uma condição de possibilidade mínima para a sua realização, uma transgressão não no sentido de desobediência e imprudência metodológica, mas antes de ímpeto a ultrapassar e questionar postulados que correm o risco de tornarem-se obsoletos dados seus significados cristalizados e poucamente re-questionados. A este respeito Hornstein (1990) de maneira direta tece alguns comentários no que concerne ao que poderíamos compreender como sendo uma "inibição da criatividade e da inventividade" presente em algumas pesquisas psicanalíticas, talvez à custa de uma adesão idealizada na sua relação com uma tradição teórica:

Há uma tendência a transformar o estudo dos textos - tanto de Freud como dos autores pós-freudianos - em um meticuloso estudo de seus detalhes, sem jamais colocá-los em questão e recolocar os princípios. Não deveriam ser evitadas, em suma, as inclinações escolásticas? O trabalho teórico em psicanálise deveria restabelecer os fundamentos e assim recuperar as exigências que o animam. Em síntese: deveria, creio, procurar incorporar outra vez a modalidade de interrogação freudiana, substituindo a idealização pela identificação. A idealização perpetua uma forma regressiva de vínculo com o objeto. Na identificação, o idealizado passa a ser patrimônio intrapsíquico, tornando possível a atividade sublimatória. Dizer-se freudiano supõe recuperar a inventiva teórica de Freud: é esta a dimensão que deve ser resgatada de tantas ritualizações e estereotipias (Hornstein, 1990, p. 19-20).

Ou seja, lançar-se ao desafio, ainda que com moderada pretensão, de propor articulações inéditas e significativas ao campo da Psicanálise prescinde de uma identificação com o seu saber ao lugar de uma idealização dogmatizante, confiantes de que a identificação nos conduzirá à transgressão criativa e sublimada, sendo o seu resultado a produção de algo da ordem do novo.

Estes seriam alguns apontamentos específicos necessários para o avanço da própria Psicanálise enquanto campo de saber, na medida em que por ser sempre um arcabouço teórico em aberto, podemos e devemos nos arriscar até mesmo na construção de uma "alta teoria" (Herrmann, 2004), ou seja, a fundamentação de um desenvolvimento teórico que incorpore a própria crítica epistemológica da teoria em questão, na medida em que isso se faz metodologicamente necessário, pois como nos diz o próprio Herrmann (2004): "A psicanálise continuará a existir enquanto puder ser reinventada dentro dela mesma". (p.79).

Nesta mesma perspectiva Iribarry (2003) compara o processo criativo necessário ao pesquisador psicanalítico ao de qualquer autor literário, ou mais radicalmente até com a figura do louco, enfatizando que o que distinguiria os dois casos é que na pesquisa à fantasia do pesquisador é atribuído um sentido, ao passo que o delírio carece deste. Assim, compreendemos que é necessário ao pesquisador psicanalítico, e em especial ao teórico, que se utilize do sangue da ficção, da imaginação e da fantasia, assim como o escritor ou o louco em seus devaneios. É imprescindível que entendamos isso como um processo necessário em que é possível legitimarmos a subjetividade e a implicação do sujeito na produção do conhecimento. Trata-se de um apontamento para a necessidade de um exercício de sensibilidade que vai além da ciência propriamente dita, sendo capaz de enunciar e elaborar conhecimentos profundos acerca do homem. Em suma, a pesquisa psicanalítica depende da especulação e teorização metapsicológicas que se aproximam do universo da fantasia para constituir seus avanços significativos.

Assim poderíamos compreender que a observação, como exemplo de esforço de objetividade, é parte importante sim de qualquer pesquisa, contudo, o sentido possível a partir daí dependerá, dentre outras coisas, da complementaridade subjetiva inerente a uma prática científica atrelada à cultura e ao sujeito, e no caso do pesquisador psicanalítico - de sua experiência clínica. Na mesma linha de raciocínio, Caon (1994) enfatizando a questão referente à criatividade no processo de pesquisa psicanalítica pontua: "A metapsicologia é um gênero literário de ensaios científicos". Pois, nesta medida o nascimento do pesquisador psicanalítico mediante a feitura de um ensaio metapsicológico mais que criar um texto, ele reconhece e admite um autor.

Complementando ainda o raciocínio de Caon (1994) diríamos a partir de tal entendimento que o nascimento do pesquisador psicanalítico e/ou seu renascimento por meio de suas novas atividades de pesquisa, estará sempre diretamente ligado ao seu próprio advento como sujeito causado pelo contato de si com os estudos e produções teóricas que lhe antecedem.

[...] não é possível ao pesquisador psicanalítico situar a metapsicologia freudiana sem se situar a si próprio. A explicitação do campo metapsicológico acompanha a explicitação da posição do pesquisador psicanalítico. [...] Mais do que estar e ser iluminado pelo forjamento de um novo conceito psicanalítico, o pesquisador psicanalítico é ressituado pelo embaraçamento e pela perplexidade de um novo ato psicanalítico. Assim sendo, o conceito psicanalítico será efeito do ato psicanalítico (Caon, 1994, p. 167).

Levando em consideração este aspecto de ressituar-se subjetivamente, necessário ao pesquisador psicanalítico, Nogueira (2004) com relação à pesquisa teórica em Psicanálise também arrisca dizer que ela não é só teórica na medida em que a Psicanálise não separa a prática da teoria. Ou seja, reconhecemos antes de tudo a implicação do próprio pesquisador em sua produção como condição necessária para que esta ocorra, mediante a instrumentalização de sua transferência com relação ao campo de estudo. Em suma, toda pesquisa em Psicanálise é também clínica, na medida em que o processo metodológico condizente aos postulados desta resitua a posição do pesquisador frente ao seu objeto, conduzindo-o a uma nova produção de sentido - esta dependente de um processo criativo disparado pelos enigmas e indagações teóricas a partir de sua vivência como pesquisador e como sujeito.

