EDITORIAL

 

Editorial

 

 

O número 1 do volume 9, é o primeiro de quatro números que a Gerais terá sob a editoria geral do Prof. Fábio Belo. O número marca também o primeiro sem a parceria fundamental que tivemos até aqui da Universidade Federal de Juiz de Fora. Mantemos o espírito interinstitucional da publicação, no entanto, contando com novos professores editores da Universidade Federal de São João del Rei e da Universidade Federal de Uberlândia.

Este número conta com o artigo "Os caminhos da pesquisa psicanalítica: da epistemologia ao método", de Tiago Ravanello, Isloany Dias Machado, Marisa de Costa Martinez, Luiza Maria de Souza Nabarrete, que trata da construção dos conceitos em psicanálise, tendo em vista a noção de verdade e o inconsciente. Os autores articulam epistemologia e metodologia fazendo um percurso de Freud a Lacan.

No artigo "Uso inadequado de internet no ambiente de trabalho: uma revisão sistemática", de Igor Lins Lemos, Romildo Fellipe Nascimento Silva, Maria Clara Miguel Descendente de Melo Silva, os autores faz uma revisão sistemática sobre o uso inadequado da internet no ambiente de trabalho (cyberslacking). A atividade parece ter um valor positivo, mas é monitorada pelas empresas, em sua maioria. Os estudos revisados não mostram uma solução para a questão, mas a problematização serve para reconhecermos o quadro geral colocado pelo cyberslacking.

No artigo "Acolhimento institucional: realidade, causalidade e singularidade na psicanálise e no direito", de Emilie Fonteles Boesmans e Karla Patrícia Holanda Martins, as autoras analisam a situação das crianças em situação de acolhimento institucional, tendo em vista os conceitos de causalidade, universalidade e singularidade. As autoras defendem a entrada do fator afetivo e a consideração pelo singular nos casos nos quais a aplicação da medida protetiva se faz necessária.

Em "Constituição especular do desejo e sua atualização no adulto", a autora Maria Emilia Sousa Almeida defende a ideia de que o desejo da criança se constitui especularmente a partir do desejo de seus objetos primários. Através da análise de um relato clínico, a autor mostra os percursos e percalços dos momentos constitutivos e os processos psíquicos aí envolvidos, em particular o que ela denomina o trauma do absoluto.

Em "Interfaces entre a psicologia sóciohistórica e a educação popular com adolescentes", a autora Flaviana Franco Naves mostra, através da perspectiva sócio-histórica, os sentidos constituídos pelo educador popular acerca de sua prática de ensino. O artigo convida a pensar nas possíveis articulações entre psicologia e educação popular, sendo instrumento interessante para quem atua no campo da educação com adolescentes.

No artigo "Problemas de comportamento e funcionamento adaptativo no teacher's report form (TRF): comparações por gênero e escolaridade", as autoras Alessandra Turini Bolsoni-Silva, Aline de Marco da Silveira, Érica Vidal da Cunha, Larissa Locachevic da Silva, Natália Pinheiro Orti descrevem a ocorrência de problemas de comportamento e de funcionamento adaptativo em crianças diferenciadas pelo gênero e pela escolaridade. Através do TRF, as autoras mostram que os meninos apresentam maior ocorrência de problemas que as meninas. Este e outros importantes achados explicitam a importância da avaliação e intervenção precoces no contexto escolar.

No artigo "O trabalho criativo: perda, luto e metáfora", Marcus Rodrigues Jacobina Vieira, Elisa Maria de Ulhôa Cintra, a partir da obra de Melanie Klein e Hanna Segal, articulam o luto e a criação. Através da análise de alguns elementos da história de Oscar Wilde e do diálogo com outros autores sobre a arte, os autores articular o trabalho de luto e a criatividade, mostrando as raízes infantis e afetivas destes processos.

Beatriz Cancela Cattani, Marco Antonio Pereira Teixeira, Luciana Rubensan Ourique, no artigo "Maturidade de carreira e nível socioeconômico em estudantes do ensino médio", aplicando o Career Maturity Inventory -Form C (Adaptability Form) e um questionário sociodemográfico, observam a ausência de correlação significativa entre as variáveis maturidade de carreira e nível socioeconômico. A conclusão é que a escolha profissional dos adolescentes está associada a outros fatores que não somente a questão socioeconômica familiar.

Clarissa Tochetto de Oliveira, Lucas Abreu Collares, Martha Helena Oliveira Noal, Ana Cristina Garcia Dias, no artigo "Percepções de uma equipe de saúde mental sobre o comportamento suicida", estudam as reações emocionais dos profissionais de saúde mental frente ao comportamento suicida. Os autores verificam desconforto emocional é relatado pelos participantes, assim como percepção de déficit na formação acadêmica para lidar com a questão. O repertório de estratégias para lidar com pacientes de risco está limitado e o artigo aponta algumas razões para isso.

Finalmente, no artigo "As redes sociais virtuais e a dinâmica da internet", de Nádia Laguárdia de Lima, Jacqueline de Oliveira Moreira, Márcia Stengel e Lucas Matos Maia, é feito um levantamento bibliográfico sobre os relacionamentos amorosos de adolescentes na internet. As redes sociais, argumentam os autores, oferecem aos sujeitos novos espaços de pertencimento, reconhecimento e relacionamento social. Conhecer esses espaços e a circulação dos sujeitos aí é fundamental.

Esperamos que os artigos reunidos neste primeiro número de 2016 sejam proveitosos a todos e todas que se interessam pela Psicologia e suas pesquisas mais recentes.

 

Editor Geral

Fábio Roberto Rodrigues Belo