Ao falarmos do próprio ato psicanalítico convém agora finalizarmos nossa reflexão considerando o lugar da alteridade com relação à produção de uma pesquisa teórica em Psicanálise, bem como a inscrição da falta (Lacan, 1958 [1957]/1999) em sua própria constituição. Ao término de um percurso de pesquisa todo o processo criativo do pesquisador psicanalítico será colocado ao dispor da alteridade, aquele(s) que venham representar o Outro da pesquisa, assim como Freud realizava através de suas correspondências e conferências psicanalíticas. Ou seja, após a imersão no mundo de si mesmo, no esforço contínuo de ao mesmo tempo compreender profundamente os conceitos já estabelecidos e manter a sensibilidade e a coragem fantasística em aberto para a possibilidade de constituir novas conjecturas, a produção de um texto metapsicológico é posta à prova mediante sua relação com a alteridade representada pelos pares de um determinado campo de saber.

Portanto, a relação do pesquisador psicanalítico com esse outro [...] permite a construção do trabalho metapsicológico da pesquisa. [...] Desta maneira, queremos indicar que a alteridade se liga diretamente à questão do método na situação psicanalítica de pesquisa (Caon, 1994, p. 165.).

Concluindo nossa breve reflexão acerca das condições básicas necessárias para a produção de uma pesquisa teórica psicanalítica, em especial o desenvolvimento de conceituações metapsicológicas, pontuamos que da mesma maneira que o método interpretativo visa sua execução quando a produção imaginária do paciente transfere-se para a alteridade do analista retornando ao analisante de forma invertida, em suma, a própria produção teórica em Psicanálise se fará por meio deste dispositivo.

Espera-se assim que, ao final de um trajeto de pesquisa se caracterize um encerramento provisório de determinados questionamentos referentes a uma problemática, e que tais conclusões encerrem apenas uma etapa sempre transitória a partir da qual se mobilizem também outros sujeitos a novas aberturas e possibilidades disparadas pelas produções psicanalíticas. A esta característica de abertura, abertura trágica (poderíamos considerar) inerente às articulações teóricas situadas no campo psicanalítico em contraposição à busca de certezas cegas, Birmam (2007) em Prefácio escrito para o livro de Castiel (2007), considera o desenvolvimento e final de um doutorado como sendo um ponto de chegada e ao mesmo tempo de partida:

Vale dizer, de sua douta produção, o pesquisador deve encará-la como um percurso que delineia a constituição de um campo de trabalho e de uma problemática teórica que lhe possibilitará entreabrir novas sendas no futuro. [...] é uma linha de pesquisa que se inaugura [...] (Birman, 2007, p. 06).

Compreendemos que em tal momento (chegada/partida) se caracteriza a oportunidade de o pesquisador/autor oferecer seu novo objeto de criação ao Outro (Lacan, 1958 [1957]/1999), de onde se tornará possível transcender a relação imaginária/fálica de completude estabelecida com o próprio trabalho, onde sempre corremos o risco ingenuamente positivista de se perseguir e que, no entanto, sempre buscamos evitar. De nosso processo investigativo, no interior de nossa própria trama subjetiva posta em conflito a partir das indagações, questionamentos e inquietudes teóricas disparadas pelo próprio desenvolvimento de uma pesquisa, donde para além de nosso esforço voluntário e consciente situa-se um desejo de controle e dominação sobre aquilo ao qual nos debruçamos a compreender, a intersubjetividade alteritária (subjetivações a partir do laço social) (Lacan, 1970[1969]/1992) constituída a partir de um trabalho realizado o caracterizará como objeto-artifício, e o que interessa e atesta sua validade é sua capacidade de produzir novos sentidos e a abertura de novos horizontes conceituais pertinentes ao campo teórico da Psicanálise. Mais do que verdades e fechamentos que só poderiam constituir-se mediantes equívocos de intencionalidade com relação ao desenvolvimento de quaisquer pesquisas, seu novo objeto, a saber, sua produção teórica, deve trazer a marca da incompletude (sempre insuperável, porém, contornável!) de forma que possa ser também detectada pelos outros que a recebem e a reconhecem promovendo novas aberturas e questionamentos.

 

Referências

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Recebido em: 30/08/2012
Aceito em:13/11/2012

 

 

1 Contato: leandro_anselmo@hotmail.com
2 Psicanálise em Intensão - noção desenvolvida a partir das considerações de J. Lacan acerca das possibilidades entre o entrecruzamento Psicanálise X Pesquisa (universidade). A Psicanálise em extensão, segundo alguns autores, caracterizaria as pesquisas psicanalíticas da clinica ampliada, a pesquisa realizada a partir dos variados campos de atuação do psicanalista. Já a noção de Psicanálise em Intensão seria utilizada para caracterizar em especial os estudos teóricos, delineando-se para além da decifração dos textos uma implicação e uma nova produção pelo pesquisador: de sua implicação à possibilidade da novidade no campo teórico. Por fim, o termo Intensão (com s) pressupõe a noção de aumento de tensão remetida à implicação psíquica do pesquisador psicanalítico com relação à própria pesquisa, na medida em que esta é constituída pelo estudo teórico e pela experiência psicanalítica do pesquisador (re)situando-o também enquanto sujeito.